ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: agosto 2009

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Força de mordida em crianças com mantenedor de espaço funcional na fase da dentadura mista inicial


Neste artigo de 2009 publicado Pela Revista Dental Press, pelos autores Suzane Rodrigues Jacinto-Gonçalves, Maria Beatriz Duarte Gavião; da Faculdade de Odontologia, Universidade Tiradentes e da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas - São Paulo. Verificar influência do mantenedor de espaço funcional (MEF) na força muscular em crianças com perda prematura de molares decíduos na fase inicial da dentadura mista (5,5 a 6,5 anos de idade) com oclusão normal.

A função mastigatória adequada proporciona estímulo para o crescimento e desenvolvimento maxilomandibular, sendo a redução das partículas um processo complexo, dependente de vários fatores, como a força muscular, a coordenação dos músculos e a área oclusal total, definida pelo número de dentes posteriores em oclusão. A força de mordida (FM) é um dos componentes da função mastigatória, exercida pelos músculos elevadores da mandíbula e regulada pelos sistemas nervoso, muscular, esquelético e dentário. A FM relaciona-se com a saúde do sistema mastigatório, pois quanto maior a força melhor é o sistema.

A mensuração da FM máxima quantifica a força total que pode ser desenvolvida pelos músculos de abertura e fechamento da mandíbula, refletindo na força disponível para cortar e triturar os alimentos. A força muscular aumenta com a idade, até a fase adulta, e com a demanda mastigatória. As condições do sistema mastigatório são também fatores influenciadores, sendo que lesões cariosas extensas, perdas dentárias com ou sem reabilitação protética, más oclusões e desordem temporomandibular tendem a diminuir a FM. A morfologia craniofacial também influencia a força muscular. Indivíduos com padrão dolicocefálico tendem a apresentar valores reduzidos, comparados aos braquicefálicos e mesocefálicos. Forças oclusais de adultos com proporções faciais normais são intermediárias entre dolicofaciais e braquifaciais, que exercem grande e pequena força, respectivamente.

Os dentes decíduos têm influência no crescimento e desenvolvimento adequado das dentições e do sistema estomatognático. Embora medidas preventivas da cárie dentária sejam efetivas, algumas crianças apresentam perda prematura de dentes decíduos devido a lesões cariosas extensas, que comprometem o tecido pulpar e as estruturas de suporte, indicando a exodontia, de modo a não injuriar o germe do dente sucessor. Nesses casos, a substituição por mantenedores de espaço é indicada, com objetivo de preservar o comprimento do arco e o espaço para a irrupção adequada do dente permanente, para o correto posicionamento na base óssea. Além dessas indicações relacionadas às características morfológicas da oclusão, os aspectos funcionais devem ser considerados, pois a ausência de dentes – perdidos prematuramente – pode comprometer as funções do sistema mastigatório, em relação à mastigação, à fonação e à deglutição, além da estética. A maturação do sistema mastigatório, portanto, depende de condições bucais adequadas, tanto no aspecto morfológico quanto no funcional.

A avaliação da FM propicia o diagnóstico adequado da função mastigatória em casos de más oclusões, próteses parciais ou totais, próteses sobre implantes, entre outros, antes e/ou após o tratamento das alterações detectadas. Poucos são os trabalhos em crianças, tornando-se, portanto, necessária a busca por mais informações que contribuam para aprimorar o monitoramento do crescimento e desenvolvimento do sistema estomatognático.

A perda prematura de dentes decíduos pode determinar alterações morfológicas e funcionais no sistema mastigatório, tornando-se importante que as condições bucais sejam restabelecidas, para propiciar o crescimento e desenvolvimento adequados. O monitoramento cuidadoso e constante e a decisão do plano de tratamento devem ser criteriosos, para assegurar o prognóstico favorável. No presente estudo, as crianças selecionadas estavam aptas e foram colaboradoras no uso do mantenedor de espaço funcional, o qual foi escolhido devido às vantagens relativas ao ajuste e manutenção, além de ser de fácil limpeza e baixo custo, não injuriar os dentes adjacentes ao espaço protético e restabelecer os contatos interoclusais, devido à presença de dentes artificiais.

Concluiu-se que o maior aumento na FM para o Grupo MEF, após 6 meses de uso do mantenedor, foi favorecido por melhores condições bucais, uma vez que os dentes artificiais propiciaram maior número de contatos oclusais, influenciando a função e recuperando a força muscular. O padrão facial não influenciou a FM intragrupos, mas crianças dolicofaciais foram mais suscetíveis à menor força muscular por perda precoce de molares decíduos. Os resultados demonstraram a importância da manutenção e recuperação da integridade morfológica e funcional dos arcos dentários em idades precoces, que poderão contribuir para o crescimento e desenvolvimento adequados do sistema estomatognático.


Link do artigona integra via Scielo:

domingo, 30 de agosto de 2009

Pensamento da Semana


"A ciência se compõe de erros que, por sua vez, são os passos até a verdade."


(Julio Verne)
1828 ---- 1905


Link sobre o autor:

sábado, 29 de agosto de 2009

Clear Wire





O Clear Wire é um fio estético produzido pela BioMers Products companhia situada em Singapura e em Miami. O fabricante promete um fio estético e com boa elasticidade, indicado para as fases iniciais do tratamento. Não encontrei nenhum artigo cientifico que tnha estudado este material.

O que o Fabricante diz:

Clear Wire é um fio ortodôntico translúcido feito por BioMers Produtos. Como qualquer outro arco, o fio causa efeito no movimento dentário. No entanto, ao contrário dos arcos tradicionais que são feitos de ligas metálicas, a Clear Wire é feito de materiais translúcidos na aparência. Por isso, naturalmente combina com seu esmalte dentário, resultando em uma aparência estética completa quando usado com braquetes estéticos de materiais plásticos ou cerâmicos.

O Clear Wire está disponível para distribuidores e com uma variedade de nomes, como OPTIS ™ (TP Orthodontics), Illusion ™ (DynaFlex), Bai Mo (Anderson), translucent Arch Wire (BioMers Products), etc. Embora os nomes comerciais sejam diferentes, todos são o mesmo fio.

Ao escolher um sistema de braquetes estéticos deve ser dada preferência para aqueles sem componentes metálicos. Caso contrário, a estética do Clear Wire será comprometida.

Semelhante aos aperelhos quando submetido ao tratamento com a Clear wires deve-se ter cuidados extras com limpeza. Caso contrário, cáries dentárias e doenças gengivais podem ocorrer. Portanto, a limpeza freqüente tem que ser realizada.

Clear Wire só está limitado principalmente para a fase inicial do tratamento ortodôntico. Trocas de fios também podem ser feitas na fase final do tratamento ortodôntico, mas este é dependente do seu plano de tratamento. Um fio retangular é mais comumente utilizado na fase mediana do tratamento ortodôntico.

Limpar fio também pode ser aplicado no final do tratamento ortodôntico. Ao invés de utilizar uma contenção removível tradicional para manter os dentes em sua posição ideal, a contenção Clear Wire pode ser solicitada. Na forma de contenção, a Clear Wire é chamada de ASTICS ®. A diferença entre uma contenção tradicional e ASTICS é a substituição da parte da frente metálica por um fio estético.


Link do Site do Fabricante:
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Link sobre o ASTICS já mostrado aqui no BLOG:
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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Colagem Indireta de Bráquetes - Técnica Colitti & Benedecti







Nesta artigo publicado na internet, pelos autores Roberto Wagner Colitti e Douglas Benedecti de São Paulo; Demonstra um novo sistema de Colagem Indireta de bráquetes Ortodônticos e todas as vantagens que esta técnica pode oferecer à rotina diária dos atendimentos.

O grau de dificuldade encontrado em alguns casos, associado ao incômodo causado ao paciente pela demora na tarefa executada, propicia baixa qualidade de resultados e também diminuição da produtividade.
A enfadonha tarefa de ter que se repetir o mesmo procedimento, às vezes na mesma sessão, ou ter ainda que agendar uma outra visita exclusivamente com a finalidade de "recolagem", também é um outro fator de desgaste.
No desejo de se cumprir um cronograma diário de atendimento, com pacientes marcados seqüencialmente, está sempre presente um outro elemento perturbador que é o "estresse".

Nada é mais estressante e exaustivo em Ortodontia do que o procedimento da "Colagem Direta", principalmente se o seu grau de exigência com a qualidade é elevado. A necessidade de se repetir o processo em busca de um posicionamento mais adequado é, muitas vezes, extremamente cansativo e desgastante.

A união de materiais às estruturas dentárias por meio de ataque ácido não é recente. No início de 1950, MICHAEL BUONOCORE usou esta técnica para adesões com material acrílico.

No início de 1960, GEORGE NEWMAN usou esta mesma idéia para aplicação de acessórios nos tratamentos Ortodônticos. Foi então mostrado à comunidade científica que o procedimento de colagem seria uma nova realidade no futuro da Ortodontia.

Na mesma década RAFAEL BOWEN abriu uma nova porta para os Ortodontistas, lançando mão de um novo material, mais resistente e adequado para as colagens Ortodônticas.

Este material consistia de uma nova fórmula de resina, a "BIS-GMA", com propriedades muito melhores que a antiga resina acrílica.

Em Setembro de 1972, SILVERMAN E COHEN escreveram pela primeira vez um artigo sobre COLAGEM INDIRETA.

1978 - GORELICK relatou que 17% dos Ortodontistas preferem a Colagem Indireta e estimou que a porcentagem de profissionais que passaram a preferir este procedimento mudou muito pouco.

1978 - ZACRHISSON reportou um grande número de falhas nas técnicas de "Colagens Indiretas".

1979 – THOMAS ,R. G. publica no JCO a demonstração de uma técnica de Colagem Indireta usando a resina CONCISE para efetuar a adesão dos bráquetes e uma plastificadora para se conseguir a transferência.

1982 - SHOLZ & SWARTZ citam em seus levantamentos bibliográficos que inicialmente a Colagem Indireta de bráquetes ganhou alguma popularidade como resultado dos esforços dos Drs. SILVERMAN & COEHN.

1982 – AGUIRRE, KING & WALDRON fizeram uma avaliação clínica para determinar as vantagens e desvantagens entre as técnicas de Colagem Direta e Indireta. Concluíram que no posicionamento vertical não houve diferenças significativas. A única exceção foi quanto ao posicionamento dos elementos 13 e 23, onde a Colagem Indireta permitiu melhores resultados, e nos elementos 35 e 45 onde, na técnica de Colagem Direta, o posicionamento foi próximo do ideal. No posicionamento angular dos bráquetes houve significativa diferença entre os caninos maxilar e mandibular, com a Colagem Indireta sendo mais precisa. As falhas de colagens após 03 meses determinaram 4,5% para as Colagens Indiretas e 5,3% para as Colagens Diretas. O tempo requerido para executar os procedimentos clínicos determinou 42,18 minutos para a Colagem Direta e 23,91 minutos para a Colagem Indireta.

1984 - MICHAEL J. AGUIRRE publicou no JCO um artigo sobre Colagem Indireta, com finalidade de auxílio na técnica da Ortodontia lingual. A técnica descrita foi uma modificação adaptada ao trabalho de Royce G.Thomas (1972). Usou o CONCISE como material de colagem e OPTOSIL para a técnica de transferência dos bráquetes.

1988 - BARRY D. HOFFMAN desenvolveu uma técnica de Colagem Indireta que denominou de "Diagnostic Setup"; este trabalho foi desenvolvido para ser usado nos bráquetes SPEED miniaturizados. Foram usados fios retangulares sobre a incisal ou oclusal dos dentes e o material de transferência escolhido foi do tipo semi-rígido (Duralay).

1988 - HOCEVAR & VICENTE, no estudo que fizeram comparando as duas técnicas de colagem, a direta e a indireta, usaram resina composta para colagem e placas de silicone para transferência. Concluíram que no momento da remoção dos bráquetes posicionados com a técnica da Colagem Direta, 44% desses soltaram-se na interface (Bráquete / Resina) e na técnica de Colagem Indireta, 72% soltaram-se na interface (Resina / Dente). Sendo assim, concluíram que a Colagem Indireta se mostrou ser uma colagem tão forte e eficiente quanto a Colagem direta, com a vantagem adicional de deixar menos resina na superfície do esmalte no momento da remoção dos bráquetes.

1990 - M.J.F. READ & K.D.O’BRIEN fizeram um estudo para avaliar a performance e comportamento na Colagem Indireta usando resinas fotopolimerizáveis. As falhas observadas foram em torno de 6,5%. Não houve diferença significativa comparando-se os índices de quebras nos arcos superior e inferior, assim como nos segmentos anterior e posterior dos arcos.

1993- JOHN H. HICKHNAM descreveu uma técnica de Colagem Indireta usando também um sistema de transferência com o Bioplast (plastificação a vácuo) da Biostar.

1993- COOPER & SORENSON. utilizando a técnica de Colagem Indireta com bráquetes tipo APC (Adhesive Precoated), com bandejas acrílicas de transferências, observaram que o índice de falhas foi de apenas 1,4% e que a contaminação da resina pela saliva foi a principal responsável por estas falhas.

1997 - P.M. KASROVI / SHERI TIMMINS & A. SHEN propuseram uma nova abordagem para as Colagens Indiretas, modificando o modo de transferência, oferecendo visualização direta e o acesso aos bráquetes durante os procedimentos tanto no estágio laboratorial, quanto clínico. Foi usada resina foto-polimerizável.

1999 - B.C.KOO /CHUN-HSI CHUNG / R.L. VANARSDALL - o resultado do trabalho sobre Colagem Indireta desses autores mostrou que tanto a técnica de colagem indireta quanto a da Colagem Direta falharam no posicionamento ideal dos bráquetes. Nos elementos 15 e 31, a Colagem Indireta mostrou melhores resultados no posicionamento dos bráquetes no sentido vertical. A Colagem Indireta também teve melhores resultados no elemento 31 no sentido mésio-distal. A Colagem Direta obteve melhor resultado na angulação para o elemento 12.

Em geral, a Colagem Indireta apresentou melhores posicionamentos dos bráquetes em relação às alturas.

1999 - ANOOP SONDHI desenvolveu uma nova resina elaborada especialmente para a técnica de Colagem Indireta. Foram abordados problemas anteriores com os sistemas de Colagem Indireta. Estas falhas estavam relacionadas principalmente ao fato de que as resinas utilizadas eram elaboradas para a técnica de Colagem Direta. É apresentado um sistema coesivo e completo para fabricação de bandejas de colagem e o procedimento de Colagem Indireta.

Tecnica da colagem indireta:

VANTAGENS
. Maior e melhor definição no posicionamento dos bráquetes
. Tempo de cadeira quatro vezes menor
. Menor desconforto ao paciente
. Melhor resultado com qualidade e acabamento excepcionais
. Pode ser usado na grande maioria das técnicas de Ortodontia
. Permite avaliar com segurança se haverá interferências oclusais antes da montagem da
aparatologia
. Permite um melhor resultado na oclusão final
. Permite-se trabalhar com arcos pré-fabricados
. Menor contaminação por saliva no procedimento da colagem
. Baixo custo
. Ferramenta de marketing pessoal
. Aplicação clínica descomplicada
. Diminuição drástica da fase de finalização e inter-cuspidação
. Facilita a aplicação do conhecimento científico e de sobre-correções (sobre-mordida, rotações,
etc...)
. Grande auxílio no atendimento de pacientes especiais
. Duração reduzida do tratamento
. Colagem menos exaustiva
. Confecção prévia dos arcos
. Possibilidade de delegar com 100% de segurança

DESVANTAGENS

. Investimento de tempo inicial para conhecimento da técnica (8 Horas)
. Não há experiência até a presente data da utilização desta técnica em Ortodontia Lingual

Os primeiros estudos sobre Colagem Indireta iniciaram-se em 1972, quando os autores Silverman e Cohen descreveram pela primeira vez esta técnica, ganhando assim alguma popularidade. Desde então, muitos outros autores descreveram suas experiências com as diversas maneiras de executar o procedimento.

A maior parte deles utilizou e utiliza as plastificadoras e placas de silicone como sistema de transferência, que necessitam de aparelhos tipo "BIOSTAR" ou similares.

Ao longo dos anos, e até os dias de hoje, somente alguns autores fizeram mudanças nesta maneira de transferir os bráquetes.

Todo sistema de transferência de bráquetes que se utiliza de placas acrílicas ou similares compromete o resultado final, corroborando para o insucesso da técnica. O excesso de resina ao redor dos bráquetes, devido à inacessibilidade do sistema e à dificuldade de remoção de todo o processo, pode causar deslocamentos e solturas dos bráquetes.

Nas técnicas em que se utilizam moldeiras de silicones como sistema de transferência e resinas foto-polimerizáveis para adesão dos bráquetes aos dentes, além dos problemas acima citados, fica difícil de se conseguir uma boa adesão dos bráquetes devido à natureza opaca da placa.

Estima-se que, devido às dificuldades técnicas existentes, somente 17% dos Ortodontistas utilizam rotineiramente em seus consultórios o procedimento da Colagem Indireta e a porcentagem de novos profissionais que passam a utilizar a técnica aumenta muito pouco ano a ano.

Alguns autores, como Zachrisson, reportaram um grande índice de falhas na técnica da Colagem Indireta, sendo que outro autor observou exatamente o oposto.

O tempo clínico requerido para a execução dos procedimentos da Colagem Indireta é reduzido em 50% quando comparado com os procedimentos da colagem direta. A Colagem Indireta mostra melhor resultados no posicionamento dos bráquetes no sentido vertical.

CONCLUSÕES

1 - Este sistema é extremamente simples: com um pouco de habilidade e determinação, todo profissional poderá executá-lo e também delegá-lo com muita segurança, obtendo-se assim um aumento sensível de qualidade, rapidez e resultados nos procedimentos de colagem dos bráquetes Ortodônticos.

2 - Ao contrário de muitas outras propostas apresentadas, este sistema permite uma visualização direta e abrangente dos bráquetes, tanto no momento do procedimento laboratorial, quanto no clínico, obtendo-se dessa forma uma qualidade extraordinária de limpeza e controle durante os procedimentos.

3 - A excelência em acabamento estético, assim como a qualidade funcional, são metas buscadas por todo Ortodontista e, quando se pode confiar em um sistema seguro de "Colagem Indireta" de bráquetes, estes objetivos são favorecidos e conseguidos desde o início do tratamento.

4 - Este processo de "Colagem Indireta" de bráquetes mostrou um baixo custo para ser realizado, principalmente pelo fato de não ser necessária a utilização de equipamentos laboratoriais e produtos sofisticados.
5 - Com a miniaturização dos bráquetes labiais, a colagem direta torna-se cada vez mais cansativa, causando maior tensão e estresse na execução deste procedimento. Os processos indiretos de posicionamento e colagem de bráquetes são instrumentos indispensáveis na Ortodontia contemporânea.


Link do artigo na integra via wwow:

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Estudo fotoelástico do controle vertical com o arco de dupla chave na técnica Straight wire






Neste artigo de 2009, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Adriano Dobranszki, José Henrique Vuolo, Flamínio Levy Neto, Hideo Suzuki, Jurandir Antônio Barbosa, Nara Pereira D´Abreu Cordeiro Dobranszki; do Especialização em Ortodontia do Instituto de Pesquisa, Ensino e Pós-graduação (IPESP / DF) - Distrito Federal, do Faculdade de Física da USP - São Paulo / SP, da Faculdade de Engenharia Mecânica da UnB - Brasília / Distrito Federal e do curso de especialização em Ortodontia da São Leopoldo Mandic - Campinas / São Paulo; Propôs-se a estudar o local onde a força é exercida, após a ativação do arco dupla chave, utilizando ativação na alça distal, ativação entre as alças e na alça distal, e ativação com Gurin®.

De maneira geral, existem três razões para a extração dentária em Ortodontia: (a) conseguir espaço para alinhar dentes apinhados, (b) diminuir a protrusão e (c) camuflar problemas moderados de Classes II ou III, quando a correção por modificação do crescimento não é mais possível. Muitas vezes, o espaço conseguido com as extrações não é completamente fechado com o alinhamento dos dentes, sendo necessária uma força adicional para esse fim.

O princípio da fotoelasticidade é baseado no fato de que a maior parte dos materiais claros se torna birrefringente (separação da luz em dois feixes com velocidade e índice de refração diferentes), quando submetidos a estresse mecânico. A birrefringência se manifesta pelo aparecimento de franjas coloridas em áreas de tensão induzida. Em Odontologia, o material reproduz a resiliência e a resistência do periodonto de sustentação, sendo utilizadas cores monocromáticas para análise da quantidade das forças, enquanto as franjas coloridas fornecem mais informações em relação à direção e distribuição das tensões (compressão ou tração).

Segundo Roth, o arco com alças duplas tipo buraco de fechadura, DKH ou DKL, poderia ser usado para: (a) permitir ao operador o fechamento completo de espaços com um jogo de arcos; (b) permitir maior controle sobre a inclinação na mecânica de deslizamento; e (c) permitir ao operador eleger como fechar o espaço – com retração anterior, protração posterior e quanto de cada, independente da cooperação do paciente.

Nesse trabalho, o espectro obtido nos padrões fotoelásticos foi somente até a primeira franja. Antes do aparecimento da franja, a superfície sob estresse adquire um aspecto esbranquiçado, característico da sobreposição de todas as cores. A área do esbranquiçamento aumenta proporcionalmente ao aumento da força aplicada, iniciando com um leve esbranquiçamento ao redor da superfície que transmite a força ao material fotoelástico, até um grande esbranquiçamento, pouco antes do aparecimento da primeira franja. Ultrapassado esse limiar, a sequência de cores das franjas é: primeira franja – amarela, magenta, ciano; segunda franja – amarela, magenta, verde.

A razão de incorporar uma dobra gable em um fio é produzir um momento, para que ocorra movimento em corpo do dente. Com a dobra gable, ocorre diminuição no índice de Carga/Deflexão, tornando os níveis de Momento/Força relativamente mais constantes. Na retração dos dentes anteriores, a alça distal do arco de dupla-chave pode ser amarrada na alça mesial8, resultando em um efeito semelhante ao gable de 15 ± 15º. Dessa forma, a força de retração não produziria o movimento indesejado de extrusão dos dentes anteriores.

Normalmente, a correção vertical deve ocorrer antes da anteroposterior, embora seja possível corrigir a sobremordida profunda simultaneamente com a retração, produzindo força intrusiva anterior e extrusiva posterior. Isso pode ser conseguido ativando-se as duas alças com amarrilho e unindo a alça distal à unidade de ancoragem, o que cria um momento para movimento distal de raiz nos dentes anteriores, que tem um componente extrusivo na região do pré-molar, observado, mas não mensurado, no presente trabalho.

A ativação das alças, unindo o Gurin® (distal à segunda alça) à unidade de ancoragem, resultaria
em retração com menor força intrusiva no segmento anterior, observado no teste fotoelástico. Teoricamente, o efeito colateral seria de intrusão do segundo pré-molar, observado, mas não mensurado, no modelo com gelatina. O mesmo efeito pode ser obtido puxando-se o fio e travando-o na distal do segundo molar, ativando as alças como sugerido por Roth.

Conclusões

Após a revisão da literatura e o estudo dos resultados obtidos, pode-se concluir que a força aplicada no braquete por meio da ativação do arco DKL produz efeitos na raiz dentária do dentes, da seguinte forma:

Região de incisivos
• A ativação na alça distal (Suzuki´s tie) pode produzir movimento de retração sem intrusão, pois, funcionando como uma dobra gable, produziria uma força contrária à força extrusiva, inerente à contração da alça.

• A ativação entre as alças e Suzuki´s tie pode produzir movimento de retração com intrusão e momento (torção) distal das raízes.

• A ativação com Gurin® pode produzir movimento com o menor componente intrusivo entre as
diferentes mecânicas testadas, pois não há compensação para o efeito extrusivo inerente à contração da alça do fio de aço, como a dobra gable.

Região de caninos

• A ativação com o Suzuki´s tie pode produzir movimento de retração sem intrusão, pois, funcionando como uma dobra gable, produziria uma força contrária à força extrusiva, inerente à contração da alça.

• A ativação das alças entre si e a ativação com Suzuki´s tie podem produzir movimento de retração com intrusão.

• A ativação com Gurin® pode produzir movimento de retração com o menor componente intrusivo entre as diferentes mecânicas testadas, pois não há compensação para o efeito extrusivo inerente à contração da alça, como a dobra gable.


Link do artigo na integra via Scielo:

domingo, 23 de agosto de 2009

Pensamento da Semana


"Uma mentira pode correr 6 vezes pelo mundo antes de que a verdade tenha tido tempo para pôr-se as calças"


(Mark Twain)

1835 - 1910



Link sobre o autor:



domingo, 16 de agosto de 2009

Pensamento da Semana


"Há pessoas que desejam saber só por saber, e isso é curiosidade; outras, para alcançarem fama, e isso é vaidade; outras, para enriquecerem com a sua ciência, e isso é um negócio torpe: outras, para serem edificadas, e isso é prudência; outras, para edificarem os outros, e isso é caridade."




São Tomás de Aquino

............... 1225 - 1274




Link sobre o autor:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Tom%C3%A1s_de_Aquino

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Dentes com Tratamento Endodôntico: Movimentar ou Não?


Neste artigo de 2002, Publicado pela Revista Dental Press, pelo Prof. Dr. Alberto Consolaro Professor Titular em Patologia Bucal pela Faculdade de Odontologia de Bauru - FOB - USP - São Paulo. Mostra como conviver com este dogma, movimentar ou não dentes tratados endodonticamente.

Por algumas décadas acreditou se dogmaticamente que dentes tratados endodonticamente, se movimentados, poderiam apresentar maior índice de reabsorção radicular. Isto nunca foi demonstrado com um mínimo de critério metodológico, pois na Ortodontia não se tratava de adultos com freqüência. Dogmas são inexplicáveis: acredita-se ou não, como na política e na religião, mas não na ciência.

Os trabalhos que estudaram metodologicamente o assunto revelaram que dente com tratamento endodôntico considerado pelo especialista como sucesso clínico pode ser movimentado. O sucesso clínico no tratamento endodôntico inclui o dente que eventualmente apresenta extravasamento periapical de material obturador e esta situação não contra-indica a movimentação ortodôntica.

Quando o dente apresenta tratamento endodôntico inadequado, sem ou com lesão periapical crônica, deve-se promover o retratamento do canal para obter-se o sucesso clínico, e então, em um segundo momento, promover o tratamento ortodôntico, geralmente depois de 30 dias.

O movimento dentário induzido depende dos tecidos periodontais e ósseos. Os osteoblastos, clastos e macrófagos participam da reabsorção óssea. Na superfície da raiz, na mesma área de movimentação, os cementoblastos permanecem impassíveis, indiferentes e ignoram as mensagens bioquímicas dos mediadores concentrados na área para induzirem a osteoclasia. Se não houver necrose por anoxia, os cementoblastos protegem a raiz dentária da reabsorção durante a movimentação ortodôntica, pois não apresentam receptores de superfície para estes mediadores.

A reabsorção da superfície radicular independe das células da polpa, se presentes ou ausentes. O tratamento endodôntico não muda a estrutura e a fisiologia dos tecidos periodontais, incluindo o cemento e os cementoblastos.

Quando os túbulos dentinários têm bactérias ou seus produtos e a polpa está necrosada, a reabsorção dentária no movimento ortodôntico pode deixar sair estes elementos para o ligamento periodontal. Isto promoverá uma inflamação na área e esta, ao persistir mesmo depois de cessada a força aplicada, manterá a reabsorção dentária até que o agente indutor de origem bacteriana seja eliminado por um tratamento endodôntico adequado. A inflamação promove acúmulo local de muitos mediadores, em especial da reabsorção. Uma vez realizado o tratamento endodôntico adequado, espera-se 30 dias para iniciar ou reiniciar o movimento dentário, tempo necessário para o exsudato ser reabsorvido e a reparação se instalar.

Uma dica: para avaliar se o dente tratado endodonticamente pode ser considerado um sucesso clínico ou não, divida esta responsabilidade com o endodontista; a decisão será mais segura e faça o paciente participar, mesmo que indiretamente da decisão, informando-o sobre o que está sendo discutido!


Link do artigo na integra via Dental Press:

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Alteração da inclinação dos incisivos inferiores e ocorrência de recessão gengival




Neste artigo de 2009, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Luciane Q. Closs, Betina Grehs, Dirceu Barnabé Raveli, Cassiano Kuchenbecker Rösing; da pós-graduação em Ortodontia - Faculdade de Odontologia de Araraquara (Unesp) - São Paulo. Fez uma investigação de alterações na posição vestibulolingual dos incisivos inferiores em adolescentes podem predispor ao desenvolvimento de recessões gengivais.

A posição ideal dos incisivos inferiores tem sido um desafio para a Ortodontia, no que se refere tanto à estabilidade quanto às condições periodontais. Quando dentes se movem através do osso alveolar, ocorre remodelamento dos tecidos duros e moles, envolvendo uma variedade de células e de reações teciduais, concomitante com um rearranjo de fibras periodontais.

Alguns estudos relatam que a movimentação dentária para fora do osso alveolar por inclinação excessiva dos incisivos predispõe a perda de inserção gengival por vestibular, levando à recessão gengival. Outros reportam que não há evidências associando o movimento dentário ao desenvolvimento de recessão gengival.

Estudos experimentais em macacos e cachorros demonstraram que fenestrações podem ser produzidas no osso alveolar quando incisivos inferiores são movidos no sentido vestibular. Entretanto, a remodelação óssea que ocorre após esse movimento parece não produzir nenhuma perda de tecido de inserção, levando-se em conta que o movimento dentário se dá dentro do arco dentário e que o tecido de suporte supracristal é mantido sem inflamação.

Engelking e Zachrisson, recolocando em suas posições originais incisivos de macacos que previamente haviam sido ortodonticamente projetados, demonstraram que houve reaposição óssea vestibular no sentido coronal. Essa observação demonstrou que pode haver uma melhora na fenestração óssea e na recessão gengival.

A posição de irrupção do dente tem também sido considerada como um fator local predisponente para a recessão gengival. Entretanto, a presença de trauma causado por escovação e de lesões gengivais associadas à placa deve ser considerada importante fator causal de recessão em pacientes ortodônticos.

No momento do planejamento de um tratamento ortodôntico, muito frequentemente, pacientes apresentam uma mandíbula retrusiva, com dentes que já se apresentam excessivamente inclinados. Para melhorar a estética e evitar procedimentos cirúrgicos, os dentes são mantidos ou
movidos para uma posição ainda mais proclinada. Além disso, a maioria dos estudos sobre o efeito da mudança na inclinação dentária e alterações da margem gengival foi realizada em grupos etários não específicos ou em pacientes adultos.

O alvo do presente estudo foi averiguar uma possível associação entre a alteração na inclinação vestibulolingual dos dentes anteroinferiores durante o tratamento ortodôntico e o desenvolvimento de recessões gengivais. Ainda que alguns autores afirmem que qualquer dente movido para fora do envelope dentoalveolar possui predisposição à fenestração óssea, seguida de recessão gengival, essa situação não foi detectada no presente estudo.

Ainda que adultos frequentemente procurem tratamento ortodôntico, esses ainda não são a maioria em clínicas ortodônticas. A população do presente estudo tinha a faixa etária semelhante à da maioria dos pacientes que procuram tratamento ortodôntico e que ainda têm potencial para crescimento. Os poucos estudos que avaliaram exclusivamente o efeito da inclinação dos incisivos
inferiores e a posição da margem gengival foram realizados em grupos etários não-específicos ou em adultos. Um estudo realizado por Ruf, Hansen e Pancherz, que avaliou as mesmas questões do presente trabalho, analisou o tratamento ortodôntico com um aparelho específico durante um período menor de tempo e com um número menor de indivíduos.

Os resultados do presente estudo indicam que não houve associação entre a inclinação dos incisivos inferiores e a recessão gengival.


Link do artigo na integra via Scielo:

domingo, 9 de agosto de 2009

Pensamento da Semana




"Que riqueza não é, até entre os pobres, ser filho de um bom pai."





Feliz Dias dos Pais a Todos os Leitores do BLOG !!!!!!!!!



(Juan Luis Vives)


1492 - 1540


Link sobre o autor:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Juan_Luis_Vives

sábado, 8 de agosto de 2009

Inman Aligner












Este tipo de aparatologia foi desenvolvida por Donald Inman, técnico em protese dentaria dos Estados Unidos. No qual seu grande marketing é a conclusão de um alinhamento dentário anterior de 06 a 16 semanas. Na realidade Inman o desenvolveu para muitos pacientes que pretendem realizar uma reabilitação estética com facetas, recurso estético muito comum nos Estados Unidos, porém muitos deles possuem irregularidades no posicionamento das unidades dentarias anteriores. Então este recurso tem o objetivo de alinhar os elementos dentarios anteriores para posteriormente receber as facetas estéticas.

Nada mais é que uma placa removível em que na região anterior em vez de ter o Hawley, tem um "escudo" de acrilico com molas que quando colocada no arco dentario gera uma pressão que promove o alinhamento dentário.

Nos profissionais que trabalhamos com a Ortodontia, sabemos que uma boa reabilitação não está só no puro ato do alinhamento das unidades dentárias e sim em muito mais elementos, não é a toa que Dr. Lawerence Andrews definiu de pois de muito estudo as 06 chaves da ocusão ideal, porém, como toda novidade, este recurso precisa ser estudado para ver os seus reais benefícios. É mais uma opção no arsenal de possibilidades que o Ortodontista pode lançar Mão.


Link do site da Inman Aligner:

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Posição e estabilidade dos incisivos inferiores após expansão rápida da maxila







Neste artigo de 2009, publicado pela Revista Gaúcha Odontologia, pelos autores Cláudia Louise Vigatti COELHO, Paulo Roberto Aranha NOUER, Darcy Flávio NOUER, Ivana Uglik GARBUI; do Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, Campinas e da Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Odontologia. Piracicaba - São Paulo. Avalia cefalometricamente a posição e estabilidade dos incisivos inferiores logo após a expansão rápida da maxila e após um período de cinco meses de contenção.

A expansão rápida da maxila emprega forças pesadas, com a finalidade de produzir máximo efeito esquelético com mínima movimentação dentária. A separação da sutura palatina mediana impulsiona inferiormente a maxila e dentes de ancoragem. Este fenômeno provoca a rotação mandibular póstero-inferior, com aumento da altura facial inferior.
O procedimento de expansão rápida da maxila, com a utilização de expansores bandados, ocasiona rotação inferior e posterior da mandíbula, aumentando a inclinação do plano mandibular devido às inclinações dentoalveolares, deslocamento inferior do plano palatino e extrusao dos dentes postero-superiores. O expansor maxilar encapsulado tem demonstrado promover pouca inclinação de dentes posteriores durante a expansão, devido ao rígido arcabouço do aparelho colado aos dentes posteriores.

Um estudo com trinta pacientes apresentando mordida cruzada posterior na dentadura mista avaliou os efeitos esqueléticos e dentários de três métodos de expansão. O grupo que recebeu expansão rápida da maxila com Hyrax mostrou resultados esqueléticos e dentários significantes nos planos transversal, sagital e vertical, verificados em telerradiografias em norma lateral, ântero-posterior e modelos de gesso.

O expansor rápido de maxila encapsulado promove maior controle da dimensão vertical da face, quando comparado com o expansor Hyrax, não provocando rotação do plano palatino e possibilitando intrusão dos primeiros molares permanentes superiores. Entretanto, o expansor encapsulado ocasiona rotação do plano mandibular no sentido horário. Os expansores levam à compressão do ligamento periodontal, inclinação lateral dos processos palatinos, vestibularização dos dentes de ancoragem e abertura da sutura palatina mediana. Alterações na largura maxilar, na distância intermolar superior e inferior, na distância entre os ápices dos incisivos centrais superiores e na largura internasal podem ser observadas.

O aumento na dimensão vertical da face, com aparelho Hyrax, pode ser reduzido ou mesmo anulado com a utilização do expansor colado. Inclinações dentárias não apresentam diferenças significativas. Assim, torna-se fundamental o estudo das alterações esqueléticas e dentárias durante a expansão rápida da maxila e o comportamento destas estruturas, após um período de contenção, avaliando o comportamento dos incisivos inferiores com relação a sua base óssea.

Os autores deste trabalho concluiram que, a expansão rápida da maxila, utilizando-se expansor encapsulado ou Hyrax, não provocou alteração significativa das grandezas /1.NB, /1-NB, /1-Linha I, IMPA, antes, após expansão rápida da maxila e após contenção. Entretanto, observou-se diferença na posição dos incisivos inferiores, com vestibularização destes, após expansão rápida da maxila nos grupos 1 e 2 (Hyrax e expansor colado), demonstrado pelo aumento nos valores das medidas incisais, apesar de estas mudanças não terem sido estatisticamente significativas. Houve um retorno à posição inicial dos incisivos inferiores após contenção e remoção dos aparelhos.


Link do artigo na integra via Revista RGO, depois é clicar em PDF:

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Correlação entre a densidade óssea mandibular, femural, lombar e cervical


Neste artigo de 2009, publicado pela Revisa Dental Press, pelos autores Paula Cabrini Scheibel, Paula Daniele Matheus, Cláudio Cordeiro Albino, Adilson Luiz Ramos; do departamento deOdontologia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) - Paraná; Mostra um estudo que avaliou a correlação da densidade mineral óssea (DMO) geral com aquela da região mandibular.

A osteoporose é uma patologia caracterizada pela diminuição de massa óssea e pela deterioração estrutural do tecido ósseo, causando fragilidade óssea e suscetibilidade acentuada a fraturas, especialmente da coluna, quadril e punho, embora qualquer osso possa ser afetado. O método mundialmente empregado para o diagnóstico dessa alteração é o uso do densitômetro duo-energético por raios X, também denominado DXA (Dual Energy X-Ray Absorptiometry), o qual pode ser empregado para avaliações de densidades ósseas em qualquer área do esqueleto.

Na Odontologia, considera-se a necessidade de reflexão sobre a morfologia dos ossos faciais e a definição de valores de densidade óssea, haja vista o envolvimento da qualidade óssea em áreas como Implantodontia, Ortodontia e Periodontia.

Em 1995, Scarparo propôs um método para avaliar a densidade óptica óssea mediante a utilização de penetrômetro de alumínio. Nesse mesmo ano, Garcia avaliou a densidade óptica alveolar na região entre incisivos laterais e caninos, com um método radiográfico semelhante. Entretanto, em 1996, Kannis observou que uma radiografia convencional só permite a visualização da alteração óssea quando ocorre a diminuição de massa óssea numa escala de 30 a 50%. E Horner et al. sugeriram que somente seria possível o diagnóstico de osteoporose por radiografias dentárias se o padrão ósseo dentoalveolar apresentasse correlação com outros sítios esqueléticos.

A comunidade científica vem, há muito tempo, preocupando-se em correlacionar as alterações morfofisiológicas dos ossos maxilomandibulares com alterações ósseas sistêmicas e aos fatores externos de componentes inflamatórios – como a doença periodontal –, esclarecendo os processos de reabsorção óssea alveolar transversal e horizontal nas cristas alveolares. Entretanto, ainda há dúvida quanto à correlação osteometabólica e do padrão morfofisiológico para os ossos de suporte dentário, bem como para os demais ossos do esqueleto humano.

O número de pacientes adultos nos consultórios de Ortodontia tem aumentado. Diante disso, aumentou também a preocupação dos ortodontistas e pesquisadores com relação às prováveis diferenças biológicas em resposta à movimentação ortodôntica. Estudos com populações hipertensas, diabéticas ou com osteoporose, entre outras alterações sistêmicas mais comuns nos adultos, têm sido realizados.

Consolaro relatou que alguns fatores podem influenciar na resposta biológica diante da movimentação ortodôntica. Entre eles, o formato das raízes dentárias e o formato da crista alveolar. Esses fatores estariam relacionados com o grau de concentração de forças nas regiões apicais radiculares. Raízes mais triangulares e cristas alveolares mais retangulares acarretariam maior concentração de força no ápice radicular, favorecendo o processo de reabsorção do cemento.

Horiuchu, Hotokezaka e Kobayashi observaram que a movimentação dentária contra uma área de maior densidade óssea, por exemplo a cortical óssea, relaciona-se à maior reabsorção dentária. Portanto, a osteoporose – ou simplesmente os diferentes níveis de densidade óssea, por estarem vinculados diretamente ao metabolismo ósseo – é particularmente instigante à comunidade ortodôntica, haja vista que uma perda mineral poderia influenciar o processo de reparação óssea alveolar; enquanto níveis de densidade maiores poderiam assemelhar-se ao efeito de corticais mais espessas, acarretando menores deflexões, maiores concentrações de forças nas raízes e, por consequência, maior probabilidade de reabsorções radiculares durante a movimentação ortodôntica. Entretanto, a literatura carece de publicações do gênero.

Diante da possibilidade de que as diferenças nas densidades alveolares mandibulares e maxilares
possam variar e interferir, de alguma forma, no prognóstico do ritmo e repercussão da movimentação ortodôntica, sugere-se que o exame densitométrico mandibular possa ser um instrumento de ampliação prognóstica. Para tanto, mais estudos contribuirão para a aplicabilidade desse exame.

Não houve correlação significativa entre a densidade mandibular e as demais áreas estudadas.

Houve correlação significativa apenas entre a região cervical e a femural.

O valor médio DMO normal para a região mandibular foi de 0,983g/cm² (d.p. = 0,334), enquanto para a região cervical foi de 0,768g/cm² (d.p. = 0,102), e os valores médios para a região lombar e femural foram de, respectivamente, 1,127g/cm² (d.p. = 0,067), 0,925g/cm² (d.p. = 0,078), esses últimos semelhantes aos valores de referência da OMS.
O exame da área femural pode abranger o valor esperado para a área cervical, entretanto há necessidade do exame densitométrico particular para a área mandibular. Estudos adicionais são necessários para avaliar as variações locais e a eventual influência sobre a movimentação ortodôntica.


Link do artigo na integra via Scielo:

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Analise da espessura dos tecidos moles para a colocação de mini implantes ortodonticos com dispositivo de ultra-som




Neste artigo de 2008, publicado pela Angle Orthodontics, pelos autores Bong-Kuen Cha; Yeon-Hee Lee; Nam-Ki Lee; Dong-Soon Choi; Seung-Hak Baek; do Department of Orthodontics, College of Dentistry, Kangnung National University, Kangnung, Kangwondo, Republica da Corea, do Department of Orthodontics, School of Dentistry, Dental Research Institute, Seoul National University, Seoul, Republica da Corea e do Department of Orthodontics, School of Dentistry, Dental Research Institute, Seoul National University, Seoul, Corea do Sul. Mostra um método interessante de analise espessura do tecido mole que receberá o miniimplante ortodontico com o auxilio de um aparelho de ultra som.

Este estdo buscou avaliar a área e sexo relacionados com diferenças na espessura dos tecidos moles em areas de potencial para a instalação de mini implantes instalados na região vestibular gengival e palatina da mucosa mastigatória.

A amostra foi constituída de 61 coreanos adultos jovens. Um ultra-som gingivalthickness foi utilizado para medir a espessura dos tecidos moles na gengiva bucal apenas na região adjacente à junção mucogingival das arcadas superior e inferior e de 4 mm e 8 mm abaixo a crista gengival da mucosa palatina mastigatória. Um t-teste independente pareado, e uma analise oneway de variância foram utilizadas para análise estatística.

A espessura da gengiva bucal da arcada superior foi significativamente maior em homens do que em mulheres, mas espessura gengival da arcada inferior e palatal mastigatória e de 4 e 8 mm abaixo da crista gengival não mostram as diferenças de género. A espessura significativamente do tecido ocorreu na região anterior dos domínios na arcada superior e nas areas de parte posterior, na arcada inferior. Na mucosa palatal mastigatória, dos tecidos moles foi significativamente mais espessas encontrado 4 mm abaixo da crista gengival nas áreas anterior e 8 mm abaixo da crista gengival nas areas posterior. As áreas entre os caninos e os pré-molares apresentaram valores mais elevados do que outras áreas 4 mm abaixo da crista gengival. No entanto, a espessura de tecidos moles de 8 mm abaixo a crista gengival mostrou um aumento progressivo a partir da anterior para áreas posteriores.

As medições da espessura dos tecidos moles utilizando aparelho de ultra-som poderia ajudar profissionais escolha o bom sitio de inserção dos mini implantes ortodônticos na clínica diária.


Link do artigo na integra via Angle Orthodontics:

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Estudo comparativo de diferentes prescrições de braquetes pré-ajustados em modelos virtuais pelo Método de Elementos Finitos







Neste artigo de 2009, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Murilo Fernando Neuppmann Feres, Ênio Tonani Mazzieiro, Janes Landre Júnior; das da Faculdade de Odontologia e Engenharia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Compara os efeitos de diferentes prescrições de braquetes pré-ajustados na movimentação dentária dos dentes anterossuperiores, por meio da utilização do Método de Elementos Finitos (MEF).

O sistema de braquetes pré-ajustados – introduzido por Andrews na década de 70, por meio do aparelho Straightwire – constituiu um importante marco para o desenvolvimento tecnológico da Ortodontia. Desde então, diversos autores desenvolveram novas técnicas e prescrições distintas da original. A disponibilidade de diversas prescrições no mercado faz com que o clínico se sinta inseguro na eleição de sua prescrição de trabalho, principalmente porque esse não conta com o alicerce científico necessário para a fundamentação de sua opção. Além disso, mesmo que haja evidências suficientes da presença de fatores que influenciam a expressão da programação dos braquetes pré-ajustados não há trabalhos na literatura que estabeleçam uma comparação direta entre as diversas prescrições, sem que esses fatores sejam devidamente controlados.

Os resultados proporcionados pelo presente estudo devem ser considerados com reserva e cautela. Isso porque esses são oriundos de uma simulação que, embora proporcione igualdade de condições à avaliação comparativa das prescrições, é limitada no que se refere à reprodução fiel da realidade. Assim, os parâmetros aferidos na pesquisa devem ser considerados em caráter exclusivamente relativo na análise comparativa entre as prescrições.

O deslocamento apical aferido para os três elementos dentários não detectou nenhuma diferença significativa. Justifica-se esse resultado pela pequena variação entre os valores de angulações prescritos pelos autores, que variam de +3° a +5° para o incisivo central, e de +8° a +10° para o incisivo lateral. Para o canino, a variação da inclinação da coroa clínica prescrita apresenta uma maior amplitude (de +8° a +13°). Mesmo assim, essa maior variação não foi suficiente para determinar distinção entre as prescrições quanto aos deslocamentos do ponto apical no plano de observação frontal. Mesmo que os valores apresentados por esse parâmetro tenham magnitude relativa, é bastante improvável que o deslocamento normalmente exibido pelo ponto apical durante a ativação do braquete viabilize alguma diferença significativa entre as prescrições. Portanto, nota-se que as diversas angulações idealizadas por cada autor influenciam o posicionamento mesiodistal final dos ápices radiculares de maneira bastante similar.

Em relação à inclinação do longo eixo do incisivo central no plano sagital, foram observados valores semelhantes entre as prescrições. Esse dente, durante a sua movimentação, tende a manter a inclinação de seu longo eixo dentário, mesmo que haja, dentre as prescrições, discrepâncias evidentes no comportamento apresentado por um dos pontos de referência. Mesmo que sejam observados deslocamentos significativamente maiores do ponto incisal para vestibular, como nos casos das prescrições de Ricketts, Alexander e MBT, o longo eixo mantém sua inclinação em decorrência da movimentação relativamente menor do ponto apical para a lingual. Para Andrews e Capelozza, ao contrário, um maior deslocamento radicular é observado em relação a todas as outras prescrições. No entanto, esse deslocamento diferencial é insuficiente
para consolidar uma distinção significativa entre as prescrições, dada a ínfima movimentação descrita pelo seu ponto incisal no sentido oposto.

Assim, são observados dois padrões específicos de expressão de torque para o incisivo central. O primeiro – exemplificado pelas prescrições de Ricketts, Alexander, MBT e Roth – é fruto de um maior deslocamento vestibular da coroa dentária em relação à raiz, assim como pretendem os idealizadores dessas prescrições. Esse fato ocorre em virtude da angulação acentuada dos vetores de torque aplicados a essas prescrições, que faz com que haja uma extrusão dentária relativa. Com a extrusão, o centro de rotação, previamente localizado sobre o centro de massa do incisivo, é deslocado apicalmente. Com isso, a distância do ponto de aplicação de força na coroa em relação ao centro de rotação aumenta em comparação à situação estática inicial. Assim, a magnitude do momento na coroa é maior, o que provoca maior deslocamento vestibular do ponto incisal.

Não foi objetivo desse estudo instituir comparações entre “tratamentos ortodônticos” distintos entre si. O trabalho visa, tão somente, a comparação entre os “efeitos proporcionados pelos braquetes” de prescrições distintas, já que o tratamento ortodôntico, como um todo, compreende uma abordagem complexa e detalhada que leva em conta não só as características intrínsecas da aparelhagem, mas, sobretudo, particularidades de diagnóstico e da má oclusão, do planejamento estipulado, mecânica empregada e habilidade profissional.

Os principais achados do estudo são listados a seguir:

• Os deslocamentos apresentados pelos pontos apicais dos dentes anterossuperiores não apresentaram diferenças significativas entre as prescrições.

• As angulações frontais apresentadas pelos longos eixos dos incisivos centrais e laterais superiores não apresentaram diferenças significativas entre as prescrições.

• A angulação frontal do canino superior de Ricketts apresentou um valor significativamente maior em relação às outras prescrições, o que indicou uma maior inclinação de seu longo eixo para mesial.

• As angulações sagitais apresentadas pelos longos eixos dos incisivos centrais não apresentaram diferenças significativas entre as prescrições.

• A angulação sagital do incisivo lateral superior de Ricketts apresentou um valor significativamente maior em relação às outras prescrições, o que indicou um menor torque vestibular de coroa.

• A angulação sagital do canino superior de Ricketts apresentou um valor significativamente menor em relação às outras prescrições, o que indicou um maior torque vestibular de coroa.

• A avaliação qualitativa da movimentação mesiodistal do incisivo central superior foi caracterizada por um pequeno grau de variação entre as prescrições em relação aos deslocamentos mesiodistais do ponto incisal. Além disso, foi verificado um maior deslocamento distal dos ápices radiculares para as prescrições cujos autores estipularam maiores valores de angulação (Andrews, Capelozza, Roth e Alexander). Isso indicou uma pequena influência dos valores estipulados sobre o deslocamento mesiodistal das coroas dentárias ou, ainda, que a maior manifestação desse movimento se deu em localização radicular.
• A avaliação qualitativa da movimentação vestibulolingual do incisivo central superior foi caracterizada pela definição evidente de dois padrões de movimentação nesse sentido. As prescrições que estipularam os maiores valores de torque para os incisivos centrais determinaram um maior deslocamento vestibular da coroa e um menor deslocamento lingual da raiz dentária. As prescrições que estipularam os menores valores de torque para os incisivos centrais determinaram um maior deslocamento lingual da raiz e um menor deslocamento vestibular da coroa dentária. Em razão dos padrões citados, as inclinações vestibulolinguais dos longos eixos dos incisivos centrais foram mantidas.

Link do artigo na integra via Scielo:

sábado, 1 de agosto de 2009

Historia da Ortodontia - Sebastião Interlandi





Um dos grandes icones da Ortodontia Brasileira, o Professor Sebastião Interlandi como os grades mestres anda longe de holofotes e dos congressos, onde alguns só vão se auto-promover e debater "politicas" do "grupo" que perteçem, em vez de focar no desenvolvimento cientifico da espcialidade. Este grande autor escreveu um livro: ORTODONTIA- Bases para a Iniciação, esgotado em todas as suas edições que deve ser de cabeçeira para todos aqueles que se propõe a tratar casos de Ortodontia com embasamento clássico. Achei esta entrevista que o autor concedeu ao site Ortodontia em Revista, nesta entrevista ele fala muito sobre nossa especialidade, e no final vou mostrar um e-mail que ele me respondeu em 2006 contando um pouco da historia do IHG, tala para extra-bucal desenvolvida pelo autor.

Entrevista: Sebastião Interlandi

O professor Interlandi, um dos grandes nomes da Ortodontia, é ex-Chefe e Professor Titular do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da USP - São Paulo; coordenador das cinco edições do livro "Ortodontia - Bases para a iniciação"; Professor dos cursos de Ortodontia da “Unitau” e do CEEO “Campus Avançado de Bragança Paulista”; "Master of Science" pela Universidade de Saint Louis - EUA; primeiro presidente eleito da "Associación Latino Americana de Ortodóncia" e integra o Grupo de Assessores, no Brasil, da Middlesex University (Inglaterra)

O.R- O Sr. conheceu pessoalmente, vários dos grandes nomes da Ortodontia mundial. Quais destes profissionais mais o impressionaram, e por quê?

Prof. Interlandi - Os grandes nomes da Ortodontia, são vários, e de diversos países. Os meus contatos pessoais me autorizam a lembrar dois nomes, um do passado: Charles Tweed, e o segundo, do presente: Lawrence Andrews. O primeiro representou uma reviravolta histórica, principalmente na década de 40, quando os critérios de extrações, preparo de ancoragem e a “correta” colocação dos dentes nos ossos basais, se constituíram em novas pilastras a caracterizarem os níveis técnicos e culturais de nossa especialidade. Por mais de 30 anos, a contribuição de Tweed teve o mérito de criar uma mentalidade abrangente, levando a todos os países do mundo ocidental um novo conceito que atuou como consolidação da Ortodontia, acadêmica e profissionalmente. A evolução da pesquisa e da experiência clínica tem alterado a chamada “filosofia tweediana”, sem, no entanto, desvincular do processo histórico, os méritos inexcedíveis daquele grande mestre.

Lawrence Andrews é o nome que estará para sempre, na mente dos que pretendem aprofundar-se no campo da oclusão dentária, pois, aprenderão que o trabalho “as seis chaves para uma oclusão correta” constitui-se num insubstituível ponto de partida. Após sua publicação na década de 70, a ortodontia revigorou-se, inaugurando os principais temas que nos levou a conhecer múltiplas facetas de pesquisa em odontologia. Graças àquele autor, enriqueceu-se a comunidade ortodôntica, com o surgimento de aparelhagens e técnicas precisas, propiciando correções com melhores qualidades de finalização.

O.R- Falemos de Diagnóstico: o Sr. preconiza a montagem dos modelos em articulador, em todos os casos? Se não, qual o critério na seleção dos casos?

Prof. Interlandi — Embora ciente da primeira alternativa, isto é, montagem de todos os casos, em articulador, situo-me numa responsabilidade mais branda, montando somente diante de sinais, sintomas ou alterações que me autorizem a pensar em possíveis DTM (distúrbios têmporo-mandibulares).

O.R- Que análises cefalométricas e/ ou faciais, o Sr. utiliza mais rotineiramente?

Prof. Interlandi — O tempo de vivência clínica permite, no meu entender, a opção de se identificarem cefalometricamente, setores dento-faciais afastados de um equilíbrio morfológico e dimensional desejável. Assim, as análises cefalométricas constituem-se num conglomerado de valores numéricos e aspectos estéticos à disposição do ortodontista, que terá a liberdade de “peneirar” com resultados satisfatórios, os diversos itens para a consecução da análise a ser empregada.

O.R- Quanto ao planejamento, como o Sr. define a posição ideal final dos incisivos?

Prof. Interlandi — Por formação, sou tweediano, e nesse particular, não tenho dúvidas em me manifestar pelo velho estribilho ortodôntico que afirma deverem os dentes ser “verticalizados sobre o osso basal”. Mais precisamente, para os incisivos superiores, defino-lhes a posição final ântero-posterior, de acordo com a análise do perfil tegumentar, segundo o que, no “gráfico vetorial”, denominei “proposta cefalométrica superior”. Quanto aos incisivos inferiores, devem simplesmente, exibir correta articulação com os superiores, o que denominei, também no gráfico, “acerto cefalométrico inferior”.

O.R- Análises que avaliam e quantificam a movimentação proposta, como a Análise de Unidades de Espaço de Andrews e o Gráfico Vetorial Ortodôntico, desenvolvido pelo Sr., são uma excelente ferramenta na planificação do tratamento, mas muitos profissionais não as utilizam. Na sua opinião, por quê isto ocorre?

Prof. Interlandi — Nesta resposta, permito referir-me somente ao “Gráfico Vetorial Ortodôntico”, como, no seu dizer, “excelente ferramenta na planificação do tratamento”. Pela experiência que tenho na ministração de inúmeros cursos a respeito, formulo uma única observação contida no rodapé de minha última publicação sobre o gráfico: “O desenvolvimento teórico ou escrito, de qualquer planificação de tratamento ortodôntico, não prescinde de extenso período de tempo. Isto permite seja cumprida a tarefa de levar ao leitor, a exposição minuciosa e detalhada de uma proposta (de natureza inédita) como a expressa acima. Tal circunstância poderá ter o mérito de pôr de relevo, complexidades devidas unicamente à extensão do texto, o que se atenua de imediato, após leitura atenta, seguida da necessária aplicação prática”. Acredito que a inobservância desse último item possa responder sua pergunta.

O.R- Falemos de tratamento. O Sr. utiliza bráquetes pré-ajustados? De qual filosofia/prescrição?

Prof. Interlandi — Sigo no momento, a prescrição do Dr. Roth, com modificações menores.

O.R- Até qual fio, quanto à sua espessura / material, pode-se utilizar arcos pré-contornados sem comprometer o formato e as dimensões transversais originais do arco do paciente?

Prof. Interlandi — Acredito que os arcos “Niti” .012, 014, e 016 não têm carga de deflexão que modifique substancialmente distâncias transversais entre arcadas, ou o raio de curvatura anterior. Os arcos de maiores espessuras, certamente, poderão interferir naquelas dimensões.

O.R- Quais formatos de arcos pré-contornados o Sr. utiliza?

Prof. Interlandi — Tenho sempre a preocupação de empregar os arcos (pré-contorneados ou não) de acordo ou próximos do diagrama individual que faço para cada paciente. Lembro aqui, da necessidade obrigatória de que sejam providenciadas pelos fornecedores, coleções mais numerosas de diagramas de contorneamento, com variabilidade de dimensões mais adequadas.

O.R- Qual a sequência de fios que o Sr. preconiza?

Prof. Interlandi — A sequência de fios é uma necessidade individual de cada caso, muito embora a preconizada por Andrews seja uma prescrição considerada padrão.

O.R- No fechamento do espaço das extrações, o Sr. faz retração em bloco ou se utiliza da retração de caninos prévia à retração de incisivos? Quais os critérios nesta escolha?

Prof. Interlandi — Normalmente, faço a retração anterior (caninos e incisivos) com os arcos de dupla chave, embora eventualmente (e raramente), possa retrair por deslizamento, os caninos em primeiro lugar, sempre observando a leis das 10 horas.

O.R- O Sr. utiliza Aparelhos Ortopédicos Funcionais? Quais os critérios na escolha dos casos e quais os aparelhos de sua preferência?

Prof. Interlandi — Longe de pretender endereçar qualquer crítica à Ortopedia Funcional, como norma de trabalho, pessoalmente, evito seu emprego, muito embora use com constância, aparelhos de ortopedia mecânicos.

O.R- Quais os dispositivos de sua preferência para distalização molar?

Prof. Interlandi — Evito, tanto quanto possível, a distalização de molares, contornando este problema com extrações, mecânicas intrusivas, blocos de mordida, ancoragem extra-bucal ortopédica, ou mesmo cirurgia ortognática, como são preconizados na técnica de Roth.

O.R- Quais os dispositivos de sua preferência, para controle de ancoragem?

Prof. Interlandi — Ancoragem é um termo complexo, em ortodontia, sempre a merecer conotações segundo as particularidades de cada caso. Porém, se a intenção da pergunta for relacionada aos molares superiores, então me permito citar o que é conhecido internacionalmente, como IHG (citado na resposta anterior como “ancoragem extra-bucal ortopédica”).

O.R- Como o Sr. vê a separação da Ortodontia e Ortopedia Funcional em duas especialidades distintas?

Prof. Interlandi — Lamento que no Brasil, onde a liderança ortodôntica e ortopédica sejam das mais ilustres e legítimas, tenha havido um inegável desentendimento, levando à oficialização de uma parte que nunca deveria ser confundida com o todo.

O.R- Na sua opinião, o que aconteceu de melhor e pior na Ortodontia nos últimos 10 anos?

Prof. Interlandi — De melhor: a inegável preferência da ortodontia, no Brasil, como especialidade de escolha. De pior: a avalanche de pseudo-especialistas na área ortodôntica, a “montar”clínicas, desprovidos das mínimas qualidades para a válida aceitação de um especialista.

O.R- Como o Sr. vê o futuro da Ortodontia?

Prof. Interlandi — Entusiasticamente!

Sobre o IHG
Marlos Loiola - Dr. Interlandi estou montando um seminário sobre aparelho extra bucal, para apresentar no curso de especialização que estou participando. Gostaria que o Doutor me relatasse o historico do desenvolvimento da aparatologia desenvolvida apartir dos seus estudos o IHG e posteriormente utilizada no mundo todo.

Prof. Interlandi - Prezado Loiola, Com respeito ao IHG, sobre o qual você me faz algumas indagações: em 1963, terminava meu curso para obter o grau de MSD na St. Louis University. Nossa experiência clínica na época, era voltada principalmente, para o Kloehn Head Gear, portanto, de apoio cervical, ainda hoje empregado em determinadas técnicas para também determinados casos, porém, com a crítica relativa à inevitável extrusão do molar de apoio, com as conhecidas conseqüências decorrentes.

Antes de minha volta e após a defesa de tese, tive a oportunidade de idealizar o IHG, e, ante a assistência de Mr. Irwing Dewosky (presidente da Orthoband Co., respeitado pela sua presteza em servir, e seriedade com que nos tratava, como alunos da St. Louis), tornamo-nos amigos e, após fornecer os materiais para testes e arcar com os gastos pelo trabalho com as matrizes, em Chicago, até encontrar algo favorável; isto coincidiu com minha volta ao Brasil, em 1963. Alguns meses após, para minha surpresa, recebi via Mr. Dewosky, a patente já reconhecida e oficial, do Serviço de Patentes do Estados Unidos, o que me comoveu por superar minhas intenções iniciais, que foram somente de colaborar para uma ancoragem extra-bucal, no meu entender, mais eficiente.

Por 18 anos, aquele saudoso amigo promoveu a divulgação do IHG (com o nome de “Interlandi Head Gear”) nas melhores revistas de lá e do exterior, com um contrato, que assinei em seu favor, para fabricar e distribuir em todos os países.

Devo, no entanto, informá-lo, (como aluno de especialização) que atualmente, o uso daquela ancoragem diminuiu no meu caso, em virtude de ter-me recambiado para a filosofia de trabalho do Dr. Roth, seguindo portanto, as instruções daquele magnífico ortodontista (falecido ano passado), em usar o IHG ou qualquer outro dispositivo desta natureza, somente como um aparelho de ação ortopédica sobre a maxila, isto é, sem almejar distalização dentária, como por exemplo, conseguir a melhora do ângulo ANB etc.

Isso é o que tenho de memória, um histórico de um dos prazeres de minha vida profissional, que foi encontrar em vários países visitados, pacientes circulando com o “meu” casquete armado na cabeça...

Um abraço do Interlandi
11/05/2006

Link da entrevista no site Ortodontia em Revista:


Link da Clinica do Dr. Interlandi: