ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: TRANSPLANTES DENTÁRIOS EM ORTODONTIA

terça-feira, 9 de março de 2010

TRANSPLANTES DENTÁRIOS EM ORTODONTIA


Nesta Dissterção publicada em 2005, no site da Academia Tiradentes de Odontologia, pelo autor LUCIANO HENRIQUE FIGUEIRA, Dissertação apresentada ao Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, para obtenção do grau de Mestre em Odontologia – Área de concentração: Ortodontia. Agenesias, perdas dentárias, e retenções dentárias difíceis de serem resolvidas somente com tracionamento ortodôntico, são problemas que freqüentemente ocorrem em pacientes, que procuram tratamento ortodôntico. Normalmente, os planejamentos para essas situações clínicas, envolvem fechamentos ortodônticos dos espaços, ou substituições com Próteses, ou Implantes. Pesquisas com autotransplantes dentários têm demonstrado altas taxas de sucesso, para substituição de dentes perdidos, ou para reposicionamento de dentes retidos, no arco dentário.

Transplante dentário é o termo utilizado, para descrever a transferência de um órgão dental, para outro local de um mesmo indivíduo, ou de indivíduo, vivo ou morto, para outro indivíduo. Quando ocorre no mesmo indivíduo, é chamado de autógeno, ou autotransplante. Quanto é realizado entre indivíduos diferentes, da mesma espécie, são denominados homógenos, ou alotransplantes.

Referências aos transplantes dentários remontam a antiguidade, contudo publicações em relação às normas do procedimento cirúrgico, são da década de 1950 (MARZOLA, 2003).

Vários trabalhos têm sido realizados, para verificar os resultados dos autotransplantes, sendo relatados um alto grau de sucesso, na execução, e na proservação dos casos clínicos (KUGELBERG; TEGSJÖ; MALMGREN, 1994; MARCUSSON; LILJA-KARLANDER, 1996, JOSEFSSON; BRATTSTRÖM; TEGSJÖ et al., 1999; CZOCHROWSKA; STENVIK; BJERCKE, 2002; MARZOLA, 2003).

Varias técnicas cirúrgicas para realização dos transplantes têm sido descritas, sendo que a preservação do ligamento periodontal tem sido fundamental para a sobrevivência dos autotransplantes. Dentes com rizogênese incompleta autotransplantados, são os que apresentam resultados mais satisfatórios (BERGLUND; KUROL; KVINT, 1997; NORTWAY; KONIGSBERG, 1980; LEE; JUNG; LEE et al., 2001; NETHANDER; SKOGLUND; KAHNBERG, 2003; GAULT; WAROCQUIER-CLEROUT, 2002; MARZOLA, 2003).

Trabalhos foram realizados, com o objetivo de verificar a possibilidade de estocagem de dentes humanos, em casos que o transplante não possa ser realizado em somente um tempo cirúrgico. Foram descritas técnicas, que permitem a conservação do elemento a ser transplantado por anos (SCHATZ; RANK, 1986).

Diferentes dentes podem ser transplantados para diferentes locais. Assim, pré-molares são transplantados para o local de incisivos, molares para o local de pré-molares, caninos retidos são transplantados para a posição que deveriam ocupar no rebordo alveolar, isso tudo entre outras diferentes combinações.

As indicações dos autotransplantes são várias, sendo que os autotransplantes podem ser realizados em casos de perda de elemento dentário, quer por processos infecciosos, como processos traumáticos, impacções complexas em que o tratamento ortodôntico não possa ser realizado, por motivos técnicos, ou socioeconômicos e, pacientes em crescimento, onde o uso de implantes é contra-indicado. A grande vantagem do transplante em relação a outras modalidades de tratamento, que visam substituir dentes perdidos, é que o mesmo permite desenvolvimento do processo alveolar.

Os autotransplantes dentários apresentam praticamente o mesmo grau de sucesso, que outras modalidades de tratamento dentário, para a substituição de dentes perdidos, fazendo-se uma análise a longo prazo (CZOCHROWSKA, STENVIK; ZACHRISSON, 2002).

