ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: DENTES COM DILACERAÇÃO RADICULAR: REVISÃO DE LITERATURA E APRESENTAÇÃO DE UM CASO CLÍNICO

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

DENTES COM DILACERAÇÃO RADICULAR: REVISÃO DE LITERATURA E APRESENTAÇÃO DE UM CASO CLÍNICO






Neste artigo 2007, publicado pela Revista OrtodontiaSPO, pelos autores SÔNIA RODRIGUES DUTRA; KARINE CABRAL; ELIZABETH MARIA BASTOS LAGES; ALEXANDRE FORTES DRUMMOND; ARIANE MARTINS SARAIVA FIGUEIRA; do curso de Especialização Disciplina de Ortodontia da FOUF/Minas Gerais. Apresenta um caso clínico de incisivo central superior permanente impactado e dilacerado cuja opção de tratamento foi o tracionamento ortodôntico.

Pode-se definir dilaceração como uma curvatura anormal entre a coroa e a raiz de um dente completamente desenvolvido.Essa anomalia de desenvolvimento é atribuída a um distúrbio de formação podendo ocorrer tanto na coroa quanto na raiz, onde a parte já calcificada é deslocada em relação à parte não calcificada. A angulação acentuada na raiz ou na coroa de um dente formado pode ocorrer em qualquer ponto ao longo do comprimento radicular (porção apical, média ou cervical), dependendo do estágio da formação radicular, quando ocorrido o trauma. O termo dilaceração dentária pode ainda ser encontrado na literatura como acotovelamento dentário, fratura traumática intrafolicular e luxação traumática intrafolicular.

Como fator etiológico geral atribui-se o trauma dos dentes decíduos, que por sua proximidade com o germe permanente pode provocar seu deslocamento durante a odontogênese, deslocando a parte já calcificada do restante não calcificado, do dente em formação. Entretanto, isso é controverso, pois muitos pacientes não relatam história de trauma na infância e essa deformidade já foi observada em pacientes com agenesia dos dentes decíduos. Além do trauma na dentição decídua, acredita-se também que o tecido de cicatrização, desenvolvido após a perda prematura de um incisivo decíduo, possa ser um obstáculo para a erupção normal do permanente sucessor, o qual altera sua trajetória normal de erupção ocorrendo a dilaceração. Encontra-se citação de pressão exercida por abcessos comprimindo a área radicular de dentes que estão evoluindo na proximidade destes processos inflamatórios. Alguns autores concluíram em seus estudos que a dilaceração se deve simplesmente ao desenvolvimento ectópico do germe do dente permanente.

Um dos primeiros sinais clínicos de dilaceração é observado na erupção de apenas um incisivo central, sem acometimento semelhante com relação a seu homólogo. O forte impacto causado pela ausência clínica do incisivo central superior permanente sobre a estética, nos obriga a refletir sobre a intervenção ortodôntica precoce, ainda na dentadura mista, com o objetivo de compor a harmonia do sorriso.

Dois tipos de dilaceração radicular são descritos: dentes malformados com angulação vestibular da raiz, os quais ficam geralmente impactados e dentes com angulação lateral da raiz que em sua maioria erupcionam espontaneamente1. A terapêutica atribuída a dentes impactados e dilacerados pode ser a exodontia do dente, ou ortocirúrgico, o qual envolve a exposição cirúrgica do dente não erupcionado e o seu tracionamento ortodôntico.

Duas técnicas cirúrgicas usadas para o tracionamento de dentes impactados são citadas na literatura: a técnica do retalho gengival reposicionado apicalmente e a técnica do retalho reposicionado em sua posição original. Dessas duas, a segunda tem oferecido melhores resultados tanto do ponto de vista periodontal quanto estético.

Com relação ao tracionamento ortodôntico, alguns cuidados devem ser tomados, como a utilização de forças suaves, para não comprometer a vitalidade do dente e a perda de osso na região cervical, obtendo ao final do processo, além do sucesso uma estética agradáve. A taxa de sucesso para o tratamento destes dentes impactados e dilacerados depende do grau de dilaceração, da posição do dente e do estágio de formação radicular do mesmo. Uma raiz dilacerada com ângulo obtuso, posição baixa e incompleta formação radicular teria um melhor prognóstico para tracionamento ortodôntico. Os insucessos para este tipo de tratamento se deve, principalmente, a processos de anquilose, reabsorção radicular externa e exposição radicular vestibular ou lingual após tracionamento ortodôntico.

CONCLUSÃO

• No caso clínico relatado, obteve-se um bom resultado clínico e funcional do incisivo central dilacerado após o tracionamento.

• O tratamento combinado ortodôntico-cirúrgico de dentes com dilaceração radicular é uma alternativa viável e deve ser tentado sempre que possível, pois na maioria das vezes envolve a estética.

• A exodontia do elemento dental dilacerado apresenta-se como uma postura radical que resultará num tratamento reabilitador futuro para o paciente. O planejamento sempre possível deve ser o tracionamento do dente para a posição correta dentro do arco dentário.

• A exodontia, apesar de radical, não deve ser descartada nos casos onde a falta de espaço irá requerer a remoção de um elemento dental saudável.


Link do artigo na integra via RevistaSPO:

http://www.ortodontiaspo.com.br/SPO-V.40-n.3/V.40-n.3%20(6).pdf

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