ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: junho 2010

quarta-feira, 30 de junho de 2010

MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA EM PACIENTES PERIODONTALMENTE COMPROMETIDOS


Nesta Monografia de 2010, apresentada ao Curso de Especialização em Ortodontia da CIODONTO, pelo autor Dr. FELIPE GONÇALVES VIEIRA, Especialista em Ortodontia em João Pessoa - Paraíba. Revisa a literatura sobre o tema, mostrando a viabilidade do tratamento ortodôntico no paciente adulto periodontalmente comprometido, bem como os benefícios da referida terapia, tendo em vista que a movimentação ortodôntica não é mais contra-indicada para pacientes com perda de inserção decorrente de patologia periodontal, ressaltando que a infecção deve necessariamente ser debelada antes do início do tratamento ortodôntico.

É grande a preocupação na sociedade contemporânea com a estética, de tal forma que as pessoas desejam ter uma boa aparência para serem inclusas no padrão estético estabelecido socialmente, e assim elevar sua autoestima, o que evidencia um alto grau de competitividade. Essas exigências estéticas têm levado a um acréscimo significante no número de pacientes adultos que buscam tratamento ortodôntico. Entretanto, grande parte desse público apresenta migrações dentárias em decorrência de patologias periodontais.

No passado, preconizava-se o tratamento ortodôntico apenas para pacientes jovens, porém, a literatura atual tem demonstrado a viabilidade desse tratamento em pacientes com idades mais avançadas. Para tal é importante a cooperação entre as especialidades da periodontia e da ortodontia, uma vez que ambas desenvolvidas com excelência clínica podem transformar pacientes que possuem sorrisos esteticamente desagradáveis, com migrações dentárias ou extrusões, e periodonto inflamado e reduzido, em pessoas com dentições e sorrisos atraentes.

Para a obtenção de um prognóstico de sucesso, tanto do ponto de vista funcional quanto estético, nesses pacientes com comprometimento periodontal, faz-se necessário a intervenção no periodonto, previamente à terapia ortodôntica, a fim de restabelecer a saúde desse tecido, uma vez que a combinação de inflamação, tracionamento ortodôntico e trauma oclusal podem produzir uma destruição mais rápida do que aquela que poderia ocorrer com inflamação isoladamente, desvirtuando assim, o objetivo do tratamento.

O ligamento periodontal está sujeito a mudanças de acordo com a idade. Ele é mais espesso na criança, adelgaçando-se com o passar dos anos devido a deposição cementária e a neoformação óssea na região antes ocupada exclusivamente pelos componentes conjuntivos do ligamento periodontal. Já o osso alveolar apresenta uma camada cortical subjacente e em contato com o tecido gengival é bastante plástico, sofrendo remodelagem por ação de pressões transmitidas pelos dentes e ligamento periodontal. Esta característica de plasticidade existe no ser humano desde a infância e adolescência, permanecendo presente na idade adulta em menor grau.

A sociedade atual, cada vez mais, dita padrões estéticos, de modo que as pessoas se sentem movidas pelo desejo de se enquadrarem dentro desse perfil, possuindo uma aparência aceitável conforme as exigências estéticas. Em conseqüência disso, autores apontam o fator estética como o principal motivador para os adultos buscarem por tratamento ortodôntico, fazendo a ressalva de que os problemas de uma dentição afetada por alguma patologia periodontal são encontrados com mais facilidade nesses pacientes se comparados com a criança e o adolescente, em especial a periodontite, que consiste em uma doença inflamatória e infecciosa, provocada por bactérias, que afeta o periodonto.

Em um periodonto intacto, forças labiais e linguais não-balanceadas são geralmente compensadas por forças do ligamento periodontal. Entretanto, quando há destruição periodontal, sua função estabilizadora não mais existe, e os incisivos começam a se mover. Uma conseqüência dessa hipótese pode ser o fato de que pessoas com doença periodontal avançada e migração dentária podem precisar de contenção permanente após a correção ortodôntica, tendo em vista que em algumas situações, a força exercida pelos tecidos moles, língua, bochechas e lábios, são causas para a migração dentária, sendo também relatada a associação dessa patologia com os hábitos de higiene oral.

Nos casos de intrusão sem higiene oral, os resultados variam de moderada reparação periodontal até o agravo da perda óssea periodontal, tendo os autores concluído que a combinação do tratamento periodontal com a intrusão ortodôntica pode alcançar uma melhoria na condição periodontal, contanto que o sistema biomecânico de forças e a higiene oral passam ser mantidos sob controle.

O objetivo primordial da terapia periodontal é restaurar e manter a saúde e a integridade dos tecidos de suporte do dente, sendo a eliminação, ou redução, do acúmulo de placa e da inflamação gengival o elemento chave no tratamento ortodôntico de pacientes adultos com doença periodontal. Corroborando neste sentido, Goldman e Cohen (1973) estabeleceram que o momento mais indicado para se iniciar a movimentação ortodôntica seria após a redução da inflamação. Especificamente, esta deveria iniciar-se após o controle de cáries, terapia endodôntica, extrações, curetagem de tecidos moles e raspagem radicular, instruções de higiene bucal e geralmente antes da contenção, estabilização, ajuste oclusal e eliminação de bolsas, pois a movimentação dentária culmina em modificações na anatomia óssea.

O tratamento ortodôntico completo ou limitado movimento dental pode ser um auxiliar para prevenir ou interceptar a progressão da doença e até ser terapêutico do ponto de vista periodontal. O não controle do processo inflamatório durante o movimento dental em um paciente periodontalmente suscetível pode resultar na perda irreversível da crista óssea, causando possivelmente mais prejuízos que benefícios ao paciente.

A intensidade da força desempenha um papel essencial. Uma força leve de 51g usada no estudo de Gordillo, foi suficiente para aumentar o volume ósseo, diminuindo as condições de inflamação, levando os autores a concluir que a aplicação de forças ortodônticas, uma vez que a infecção periodontal tenha sido controlada, contribui para o aumento do volume do osso alveolar, conseqüentemente melhorando a qualidade óssea.

O tratamento ortodôntico inadequado feito em pacientes periodontais pode certamente contribuir para o futuro colapso dos tecidos periodontais. Em particular, a combinação de inflamação, forças ortodônticas e trauma oclusal pode produzir uma destruição mais rápida do que a que ocorreria com a inflamação isoladamente. Entretanto, com a realização de um tratamento adequado, pode-se conseguir uma movimentação ortodôntica extensa em adultos com um periodonto reduzido, mas sadio, sem a conseqüente deterioração periodontal.

A cooperação entre as especialidades da periodontia e da ortodontia é indiscutivelmente importante, estas que desenvolvida com excelência clínica pode transformar pacientes que possuem sorrisos esteticamente desagradáveis, com migrações dentarias ou extrusões e periodonto inflamado e reduzido, em pessoas com dentições e sorrisos mais atraentes.

O estudo de pacientes comprometidos periodontalmente com características similares permite o autor deste trabalho sugerir a possibilidade de se realizar tratamento ortodôntico em pacientes com periodonto de inserção reduzido, porém sadio. O tratamento periodontal prévio, bem como o controle da placa bacteriana antes, durante e após o tratamento ortodôntico, constituem requisitos básicos para evitar-se maior perda do periodonto de inserção.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Utilização de microparafusos ortodônticos na correção de assimetrias













Neste artigo de 2008, publicado na Revista Dental Press, pelos autores Henrique Mascarenhas Villela, Andréa Lacerda Santos Sampaio e Fábio Bezerra; professores da ABO-BA. Mostram as aplicabilidades dos mini impantes em diversas situações.

Um dos objetivos do tratamento ortodôntico é estabelecer simetria intra-arcos e interarcos. A decisão de onde posicionar a linha mediana é importante não só por considerações estéticas, mas também porque irá determinar a posição dos dentes posteriores. Extrações assimétricas podem ser indicadas no tratamento das assimetrias dentárias e esqueléticas suaves, apesar de a complexidade da mecânica, o controle da ancoragem e os efeitos colaterais indesejáveis dificultarem o tratamento.

Buscando solucionar os problemas no controle da ancoragem, os microparafusos surgem como uma alternativa extremamente útil no tratamento das assimetrias dentárias. Por terem um tamanho reduzido, podem ser inseridos em diversos locais do osso alveolar e basal, criando um sistema de ancoragem que permite realizar movimentos dentários apenas nos locais onde se deseja. Desta forma, obtém-se uma movimentação mais previsível e controlada, sem efeitos colaterais, além de simplificar a mecânica ortodôntica.

Várias são as causas das assimetrias dentárias, dentre elas: anquilose de molares decíduos; irrupções ectópicas de unidades permanentes; perda unilateral do leeway space; ausência congênita de dentes; dentes supranumerários, hábitos e perda precoce de dentes decíduos ou permanentes. Para seu correto diagnóstico, deve ser feita uma avaliação criteriosa das características dentárias, esqueléticas e faciais do paciente, sendo que o exame facial representa a chave do diagnóstico. A avaliação dos tecidos moles da face oferece indícios dos problemas esqueléticos existentes e deve ser feita através do exame clínico e de fotografias.

A utilização de microparafusos como elementos de ancoragem simplifica a aparatologia ortodôntica e minimiza efeitos colaterais de forças indesejadas. A possibilidade de escolha do local
mais conveniente para a instalação do ponto de ancoragem permite que o sistema de forças mais
adequado para cada caso seja utilizado, aumentando a previsibilidade dos movimentos dentários
realizados. Deste modo, é possível direcionara linha de ação de força em relação ao centro de resistência do dente ou grupo de dentes, de acordo com a movimentação desejada.

Os microparafusos podem ser empregados com sucesso nos diversos tipos de assimetrias dentárias, como: inclinação do plano oclusal, desvio de linha média, relação molar assimétrica e mordida cruzada posterior unilatera. Uma das vantagens da utilização de microparafusos em relação aos elásticos cruzados é a possibilidade de atuar em apenas um arco isoladamente, evitando efeitos deletérios no arco oposto, como, por exemplo, forças extrusivas. Da mesma forma, é possível realizar a distalização unilateral em grupo, sem efeitos no hemi-arco não afetado, corrigindo simultaneamente a relação molar e a linha média. Outra grande vantagem da distalização molar com microparafuso é o controle do plano mandibular, determinado pela posição vertical do implante, que permite incorporar um componente intrusivo, quando necessário.

Com a introdução dos microparafusos na prática ortodôntica, surge uma nova opção de ancoragem absoluta, que, dentre as inúmeras aplicações clínicas, pode ser utilizada na correção de assimetrias dentoalveolares. Este recurso simplifica a mecânica ortodôntica, evita efeitos colaterais indesejáveis, produz resultados mais previsíveis, dispensa a colaboração do paciente, tem fácil aceitação, reduz o tempo de tratamento e tem se mostrado confiável ao longo do tempo, provando ser um sistema eficaz de ancoragem.

Link do artigo na integra via Scielo:

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Benefício Antecipado: uma nova abordagem para o tratamento com cirurgia ortognática que elimina o preparo ortodôntico convencional







Neste artigo de 2010, publicado pela Dental Press Journal of Orthodontics, pelo autor Dr. Jorge Faber, Editor do Dental Press Journal of Orthodontics. Doutor em Biologia – Morfologia pelo Laboratório de Microscopia Eletrônica – UnB. Mestre em Ortodontia e Ortopedia Facial – UFRJ. Apresenta um novo protocolo, denominado Benefício Antecipado, ilustra com um caso clínico esta nova abordagem.

O tratamento ortodôntico-cirúrgico convencional para correção de deformidades dentofaciais abrange, após o diagnóstico e o plano de tratamento, uma fase de Ortodontia pré-cirúrgica, a cirurgia ortognática propriamente dita e uma fase de finalização ortodôntica.

Esse método de tratamento foi testado também pelo tempo – pois é implementado há décadas – e é eficaz. Entretanto, ele tem limitações, pois, ao decidir realizar o tratamento, o paciente precisa esperar quase um ano e meio para realizar a cirurgia, bem como, na maioria dos casos, ver a sua aparência facial piorar durante esse período. Isso é um tanto paradoxal, porque muitos pacientes que procuram tratamento o fazem buscando a melhora estética, ainda que o tratamento tenha um forte cunho funcional.

Essa nova metodologia antecipa os benefícios da cirurgia e por isso foi denominada de Benefício Antecipado. Ela não muda de forma significativa a técnica cirúrgica, mas sim o tratamento ortodôntico, tornando-o mais complexo, por incorporar a ancoragem esquelética na maior parte dos casos e requerer um comprometimento do ortodontista em atingir os objetivos traçados ao início.

Quando o diagnóstico é estabelecido, delineia-se a direção geral de tratamento. Por exemplo, uma cirurgia combinada das maxilas e mandíbula para correção de uma deformidade de Classe III. Esse delineamento é discutido com o paciente e, se for o caso, também com seus responsáveis. Nem sempre um tratamento tecnicamente ideal é o indicado para aquele paciente específico. Fatores culturais, sociais e econômicos interferem na tomada de decisão do paciente. Ao profissional cabe orientar sobre as vantagens e desvantagens de cada alternativa de tratamento.

O planejamento do tratamento requer a integração de todas as especialidades envolvidas no caso. Dessa forma, quando se opta por tratar uma deformidade dentofacial englobando a cirurgia ortognática, teremos pelo menos dois planejamentos distintos, porém consonantes: o ortodôntico e o cirúrgico. Por vezes, também é necessário incluir os tratamentos periodontal, protético e restaurador, entre outros.

Uma questão deve ser definida de pronto no traçado cefalométrico: a posição final dos incisivos superiores e inferiores. Para isso, é muito importante ter analisado criteriosamente as exposições dos incisivos em repouso e ao sorrir. A definição no traçado leva em consideração tanto as inclinações quanto as posições anteroposteriores e verticais desses dentes. Caso os planos oclusais maxilar ou mandibular forem ser alterados ortodonticamente por intrusão ou extrusão dos dentes posteriores, isso deve ser planejado nesse momento. Entretanto, essas alterações, associadas ao tratamento de mordidas abertas, raramente são implementadas.

Definidas as posições dos incisivos, o passo seguinte é realizar um set up que simula a movimentação dentária ortodôntica desejada. Essa técnica já foi detalhadamente descrita em outras publicações. O propósito do set up é visualizar as movimentações dentárias como um todo. Pode-se, por meio dele, visualizar espaços protéticos ao final do tratamento, detectar a necessidade de extrações dentárias, ajustes das discrepâncias de Bolton, etc. Entretanto, acima de tudo, o set up permite identificar as necessidades de ancoragem do caso.

As principais limitações para a realização da cirurgia ao início do tratamento são as curvas de Spee muito acentuadas e as assimetrias verticais. Na primeira situação, a curva de Spee pode dificultar o estabelecimento de uma posição mandibular previsível. Já nas assimetrias, é difícil uma correta avaliação do plano oclusal e das necessidades cirúrgicas de correção da assimetria, em decorrência das diferenças de alturas entre os dentes. Nos dois casos, é recomendável alinhamento e nivelamento prévios à cirurgia.

O tratamento ortodôntico-cirúrgico pela técnica do Benefício Antecipado traz vantagens para os pacientes que se submetem a essa modalidade de tratamento. Essas vantagens advêm da eliminação do período de preparo ortodôntico convencional, antecipando o ansiado momento cirúrgico. Ao final, com ambas as técnicas alcançamos excelentes resultados tanto funcionais quanto estéticos, contudo, o adiantar da cirurgia oferece um tratamento mais focado no paciente. Sua aplicação se justifica, pois, com o novo protocolo, pode se proporcionar melhoras significativas ao início do tratamento, tanto em problemas graves de saúde como a apneia, quanto em questões estéticas da face.

É importante destacar que o tratamento pelo Benefício Antecipado causa mudanças cirúrgicas das relações dentárias que diferem muito daquelas do tratamento convencional. No novo método, trocamos um tipo de má oclusão por outro e, a seguir, tratamos a nova má oclusão. Em outras palavras, devido ao padrão típico das posições dentárias nas deformidades de Classe III, após a cirurgia, o paciente terá um Padrão I facial, mas uma má oclusão que tenderá a ser, ou será, uma Classe II. O contrário é verdadeiro para as deformidades de Classe II.


Conclusão

Em síntese, o tratamento ortodôntico-cirúrgico de Benefício Antecipado utiliza os princípios já estabelecidos na literatura odontológica para inverter os tempos de tratamento, antecipando a realização da cirurgia. Ele é vantajoso por proporcionar melhorias estéticas e funcionais mais rápidas para o paciente, e evitar a piora transitória na estética facial que acompanha muitos tratamentos de deformidades dentofaciais.


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domingo, 13 de junho de 2010

Pensamento da Semana





Frase do Ônibus da Seleção Brasileira de Futebol:


"Lotado! O Brasil inteiro está aqui dentro!"

Vamos Brasil ao Hexa Campeonato da Copa do mundo de futebol da Africa do Sul !!!!!!!!!!!!!!!!!!!

terça-feira, 8 de junho de 2010

Técnica de frenectomia associada a enxerto de mucosa mastigatória: relato de caso clínico




Neste artigo de 2008, publicado pela Revista Dental Press de Periodontia e Implantodontia, pelos autores Tiago Galvão Gonçalves Neiva, Daniela Cristina Diniz Ferreira, Bruno Gadelha Fernandes Maia, Marcos Blatt, Getúlio da Rocha Nogueira Filho, Urbino da Rocha Tunes; da Implantodontia da Universidade de Santo Amaro/SP; Odontologia pela Universidade Ibirapuera/SP; Periodontia e do Curso de Graduação em Odontologia da FBDC/BA- Salvador. Apresenta um caso clínico de frenectomia associada a enxerto de mucosa mastigatória.

Frênulos labiais são pregas sagitais da mucosa alveolar, em forma de lâmina de faca, inseridas da superfície interna do lábio à gengiva da linha mediana entre os incisivos centrais superiores.

Sua função consiste em delimitar os movimentos labiais, promovendo estabilização na linha média e impedindo a excessiva exposição da mucosa gengival. Sua constituição histológica apresenta superficialmente um epitélio estratificado orto ou paraqueratinizado, no plano intermediário apresenta tecido conjuntivo denso frouxo e, no plano mais profundo, submucosa contendo glândulas mucosas e vasos linfáticos.

O frênulo quando considerado anormal pode restringir os movimentos labiais, interferir no posicionamento dentário, estabilidade de próteses, mímica facial, fonação e estética do paciente. Além disso, o espessamento do tecido na região interincisal e a tensão direta exercida sobre a gengiva marginal facilitam o acúmulo de irritantes locais, dificulta a adequada higiene bucal, contribui para o agravamento de bolsas periodontais e interfere no processo reparativo tecidual pós-raspagem.

A cicatrização após a cirurgia de frenectomia ocasiona, como resultado final, uma área com pouca gengiva ceratinizada inserida. Este fato pode produzir, na área operada, mobilidade da gengiva marginal, o que predispõe ao acúmulo de placa bacteriana, bem como a possibilidade de recidiva com reinserção das fibras do freio na mesma posição anterior à cirurgia.

Para evitar que isto ocorra, preconiza-se realizar fenestrações no tecido periodontal em regiões mais altas da inserção do freio, o que poderia impedir a recidiva. Entretanto, esta técnica traz, em alguns casos, resultados ineficazes, com limitação quanto à estética.

A técnica de frenectomia associada ao enxerto gengival livre mantém a inserção do freio distante da gengiva marginal, promovendo aumento da gengiva ceratinizada, estética consistente, bem como não promove nenhum dano da área doadora.

CONCLUSÃO

A associação do enxerto gengival livre à frenectomia representa uma boa alternativa, com aumento da gengiva ceratinizada inserida na área, proporcionando uma melhor higienização e conforto para o paciente.


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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Análise da maturação óssea em pacientes de 13 a 20 anos de idade por meio de radiografias de punho




Neste artigo de 2010, publicado pela Dental Press Journal Orthodontics, pelos autores Yasmine Bitencourt Emílio Mendes, Juliana Roderjan Bergmann, Marina Fonseca Pellissari, Sérgio Paulo Hilgenberg, Ulisses Coelho; Da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) - Paraná; Avalia um método alternativo e simplificado de tomada radiográfica, oportunizando aos implantodontistas e ortodontistas verificarem o término do crescimento ósseo, bem como as diferenças existentes entre os gêneros, em uma amostra de indivíduos de 13 a 20 anos de idade.

O entendimento dos eventos do crescimento craniofacial é de grande importância na prática odontológica. O conhecimento do exato estágio de maturidade que o paciente se encontra e do período de ocorrência do surto de crescimento puberal (SCP) pode influenciar não só o diagnóstico e prognóstico, como também a elaboração de um plano de tratamento. Sendo assim, esse conhecimento é considerado vantajoso para os tratamentos ortodônticos que necessitem do uso de dispositivos influenciados pelo estágio de maturação do complexo craniofacial. Tal fase de crescimento também auxilia na elaboração do plano de tratamento, principalmente na indicação de procedimentos cirúrgicos.

Foi reconhecido, há muito tempo, que a idade cronológica de um indivíduo necessariamente não coincide com a sua idade maturacional. Esqueletalmente, a pessoa pode ser retardada ou avançada em vários graus de divergência da idade cronológica atual. Por isso, a idade cronológica nem sempre é um bom parâmetro para a correta avaliação do estágio de maturação em que o corpo se encontra, visto que, por exemplo, o surto de crescimento puberal não ocorre na mesma época em todos os indivíduos. A idade biológica é mais confiável, porque é relatada como o direcionamento do organismo à maturidade, abrangendo modificações anatômicas, maturação dentária e esquelética, desenvolvimento de caracteres sexuais secundários, funcionamento hormonal e atividade enzimática, mesmo que esses mecanismos sejam influenciados por fatores genéticos, condições socioeconômicas, ambientais, nutricionais e de gênero.

Na Ortodontia contemporânea, a correção precoce de diversos tipos de má oclusão é favorecida quando podemos tirar vantagens dos momentos de máximos incrementos do crescimento geral e facial do indivíduo que ocorrem durante o surto de crescimento puberal. A fase de crescimento em que o paciente se encontra é, portanto, fundamental na instituição de diagnósticos precisos e prognósticos confiáveis. O estágio de desenvolvimento ósseo pode ser estimado por meio de tomadas radiográficas de punho e da maturação esquelética visualizada em radiografias cefalométricas laterais das vértebras cervicais.

Atualmente, a região do punho vem sendo amplamente estudada e empregada como área de determinação da maturação óssea, sendo sua eficácia cientificamente comprovada, por ser um exame complementar de fácil obtenção radiográfica, utilizado para diagnóstico e planejamento do tratamento ortodôntico. Diversas investigações mostraram que essas áreas representam a maturidade geral do esqueleto e, portanto, são adequadas para tal avaliação. Da mesma forma, outras especialidades necessitam do conhecimento da maturação óssea, principalmente a Implantodontia, pois o sucesso estético e funcional de um implante está associado com a completa maturação óssea.

O exato estágio de maturação em que o paciente se encontra vem sendo alvo de pesquisas para facilitar a sua obtenção, diminuir seus custos, como também diminuir a exposição dos pacientes à radiação ionizante. Silva Filho et al. avaliaram um método alternativo simplificado que consistiu em uma tomada radiográfica da região da articulação metacarpofalangeana do primeiro dedo, utilizando-se uma película radiográfica periapical. Nessa película observa-se a presença do osso sesamoide ulnar, que é indicativo, quando do seu aparecimento, que está a um ano do surto de crescimento puberal, indicando a época correta para a instalação do dispositivo ortodôntico.

CONCLUSÃO

A partir dos resultados encontrados, com a metodologia empregada, pode-se concluir que:

1) O método empregado é efetivo na predição da idade óssea do paciente, sendo um método prático, de rápida obtenção e que pode auxiliar no planejamento de implantes dentários e de tratamentos ortodônticos.

2) Existem diferenças individuais para cada grupo, o que indica que cada indivíduo, independentemente da idade cronológica, pode apresentar uma diferente idade biológica óssea.


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domingo, 6 de junho de 2010

Pensamento da Semana


"É melhor calar-se e deixar que as pessoas pensem que você é um idiota do quer falar e acabar com a dúvida."


Abraham Lincoln


1809 -- 1865


Link sobre o autor:

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Técnica cirúrgica conservadora para extração no segmento de incisivos inferiores










Neste artigo de 2005, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Reinaldo Mazzottini, Leopoldino Capelozza Filho, Mauricio de Almeida Cardoso, de Bauru e Araçatuba - São Paulo. Mostram as possibilidades de se lançar mão nas indicações e utilização das exodontias de incisivo inferior objetivando uma boa finalização ortodontica.

Pode parecer anacrônica a discussão acerca do procedimento cirúrgico de extração no segmento de incisivos inferiores, principalmente pela falsa impressão de simplicidade na execução do mesmo. A anatomia dos incisivos, dentes normalmente uniradiculares, favorece, mas a fragilidade óssea na região anterior da sínfise mandibular é muitas vezes negligenciada no procedimento cirúrgico. Essa manobra assume importância inusitada quando a extração do incisivo é indicada no contexto de um tratamento ortodôntico, com movimentação de dentes na região. Isso justifica a apresentação de uma técnica para extração no segmento anterior inferior, visando preservar a integridade do osso alveolar e periodonto na região da extração.

A extração de incisivos inferiores tem sido cada vez mais utilizada na Ortodontia contemporânea, fato este inconteste pelo crescente aumento de pacientes adultos no cotidiano da clínica. Os pacientes submetidos a tal procedimento encontram-se geralmente na dentadura permanente madura, onde a queixa estética é proporcional à ansiedade para o término do tratamento. O tratamento ortodôntico a ser realizado nestes pacientes não deve apresentar a característica de reestruturação, limitando-se à correção localizada (in loco) da queixa do paciente, reduzindo o tempo de tratamento.

No que concerne à estabilidade, não há um consenso na literatura. Nos estudos onde a instabilidade foi detectada, o critério para seleção das amostras pode ser questionável. A indicação para extração no segmento anterior inferior, segundo Silva Filho et al., baseia-se na condição morfológica inicial, independente da estabilidade. Clinicamente, as alterações na forma do arco dentário inferior tendem a ser menores com este procedimento, sendo determinante para a estabilidade pós-tratamento.

O tratamento ortodôntico com indicação de extração no segmento anterior depende de uma interação com o cirurgião, com melhores resultados quando realizado em equipe. Isto é desejável para o ortodontista, minimizando os riscos, e essencial para o paciente. Qualquer seqüela causada por um procedimento cirúrgico mal executado colocará em risco o sucesso do tratamento. O tempo de tratamento necessário para a recuperação óssea na região será maior e as limitações estéticas podem se fazer presentes.

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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Um Caso de Difícil Solução, Facilitado pelo Autotransplante: Agenesia de um Incisivo e de Dois Pré-molares Inferiores, Trespasse Vertical Acentuado








Neste artigo traduzido de 2001, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Arild Stenvik e Björn U. Zachrisson; do Departamento de Ortodontia, Faculdade de Odontologia, Universidade de Oslo, Oslo, Noruega. Mostra um plano de tratamento, no qual realizou-se o autotransplante de dois pré-molares superiores em desenvolvimento, para a região posterior da mandíbula.

Há uma concordância quanto à dificuldade de se obter um resultado ortodôntico satisfatório em pacientes com ausência congênita de um incisivo inferior. Isto é particularmente real nos casos de pacientes que também apresentam um trespasse vertical acentuado antes do tratamento. A experiência clínica demonstrou que uma sobremordida profunda, associada à presença de apenas três incisivos inferiores, pode se agravar com o tratamento ortodôntico. De fato, se um incisivo inferior for extraído como parte do plano de tratamento, o colapso vertical e lingual esperado na região ântero-inferior pode ser utilizado como uma vantagem ortodôntica para melhorar a oclusão nesta região, nos casos de Classe III combinada e nos casos com uma tendência de mordida aberta anterior.

Se um caso específico apresentar agenesia de ambos os segundos pré-molares inferiores, simultaneamente à ausência de um incisivo inferior e trespasse vertical acentuado, a situação, do ponto de vista ortodôntico, torna-se complicada. O objetivo desse artigo é descrever o resultado do tratamento ortodôntico para tal caso, que foi tratado por um residente em Ortodontia (Dr. L. Fernandes) sob a supervisão do autor, no Departamento de Ortodontia, da Universidade de Oslo. Será demonstrado que o autotransplante de dois pré-molares superiores em desenvolvimento para a região póstero-inferior constituiu-se de uma parte importante no plano de tratamento.

Após diversas consultas, onde o plano de tratamento foi discutido, decidiu-se, aproximadamente um ano antes do início do tratamento, que os dois segundos pré-molares superiores seriam transplantados para o arco inferior, na época adequada para a intervenção cirúrgica. O segundo pré-molar superior esquerdo foi transplantado para a região do segundo pré-molar inferior, após a extração do segundo molar decíduo, em maio de 1995. O segundo pré-molar superior direito foi transplantado em outubro do mesmo ano. Em ambos os casos, os dentes apresentavam aproximadamente dois terços de desenvolvimento radicular na época da cirurgia. Os transplantes foram realizados por um cirurgião-dentista experiente (Dr. A. Heyden), no Departamento de Cirurgia Oral e Medicina Oral, da Universidade de Oslo, Noruega.

Sem sombra de dúvida, os detalhes mais interessantes desse caso não estão relacionados à correção da oclusão ou do trespasse vertical, apesar da ausência de um incisivo inferior. O mais fascinante foi o desenvolvimento radicular continuado e o resultado final dos pré-molares superiores autotransplantados em seus novos locais na mandíbula. Ambos os pré-molares continuaram seu desenvolvimento radicular após a operação e desenvolveram quase que o comprimento radicular total. Isso está em conformidade com as observações prévias.

Diversas condições favoráveis contribuíram para o sucesso nesse caso de difícil solução. O autotransplante de dois pré-molares em desenvolvimento, fundamental para se alcançar essa solução de tratamento biológico, trata-se de uma técnica fascinante.


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