CLAUS; LAUREYZ; CORNELISSEN et al., (2004) fizeram um experimento, autotransplantando dentes de cachorros sem rizogênese completa, após a remoção da polpa dentária, com o objetivo de ver como ocorreria a regeneração pulpar, nesses autotransplantes. Foram utilizados 16 dentes autotransplantados, que foram removidos, e posicionados no alvéolo contralateral. No primeiro dia foram autotransplantados 4 dentes. Passados 9, 16 e 23 dias o procedimento foi repetido. Os alvéolos para onde os autotransplantes foram posicionados, foram confeccionados antes do procedimento cirúrgico, para diminuir o tempo extra-oral dos autotransplantes. Os autotransplantes foram mobilizados com suturas, para manter movimento fisiológico dos mesmos. Aos 30 dias, os animais foram sacrificados e, os dentes foram analisados microscopicamente. As análises permitiram verificar que, em todos os dentes autotransplantados, houve regeneração do tecido pulpar, e que o crescimento desse tecido, era proporcional ao tempo da realização do transplante. Os estudos mostram claramente crescimento da polpa, em dentes com rizogênese incompleta, em dentes autotransplantados, depois da remoção da polpa.

FIGUEIRA; MARZOLA; ANDRADE et al., (2004) fizeram uma revisão a respeito de transplante autógeno de dentes com rizogênese incompleta e, descreveram um caso clínico de um paciente, que teve os caninos superiores autotransplantados, com mais de 25 anos de acompanhamento, sendo que os autotransplantes se apresentavam clinica e radiograficamente normais.

Em vista dos dados obtidos na revisão da literatura, pode-se concluir:

1. Dentes retidos, onde o tratamento ortodôntico teria um mau prognóstico para tracionamento podem ser autotransplantados e, reposicionados no arco dentário. Nos casos em que a cirurgia para a realização do autotransplante for difícil de ser realizada, sem que haja traumatismo no dente a ser autotransplantado, poderia ser feito tratamento ortodôntico prévio a realização do transplante, para melhorar o posicionamento do dente a ser autotransplantado, com o intuito de facilitar no momento da cirurgia.

2. Os dentes que apresentam melhor prognóstico para o autotransplante são aqueles que apresentam rizogênese incompleta, com a formação de ½ a ¾ do comprimento radicular normal.

3. Dentes autotransplantados podem ser movimentados ortodonticamente, pois na maioria dos casos ocorre regeneração do ligamento periodontal, nos autotransplantes. Podem-se utilizar quaisquer tipos de aparelhos, sejam eles fixos ou removíveis e, quaisquer tipos de técnicas, em dentes autotransplantados, que tenham tido sucesso na autotransplantação.

4. Dentes podem ser conservados e utilizados posteriormente, quando não há possibilidade de se executar um autotransplante em um só tempo cirúrgico.

5. Autotransplantes dentários são uma alternativa viável para a reposição de dentes perdidos e, têm a mesma longevidade que as atuais técnicas utilizadas para reposição de dentes como próteses ou implantes.

6. Dentes autotransplantados, que não anquilosam, permitem o desenvolvimento do processo alveolar, ao contrário do ocorre em próteses, ou implantes.

7. Transplantes dentários têm um menor custo para sua execução, se comparados com próteses fixas, ou implantes.

8. Dentes autotransplantados com rizogênese incompleta, na maioria das vezes, têm regeneração pulpar.

9. Dentes com rizogênese completa, freqüentemente precisam ser submetidos à terapia endodôntica.

10. Dentes autotransplantados devem ser fixados com contenções semi-rígidas, para facilitar a regeneração do ligamento periodontal, prevenindo a ocorrência da anquilose.

11. Dentes autotransplantados têm melhor prognóstico a longo prazo, que dentes homotransplantados, pois esses últimos anquilosam e a raiz sofre reabsorção por substituição óssea, com o passar do tempo.


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