ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: abril 2009

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Expansão Rápida da Maxila e “esplintagem” dos incisivos centrais: um cabo-de-guerra perigoso!




Neste artigo de 2005, publicado pela Revista Dental Press, pelo autor Dr. Alberto Consolaro Professor Titular em Patologia Bucal pela Faculdade de Odontologia de Bauru - FOB-USP - São Paulo. Discute e mostra risco desta manobra perigosa utilizada durante a isjunção maxilar.

A Expansão Rápida da Maxila abre a sutura palatina mediana de baixo para cima e da frente para trás; na radiografia oclusal este procedimento ortopédico gera um “V” com ápice na sutura palatina transversa. Nesta sutura transversa a força é dissipada e perde sua intensidade e eficiência.

No primeiro momento do deslocamento lateral dos ossos maxilares, a sutura palatina mediana, constituída por tecido conjuntivo fibroso, sofrerá rompimento das fibras colágenas e vasos sanguíneos com focos hemorrágicos e muita desorganização tecidual. Ao longo de algumas semanas o tecido voltará ao normal graças ao processo da reparação, ultima fase de uma inflamação instalada, incluindo-se a neo-formação óssea de preenchimento.

Na região anterior da maxila, entre os incisivos centrais, está a parte mais frontal da sutura palatina mediana e aquela que primeiro se abre pela forma de atuação do aparelho disjuntor. Trabalhos revelam que a sutura no adulto ossifica-se de trás para a frente e de cima para baixo. Daí a forma de “V” observada nas radiografias oclusais.

Após a Expansão Rápida da Maxila alguns pacientes reclamam do diastema que compromete a estética e a fonação durante o tratamento. Os pacientes devem ser conscientizados das conseqüências do tratamento proposto, afinal todo tratamento tem custos biológicos, estéticos e funcionais, ora transitórios, ora permanentes.

Depois do relatado, imagine se o profissional for sensível aos apelos do paciente e, entusiasmado em mostrar-se competente, decide “amarrar”, “unir” ou “esplintar” os incisivos centrais superiores com fios e braquetes antes da ERM. Poderá ocorrer:

1) a força para obter a disjunção deverá ser muito maior;

2) a sintomatologia tenderá a ser intensificada;

3) a possibilidade de lesões na mucosa palatina será muito grande;

4) os danos nas faces vestibulares dos dentes de ancoragem serão amplificados com mais reabsorção radicular na reorganização do ligamento periodontal hialinizado de forma segmentar nesta região;

5) o rompimento da sutura, se houver, será brusco e rápido e neste momento poderá romper os feixes vasculares e nervosos dos incisivos centrais superiores com conseqüente necrose pulpar.

Os danos aos incisivos centrais superiores submetidos a este procedimento de “esplintagem”, quando a Expansão Rápida da Maxila ocorrer, devem ser considerados e podem se manifestar com escurecimento coronário por necrose pulpar e mobilidade excessiva por amplas reabsorções ósseas e radiculares nos tecidos periodontais! Este cabo-de-guerra pode ser perigoso! Pense nisto!


Link do artigo na integra via Dental Press:

terça-feira, 28 de abril de 2009

Transposição do Canino e Pré-molar superior na Dentição Permanente























Neste artigo de 2008, publicado no Angle Orthodontics, pelos autores Hasan Babacan; Banu Kiliç; Altug˘ Biçakçi; do Departmento de Ortodontia, University of Cumhuriyet, Sivas - Turquia. Mostra o resolução de uma transposição dentaria Canino - 1ºPré-molar superior com o tratamento Ortodontico.
A transposição entre Canino e Pré molar superior é o tipo que é mais freqüentemente relatada, é a situação que muitos ortodontistas enfrentam. Embora corrigir transposição dentaria desta ordem não é aconselhada após a erupção do dente permanente, vários artigos publicados na última década demonstraram tratamento sem extração com transposição utilizando mecânica com aparatologia fixa.

Este artigo descreve um tratamento sem extração de uma completa transposição dentaria entre um canino superior esquerdo e um primeiro pré-molar, utilizando mecânica semelhante, tal como sugerido anteriormente. A correção dentaria foi estabelecida com uma relação funcional Classe I em caninos e molares no final do tratamento.

Embora uma reabsorção triangular de osso cortical na raiz vestíbular do canino foi detectada na tomografia computadorizada no final de tratamento, uma regeneração espontânea do tecido ósseo na área reabsorção aconteçeu posteriormente de acordo tomografia computadorizada.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Desenvolvimento e comparação de um método de construção de arcos ortodônticos individualizados com um método de escolha de arcos ortodônticos


















Neste artigo de 2009, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Antonio José Borin Neto, Rodrigo Cecanho, Helena Cristina Francisco Pereira da Silva; da São Leopoldo Mandic - Campinas /SP; Demonstra mais uma forma de se determinar a forma ideal do arco Ortodontico a ser usado no paciente. Cuidado importante para se obter estabilidade pós-tratamento.




Os dentes dos seres humanos são dispostos entre si formando arcos, os quais diferem anatomicamente de indivíduo para indivíduo, acompanhando a forma do osso basal. Por isso, apresentam características individuais importantes para as funções fisiológicas às quais são submetidos. Análises estatísticas das dimensões dos arcos dentários em diferentes etnias mostraram que tais formas são controladas, preferencialmente, por fatores genéticos e têm menor influência ambiental.



Um estudo longitudinal durante o período de 45 anos de vida verificou que as distâncias intercaninos e intermolares aumentavam significativamente entre os 3 e os 13 anos de idade, tanto na maxila como na mandíbula e, depois da completa irrupção da dentadura permanente, ocorria uma pequena diminuição na largura dos arcos.



Outro estudo, utilizando 271 modelos de indivíduos com idades de 3 anos e 6 meses até 13,5 anos, constatou pouco crescimento lateral nos arcos na região dos primeiros molares permanentes. Clinicamente, entretanto, pode ser considerado que as distâncias intercaninos e intermolares são estabelecidas aos 8 anos de idade, depois da irrupção dos incisivos, com algum aumento mínimo até a dentadura permanente se completar – o que ocorre por volta dos 13 anos de idade – e que ambas as larguras, mas principalmente a distância intercaninos inferiores, diminuem no período pós-tratamento, quando ocorre uma expansão durante a terapia ortodôntica, mesmo que essa seja mínima. Portanto, quanto maior é o aumento nessa dimensão
durante o tratamento, menor é a estabilidade após a finalização. Sendo assim, no tratamento ortodôntico, é fundamental manter-se a distância transversal intercaninos inferiores do arco original, como fator importante para se conseguir estabilidade em longo prazo. Esse fato pode ser exemplificado por um trabalho que avaliou mudanças nos arcos inferiores de pacientes com Classe I, II, divisões 1 e 2, que sofreram tratamento ortodôntico e – após análise de 80 modelos inferiores nas fases pré-tratamento, final de tratamento e 10 anos pós-tratamento – concluiu-se que as larguras intercaninos caminharam em direção às dimensões iniciais. Além disso, o comprimento do arco diminuiu em todos os pacientes e a largura intermolares apresentou uma redução maior nos casos tratados com extrações dentárias.



Em relação à forma dos arcos, essas parecem se comportar também como as dimensões transversais, ou seja, as mudanças introduzidas no tratamento não foram estáveis em cerca de 70% dos casos. Portanto, não se deve esperar que uma forma de arco se encaixe em todos os arcos dentários e que adaptações individuais são necessárias para que se obtenham resultados ortodônticos estáveis.



Na literatura ortodôntica, o estudo das formas e dimensões dos arcos dentários é um tema muito debatido e controverso, foram usados recursos matemáticos e/ou geométricos, simples ou complexos, procurando – por meio de curvas perfeitas – atingir a diversidade natural encontrada na anatomia e fisiologia humana, e suas adaptações morfológicas solicitadas pelas funções neurovegetativas e pela neuromusculatura. Portanto, os arcos ortodônticos fabricados oriundos dessa filosofia são representados por curvas simétricas, obtidas por meio de fórmulas matemáticas, as quais, na maioria dos casos não são coincidentes com a forma e com o tamanho dos arcos naturais, sendo que a utilização de tais arcos levaria à padronização de todos os arcos dentários durante o tratamento ortodôntico, não respeitando suas individualidades e provocando, portanto, instabilidade pós-tratamento.



O objetivo deste trabalho foi demonstrar um método de construção de arcos ortodônticos individualizados (“arcograma”) comparando-o a um método tradicionalmente usado na escolha de arcos ortodônticos pré-fabricados (“Tru-arch”).



O estudo foi desenvolvido em três etapas:


1) Obtenção da média da distância entre a ponta de cúspide e a região média incisal ao centro da canaleta/entrada do tubo de todos os dentes dos modelos.


2) Demonstração da construção do “arcograma”.

3) Comparação entre as dimensões transversais dos arcos ortodônticos construídos por meio dos “arcogramas” da amostra com uma marca comercial de arco ortodôntico tradicional pré-fabricado (“Tru-arch”).



Por mais de cem anos, estudos têm sido realizados para definir a forma ideal do arco dentário, frequentemente usando o conceito de que o arco natural é simétrico e pode ser representado por uma curva perfeita derivada de fórmulas geométricas, algébricas e aritméticas.



O objetivo desse método foi construir um diagrama ortodôntico, que recebeu o nome de “arcograma”, um método que por meio da distância entre as pontas de cúspides ou incisais e o fundo da canaleta dos braquetes ou tubos procura corrigir a forma do arco dentário, respeitando ao máximo as dimensões e a forma do osso basal. Para isso, foi desenvolvida uma metodologia que generalizou as distâncias anteriormente descritas (ponta de cúspide/incisal ao fundo das canaletas) para serem usadas em todos os pacientes, foi demonstrada passo a passo a técnica de confecção do “arcograma” e foi realizada uma comparação da adaptação desse com um método tradicionalmente utilizado, sendo o “arcograma” considerado melhor no quesito de adaptação aos arcos dentários naturais, pela diversidade, assimetria e individualidade desses últimos.


Este trabalho mostrou a viabilidade da utilização do “arcograma”, um método de individualização da construção de arcos ortodônticos para a manutenção das características dimensionais e anatômicas do arco dentário.





Link do Artigo a Integra via Scielo:



http://www.scielo.br/pdf/dpress/v14n2/v14n2a13.pdf

domingo, 26 de abril de 2009

Pensamento da Semana




"Não basta adquirir sabedoria; é preciso também empregá-la !"

Marcus Cícero

105 AC - 43 AC

Link sobre o Autor:

http://pt.wikiquote.org/wiki/Marcus_C%C3%ADcero

sábado, 25 de abril de 2009

Correção da linha mediana Mandibular em um paciente assimétrico que passou por Osteotomia

















Neste artigo de 2009, publicado no Angle Orthodontics, pelos autores M. L. Anghinoni; A. S. Magri; A. Di Blasio; L. Toma; E. Sesenna; da Maxillo-Facial Surgery Operative Unit, Head and Neck Department, University of Parma, Parma, Italia, Mostra mais uma aplicação da osteotomia sagital mandibular.

Este artigo relata um caso no qual mostra a possibilidade da aplicação de uma osteotomia mandibular para resolver a assimetria mandíbular com movimentos diferentes de ambos os lados dos segmentos ósseos.

Os autores relatam o caso de uma paciente de 25 anos de vida, encaminhada com assimetria mandibular, com um excesso transversal no hemi-arco inferior direito e com um defeito vertical esquerdo. A paciente foi submetida a uma osteotomia bilateral sagital, e uma genioplastia, que corrigiu a assimetria mandíbular com a contração de todo o hemi-arco inferior direito.

Um ligeiro aumento vertical no hemi-arco inferior esquerdo foi obtido através de uma abertura lateral na mordida criada cirurgicamente. Na avaliação o rosto da paciente pareceu simétrica com normalização do relacionamento bizigomatico, e as caracterisicas faciais correspondia a forma ideal antropométrica.

Esta técnica relatada resultou na resolução de assimetria mandibular. Além disso, permitiu uma aplicação da osteotomia mandibular estética em todo corpo mandibular em relação as outras regiões da face.

Link do artigo na integra via Angle Orthodontics:

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Tratamento da transposição de canino e pré-molar superior unilateral: abordagem por meio de mecânica segmentada

















Neste artigo de 2007, publicado pela revista Dental Press, pelos autores Leopoldino Capelozza Filho, Mauricio de Almeida Cardoso, João Cardoso Neto, da USP-Bauru, UNESP-Araçatuba, USC-Bauru; Sao Paulo. Mostra uma bela resolução para um caso de difícil solução de transposição dentária. Tem uma bela revisão cientifica sobre transposição dentária. Uma pesquisa completa.

A transposição dentária é uma anomalia relatada desde o início do século XIX, sendo sua terminologia diversificada ao longo dos anos. Algumas publicações classificavam as erupções ectópicas dentárias de graus variados como pseudotransposições, transposições incompletas, parciais, simples e coronárias. Certamente, a erupção ectópica é uma categoria ampla de referência para quaisquer tipos de anomalias onde os dentes tomaram um caminho eruptivo anormal. Portanto, transposição dentária deve ser propriamente considerada como uma subdivisão das erupções ectópicas, na condição extrema desta categoria.

Uma definição clara e objetiva sobre transposição dentária foi citada por Peck, Peck e Attia, como a anomalia dentária caracterizada pelo intercâmbio da posição entre dois dentes adjacentes, especialmente em relação às suas raízes, ou pelo desenvolvimento e erupção de um dente numa posição ocupada normalmente por um dente nãoadjacente.

Freqüentemente, a transposição dentária está associada a outras anomalias dentárias no mesmo paciente, tais como agenesia, dentes conóides, giroversões severas e mau posicionamento dos dentes adjacentes, dentes decíduos retidos, dilacerações e má formação de outros dentes. A anomalia acomete indivíduos de ambos os gêneros e ocorre em ambos os arcos, com preferência pelo gênero feminino e pela maxila. De forma interessante, raramente se observa o aparecimento simultâneo de transposição em ambos os arcos, mesmo na dentadura decídua.

Quanto à etiologia da transposição dentária, uma possível explicação seria considerar a transposição como resultado do intercâmbio da localização entre os germes dos dentes em desenvolvimento. Devido à alta incidência de caninos decíduos retidos associados à transposição dentária, há autores que relacionam os dentes decíduos como sendo o fator etiológico primário da anomalia. Além disso, a teoria da migração intra-óssea do canino, o trauma do dente decíduo, a presença de cistos e formações patológicas e a hereditariedade também foram sugeridos como fatores etiológicos para esta anomalia.

Especificamente a respeito das transposições dentárias localizadas na maxila, Peck e Peck realizaram uma revisão ampla e sistemática de relatos clínicos e estabeleceram uma classificação com base nos fatores anatômicos. Dos 201 casos clínicos revisados, os autores encontraram, em ordem decrescente de freqüência de aparecimento na literatura, as seguintes condições de transposição: 1) canino - primeiro pré-molar; 2) canino - incisivo lateral; 3) canino no sítio do primeiro molar; 4) incisivo lateral – incisivo central e 5) canino no sítio do incisivo central.

O presente relato discorre sobre o manejo clínico de uma transposição unilateral de canino e primeiro pré-molar no hemi-arco superior direito. Portanto, todas as considerações a seguir serão relacionadas a esta condição. É provável que a primeira referência científica a respeito de transposição entre canino e primeiro pré-molar superior seja atribuída à descrição de Miel14, em 1817, na qual discorreu de forma detalhada a ocorrência bilateral de um caso clínico de transposição, fazendo menção ao envolvimento genético da anomalia referida.

A transposição entre canino e primeiro pré-molar superior é uma anomalia de pequena prevalência na população, sendo encontrada em 0,03% dos escolares suecos, 0,13% dos pacientes odontológicos de origem árabe, 0,25% dos pacientes ortodônticos escoceses e 0,51% dos indivíduos de uma amostra composta africana.

O diagnóstico precoce de uma transposição em desenvolvimento é de grande importância, influenciando sobremaneira no prognóstico. Geralmente, isto pode ser realizado entre seis e oito anos de idade num exame radiográfico convencional, utilizando uma radiografia panorâmica. Quando detectada precocemente, procedimentos interceptativos, incluindo a extração de dentes decíduos e guia de erupção de dentes permanentes, podem ser realizados, interceptando assim a
evolução completa da anomalia. Por outro lado, quando o diagnóstico da transposição é tardio, o planejamento ortodôntico centraliza a decisão entre a extração e não extração e sobre a correção da ordem de posicionamento dentário.

Quando a decisão é tentar reposicionar os dentes em transposição, como no caso clínico a ser descrito, deve-se tomar cuidado no manejo mecânico, a fim de evitar interferência oclusal e reabsorção radicular, bem como a perda óssea, principalmente da tábua óssea vestibular. Assim, há necessidade de movimentar primeiro o dente transposto, no caso o primeiro pré-molar, para a área palatina, permitindo o livre trânsito do canino pela área vestibular do rebordo alveolar até a sua posição normal. Esta mecânica já foi outrora descrita e exemplificada por meio de um caso clínico, por Capelozza Filho et al. Subseqüente ao reposicionamento do canino, a correção do dente pré-molar poderá ser realizada. A grande desvantagem desta abordagem é o tempo necessário para a sua correção, o que será compensado pelo resultado estético e funcional.

Caso Clínico
O caso clínico selecionado para ilustrar o procedimento referido foi de uma jovem de 10 anos e 7 meses, cuja queixa principal era a transposição do dente canino e primeiro pré-molar superior direito. A paciente apresentava características de Padrão I em face horizontal e Classe I molar, em estágio oclusal de dentadura mista.

A agenesia do dente 12 e o 22 com alteração de forma (conóide) faziam-se presentes. As características cefalométricas encontravam-se dentro da normalidade, sem desvios esqueléticos significantes. Clinicamente, o canino superior direito estava localizado pela face vestibular em relação ao primeiro pré-molar, ambos em estágio de erupção. Pela radiografia panorâmica, tratava-se de uma transposição que envolvia a coroa e a raiz, confirmada nas radiografias periapicais e oclusal de maxila.

Um plano de tratamento individualizado por meio de mecânica segmentada foi proposto para reposicionar o dente ectópico, com prognóstico reservado e necessidade de reavaliação. A proposta de uma conduta conservadora tinha como objetivo evitar extrações dentárias, contra-indicadas para o padrão facial da paciente, no qual uma diminuição do terço inferior da face pôde ser observada. Uma abordagem multidisciplinar também foi considerada visando a reconstrução dos dentes 52 e 22, tendo em vista a agenesia do 12 e formato anômalo do 22, anomalias comumente associadas à transposição. Optou-se pela preservação do 52 até o momento oportuno para a reabilitação com implante.

O tempo total de tratamento de 33 meses foi relativamente longo, mas aceitável, considerando-se o caráter de correção da anormalidade, com bom resultado estético e funcional. Ao final do tratamento, a paciente foi encaminhada para realizar aumento com resina dos dentes 52 e 22. A rizólise do dente 52 deverá ser assistida, sendo este dente substituído por um implante para reposição do dente 12, em idade adequada. A paciente está sendo acompanhada desde a remoção do aparelho fixo e pôde ser observada estabilidade após o controle de 1 ano.

Link do artigo na integra via Dental Press:

quinta-feira, 23 de abril de 2009

ORTODONTIA FRENTE ÀS REABSORÇÕES APICAIS E PERIAPICAIS PRÉVIAS OU POSTERIORES AO TRATAMENTO



Neste artigo de 2008, publicado pela Revista de Endodontia Pesquisa e Ensino On Line da UFSM, pelos autores Málaki Younis,Luis Eduardo Duarte Irala, Renata Grazziotin Soares, Alexandre Azevedo Salles; da Sociedade Brasileira de Cursos SOBRACURSOS, Porto Alegre-Rio Grande do Sul. Mostra uma boa revisão sobre este tema que infelizmente anda de mãos dadas com a nossa especialidade.

As reabsorções radiculares externas transitórias apicais, oriundas de movimentação ortodôntica é um problema iatrogênico preocupante. Acredita-se ser o resultado de uma complexa combinação da biologia individual e dos efeitos das forças mecânicas. A reabsorção radicular é definida como um processo patológico ou fisiológico, resultando na perda de cemento e dentina.

O pioneiro a evidenciar a reabsorção radicular, se relacionado ao trauma do ligamento periodontal, foi Bate (1856). Posteriormente, Ottolengli (1914) já relatava a existência de uma peculiaridade na reabsorção radicular provocada pelo movimento ortodôntico, ou seja, a polpa permanece viva enquanto as raízes são reabsorvidas. Neste processo, uma atividade osteoblástica preenche com tecido ósseo o espaço causado pela reabsorção radicular, mantendo o
elemento dentário sem mobilidade.

Kaley, Phillips (1991), estudando os fatores relacionados com reabsorção radicular e a técnica de Edgewise, observaram 200 pacientes, nos quais 6 (3%) mostravam reabsorção severa nos incisivos centrais superiores. Em outros dentes, tal reabsorção ocorreu em menos de 1%.

Trope, Chivian (1992) descreveram que o ligamento periodontal, cementoblastos, cementóide e cemento intermediário parecem desempenhar algum papel na resistência da superfície externa da raiz à reabsorção. Acreditam, também, que os restos epiteliais de Malassez da bainha radicular estejam relacionadas com a resistência à anquilose e à reabsorção substitutiva da raiz dentária.

Ainda Brezniak, Wassertein (1993), citaram fatores que podem afetar a reabsorção radicular, dentre os quais o tipo de aparelho utilizado (fixo ou móvel), o tipo de movimentação dentária e a força utilizada. Destacam também a presença da reabsorção radicular antes do tratamento ortodôntico, dentes traumatizados previamente e susceptibilidade individual.

Stephen (1996), avaliando a diferença na extensão da reabsorção radicular nos tratamentos com arco contínuo e arco seccionado em 56 pessoas com maloclusões semelhantes, observou que a extensão da reabsorção radicular nos grupos tratados exibia os mesmos níveis, indicando que o efeito do tratamento pode se relacionar a uma avaliação individual.

Costopoulos, Nanda (1996) investigaram a intrusão como possível causa de reabsorção, a partir de um grupo de 17 pessoas com excessivo overbite, tratados com arco intrusivo tipo Burstone, sob baixa pressão e utilizando um grupo de controle de 17 pacientes com aparelho fixo, os quais foram selecionados ao acaso. Como resultado, segundo os autores, indicou que a intrusão com força leve pode ser efetuada para a redução do overbite, enquanto causa desprezível reabsorção radicular apical.

No que se refere à magnitude da reabsorção, os dentes mais vulneráveis por ordem decrescente de prevalência são os incisivos laterais superiores, seguidos pelos incisivos centrais superiores, incisivos inferiores, raiz distal dos primeiros molares inferiores, segundos pré-molares inferiores, segundos pré-molares superiores, molares superiores e inferiores (KENNEDY et al., 1983; PHILIPS, 1995; SHARPE et al., 1987; SILVA FILHO et al., 1993). A maior predisposição à reabsorção dos incisivos superiores está relacionada à extensão de movimentação destes dentes, em decorrência da correção da má-oclusão, função e estética (SHARPE et al., 1987; SILVA FILHO et al., 1993).

Quando, ao exame radiográfico, evidencia-se uma reabsorção mínima ou ausência de reabsorção, pode-se afirmar que o paciente apresenta risco pequeno de reabsorção severa ao final do tratamento e, então, mantém-se ao mesmo regime de tratamento. Ao detectar-se uma reabsorção moderada, tem-se um risco regular de reabsorção severa e risco pequeno de reabsorção extrema ao final do tratamento. Nesses casos recomenda-se um período de repouso (fio passivo, mecânica estabilizada) de 60 a 90 dias, e devese comunicar a susceptibilidade ao paciente (LEVANDER et al., 1994). Diante de reabsorções severa existe um alto risco de reabsorções extremas no final do tratamento. (SILVA FILHO, 1993; LEVANDER et al., 1994; CAPEZZOLA FILHO, l998) .

O tratamento endodôntico parece não intervir no grau de reabsorção radicular durante o tratamento ortodôntico (MATTISON et al., 1984; REMINGTON et al., 1989; SPURRIER et al., 1990). Mirabella, Artun, 1995. Os estudos que levantaram hipótese dos dentes tratados endodonticamente serem mais susceptíveis à reabsorção (WICKWIRE et al., 1974) apresentam metodologia questionável, ao incluírem dentes com traumatismo prévio no grupo experimental, visto que o trauma dental aumenta o risco de encurtamento radicular.

Além disso, uma reabsorção radicular excessiva ocorrida durante a movimentação ortodôntica de dentes tratados endodonticamente pode estar mais associada ao insucesso da terapia endodôntica do que o tratamento ortodôntico em si. Toda a mecânica, por menores que sejam as forças aplicadas (OWMAN-MOLL et al., 1995; OWMAN–MOLL, KURIOL, 1995; OWMAN-MOLL et al., 1996; OWMAN-MOLL, KURIOL, 1998), não estará livre de desencadear reabsorção. Uma mecânica consistente vai provocar reabsorção discreta e pouco significante na maioria dos pacientes, mas será agressiva em 10% deles (LINGE, LINGE, 1991).

CONSOLARO (2002), diz que apenas 10% das reabsorções dentárias em Ortodontia são severas, sendo assim, indica-se que sejam realizadas rotineiramente radiografias periapicais dos incisivos superiores e inferiores em pacientes adolescentes e uma série de radiografias em adultos como conduta preventiva habitual, previamente ao início do tratamento. Uma vez que esse tenha sido iniciado, recomenda-se que sejam feitas radiografias periapicais dos incisivos superiores e inferiores a cada seis meses, para controle do custo biológico da mecanoterapia (BREZNIAK, WASSERTEIN, 1993b; SILVA FILHO, 1993; LEVANDER et al., 1994; CAPELOZZA FILHO, l998; BRESNIAK, WASSERTEIN, 2002).

A reabsorção substitutiva pode ser evitada, mas, até o momento, não responde a qualquer opção terapêutica.Sendo a remodelação óssea um fenômeno fisiológico, os fatores de manutenção representados especialmente pelos hormônios calcitonina paratormônio não podem ser removidos. Em conseqüência, a reabsorção ocorrerá no osso e na raiz dentária, sendo esta substituída gradualmente por tecido ósseo.A reabsorção substititiva é muito lenta e levará anos (3 a 10) para substituir a raiz dentária.

A previsibilidade das reabsorções dentárias: Entre as características demarcadas do sucesso no tratamento ortodôntico podem ser detectadas: a ausência de sintomas; a movimentação rápida dentro do possível; a duração breve do tratamento;a estabilidade dos resultados e o menor dano tecidual possível (CONSOLARO, 2002).

Alguns aspectos oferecem previsibilidade para as reabsorções no tratamento ortodôntico, mas para identificá-los, assim como para identificar as reabsorções dentárias, é essencial o rigor na qualidade das imagens e na interpretação radiográfica, a partir de películas periapicais. Entre os itens que permitem prever a ocorrência das reabsorções dentárias no tratamento ortodôntico são: a morfologia radicular; a forma geométrica, a forma especial do periápice, a proporção coroa raiz e a angulagem coroa-raiz; a morfologia da crista óssea alveolar; os movimentos extensos; a indicação de extração dentária; a opção por mecânica intrusiva e o uso de elásticos intermaxilares. A ocorrência de reabsorções dentárias depõe contra o sucesso ortodôntico, mas a sua previsão indica plenitude de conhecimento e segurança na conduta do tratamento. A capacidade profissional de prever a ocorrência de reabsorção dentária durante o tratamento ortodôntico permeia os procedimentos de condutas preventivas que reduzirão ao mínimo necessário a sua ocorrência.

Ainda priorizando a praticidade nas condutas e decisão da rotina clinica, elaborando essa lista com a síntese de estudos sobre temas que, por décadas, foram ditados como dogmas na prática e no ensino da ortodontia e, infelizmente, se revelaram equivocados e atualmente devem ser assim considerados (CONSOLARO, 2002).

- O tratamento endodôntico não aumenta a chance de reabsorção dentária durante a movimentação dentária e nem protege o dente da mesma;

- O movimento ortodôntico não promove necrose pulpar. A magnitude das forças não é suficiente para romper o feixe vascular. Isso ocorre nos traumatismos e outras causas em que forças súbitas e concentradas atuam no ápice dentário;

- Mulheres não têm maior probabilidade de apresentar reabsorções. O risco é igual para ambos os gêneros;

- A idade não aumenta o índice de reabsorção durante o tratamento ortodôntico;

- Anticoncepcionais não aumentam o risco de reabsorção durante o tratamento ortodôntico;

- Aspirina e drogas semelhantes não dificultam clinicamente a movimentação dentária induzida ou interfere no índice de reabsorção dentária;

- Mulheres grávidas não tem mais reabsorção dentária se os dentes forem movimentados ortodonticamente, mas a mudança de condição de vida recomenda esperar passar o período para melhor conforto da paciente;

- Alterações endócrinas ou hormonais não induzem ou influenciam o índice de reabsorção dentária. Os dentes não são reservatório de cálcio e outros íons utilizados para manter o equilíbrio iônico do organismo como ocorre com os ossos;

- Não existe predisposição individual, genética ou hereditária à reabsorção dentária, mas sim morfologias radiculares, apicais e da crista óssea alveolar que promovem maior concentração de forças em uma determinada área do ligamento periodontal. Essas podem apresentar precocemente reabsorção dentária, mesmo quando as forças forem bem dimensionadas;

- Doenças ou alterações sistêmicas não induzem reabsorções dentárias, exceto a osteodisplasia fibrosa hereditária, uma doença grave, muito rara, que envolve todo o esqueleto com deformações associadas a reabsorções dentárias múltiplas, especialmente cervicais externas.

Considerações Finais

- A anamnese inicial do paciente por meio da utilização de radiografias periapicais é importante na identificação de reabsorções prévias ao tratamento ortodôntico e na determinação da morfologia radicular e da crista óssea alveolar;

- O principal fator na previsibilidade das reabsorções dentárias é a morfologia da raiz da crista óssea alveolar. Raízes triangulares com ápices afilados, em forma de pipeta ou com dilaceração, tendem a apresentar reabsorções maiores e mais precoces, bem como dentes com raízes curtas. As cristas ósseas retangulares aumentam a possibilidade de reabsorções radiculares, pois apresenta menor deflexão óssea e concentra maior força no ligamento periodontal;

- O traumatismo dentário é um fator de risco para reabsorção radicular. Dentes traumatizados devem ser monitorados por um período de seis meses, para serem incluídos na mecanoterapia;

- Os dentes mais vulneráveis à reabsorção por ordem decrescente são incisivos laterais superiores, incisivos centrais superiores, incisivos inferiores, raiz distal dos primeiros molares inferiores, segundos pré-molares inferiores, segundos pré-molares superiores, molares superiores e inferiores;

- Embora presente em todos os tratamentos ortodônticos, a magnitude da reabsorção radicular não é totalmente previsível e apresenta variações individuais.


Link do artigo na Integra via USFM:

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Novo Blog Odontologico - Endodontia avançada


Amigos, venho apresentar-lhes mais um novo espaço para discurssões e trocas de experiências. Dr. Marcel Caetano, Endodontista e aficcionado por informatica ,no dia 18-04-09 abriu seu Blog, que já conta com informações e casos clínicos. Visitem, divulgem para os amigos e participem. Dr. Marcel Caetano desejo-lhe muito sucesso com seu novo espaço na Net. Fomos colegas e contemporâneos de turma da saudosa Fac. Odontologia da Universidade de Itaúna - MG. Residentes da mesma Republica naquela cidade. E grandes amigos até hoje. Um forte abraço e muito sucesso !!!!!!!!!!!


Link do Blog:


terça-feira, 21 de abril de 2009

Clareação dentária e tratamento ortodôntico



Neste artigo de 2004, publicado pela revista Dental Press, pelo autor Dr. Alberto Consolaro Professor Titular em Patologia Bucal pela Faculdade de Odontologia de Bauru - FOB-USP - São Paulo. Dismistifica e mostra como o profissional se posiciona diante de duvidas ligadas ao clareamento dentario e o tratamento Ortodontico.

Para relacionar a clareação dentária com o tratamento ortodôntico precisamos destacar alguns aspectos:

- ambos os tratamentos são aplicados na grande maioria da população jovem e muitas vezes se depara com um conflito: clarear ou fazer o tratamento ortodôntico?

- calcula-se que mais de 75% das clareações dentárias são realizadas sem indicação, supervisão ou ação direta do Cirurgião Dentista e representam verdadeiras automedicações;

- todos os clareadores dentários são a base de peróxido de hidrogênio, ou seja, água oxigenada em concentrações e formulações variadas como líquido, gel, creme e outros, quando recebem nomes diferentes como peróxido de carbamida, peróxido de uréia e perborato de sódio, por exemplo;
- sobre o esmalte os clareadores promovem uma dilatação dos poros normais da superfície e dos espaços entre seus cristais. Os clareadores dentários aumentam a porosidade, mas ao longo de dias e semanas o esmalte gradativamente vai se remineralizando a partir dos íons da saliva e ou de soluções fluoretadas topicamente aplicadas;

- os clareadores dentários aumentam o risco de infiltração nas restaurações, especialmente estéticas e com base resinosa;

- alguns alimentos e bebidas portadores de pigmentos devem ser evitados nos períodos após o procedimento clareador, pois podem facilmente impregnar-se na estrutura mais porosa do esmalte;

- os agentes clareadores a base de peróxido de hidrogênio revelam efeitos sobre a mucosa bucal colaborando com a carcinogênese iniciada por outros agentes químicos do tabaco, álcool e de vários alimentos e produtos industrializados;

- A hipersensibilidade dentinária se estabelece em quase todos os dentes, pois a junção amelocementária pode alargar-se, expondo a dentina ao meio bucal.

A clareação dentária deveria ser considerada no contexto da ciência odontológica e os produtos clareadores dentários deveriam receber a classificação de medicamentos e não de cosméticos. A legislação que regulamenta a comercialização e disponibilidade dos medicamentos é mais exigente e criteriosa.

Quando realizado pelo Cirurgião Dentista ou sob sua supervisão vários cuidados e precauções são estabelecidas como a proteção da gengiva, a fluoretação posterior e cuidados com a alimentação por algumas semanas. Mas, mais importante ainda, o profissional avalia a história médica e dentária de cada paciente e julga estar indicada ou não a clareação para o paciente, ou ainda, qual o melhor momento clínico para realizá-la.

Durante o tratamento ortodôntico a aplicação do clareador promoverá um provável aumento no descolamento dos braquetes, pois aumentam a infiltração e solapam a união da resina com o esmalte. Se estiver indicado ou for inevitável, que a clareação seja efetivada após o tratamento ortodôntico e não durante o tratamento.

Uma pergunta paira no ar: quantos pacientes se autoaplicam os clareadores dentários imediatamente antes e durante o tratamento ortodôntico e o profissional não pergunta ou é informado? Ou por que em certos pacientes os braquetes soltam-se mais que em outros? Para os pacientes, clarear os dentes tem a mesma complexidade do pintar o cabelo, fazer as unhas, passar produtos na pele ou maquiar-se!


Link do Artigo na Integra via Dental Press:



domingo, 19 de abril de 2009

Pensamento da Semana

" O mais valoroso dentre todos nós raras vezes tem o valor de afirmar tudo o que sabe. "


Friedrich Wilhelm Nietzsche
1844 -1900


Link sobre o autor:

sábado, 18 de abril de 2009

Radiografias periapicais prévias ao tratamento ortodôntico






Neste artigo de 2007, publicado pela Revista Dental Press, pelo autor Dr. Alberto Consolaro, da FOB USP - Bauru - São Paulo; Mostra a improtância deste antigo, mais eficaz metodo de diagnóstico.

As radiografias panorâmicas, assim como são mais conhecidas as ortopantomografias, não são indicadas para o diagnóstico de reabsorções dentárias. Quando detectadas nestas radiografias, tratam-se de casos avançados de reabsorção com grande perda de estrutura dentária. As reabsorções pequenas e médias não são detectáveis nas radiografias panorâmicas.

Estas afirmações inferem que as radiografias panorâmicas nas documentações ortodônticas têm vários objetivos, mas entre estes não deve ser incluído o diagnóstico prévio de reabsorções dentárias pré-existentes.

As reabsorções dentárias, no mundo ocidental, têm uma prevalência entre 6 e 10% dentre as pessoas que nunca realizaram qualquer tipo de tratamento ortodôntico. Em termos clínicos, isto pode ser assim traduzido: em cada 100 pacientes ortodônticos, 6 a 10 têm reabsorções dentárias em um ou mais dentes, podendo gerar problemas durante o tratamento.

No tratamento ortodôntico a severidade das reabsorções pré-existentes pode aumentar com as reações teciduais induzidas pelo movimento dentário, pelo aumento local dos níveis de mediadores e/ou então pelo tempo transcorrido de 1 a 2 anos. Sem uma radiografia adequada e prévia de diagnóstico das reabsorções dentárias como poder-se-á alegar, especialmente nos laudos periciais, que a origem destas reabsorções pré-existentes não têm relação direta e primária com o tratamento ortodôntico.

As radiografias periapicais são as mais indicadas para o diagnóstico de alterações como fraturas radiculares, calcificações pulpares, metamorfose cálcica da polpa, cárie, periapicopatias e outras alterações exclusivas dos dentes, incluindo-se as reabsorções. Em outras palavras, no planejamento ortodôntico deve-se incluir a análise minuciosa de radiografias periapicais de todos os dentes. O objetivo é diagnosticar alterações dentárias pré-existentes não detectáveis pelas radiografias panorâmicas e assim evitar complicações durante o tratamento ortodôntico. As radiografias periapicais de todos os dentes antes do tratamento ortodôntico representam, em seu conjunto, uma das formas mais eficientes de prevenir-se de problemas associados às reabsorões
dentárias durante o tratamento ortodôntico.

O ortodontista, como os demais especialistas, deve ter conhecimento suficiente para detectar ou suspeitar da perda da normalidade e encaminhar o paciente para outro especialista esclarecer o problema supostamente detectado. Também como responsável de diagnóstico de lesões e reabsorções dentárias pré-existentes ao tratamento ortodôntico, está o radiologista que assinou o laudo emitido. Na relação entre ortodontista e radiologista deve imperara cooperação, ética e complementariedade, para que a competência tenha lugar. A interação constante ortodontista-radiologista e a emissão de laudo descritivo das radiografias auxiliam, em muito, o planejamento ortodôntico e promovem a divisão de responsabilidades nos diagnósticos a serem realizados, antes do início do tratamento ortodôntico.

Quando pensamos em pesquisa, quase sempre, nos remetemos a laboratórios e equipamentos sofisticados. Não necessariamente. A busca pelo conhecimento e pelo avanço das práticas medico-odontológicas também passa pela checagem das vantagens e desvantagens de protocolos de conduta, diagnóstico e tratamento. Infelizmente, em muitas áreas do conhecimento e da prática médico-odontológica, observa-se a falta de padronização e a ausência de protocolos, especialmente assim se aprende nos cursos de formação. A padronização de protocolos passa pela avaliação clínica de suas vantagens, desvantagens, viabilidade e oportunidade de adoção a partir de metodologias bem estabelecidas na pesquisa com pacientes.

Se houvesse um protocolo de documentação que incluísse a análise de radiografias periapicais prévias como determinante e como item indispensável, os problemas durante o tratamento ortodôntico e que verdadeiramente seriam pré-existentes, necessariamente deixariam de ser “conseqüências” atribuídas ao mesmo, como por exemplo: reabsorções internas, anquilose alvéolo-dentária, reabsorção por substituição, reabsorção cervical externa, necrose pulpar e lesão periapical. Estas situações mencionadas não tem relação etiopatogênica com o tratamento ortodôntico, mas freqüentemente são atribuídas e aceitas como tal, por falta de documentação para determinar que estes problemas pré-existiam, mas em geral denota-se a falta de radiografias periapicais prévias.

Quando as radiografias periapicais prévias, ainda assim, impossibilitarem um definição segura do diagnóstico e prognóstico de reabsorções dentárias no planejamento ortodôntico, pode-se usar, de forma segura biologicamente e economicamente acessível, a tomografia computadorizada volumétrica ou de feixe cônico.


Link do arquivo na Integra via Scielo:

sábado, 11 de abril de 2009

Boa Pascoa a Todos !!!!!!!!


"Se seus líderes vos dizem: 'Vejam, o Reino está no céu', então saibam que os pássaros do céu os precederão, pois já vivem no céu. Se lhes disserem: 'Está no mar', então o peixe os precederá pelo mesmo motivo. Antes, descubram que o Reino está dentro de vós, e também fora de vós. Apenas quando vós se conhecerem, poderão ser conhecidos, e então compreenderão que todos são filhos do Pai vivo. Mas se vos não se conhecerem a si mesmos, então viverão na pobreza e serão a pobreza."


Jesus Cristo

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Necrose pulpar durante o tratamento ortodôntico


Neste artigo de 2005, publicado pela Revista Dental Press, pelo autor Prof. Dr. Alberto Consolaro; Professor Titular em Patologia Bucal pela Faculdade de Odontologia de Bauru - FOB-USP - São Paulo. Fala das alterações pulpares durante a mecanoterapia Ortodontica.

O tratamento ortodôntico envolvendo dentes endodonticamente tratados pode ser realizado, desde que avaliado adequadamente e com estruturas periodontais apicais em estado de normalidade. Durante o tratamento ortodôntico podem ocorrer traumatismo dentário, fraturas coronárias durante a mastigação e envolvimento pulpar por restaurações profundas com cáries secundárias. Estas situações podem induzir necrose pulpar e a endodontia ser necessária.

Quando se movimenta dentes com tratamento endodôntico convencional pode ocorrer:

1) permanência da estrutura apical original, sem qualquer reabsorção;

2) reabsorção apical com o cone de guta-percha ou material obturador ultrapassando os limites, tendo-se a impressão de sobre-obturação. Nestes casos, assim pode permanecer indefinidamente, sem sintomatologia, ou com o paciente reclamando muito eventualmente de discretas “pontadas” de sensibilidade durante a mastigação;

3) reabsorção apical com reabertura de canais laterais, acessórios e secundários, reaparecimento de irregularidades morfológicas reparadas anteriormente e exposição de túbulos dentinários com produtos bacterianos que estavam obliteradas pelo reparo apical. Uma destas situações, ou em conjunto, podem induzir a reativação de lesões periapicais como pericementites e granulomas periapicais. Neste caso, será necessário providenciar o retratamento endodôntico e a “culpa” não deve ser atribuída nem ao ortodontista, nem ao endodontista, pois é decorrência de uma abordagem terapêutica e representa um custo biológico para o paciente.

Um aspecto importante: a colocação do hidróxido de cálcio dentro do canal não tem como objetivo principal evitar a reabsorção apical induzida pelo movimento ortodôntico, mas sim:

1) postergar a obturação definitiva que poderá, por algumas inevitáveis reabsorções apicais,levar auma pseudo-sobre-obturação do canal após o tratamento ortodôntico e 2) evitar possíveis reativações posteriores de lesões periapicais inflamatórias, visto que o endodontista não tem como ter acesso a deltas apicais, irregularidades anatômicas e anfractuosidades decorrentes de reabsorções associadas às periapicopatias crônicas e às relacionadas à movimentação ortodôntica.


Link do artigo na integra via Dental Press:

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Redução de esmalte interproximal como alternativa no tratamento ortodôntico de casos limítrofes








Neste artigo de 2009, publicado pela revista Dental Press, pelos autores Alberto Rossi Júnior, Femanda Argemi Abreu, Carlos Alberto E. Tavares, Gabriella Rosenbach; da ABO-RS - Porto Alegre - Rio Grande do Sul. Abordam como alternativa de tratamento os desgastes interproximais de unidades dentarias para solucionar casos com discrepâncias dento-alveolares.

O tratamento ortodôntico propõe algumas metas a serem alcançadas, como a estética facial, o alinhamento dentário, a boa oclusão e função, a satisfação do paciente e a estabilidade dos resultados.

A estética facial é proveniente de uma avaliação subjetiva composta por vários fatores, entre eles o perfil facial, características dentárias e esqueléticas que, por sua vez, mostram tendências distintas entre diferentes grupos étnicos.

Desse modo, a conduta de tratamento a ser seguida deve considerar alguns fatores, tais como: apinhamento dentário, protrusão dentoalveolar, discrepâncias maxilares ântero-posteriores e necessidade de alteração do perfil facial. Avaliando os fatores citados e buscando uma abordagem individual do paciente, a terapia ortodôntica pode ser realizada com ou sem extrações dentárias.

Alguns pacientes encontram-se na categoria de casos limítrofes, podendo ser tratados tanto com extrações como sem extrações dentárias. Nesses casos, a redução de esmalte interproximal pode apresentar-se como uma boa alternativa de tratamento.

Essa terapia pode ser aplicada para a resolução de discrepâncias negativas suaves a moderadas do arco dentário e quando se deseja a manutenção do perfil facial, evitando, dessa forma, a necessidade de extrações dentárias. Apesar da redução de esmalte ser uma abordagem mais conservadora, trata-se de um procedimento irreversível. Portanto, suas indicações, vantagens, efeitos adversos e técnica precisam ser considerados para a obtenção de resultados adequados.

A decisão de conduzir uma terapêutica ortodôntica com extrações ou sem extrações dentárias tem sido discutida por diferentes autores. Algumas razões consideradas para a realização de extrações são apinhamento dentário, protrusão dentoalveolar, discrepâncias maxilares ântero-posteriores moderadas e necessidade de alteração do perfil facial. Em casos sem extrações, pode-se esperar pouca alteração nas relações dentoesqueléticas e tendência de projeção dos incisivos. Já em casos com extrações, a retrusão dos incisivos e a alteração do perfil facial podem proporcionar mudanças significativas.

Deve-se também considerar que o perfil facial mostra tendências distintas entre grupos étnicos diferentes. Alguns estudos compartilham resultados que apontam, como características normais da raça negra em relação à branca, um maior prognatismo da maxila e da mandíbula, maior projeção dos lábios (bem como dos incisivos), ângulo interincisal mais agudo, altura facial inferior maior e um perfil facial mais convexo. Além disso, Drummond observou que os pacientes negros apresentam língua grande, ampla e forte, permitindo que seus dentes estejam em equilíbrio e harmonia em uma posição mais protrusiva; a posição dos dentes e a espessura dos lábios fazem com que a face inferior pareça bastante convexa e, devido à inclinação do plano mandibular, a mandíbula mostra pouco pogônio.

A opção de conduzir um tratamento ortodôntico com extrações dentárias é controvertida, especialmente em casos limítrofes. Capelli, Cardoso e Rosenbach consideraram casos limítrofes como sendo aqueles que podem ser tratados com ou sem extrações. Rody e Araújo consideraram
que pacientes limítrofes têm algumas características como ausência de anomalias dentárias e craniofaciais, dentadura permanente, periodonto saudável e relação ântero-posterior normal entre maxila e mandíbula, sendo portadores de uma Classe I esquelética.

De maneira geral, a redução do esmalte interproximal também pode ser usada para favorecer as relações de overjet e overbite nos dentes anteriores, melhorar a forma dentária, promovendo maior estabilidade às áreas de contato interproximal, melhorar áreas de recessão gengival – pela
maior proximidade entre os dentes adjacentes – e reduzir o tempo de tratamento em comparação às terapias convencionais, evitando a complexidade da biomecânica com extrações.

Diferentes autores sugerem técnicas distintas. Jarvis utilizou, para a redução inicial do esmalte, brocas diamantadas ultrafinas com 0,9mm de diâmetro e dois comprimentos diferentes, de 2,5mm e 4mm – o polimento foi realizado com discos de acabamento extrafinos. Tavares e Juchem utilizaram, inicialmente, uma broca Carbide 699LC, seguida de broca diamantada extrafina 504ED. Para o polimento, usaram discos seguidos por tiras de lixa, usadas concomitantemente com flúor gel. Tuverson recomendou o uso de discos abrasivos para o desgaste de dentes anteriores e a abertura do campo de trabalho antes do procedimento com separador. Zhong et al. utilizaram discos Sof-Lex de granulação grossa, fina e ultrafina para obter superfícies lisas, eliminando quase totalmente as rugosidades deixadas pelo desgaste interproximal.

Imagens observadas ao microscópio eletrônico de varredura confirmaram que a menor rugosidade do esmalte desgastado é obtida pela técnica que utiliza brocas Carbide de tungstênio para redução interproximal do esmalte e acabamento e polimento com a sequência de discos Sof-Lex médio, fino e superfino.

Em relação à doença periodontal, não foi comprovado que a rugosidade provocada pelos desgastes interproximais fosse um fator predisponente ao desenvolvimento da mesma. Também em um estudo realizado por Crain e Sheridan não foram constatadas alterações nas alturas das cristas ósseas alveolares na observação de radiografias interproximais no pré e pós-tratamento e não houve diferenças significativas nos valores dos índices gengivais obtidos nas áreas interproximais desgastadas e nas áreas não tratadas, possibilitando a conclusão de que superfícies desgastadas não são mais suscetíveis à doença periodontal do que superfícies não tratadas. Em relação à proximidade radicular que pode ser encontrada após o tratamento ortodôntico e pode ser decorrente de reduções interproximais de esmalte, não foi considerada um fator predisponente a uma evolução mais rápida da doença periodontal.

Os autores concluiram neste artigo: que considerando-se casos limítrofes, a técnica de desgastes interproximais é indicada na resolução de discrepâncias no comprimento do arco dentário de até 8,5mm, a fim de evitar as extrações dentárias para pacientes com bom perfil facial. Preferencialmente, os dentes a serem desgastados devem ser largos, com forma triangular e paredes de esmalte espessas. É importante observar a discrepância de Bolton. Sugere-se para a execução da técnica o uso de: brocas Carbide 699L em alta rotação (para a remoção precisa do esmalte); discos Sof-Lex de granulação grossa, fina e ultrafina (para o acabamento e o polimento das superfícies desgastadas); e a aplicação tópica de fluoretos (visando aumentar a proteção do esmalte). O resultado final do tratamento foi considerado satisfatório e dentro dos padrões de normalidade apresentados pelos pacientes da raça negra.


Link do artigo na integra via Scielo:

domingo, 5 de abril de 2009

Pensamento da Semana


"De nada valem as idéias sem homens que possam pô-las em prática."


Karl Marx
1818 - 1883

Link sobre o autor:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx

sábado, 4 de abril de 2009

Novo espaço do Blog - Mande seus casos e trabalhos




Esta semana um amigo pessoal que acompanha o Blog, me deu uma sugestão e achei super interessante. Vamos abrir o espaço para todos os colegas mostrarem casos clinicos, fotografados inicio, meio e fim. Planejamento e execução do tratamento. Para desta forma, trocarmos experiências clinicas. E discutir os casos. As fotos só serão intra-bucais, telerradiografias, panorâmicas, traçados (O que o Autor julgar necessario). Fotos extra-bucais por enquanto não serão permitidas para preservar os pacientes.

Iremos abrir também espaço para divulgação de monografias e Teses, para com isso criar um banco de trabalhos cientificos da nossa especialidade e de livre acesso no Blog, serão aceitos arquivos com o trabalho completos no formato em PDF, constando em pagina separada um resumo do mesmo, que deverá ser feito pelo(s) autor(es).

Tudo já pode ser enviado pelo autor ou autores para o e-mail do BLOG. E toda semana divulgaremos um caso ou um trabalho dos nossos colegas. Acho uma forma democrática de aprendermos juntos.


Espero a participação de todos que nos acompanham, para desta forma, tornar nosso Blog mais interativo.

Abraço a todos,

Marlos Loiola

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Hipersensibilidade a Metais Utilizados durante o Tratamento Ortodontica








Neste artigo de 2007, publicado pela revista da Faculdade de Odontologia de Porto Alegre; pelos autores MACHADO, Eduardo; GREHS, Renésio Armindo; GREHS, Betina; MACHADO, Patrícia; da Disciplina de Ortodontia do Departamento de Estomatologia da Universidade Federal de Santa Maria, Rio Grande do Sul - Brasil. Aborda com revisão de literatura e relata um caso de hipersensibilidade ao material da aparatologia Ortodontica que gerou uma resposta inflamatória induzida.

Há uma grande variedade de metais que são rotineiramente utilizados em Odontologia. Dessa forma, existe uma preocupação crescente com a biocompatibilidade dos materiais dentários utilizados, devido ao aumento da freqüência das reações alérgicas e do conhecimento acerca das possíveis reações alérgicas advindas durante os tratamentos realizados (STENMAN et al., 1989).

Sabe-se que alguns dos sinais e sintomas intra-orais característicos a alergia ao níquel são: estomatite com médio a severo eritema, pápula peri-oral, sensação de queimação, perda de gosto ou gosto metálico e presença de gengivite severa com ausência de placa bacteriana. Já os sinais e sintomas extra-orais mais comuns estão relacionados à urticária generalizada, eczema espalhado, dermatite alérgica e exacerbação de eczema pré-existente (RAHILLY et al., 2003).

Alguns materiais comumente utilizados na prática odontológica, cujos seus componentes são reconhecidamente alergênicos, incluem metais como níquel, cobalto e cromo, além de monômeros de metil-metacrilato e outras substâncias orgânicas utilizados em aparelhos removíveis e fixos (EL AGROUDI et al., 1986; MUNKSGAARD, 1992).

O ouro foi utilizado em Ortodontia para a fabricação de acessórios até meados de 1940. Em 1929 o aço foi usado pela primeira vez para substituir o ouro. Hoje inúmeras ligas metálicas são utilizadas na especialidade da Ortodontia, como cobalto-cromo, níquel-titânio, beta-titânio, além de outras, sendo que a grande maioria apresenta o níquel entre seus constituintes (GRIMSDOTTIR et al., 1992; WATAH, 2000). Segundo Moffa et al., 1977, o níquel tem a maior capacidade de gerar reações alérgicas em relação a todos os outros metais combinados.

Uma resposta alérgica é uma etapa na qual certos componentes do sistema imune reagem excessivamente a uma substância estranha. O níquel produz dermatite de contato, a qual é uma resposta imune de hipersensibilidade do tipo IV (VAN LOON et al., 1988). Esse processo apresenta duas fases distintas interligadas. A fase da sensibilização ocorre no momento que o alérgeno entra no corpo, é identificado e a resposta ocorre. Já a fase de retirada ocorre depois da re-exposição ao alérgeno a ao aparecimento total da reação clínica. Podem não haver sinais e sintomas no momento inicial da exposição, mas a exposição subseqüente conduz a reações mais visíveis (RAHILLY et al., 2003).

Em alguns pacientes ortodônticos pode ocorrer uma resposta inflamatória induzida pela corrosão das estruturas do aparelho ortodôntico e subseqüente liberação de íons níquel, sendo essa resposta inflamatória chamada de estomatite (BISHARA et al., 1993; DE SILVA et al., 2000). O contato com o níquel em pessoas susceptíveis pode desencadear uma série de reações de hipersensibilidade, sendo uma das causas mais comuns a dermatite de contato, especialmente em mulheres. Na fase inicial, as lesões clínicas apresentam características variadas dependendo da concentração e intensidade da exposição, presença de barreiras locais e a área afetada (CARVALHO, 1995; DOU et al., 2003).

O diagnóstico da estomatite de contato devido à alergia ao níquel é de difícil estabelecimento, sendo mais difícil de ser realizado na mucosa oral do que na pele, podendo ser confundido com injúrias mecânicas, lesões autoimunes, estomatite apoptótica e pobre higiene oral (BASS et al., 1993; KEROSUO et al., 1996). A sensibilidade ao níquel pode ser avaliada por testes de biocompatibilidade, incluindo testes de sensibilidade cutânea e testes de reatividade in vitro (MENNÉ et al., 1987; MARIGO et al., 2003).

Inúmeros estudos têm buscado avaliar a ocorrência de reações alérgicas devido à hipersensibilidade a metais, visto que levantamentos epidemiológicos têm demonstrado que o número de pessoas com sensibilidade ao níquel aumentou aproximadamente 20% (JONES et al., 1986; BASS et al., 1993; KERUSUO et al., 1996). Prystowsky et al., 1979, avaliaram uma amostra de 1158 adultos e entre seus achados verificaram que 5,8% apresentavam reação positiva a sulfato de níquel a 2,5%, existindo um maior acometimento do sexo feminino. Dentre os pacientes que apresentavam dermatite de contato, 11% apresentaram reação positiva ao níquel.

Levrini et al., 2006, avaliaram a possibilidade da ocorrência de alergias de contato devido à liberação de íons níquel. Foram coletados 100 fios de cabelo intactos de 15 pacientes que utilizavam aparelhos ortodônticos, sendo que esses haviam sido lavados 12 a 24 horas antes da coleta para limitar a contaminação do meio. Além disso, os mesmos procedimentos também foram realizados em um grupo controle. As amostras de cabelo foram coletadas de 3 diferentes áreas: frontal, cimo e occipital. Os resultados mostraram não haver diferença significativa nas concentrações de íons níquel dos grupos teste e controle, não havendo liberação de níquel significativa para ser considerada como um fator de risco para a saúde dos pacientes avaliados. Os autores também confirmaram que a absorção intestinal de níquel na boca em decorrência da utilização de aparelhos ortodônticos é muito menor que a absorção de íons níquel devido a dieta do indivíduo.

Os níveis de níquel na urina antes do início do tratamento ortodôntico fixo e durante o tratamento, foram avaliados por Menezes et al., 2007. As amostras de urina de 21 pacientes (12 mulheres e 9 homens) foram coletadas antes da instalação do aparelho fixo e 2 meses após o início do tratamento. Os resultados demonstraram que os níveis de níquel aumentaram significativamente após o início do tratamento ortodôntico, sendo os achados similares em ambos os sexos.

Ao se iniciar tratamentos ortodônticos, principalmente tratamentos corretivos com dispositivos metálicos aderidos à superfície do esmalte dentário, é importante a realização de uma anamnese completa e com o máximo possível de informações acerca da saúde do paciente, verificando a história médica e presença de reações alérgicas pregressas.

Para a especialidade da Ortodontia uma vez constatado a hipersensibilidade a metais do paciente, atualmente pode-se optar pela utilização de braquetes cerâmicos e fios metálicos com cobertura de material plástico inócuos, evitando-se assim maiores problemas periodontais.


Link do Artigo na Integra via seer.ufrgs: