ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: janeiro 2021

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Avaliação dos fatores relacionados ao sucesso da expansão rápida do palato assistida por mini-implantes





Neste artigo de 2020, publicado na Angle Orthodontist, pelos Autores Cibele B. Oliveira; Priscila Ayub; Fernanda Angelieri; Wilson H. Murata; Selly S. Suzuki; Dirceu B. Ravelli; Ary Santos-Pinto. Do department of Pediatric Dentistry, São Paulo State University (UNESP), School of Dentistry, Araraquara, Brazil e do Department of Orthodontics, São Leopoldo Mandic School and Dental Institute, Campinas, São Paulo, Brazil. Avaliou se o sucesso da expansão palatina assistida por mini-implante (MARPE), realizada em pacientes com maturação óssea avançada, se estaria relacionado a fatores como maturação da sutura palatina mediana (MPS), idade, sexo ou ancoragem do mini-implante bicortical.

Vinte e oito tomografias computadorizadas de feixe cônico (TCFC) de adultos e adolescentes pós-púberes tratados pelo MARPE foram incluídos na amostra. Imagens de TCFC antes (T0) e após a expansão (T1) foram usadas para avaliar as alterações esqueléticas e o sucesso ou fracasso do MARPE. Imagens axiais de MPS foram extraídas de T0 e classificadas em um dos cinco estágios de maturação. A correlação entre o sucesso do MARPE e os fatores de idade, sexo, maturação da MPS e ancoragem do mini-implante bicortical foi investigada.

Apenas a idade apresentou correlação negativa estatisticamente significativa com o sucesso do MARPE e todas as medidas esqueléticas. Observou-se uma taxa de sucesso de 83,3% entre indivíduos de 15 a 19 anos, 81,8% de 20 a 29 anos e 20% de 30 a 37 anos. A maturação do MPS apresentou correlação negativa com o efeito de expansão. Indivíduos com estágio B ou C de maturação da MPS apresentaram 100% de sucesso, seguidos do estágio D (62,5%) e estágio E (58,3%).

Com o aumento da idade, houve uma diminuição no sucesso do MARPE e nos efeitos esqueléticos da expansão maxilar. Sexo e ancoragem com mini-implante bicortical não se mostraram fatores relevantes. Não houve correlação entre a maturação da MPS e o sucesso do MARPE; entretanto, observou-se que todos os casos de falha do MARPE foram classificados como estágio D ou E de maturação da MPS.

Link do artigo na integra via Meridian:

https://meridian.allenpress.com/angle-orthodontist/article/doi/10.2319/051420-436.1/449913/Evaluation-of-factors-related-to-the-success-of

terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Ortodontia em Luto - Perdemos o Professor Dr. Hugo Trevisi






 




Ontem 11/01/21 a Ortodontia mundial perdeu um dos seus grandes nomes, o Professor Dr Hugo Trevisi, a vitima de complicações em decorrência a COVID-19.

O Professor Hugo, foi um dos criadores e desenvolvedores da Técnica MBT, representante de destaque da Ortondontia Brasileira no Cenário Interncaional. Clinico atuante, trabalhava nos seus cursos e atendia na clinica privada na cidade de Presidente Prudente em São Paulo. O professor Hugo Trevisi participou de diversos eventos da Ortodontia Contemporânea. Inclusive homenageado pelo grupo dos alunos e ex-alunos (ALUMNI). Onde muitos amigos e admiradores.

Deixará muitas saudades pela simplicidade e humildade no trato and riquíssimo conhecimento compartilhado. Suas obras o eternizarão nos nossos corações e nas nossas aplicações clínicas diarias. Nossos sinceros sentimentos a Família e aos amigos de trabalho.

Encontro do Professor Trevisi e ALUMNI:

http://www.ortodontiacontemporanea.com/2016/08/filosofia-mbt-com-o-professor-dr-hugo.html



Depoimento do Professor Hugo Trevisi no Curso Avançado para Especialisatas




"Nas décadas de 80 e 90, o professor Trevisi coordenou inúmeros cursos para brasileiros, nos Estados Unidos, enfocando a técnica Straight Wire, divulgando e preparando, nesse campo, muitos professores patrícios. Dessa maneira, a técnica com aparelhos pré-ajustados teve condições de desenvolver-se, no Brasil, de maneira significativa.

A trajetória de vida profissional do professor Trevisi, com certeza, foi pautada por sacrifícios pessoais, dedicação contínua e desprendimento, os quais são fatores fundamentais para o sucesso pessoal e, principalmente, para a contribuição científica decorrente, em prol das coletividades, brasileira e internacional, no campo ortodôntico.

O emérito professor ministra, de maneira incansável, cursos por todas as regiões deste planeta, divulgando os seus conhecimentos e demonstrando a presença brasileira na estrutura de uma filosofia de tratamento internacional (Filosofia de tratamento MBT), engrandecendo a Ortodontia, como ciência, de uma maneira insofismável.

OprofessorTrevisifundouumcentrodeestudosortodônticos(referênciano Brasil), na cidade de Presidente Prudente, coordena um curso de especialização na regional da APCD e desenvolve trabalhos importantes na área específica.

A técnica Ortodôntica Versátil MBT e o Aparelho Autoligado SmartClip foram idealizados pelos professores J. Bennett, Richard McLaughlin e Hugo Trevisi. Esta tecnologia, que dá sustentação à filosofia de tratamento MBT, é de importância capital para a formação dos ortodontistas, uma vez que os autores conseguiram facilitar o trabalho de correção das más oclusões dentárias, produ- zindo uma biomecânica compatível com os níveis científicos atualizados e com possibilidades de alcance das metas ideais de tratamento.

Este fato e o trabalho dos autores supra-citados, por si só, recomendam o nome do professor Trevisi como um dos profissionais de relevo dentro da ciência de Angle. Estamos apresentando, formalmente, nesta entrevista, um digno e ilus- tre companheiro das lides ortodônticas neste Brasil, que a nosso ver, representa uma personalidade marcante na história da Ortodontia brasileira."

Prof. Dr. Julio Wilson Vigorito

Entrevista concedida a revista Dental Press em 2006:

https://www.scielo.br/pdf/dpress/v11n5/a03v11n5.pdf



quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Fios e braquetes: o movimento em evolução















Artigo Publicado na edição comemorativa de 50 anos da Revista da Sociedade Paulista de Ortodontia OrtoSPO.
Como os novos materiais e a compreensão dos conceitos biomecânicos contribuíram para a evolução dos dispositivos ortodônticos.

Colaboração: Marlos Loiola e Hugo Trevisi


Por Adilson Fuzo e João de Andrade Neto


Protagonistas da movimentação dentária na Ortodontia atual, fios ortodônticos e braquetes acompanham a evolução secular da especialidade. Desde 1728, quando o francês Pierre Fauchard relatou o primeiro método de movimentação dentária através de uma tira de metal perfurada, as mudanças alcançaram a concepção dos dispositivos e os materiais utilizados. O entendimento correto da biomecânica, aliado às novas descobertas tecnológicas, revolucionou os tratamentos realizados com aparelhos ortodônticos.
Fauchard inventou um aparelho que chamou de “bandeou”, que utilizava uma tira em forma de ferradura, onde os dentes mal posicionados eram presos por meio de fibras e, assim, se deslocavam. Depois, ao longo do século 18, diversos autores desenvolveram técnicas de formas isoladas através de experiências clínicas, com a utilização de aparelhos de borracha, de prata e de metais, como bronze, e até madeira. “Até aquele momento, cada um enxergava as más-oclusões e tratava de acordo com suas perspectivas, conhecimentos e experiências clínicas. Era como se fossem formações e pontos de vistas diferentes, mas com soluções”, conta o mestre em Ortodontia Marlos Loiola.
A errática linha evolutiva da Ortodontia só passou a contar com um eixo consistente a partir de 1899, quando Edward H. Angle apresentou sua famosa classificação das más-oclusões. Angle ficou marcado na história da especialidade por contribuir em diversos aspectos da compreensão da biomecânica, assim como pelos aparelhos que desenvolveu.

O primeiro dispositivo importante foi o arco em E, descrito em 1890. O aparelho era simples e proporcionava bom alinhamento dos dentes pelo uso de bandas nos molares, com tubos vestibulares rosqueados e arco de expansão, também rosqueado, para conexão com os tubos. Isso aumentava o perímetro do arco e, assim, era possível obter espaço e posicionar os dentes.

Angle imaginava que este era o primeiro mecanismo que controlava e distribuía as forças de maneira fisiológica, realizando movimentos dentários que respeitassem os tecidos envolvidos. Mas, ainda não era possível obter o controle das rotações. Desta forma, em 1916, Angle desenvolveu o aparelho de arco de cinta, que tinha um delicado bloco de metal soldado às bandas. O dispositivo foi denominado “braquete” pelo autor. Também conhecido como “ribbon arch”, o aparelho conseguiu individualizar acessório por acessório, além de apresentar encaixes verticais no sentido oclusogengival. Nele, arcos retangulares eram colocados passivamente e por meio de dobras. Desta forma, os arcos com retificação assumiam a forma ideal e alinhavam os dentes. A partir daí, as forças passaram a ser transmitidas aos dentes por intermédio dos braquetes.

Ao longo desse período de desenvolvimento, os metais utilizados também passaram por uma evolução. Ele utilizava ligas de níquel-prata para confeccionar acessórios ortodônticos, o que dava um volume maior aos dispositivos. Depois, fez a substituição por ligas de cobre, níquel e zinco sem prata. Até que, posteriormente, passou a escolher as ligas de ouro.
No final de sua carreira, em 1928, Angle apresentou o aparelho Edgewise (arco de canto), certamente uma de suas mais importantes contribuições para a Ortodontia. O aparelho também fazia uso de arcos retangulares presos às canaletas por meio de ligaduras metálicas, de modo que permitia a movimentação do elemento dentário em todas as direções. Os primeiros braquetes já eram confeccionados em ouro maleável, com fácil deformação. O Edgewise permitia a execução da movimentação dos dentes em todas as direções.
O domínio do Edgewise só voltou a ser impactado com a chegada do aparelho Straight-Wire, desenvolvido por Lawrence F. Andrews em 1970. Analisando possíveis melhorias em relação ao conceito do Edgewise, Andrews incorporou as “dobras” necessárias para movimentar os dentes nas direções desejadas no desenho dos braquetes, de forma mais previsível e em menos tempo. Na tentativa de aperfeiçoar ainda mais o aparelho, foram desenvolvidas séries de braquetes Straight-Wire para casos com extração, seguindo os conceitos de angulação, torque e antirrotação, que buscavam anular os efeitos colaterais dos movimentos de translação. Andrews preconizou, ainda, três especificações de torque diferentes para os incisivos superiores e inferiores. O aparelho passou, então, a conter várias prescrições.

Desde então, as novidades mais notáveis são de materiais, em especial para os braquetes. A Ortodontia estética ganha destaque e, com ela, os braquetes de porcelana e os cerâmicos, também conhecidos como safira. Eles têm forte apelo junto aos pacientes adultos, que passaram a representar uma parcela relevante nos atendimentos, por conta da estética.

À primeira vista, a evolução dos fios e braquetes se confunde com a trajetória da própria Ortodontia. No entanto, as últimas décadas ofereceram outros dispositivos que potencializaram o arsenal do ortodontista, como os alinhadores estéticos, os mini-implantes, as miniplacas etc., ampliando as possibilidades de tratamento. Somam-se a esse quadro as técnicas cirúrgicas de aceleração do tratamento e as tecnologias digitais, cada vez mais presentes. Diante disso, a evolução da Ortodontia abre perspectivas ainda mais animadoras para o futuro. Qual será o próximo advento a nos surpreender?


Link do artigo na integra via Ortociencia: