ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: maio 2015

sexta-feira, 22 de maio de 2015

AAO meeting 2015 - Conclusão


Olá a todos os seguidores da Ortodontia Contemporânea!

Como prometido na primeira postagem da série AAO meeting 2015, faço esta postagem com uma visão retrospectiva do congresso:

O congresso americano é um palco para os maiores ortodontista do mundo. Consegue mesclar o lado comercial com o científico sem nenhum se sobrepor ao outro. Certamente é a maior feira de produtos e serviços dedicados à ortodontia do mundo, além de congregar os maiores pesquisadores da nossa especialidade.

Uma das mais curiosas características deste evento é a presença de tantas nacionalidades. Podia-se ver grupos destacados da Ásia, América Latina, Europa, etc. Eventualmente esses grupos se integravam e trocavam experiências e contatos. Pude conversar com colegas do México, Japão, EUA, Argentina, Korea, França, Itália, entre outros.

Comparando com os congressos Brasileiros, pareceu-me que temos mais "Gurus", mais clínicos mostrando casos concluídos e bonitos... Lá, ao que pude notar, os palestrantes estão mais interessados a tornar nossa especialidade menos prática e mais científica. Os procedimentos testados com estudos clínicos randomizados antes de serem divulgados como milagrosos, etc. Para um clínico iniciante deve ser mais enfadonho ir à um congresso assim, mas parece ser um caminho mais interessante do ponto de vista evolutivo da especialidade.


Não houve uma só palestra sobre tipos de aparelhos (braquetes ou qualquer outro). Não se discutiu marcas, mas argumentou-se sobre biologia e ética. 



Há alguns anos o maior palco dos congressos americanos tem sido a biologia do movimento dentário induzido, apesar de um pouco menos badalados, tive o prazer de ver os dois maiores investigadores do assunto, na minha opinião.
O Dr. Mani Alikhani da universidade de NY há muito tempo vem estudando a biologia óssea  e as formas de aceleração dos movimentos dentários. Um trabalho consolidado que evoluiu para um dispositivo para a técnica de osteoperfurações. Vale à pena ver seus artigos.


O Dr. Wilcko, talvez um dos mais famosos clínicos a praticar rotineiramente a ortodontia acelerada, ou Overclocking Ortodôntico, como gosto de chamar, apresentou seus casos embasando todos eles com ciência.  



O grande destaque foi a aula dos Doutores Kapila, Will e Buschang. Aula bem estruturada, com finalidade e propósito definido, ficou como um grande modelo de roteiro de aula a ser seguido.






E como essa vida não cansa de me surpreender, através  do amigo e orientador, Prof.Dr. Renato Parsekian, ainda pude estar com o Prof. Buschang fora da aula, em descontração num happy hour próximo do centro de convenções.






Encontros com os Brasileiros brilhantes também são grandes acontecimentos no congresso. Pude estar com grandes professores Brasileiros como a Profa. Dra. Ana Carla Nahás Scocate e o Dr. Ertty Silva!





Quem foi ao congresso americano do ano passado deve lembrar de uma das mais assistidas palestras: A do Dr. Jason Cope. Dr. Cope tem um trabalho consolidado na área de minimplantes e foi uma enorme honra conversar com ele na feira do congresso.



 Outro grande nome da ortodontia mundial é o Mexicano Salvador Romero que estará em São Paulo este ano para um evento da American Orthodontics. Usando o nosso pin e com o nome "Salvador", nos parece prudente trazer essa fera para a Bahia! Vamos!?



Bom... Já viram que a conclusão é positiva. Foi uma experiência muito boa estar entremeado com as tendências da ortodontia mundial e conversando com os maiores expoentes de todos os segmentos que a ortodontia possui atualmente. Sei e senti que a viagem dedicada ao congresso é um fator limitador para muitos colegas, mas se você realmente é um apaixonado pela profissão, tente avaliar suas prioridades e programe-se para o próximo ano estar em Orlando, onde acontecerá o meeting 2016. Vale mesmo à pena!

Neste último parágrafo quero externar a gratidão a Renato Parsekian Martins pela companhia e por todas as orientações que vem passando. Afinal, o mundo da ortodontia de alto nível que me deixa encantado sempre foi seu, e com muita humildade ele vem me abrindo as portas e meus olhos (evitem as piadas). Obrigado Renato!
 

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Entrevista com o Professor Doutor Acácio Fuziy - Parte 3




Blog Ortodontia Contemporânea  divide com você nosso leitor, a ultima parte da entrevista exclusiva com o Prof. Dr. Acácio Fuziy, Ortodontista Clinico em Marília - São Paulo, Professor do programa de Mestrado em Ortodontia na Universidade Cidade de São Paulo - UNICID, Coordenador do curso de especialização em Ortodontia da Associação Brasileira de Odontologia – ABO/MS - Campo Grande ; Autor de varios artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais. Iremos ter o imenso prazer de contar com sua presença  no curso Avançado em Ortodontia, da Academia da Ortodontia Contemporânea, em Salvador - Bahia. Que irá abordar o tema: Recursos Mecânicos pela Técnica do Arco Segmentado. Com hands on especialmente formatado para os alunos participantes.

Marlos Loiola – Achei bem interessante a modificação proposta tanto no aparelho de expansão rápida da maxila com recobrimento acrílico (Tipo McNamara) quanto no alicate para sacar o mesmo.  Dr. Acácio, Estas mudanças na prática diária surtiram efeitos? Onde achar este alicate modificado?  Pode indicar esta aparatologia no protocolo com máscara facial no tratamento precoce da Classe III?

Dr. Acácio Fuziy - A modificação do aparelho de expansão rápida da maxila do tipo McNamara envolve a incorporação de lâminas metálicas circulares que são adaptadas nas faces oclusais dos dentes posteriores durante a acrilização. Esta idéia surgiu da dificuldade no procedimento de remoção que exigia muitas vezes a separação da estrutura metálica em duas partes com o emprego de brocas, causando riscos de danos ao esmalte dentário.  Portanto, a modificação facilita na remoção do aparelho, reduzindo o desconforto ao paciente e diminuindo o tempo de consulta.

O alicate de remoção consiste de um alicate de remoção de bandas posteriores da marca Zatty ou similar previamente preparado. Com o disco de carborundum realiza-se o desgaste da ponta ativa que não contém o apoio plástico, tangenciando o apoio plástico e formando uma pequena ponta em ângulo reto, Posteriormente, inverte-se o apoio plástico, de tal forma que o pino fique exposto na outra ponta ativa.

Na técnica, para a remoção do aparelho realiza-se uma perfuração com uma broca esférica na região que corresponde a lâmina metálica e, na sequência, o pino do alicate é introduzido no orifício e a outra ponta ativa é posicionada lateralmente no expansor para promover a alavanca necessária para deslocar o aparelho.

O aparelho expansor modificado pode ser empregado no protocolo da protração da maxila juntamente com a máscara facial.

Artigo na integra publicado pela Revista Dental Press descrevendo este aparelho disjuntor modificado com recobrimento oclusal:


Marlos Loiola – Professor Acácio, quais são as vantagens e desvantagens da utilização do aparelho de Moreira no tratamento da má oclusão de Classe III?

Dr. Acácio Fuziy - Os aparelhos convencionalmente adotados no protocolo de protração da maxila apresentam os apoios extrabucais e, portanto, se defrontam com o fator cooperação do paciente com relação ao emprego destes dispositivos. 

Assim sendo, o aparelho Moreira é destinado a correção da má oclusão de Classe III suave, ou seja, sem grande envolvimento esquelético; caracteriza-se por ser um dispositivo intrabucal empregado na protração da maxila, favorecendo na aceitação por parte dos pacientes. Este aparelho promove a rotação mandibular no sentido horário, vestibularização e protrusão de incisivos superiores e inclinação lingual de incisivos inferiores. As desvantagens que podem ser atribuídas a este aparelho são: necessidade da cooperação do paciente com relação ao uso dos elásticos e nos casos de má oclusão de Classe III com envolvimento esquelético maior pode acarretar o aumento das compensações dentárias que já existem.

Artigo na integra publicado pela Revista Dental Press descrevendo o aparelho de Moreira :


Marlos Loiola – Você também publicou na Revista Dental Press em conjunto outros autores, um artigo que descreve bem o aparelho Herbst e suas variações.  Qual diferencial do Herbst do tipo CBJ? O que acha dos outros propulsores Mandibulares? E os mais atuais como o Forsus (3M) que permite lateralidade durante o seu uso.

Dr. Acácio Fuziy - Sobre o CBJ:

O aparelho Herbst do tipo CBJ (Cantilever Bite Jumping) foi introduzido por Mayes em 1994, sendo constituído de quatro coroas de aço para os primeiros molares superiores e inferiores, e um cantilever soldado nas coroas inferiores e que se estende em direção anterior, até a região do primeiro premolar ou canino. Não apresenta partes que sejam removíveis, e, portanto, não depende da cooperação dos pacientes para que resultados sejam alcançados na correção da má oclusão de Classe II.

Apresenta uma dinâmica de utilização simplificada, pois envolve basicamente duas fases, uma clínica em que as coroas dos primeiros molares superiores e inferiores são selecionadas e o profissional solicita na empresa Funak Ormco Ltda., o conjunto na numeração previamente determinada. As coroas com pivôs superiores são adaptadas nos primeiros molares e é efetuada a moldagem. As coroas inferiores são ajustadas nos primeiros molares inferiores e, na sequência realiza-se a moldagem. Posteriormente executa-se a mordida construtiva com o avanço programado para a mandíbula e as coroas são transferidas para os moldes dos arcos superior e inferior e são obtidos os modelos de trabalho.

Na fase laboratorial, realiza-se a construção da barra transpalatina com fio de aço inoxidável 1,2mm que fica afastado do palato aproximadamente 4,0mm e, posteriormente, confecciona-se o arco lingual com fio de aço inoxidável 1,0mm. Após a fase laboratorial efetua-se a fixação do sistema e delimitação do tubo telescópico e pistão, mantendo a mandíbula na posição anterior.

A correção da Classe II será alcançada por meio de alterações nas bases apicais, movimento distal dos molares superiores e expansão dos mesmos, movimento mesial dos molares e incisivos inferiores (Mayes, 2006 e Moro et al., 2009), crescimento da cabeça mandibular e remodelamento da fossa mandibular em pacientes em fase de crescimento (Mayes, 2006).

Artigo na integra publicado pela JBO descrevendo o CBJ:


Sobre os propulsores mandibulares:

Considero os propulsores mandibulares uma excelente ferramenta na correção das más oclusões de Classe II caracterizadas pela deficiência mandibular (em pacientes em fase de crescimento, e nos adultos jovens que permitam o tratamento compensatório), na Classe II em que a assimetria se localiza na mandíbula, como ancoragem no fechamento de espaços de extrações ou agenesias de segundos premolares e também para a distalização de molares superiores. Tenho a preferência pelo aparelho Herbst (variações) e o APM.

Sobre o Forsus:

O aparelho Forsus é um dos aparelhos que mais adeptos tem conquistado (Keim et al., 2008) e que no ano de 2009 recebeu o acréscimo de um parafuso no clip molar superior (Forsus Resistente a Fadiga – modelo EZ2). Considero um aparelho eficiente na correção da Classe II, porém quando se emprega esse aparelho alguns cuidados clínicos são exigidos para se controlar o aumento da inclinação vestibular dos incisivos inferiores, tais como: a utilização de uma arco de aço inoxidável .019” X .025”(no slot .022”) ou arco .017”X .025”(no slot .018”) com torque lingual resistente no segmento anteroinferior; o uso de braquetes com prescrição que apresentem maior torque lingual; arcos com ômegas amarrados e ou dobra distal no último molar presente.

Observa-se com o emprego do Forsus, o aumento no ângulo SNB e o movimento anterior do pogônio, redirecionamento do crescimento da maxila, movimento dos molares superiores para a distal e dos incisivos para a lingual, movimento mesial dos molares e incisivos inferiores e redução no trespasse horizontal.

Marlos Loiola – Sua experiência com o contensor Osamu,  o leva a perceber que o mesmo  é bem mais aceito pelos pacientes que o Hawley? Qual tempo de “vida” útil dele?

Dr. Acácio Fuziy - O contensor Osamu por ser confeccionado com placas de silicone e/ou policarbonato elástico duro apresenta a característica da transparência e, portanto, são indicados para os pacientes que ao término do tratamento exigem uma opção de contenção mais estética ou também para aqueles pacientes que não toleram a extensão da placa de resina acrílica dos aparelhos convencionais no palato.

Entretanto, assim como nos aparelhos convencionais que serão indicados por um tempo mais prolongado, a placa do contensor de Osamu poderá sofrer com o tempo a incorporação de resíduos alimentares, o que acarreta na alteração da cor, sendo exigido que seja trocado após um período de uso de 15 -18 meses. Porém, estas alterações dependem principalmente dos cuidados do paciente com a higiene e conservação do aparelho.

Artigo na integra publicado pela Revista Dental Press descrevendo o aparelho de contenção tipo Osamu :
  

Marlos Loiola – Professor, gostaria que fizesse suas considerações finais, passando uma mensagem para nossos leitores.

Dr. Acácio Fuziy - A Ortodontia tem se tornado uma especialidade altamente competitiva e os profissionais devem procurar atualizações constantes para garantir o seu espaço no mercado de trabalho. Assim sendo, é fundamental que o profissional busque sempre os novos conhecimentos em diagnóstico e de técnicas, materiais e dispositivos que continuamente têm sido apresentados nos congressos e periódicos científicos da área. É importante que o profissional utilize todo o seu conhecimento adquirido nos anos de vivência clínica para analisar e planejar com sensatez os casos e oferecer aos pacientes a melhor opção de tratamento que possa existir e o sucesso na especialidade com certeza será resultado final. 

Artigos publicados do Dr. Acácio Fuziy no American Journal of Orthodontics & Dentofacial Orthopedics (AJODO):



http://www.ajodo.org/article/S0889-5406(07)00744-5/abstract

http://www.ajodo.org/article/S0889-5406(12)00705-6/abstract

terça-feira, 19 de maio de 2015

Entrevista com o Professor Doutor Acácio Fuziy - Parte 2


Blog Ortodontia Contemporânea  divide com você nosso leitor, a segunda parte da entrevista exclusiva com o Prof. Dr. Acácio Fuziy, Ortodontista Clinico em Marília - São Paulo, Professor do programa de Mestrado em Ortodontia na Universidade Cidade de São Paulo - UNICID, Coordenador do curso de especialização em Ortodontia da Associação Brasileira de Odontologia – ABO/MS - Campo Grande ; Autor de varios artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais. Iremos ter o imenso prazer de contar com sua presença  no curso Avançado em Ortodontia, da Academia da Ortodontia Contemporânea, em Salvador - Bahia. Que irá abordar o tema: Recursos Mecânicos pela Técnica do Arco Segmentado. Com hands on especialmente formatado para os alunos participantes.

Marlos Loiola - Você participou de um estudo publicado em artigo na Dental Press no qual associava-se o aparelho pendulum/pendex a placa lábio-ativa (PLA), encaixando-se nas bandas dos primeiros premolares superiores, para evitar a perda de ancoragem. Quais foram as vantagens e desvantagens deste protocolo. 

Dr. Acácio Fuziy - O aparelho pendulum/pendex apresenta o efeito indesejável da perda de ancoragem que se caracteriza pelo movimento mesial de premolares e caninos e movimento vestibular de incisivos, assim sendo foi proposta esta modificação na Revista Clínica de Ortodontia Dental Press, v. 1, n. 6, p. 5-26 de 2003, que visava controlar o efeito da perda de ancoragem durante a distalização de molares superiores. A incorporação da placa lábio-ativa nos tubos soldados nas bandas dos primeiros premolares busca a pressão da musculatura do lábio superior (de 2-5g/cm2), minimizando a perda de ancoragem. Entretanto, o afastamento do lábio superior pelo escudo da PLA acarreta o aumento na inclinação vestibular dos incisivos, porém que é corrigido na fase subseqüente da retração anterior.

Artigo na integra publicado pela Revista Dental Press descrevendo este recurso:

http://www.dentalpress.com.br/cms/wp-content/uploads/2009/03/v01n0602dcl.pdf

Marlos Loiola – O Pendulum higiênico de Prieto tem o diferencial da eliminação do botão palatino de Nance, proprocionando maior conforto ao paciente, entretanto, existem limitações para a sua aplicação?


Dr. Acácio Fuziy - O aparelho pendulum/pendex emprega a ancoragem dentomucossuportada e, desta forma, durante a distalização dos molares superiores ocorre reciprocamente a disssipação da força sobre os premolares e caninos, conduzindo a compressão da mucosa do palato pelo botão palatino de Nance, o que pode resultar em injúrias no tecido mole. Associado a este aspecto existe a dificuldade da higienização da área do palato em que repousa o botão de resina acrílica.  Esta modificação supre as necessidades acima citadas, entretanto, pelo fato de haver a diminuição da ancoragem, durante a distalização dos molares superiores poderá ocorrer um maior movimento mesial de premolares e caninos e movimento vestibular de incisivos. Portanto, o aparelho está indicado especificamente para os casos em que se deseja uma menor distalização dos molares e também para os casos em que é aceitável a ocorrência da perda de ancoragem. 


Artigo na integra publicado pela Revista Dental Press descrevendo este aparelho modificado:

http://www.ortodontiainvisivelprieto.com.br/public/artigos/443-pendulo.pdf

Marlos Loiola – O aparelho Pendulum modificado associado à ancoragem esquelética por meio de parafusos no palato é um assunto bem estudado pelo doutor. Quais são os seus diferenciais?

Dr. Acácio Fuziy - Apesar do aparelho pendulum/pendex associado aos parafusos no palato ter sido descrito na Revista Clínica de Ortodontia Dental Press, v. 7, n. 4, p. 24-39, agosto/setembro de 2008, já tinha sido tema de 3 pesquisas clínicas que serviram de fundamento para dissertações defendidas em 2005. De lá para cá, este sistema tem despertado o interesse dos profissionais, pois o efeito indesejável da perda de ancoragem presente na distalização dos molares superiores quando se empregam os dispositivos intrabucais que recorrem ao botão palatino de Nance apoiado em premolares como forma de ancoragem. O aparelho caracteriza-se pelo botão de resina acrílica ser fixado apenas nas cabeças dos parafusos, mantendo os premolares livres, assim sendo, observa-se como vantagem a ocorrência do movimento dos premolares e caninos para a distal pela ação das fibras transeptais, acompanhando a distalização de molares superiores e, verifica-se também o movimento para a lingual dos incisivos.

Artigo na integra publicado pela Revista Dental Press descrevendo este aparelho com a técnica de fixação associada  a mini implantes:

http://www.dentalpress.com.br/cms/wp-content/uploads/2009/06/v07n0408dcl.pdf

Marlos Loiola – Tem uma publicação na qual você participou que mostra a importância e aplicações da ortodontia preventiva. Agora com a inclusão da Ortodontia nos CEOS do Governo Federal, quais recursos preventivos não deveriam faltar a nível de saúde publica?

Dr. Acácio Fuziy - Acredito que alguns procedimentos que se enquadram na Ortodontia Preventiva e Interceptora poderiam ser incluídos nos programas de atendimento da Saúde Pública, tais como:


1) abordagem da mordida cruzada anterior com os aparelhos ortodônticos removíveis com molas digitais;



2) interceptação dos hábitos bucais deletérios de sucção digital e de interposição lingual com os aparelhos recordatórios de hábitos, ou seja os aparelhos com grades palatinas;



3) abordagem da mordida cruzada posterior com os aparelhos expansores removíveis;



4) manutenção de espaços decorrentes das perdas prematuras de dentes decíduos com o emprego dos mantedores de espaços, preferencialmente, o estético-funcional. 

Entretanto, seria aconselhável que os profissionais que fossem trabalhar nesses programas fossem capacitados por cursos especificamente elaborados para proporcionar o conhecimento científico e o treinamento adequado para manipular os aparelhos e, principalmente, compreender a ação dos mesmos.  

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Entrevista com o Professor Doutor Acácio Fuziy - Parte 1




Blog Ortodontia Contemporânea  divide com você nosso leitor, a entrevista exclusiva com o Prof. Dr. Acácio Fuziy, Ortodontista Clinico em Marília - São Paulo, Professor do programa de Mestrado em Ortodontia na Universidade Cidade de São Paulo - UNICID, Coordenador do curso de especialização em Ortodontia da Associação Brasileira de Odontologia – ABO/MS - Campo Grande ; Autor de varios artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais. Iremos ter o imenso prazer de contar com sua presença  no curso Avançado em Ortodontia, da Academia da Ortodontia Contemporânea, em Salvador - Bahia. Que irá abordar o tema: Recursos Mecânicos pela Técnica do Arco Segmentado. Com hands on especialmente formatado para os alunos participantes.

Marlos Loiola - Professor Acácio Fuziy, para que os nossos leitores conheçam sua trajetória na Ortodontia, gostaria que nos contasse um pouco da sua vida acadêmica, desde a graduação até a fase atual, citando os trabalhos, linhas de pesquisa, etc.

Dr. Acácio Fuziy - Graduei-me em Julho de 1987 pela Faculdade de Odontologia de Lins (SP). O interesse pela especialidade da Ortodontia iniciou-se durante a graduação, sendo que no 4º ano construía alguns aparelhos ortodônticos removíveis, utilizando como referência o livro de Ortodontia do Prof. Dr. Vigorito, para especialistas de minha cidade, Marília. Ao concluir a graduação, iniciei um Curso em Ortodontia Preventiva e Interceptora promovido pela Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas, regional Ourinhos-SP. 

Em 1988, fui aprovado no exame de seleção do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Universidade Estadual de Londrina (UEL), sob a coordenação do Prof. Dr. Tieo Takahashi, sendo que em 1992 adquiri o título de especialista, com a apresentação da monografia “Contribuição ao estudo da recidiva do apinhamento dentário anteroinferior”, sob a orientação do Prof. Dr. Walter Rino. O período da especialização foi de grande importância em minha vida profissional e proporcionou o embasamento teórico em diagnóstico e planejamento do tratamento e a execução da mecânica Tweed-Merrifield.

No primeiro semestre de 1993, fui contratado pela Faculdade de Odontologia da Universidade de Marília para ser o Professor responsável pela disciplina de Prótese Ortodôntica do Curso Superior em Tecnólogo em Prótese Dentária; no segundo semestre, ingressei como professor assistente de Ortodontia do Curso de Odontologia, no qual exerci a docência nas disciplinas de Ortodontia I e II da graduação.

Acreditando que os conhecimentos da Ortodontia eram infindáveis, busquei novos conhecimentos de mecânica ortodôntica e de Ortopedia Facial, disputando em 1994, uma vaga ao Curso de Pós-graduação, nível mestrado em Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara- UNESP, sob a coordenação do Prof. Dr. Tatsuko Sakima. Cursei o programa de 1994-1996 e recebi o título de mestre em Ortodontia, em 1997, com a defesa da dissertação “Estudo cefalométrico comparativo de três formas de retração parcial de caninos”, sob a orientação do Prof. Dr. Tatsuko Sakima.  A formação científica da pós-graduação foi complementada com a contribuição de nomes expressivos da Ortodontia mundial que vieram para o Brasil, ministrar aulas no programa. Nesse aspecto, destacam-se os professores Tane, Sachdeva, Marcotte, Melsen, Bishara e Buschang. Foi um período marcante e que trouxe mudanças na minha forma de planejar e tratar as más oclusões, fundamentado na Técnica do Arco Segmentado de Burstone.

Retornei a docência em 1997 na Faculdade de Odontologia da UNIMAR. Procurando aperfeiçoar os conhecimentos da mecânica, em 1998, ingressei no Curso de Pós-graduação, nível doutorado em Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru- Universidade de São Paulo (USP), de 1998-2001, sob a coordenação do Prof. Dr. José Fernando Castanha Henriques. Recebi o título de doutor em Ortodontia com a defesa da tese intitulada “Estudo das alterações sagitais, verticais e transversais decorrentes da distalização dos molares superiores com o aparelho Pendulum”, sob a orientação do Prof. Dr. Renato Rodrigues de Almeida. Esta pesquisa foi apresentada no Congresso da 19ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica (SBPqo), tendo recebido a menção honrosa na área de Ortodontia. A pesquisa do doutorado ainda resultou em duas publicações no American Journal Orthodontics and Dentofacial Orthopedics, sendo a primeira “Sagittal, vertical, and transverse changes consequent to maxillary molar distalizarion with the pendulum aplliance” e a segunda “Dentoalveolar and skeletal changes associated with the pendulum appliance followed by fixed orthodontic treatment”. 

Em 2003, passei a integrar o corpo de docentes do programa de Pós-graduação em Clínica Odontológica, nível mestrado, área Ortodontia, da Faculdade de Odontologia da UNIMAR, permanecendo como professor até Julho de 2008. Nesse período, desenvolvi pesquisas na linha de Biomecânica, Materiais e Epidemiologia, destacando-se as pesquisas sobre a distalização de molares superiores com o aparelho pendulum associado à ancoragem esquelética, levantamentos epidemiológicos, testes de materiais e também relacionados ao diagnóstico. No ano de 2005, destaca-se o recebimento de outra menção honrosa por pesquisa desenvolvida, associando o aparelho pendulum à ancoragem esquelética por meio de dois parafusos no palato, na 22ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica (SBPQo) e primeiro lugar em fórum científico do 39º Encontro do Grupo Brasileiro de Professores de Ortodontia e Odontopediatria.

Desde a época da graduação, tinha como objetivo conhecer a Odontologia no Japão, desta forma, ao término do programa do doutorado, fui aprovado no exame de seleção para pesquisadores nikkeis, patrocinado pela Japanese International Cooperation Agency (JICA), recebendo bolsa de estudos do Governo do Japão para permanecer na Universidade de Tsurumi (Department of Orthodontics School Dental Medicine), realizando pesquisa experimental em ratos, enfocando o movimento dentário induzido e analisado com Micro tomografia computadorizada (Micro CT- computadorized tomography), sob a orientação do Prof. Dr. Yoshiki Nakamura. 

Retornando, iniciei o programa de pós-doutorado em Ortodontia na Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo (USP), tendo finalizado com a pesquisa publicada no American Journal Orthodontics and Dentofacial Orthopedics, v. 132, p.729.e1-729.e.8, 2007, intitulada “Soft-tissue treatment changes in Class II division 1 malocclusion with and without extraction of maxillary premolars”.

No período de 2003 a 2011 da minha vida acadêmica, podem ser citadas as participações em Congressos da SPO, ABOR e outros eventos científicos com a apresentação de palestras e temas livres, aulas em diversos cursos de especialização, a participação em bancas examinadoras de dissertações de mestrado e teses de doutorado na USP, UNESP e outras universidades,  publicações de artigos na Revista Dental Press de Ortodontia, American Journal Orthodontics and Dentofacial Orthopedics e Ortodontia da SPO e outros períodcios, destacando-se a proposição de variações do aparelho pendulum, como as molas removíveis, associação com a placa lábio-ativa (PLA), higiênico e a incorporação da ancoragem esquelética. Estas modificações visaram otimizar o emprego do aparelho pendulum na distalização de molares superiores com a redução dos efeitos indesejáveis.

Desenvolvo a função de coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia da Associação Brasileira de Odontologia – ABO/MS- Campo Grande desde o ano de 2002, tendo já formado 3 turmas de especialistas e que se encontram distribuídos em várias cidades de diferentes estados.

Em dezembro de 2009, fui contratado pela Universidade Cidade de São Paulo para integrar o grupo de professores do programa de mestrado em Ortodontia, e atualmente tenho orientado pesquisas que se enquadram nas linhas de biomecânica, materiais, epidemiologia e diagnóstico.

Divido a vida profissional entre o exercício da especialidade em minha clínica na cidade de Marília (SP), atividades como docente na Universidade Cidade de São Paulo-UNICID e na ABO/MS.

Marlos Loiola - Professor Acácio, o que motivou o desenvolvimento do aparelho pendulum modificado com molas removíveis? 

Acácio Fuziy - Esta modificação na construção do aparelho Pendulum/Pend-x foi introduzida em 1999 (Revista Dental Press de Ortodontia, v. 4, n. 6, p. 12-19, Nov/Dez), visando facilitar o mecanismo de ativação e reativação das molas distalizadoras. As molas podem ser removidas dos tubos telescópicos possibilitando a sua reativação e também a execução de dobras compensatórias que visem corrigir os efeitos indesejáveis durante a distalização dos molares superiores, quando essas se manifestam. No aparelho original, as reativações devem ser realizadas intrabucalmente, com o emprego de dois alicates simultaneamente, sendo uma manobra desconfortável ao paciente e com risco de causar lesões na mucosa do palato mole. Assim sendo, recomenda-se a realização da reativação das molas fora da cavidade bucal e, posterior fixação do aparelho, acarretando no aumento do tempo de consulta. 


Artigo na integra publicado pela Revista Dental Press descrevendo o Pend-x modificado: