ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: agosto 2013

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Ultra-som pulsátil de baixa intensidade na aceleração da movimentação dentária através de ativação da via de sinalização BMP-2




Neste artigo de 2013, publicado pela PLOS ONE, pelos autores Hui Xue, Jun Zheng, Ziping Cui, Xiufeng Bai, Gang Li, Caidi Zhang, Sanhu He, Weihong Li,Shayanne A. Lajud, Yinzhong Duan, Hong Zhou. Do Department of Orthodontics, School of Stomatology, Fourth Military Medical University, Xi’an, China, Department of Dentistry, Hegang People’s Hospital, Hegang, China, Department of Oral and Maxillofacial Surgery, Stomatological Hospital of Xi’an Jiaotong University, Xi’an, China, Department of Digestive Diseases, Hegang People’s Hospital, Hegang, China, Department of Orthodontics, Stomatological Hospital of Xi’an Jiaotong University, Xi’an, China, Department of Orthodontics, Stomatological Hospital of Wenzhou Medical College, Wenzhou, China, Department of Otorhinolaryngology-Head and Neck Surgery, University of Pennsylvania School of Medicine, Philadelphia, Pennsylvania. Mostra um estudo ligado a expressão do BMP através do estimulo com ultra-som sobre a taxa de movimentação dentaria. 

O presente estudo foi desenhado para determinar o mecanismo subjacente no ultra-som pulsátil de baixa intensidade (LIPUS,) a remodelação óssea alveolar induzida e o papel da expressão da BMP-2 em um modelo de movimentação ortodôntica em ratos.

Aparelhos ortodônticos foram colocados entre os primeiros molares  superiores e os incisivos centrais superiores em ratos sob anestesia geral, seguido por aplicações diáriaso de 20 min LIPUS ou tratamento LIPUS simulado no início do dia 0. Distâncias de movimentação dentária e alterações moleculares foram avaliadas em cada ponto de observação. Os estudos in vitro e in vivo foram realizados para detectar o HGF (fator de crescimento de hepatócitos) / vias de sinalização Runx2/BMP-2  e da expressão do ativador de receptor de NF-kB ligante (RANKL)  por PCR em tempo real quantitativo (qRT-PCR), Western blot e imuno-histoquímica. 

No dia 3, o USP não teve nenhum efeito sobre a distância de movimento ortodôntico no rato  e na remodelação do osso alveolar BMP-2 induzida. Contudo, começando no dia 5 e para os seguintes pontos de tempo, o USP aumentou significativamente a distância movimentação ortodôntica e o BMP-2 e a sinalização da expressão RANKL, comparado com o grupo de controle. O qRT-PCR e os dados de Western blot, in vitro e in vivo para estudar a expressão de BMP-2 foram consistentes com as observações de imunohistoquímica.

O presente estudo demonstra que a LIPUS promove a remodelação do osso alveolar, estimulando a via de sinalização HGF/Runx2/BMP-2 e a expressão RANKL em um modelo de movimentação ortodôntica rato, e a LIPUS aumentou a expressão da BMP-2 via regulamentação do Runx2.

Link do artigo na integra via  ncbi:

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Avaliação dos efeitos de diferentes configurações de superfície na estabilidade de mini-implantes




Neste artigo de 2013, publicado pelo The Scientific World Journal, pelos autores Tolga Topcuoglu, A. AltuL Bicakci, M. Cihat Avunduk, Z. Deniz Sahin Inan, do Department of Orthodontics, School of Dentistry, University of Gaziantep, Sehitkamil, Gaziantep, Turkey,  Department of Orthodontics, School of Dentistry, University of Cumhuriyet, Sivas, Turkey, Department of Pathology, Meram Medical Faculty, University of Selcuk, Konya, Turke e do Department of Histology and Embryology, School of Medicine, Sivas, Turkey. Mostra um estudo histologico realizado com mini implantes ortodonticos com o objetivo de analizar a sua superfície e aplicação de força e seus efeitos na estabillidade do mesmo.

O objetivo deste estudo foi analisar os efeitos do desenho do parafuso e aplicação de força na estabilidade dos mini-implantes, usando RTT, SEM, e análise histomorfométrica.

Oitenta mini-implantes, auto-perfurantes e  de liga de Ti6Al4V (1,6 × 6 mm) foram utilizados. Quatro mini-parafusos foram inseridos em fíbulas de cada coelho, e 115 g de força foi imediatamente aplicada. Quatro miniparafusos foram inseridos no outros fíbulas, no qual foi aplicada qualquer força. Oito semanas após a inserção, a osseointegração entre miniparafuso e o osso circundante foi avaliada pelas análises histomorfométricas, SEM, e RTT. Os testes t pareado e Kruskal-Wallis foram utilizados para a análise estatística. 

Os valores obtidos a partir do Grupo I foram significativamente maiores do que aqueles dos outros grupos carregados. Não houve diferenças nas pontuações RTT entre os Grupos. Achados semelhantes também foram observados para os mini-parafusos descarregados (Sem força). Não houve diferença significativa entre os Grupos I e IC, enquanto as diferenças entre os controles carregados (Com força) e descarregadas (Sem força) em cada miniparafuso, foram estatisticamente significativas.

Os autores concluiram que os Mini-implantes de carga imediata não prejudicam a estabilidade do parafuso. Além disso, o diâmetro do miniparafuso e os locais de inserção mais frequentes tem um efeito positivo sobre a estabilidade, no entanto, o comprimento do mini-implantes não tem um efeito significativo sobre a estabilidade. 

Link do artigo na integra via ncbi :

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Abordagem ortodôntica frente ao paciente periodontal adulto



Neste artigo publicado em 2003, pela Revista Stomatos, pelos autores Mauro Cordeiro D’Ornellas, Luciane Hahn, Ernani Menezes Marchioro; da disciplina e especialização em Ortodontia do Curso de Odontologia da ULBRA - Canoas - Rio Grande do Sul. Discorre sobre a conduta ortodôntica perante o paciente adulto acometido de doença periodontal, com as considerações biomecânicas, indicações, contra-indicações, vantagens, desvantagens e limitações, não deixando de expor também as expectativas do mesmo.

Atualmente observa-se uma grande e crescente procura pelo tratamento ortodôntico por parte dos adultos. Estes pacientes, algumas vezes, estão acometidos de doença periodontal que apresenta uma série de conseqüências desagradáveis. Sendo assim, ao optar-se por um tratamento ortodôntico em circunstância tão adversa, o cirurgião-dentista deve-se estar ciente de como proceder para o sucesso da terapia ortodôntica que há de ser aplicada.

Segundo a literatura (Taichman, Lindhe, 1992; Lascala, Moussalli, 1993; Sanders, 1999; Johal, Ide, 1999; Janson, Janson, Ferreira, 2001), a doença periodontal é definida como uma reação inflamatória à presença da placa bacteriana.

Para Rabie, Deng, Jin (1998) e Sanders (1999), a retenção de placa bacteriana compreende o principal fator etiológico da doença periodontal. Entre outros fatores, o mal posicionamento dentário tem sido considerado um importante fator etiológico predisponente à doença periodontal (Diedrich, 1996; Rabie, Deng, Jin, 1998). Lascala, Moussalli (1993), Harfin 1999) e Tamburus, Teixeira, Garbin (2002), afirmaram que este constituía um fator de manutenção ou um agravante em relação à enfermidade periodontal, na medida em que dificultaria o controle da placa bacteriana pelo paciente, levando a uma má ou pobre higiene dentária.

A doença periodontal caracteriza-se primeiramente por alterações de cor e textura gengivais (Nyman, Lindhe, 1992). Quanto à alteração de cor, a gengiva torna-se vermelha a partir das papilas e a tumefação também pode se fazer presente (Lascala, Moussalli, 1993). A mesma, segundo Lascala, Moussalli (1993) compromete o contorno e a forma gengival. Há, por fim, a ocorrência de sangramento, provocado à sondagem na área do sulco ou bolsa periodontal (Nyman, Lindhe, 1992). De acordo com Wennström et al. (1993), o desenvolvimento da doença periodontal pode resultar na formação de crateras ósseas, defeitos ósseos angulares com tecido conjuntivo inflamado e num epitélio dentogengival localizado apicalmente à crista do osso alveolar.

Radiograficamente, a doença pode ser reconhecida pela redução da altura do osso alveolar de suporte. Se a perda óssea progrediu em ritmo semelhante em uma certa parte da dentição, o contorno da crista do osso remanescente é igual nas radiografias: perda óssea horizontal. Defeitos ósseos angulares representam a conseqüência de perda óssea que ocorreu em ritmos diferentes ao redor de dentes e/ou superfícies diferentes: perda óssea vertical (Nyman, Lindhe, 1992).

Uma das conseqüências mais comuns da doença periodontal no paciente adulto é a mudança de posição e de inclinação de um ou mais dentes (Ong, Wang, Smith, 1998; Harfin, 1999). Classicamente, o paciente apresenta o segmento labial superior acometido de rotações, extrusões, formação de espaços irregulares (Brunsvold, Zammit, Dongari, 1997; Johal, Ide, 1999), projeções para a região anterior (Johal, Ide, 1999), geralmente em forma de leque (Brunsvold, Zammit, Dongari, 1997; Melsen, Kalia, 2001) e inclinações para espaços edêntulos (Brunsvold, Zammit, Dongari, 1997).

É importante salientar que o tratamento ortodôntico não pode ser iniciado antes de uma terapia periodontal apropriada, visando o controle da inflamação (Capelozza et al., 2001; Janson, Janson, Ferreira, 2001; Cardaropoli et al., 2001; Tamburus, Teixeira, Garbin, 2002). Segundo Capelozza et al. (2001); Cardaropoli et al. (2001), a mesma deve ser mantida durante a terapia ortodôntica. Melsen, Kalia (2001); Tamburus, Teixeira, Garbin(2002) afirmaram que a inflamação deveria ser controlada não somente antes e durante, como também após a movimentação ortodôntica. Desta forma, Nett, Cirtu(2000) sugeriram um programa de manutenção periodontal de três meses, após o tratamento ortodôntico. Já Melsen, Kalia (2001) propuseram que o mesmo fosse mantido de forma permanente. De acordo com Tulloch (1995) e Johal, Lee (1998), o tratamento ortodôntico somente começaria após um período de 6 meses, onde os tecidos periodontais estariam estabilizados e destituídos da inflamação ativa. Para Cardaropoli et al. (2001), 7 a 10 dias após os procedimentos periodontais já seria possível instituir a mecanoterapia ortodôntica.

Segundo a literatura (Rabie, Deng, Jin, 1998; Sanders, 1999; Nett, Cirtu, 2000; Melsen, Kalia, 2001; Cardaropoli et al., 2001), o tratamento dos pacientes envolve uma ação multidisciplinar onde o periodontista, o clínico-geral e o ortodontista buscam o tratamento mais adequado para o paciente adulto.

No tratamento ortodôntico propriamente dito pode-se lançar mão de movimentos intrusivos(Nicolay, Fine, 1999; Aguirre-Zorzano et al., 1999; Cardaropoli et al., 2001; Janson, Janson, Ferreira, 2001), extrusivos (Ong, Wang, Smith, 1998; Sanders, 1999; Janson, Janson, Ferreira, 2001), de corpo (Ong, Wang, Smith, 1998; Sanders, 1999), de verticalização (Melsen, Agerbaek, Markenstam, 1989; Janson, Janson, Ferreira, 2001) e de inclinação (Duncan, 1997b; Ong, Wang, Smith, 1998). Por outro lado, alguns autores contra-indicam determinados movimentos tais como o de intrusão (Tulloch, 1995), o de inclinação e o extrusivo, quando agravante da situação periodontal (Proffit, 1995; Sanders, 1999).

Segundo Thilander (1992) e Ong, Wang, Smith (1998), de uma maneira geral, a força aplicada inicia num grau leve, em torno de 20 a 30g por dente, aumentando para 30 a 50g nos movimentos de inclinação e 50 a 80g nos movimentos de corpo, dependendo do grau de perda óssea marginal e da quantidade de osso alveolar remanescente. Especificamente, nos movimentos intrusivos, a força pode variar de 5 a 15g por dente (Ong, Wang, Smith, 1998; Johal, Ide, 1999) ou, segundo Rabie, Deng, Jin (1988) e Cardaropoli et al. (2001), de 10 a 15g. Já a força extrusiva, segundo Frank, Pearson, Booker (1995), pode manter-se entre 25 e 100g/cm2. Em relação à natureza da força, a mesma deve apresentar-se leve (Johal, IDE, 1999; Capelozza et al., 2001), intermitente (Thilander, 1992; Ong, Wang, Smith, 1998) e individualizada numa relação direta com a quantidade de periodonto de inserção (Tamburus, Teixeira, Garbin, 2002), sendo reativada a cada três ou quatro semanas (Thilander, 1992). Já, Harfin (1999) sugeriu individualizar o período de tempo entre uma ativação e outra.

Segundo Diedrich (1996), há a necessidade de uma abordagem biomecânica diferenciada frente a uma condição de perda de inserção, pois a mesma se traduz com reduzida superfície radicular frente ao osso, migração apical do centro de resistência e qualidade de ancoragem decrescente. Sendo assim, é necessário adaptação na magnitude da força, imprimindo um sistema de forças (força e momento) adequado, visando o tipo de movimento dentário desejado.

A forma de contenção dos dentes após o tratamento apresenta variações, podendo ser temporária, semi-permanente ou permanente (Thilander, 1992). Segundo Aguirre-Zorzano et al. (1999) e Harfin (1999), a contenção apresenta-se de forma permanente com fio ortodôntico trançado, colado na face palatina ou lingual de cada dente que foi movimentado. Já Johal, Lee (1998) e Johal, Ide (1999), sugeriram a colagem e também uma placa de Hawley, como segurança. Proffit (1995) preconizou como contenção, a curto prazo, a moldeira de plástico adaptada a vácuo, o splint oclusal ou a placa wraparound. Melsen, Kalia (2001) propuseram o uso de um splint removível ao dormir. Cardaropoli et al. (2001) indicaram a colagem de um dente ao outro, na região interproximal, com resina composta. De qualquer forma, segundo a literatura, é necessário que a contenção seja fixa e por um longo período, visando a diminuição dos movimentos secundários dos dentes e criando condições favoráveis para recuperação óssea (Tamburus, Teixeira, Garbin, 2002).

Segundo Tulloch (1995), entre as indicações têm-se a facilitação do tratamento restaurador, o melhoramento da saúde periodontal e o estabelecimento de uma proporção coroa-raiz favorável numa orientação vertical, fazendo com que as forças oclusais sejam transmitidas no sentido do longo eixo dos dentes.

De uma forma ampla, segundo a literatura, a estética e a função constituem fatores indicativos plausíveis de tratamento (Lascala, Moussalli, 1993; Feres, 1999). Para Fastlicht (1982) e Tamburus, Teixeira, Garbin (2002), assim como a estética e a função são importantes, o aspecto psicológico do paciente também consta da indicação.

Segundo Aguirre-Zorzano et al. (1999), a simples presença de placa bacteriana contra-indica o tratamento ortodôntico. Para Capelozza et al. (2001) e Janson, Janson, Ferreira (2001), a presença da inflamação é que constitui contraindicação. De acordo com Diedrich (1996), dentes com um prognóstico questionável apresentando perda de inserção acima do terço apical, envolvimento de furca avançado e formas avançadas de periodontite – periodontite de rápida progressão – devem ser tratados ortodonticamente somente em casos excepcionais.

Nicolay, Fine (1999) e Tamburus, Teixeira, Garbin (2002) apresentaram contra-indicações do tratamento ortodôntico as quais incluiam problemas sistêmicos que dificultam o controle do tratamento, falta de cooperação e motivação do paciente, falta de controle do processo inflamatório e infeccioso, inabilidade para conter os dentes nas novas posições obtidas e movimento ortodôntico resultando numa oclusão instável. Tamburus, Teixeira, Garbin (2002) colocaram a perda óssea acentuada ao nível do processo alveolar como importante contra-indicação.

Segundo a literatura, há inúmeras vantagens da realização do tratamento ortodôntico em pacientes com problemas periodontais. Entre elas destaca-se: o melhor acesso para higienização
(Cardaropoli et al., 2001; Capelozza et al., 2001), a redução das cargas não axiais (Duncan, 1997a; Rabie, Deng, Jin, 1998; Janson, Janson, Ferreira, 2001), o ganho de inserção (Janson, Janson, Ferreira, 2001), a redução dos defeitos ósseos (Janson, Janson, Ferreira, 2001), a restituição da oclusão incisal (Cardaropoli et al., 2001; Capelozza et al., 2001) a melhora da anatomia periodontal (Rabie, Deng, Jin, 1998; Cardaropoli et al., 2001; Janson, Janson, Ferreira, 2001), o aumento do selamento labial (Duncan, 1997a), a melhora no comprimento da coroa clínica e dos níveis de margem óssea (Cardaropoli et al., 2001), a estimulação do processo de cicatrização óssea e periodontal e o uso do movimento ortodôntico como subsídio na preparação de futuros sítios para colocação de implantes.

Capelozza et al. (2001) e Janson, Janson, Ferreira (2001), citaram a dificuldade na manutenção da limpeza da aparelhagem quanto a remoção da placa. Isto é comum em virtude do aparelho favorecer a formação e a retenção da mesma (Tamburus, Teixeira, Garbin, 2002). Duncan (1997a) comentou a respeito do aumento da mobilidade dental durante o tratamento. Diedrich (1996) salientou que o tratamento ortodôntico não apresentava garantias quanto à existência de um efeito global profilático, evitando toda e qualquer recorrência de doença periodontal futura.

Ao longo do diagnóstico e planejamento ortodôntico do paciente adulto com problemas periodontais, alguns pontos extremamente importantes devem ser considerados na busca do sucesso da terapêutica ortodôntica.

Primeiramente, deve-se sanar todo e qualquer processo inflamatório pré-existente para realmente iniciar a movimentação ortodôntica. O acompanhamento de um periodontista é essencial, não só antes, como também durante e após o tratamento. A ancoragem deverá ser reforçada e a força aplicada deverá ser leve e intermitente, respeitando a integridade periodontal remanescente.

Os períodos de reativação serão de 3 a 4 semanas, podendo ser aumentados em virtude das particularidades individuais envolvidas. O tratamento ortodôntico aplicado nesta circunstância visa o restabelecimento estético e funcional somente dos dentes migrados, não tendo a pretensão de ser uma terapia ortodôntica corretiva total.


Link do artigo na integra via ULBRA:

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Ajuste oclusal pós-tratamento ortodôntico em pacientes que não apresentam disfunção temporomandibular


Neste artigo de 2009, publicado pela Revista Inst Ciências Saúde, pelos autores Luís Paulo Ferreira Bellini; Cristina Lúcia Feijó Ortolani; Kurt Faltin Júnior; Sandra Maria Nobre David; Antonio Francisco David; da Escola de Aperfeiçoamento Profissional do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas (APCD) – Regional de São Bernardo do Campo; da Disciplina de Ortodontia da Universidade Paulista (UNIP); do Curso de Especialização em Radiologia odontológica e Imaginologia da APCD Regional de São Caetano do Sul - São Paulo. Realiza uma revisão da literatura a respeito da necessidade do ajuste oclusal por desgaste seletivo pós-tratamento ortodôntico em pacientes que não apresentavam disfunção temporomandibular, visto que é um procedimento clínico que tem como finalidade obter uma estabilidade mandibular, livre de prematuridades e interferências oclusais.


O equilíbrio oclusal (ajuste oclusal) é a remodelação sistemática da anatomia oclusal dos dentes, a fim de minimizar todas as desarmonias oclusais nas posições oclusais mandibulares reflexas. A função balanceada é um fator desejado no desenvolvimento normal da oclusão, já que mordidas cruzadas funcionais ou maloclusões funcionais Classe II ou Classe III podem, com o tempo, criar complicações esqueléticas e disfunção temporomandibular.

O ajuste oclusal é uma técnica que envolve desgaste dentário, ou seja, perda de estrutura dentária hígida e se não for executada por profissional capacitado, pode ser fator iatrogênico determinante para um futuro problema que o paciente possa apresentar. Por esse motivo a utilização deste procedimento ainda gera opiniões diversas como uma técnica de tratamento preventivo em todos os pacientes pós-ortodônticos, principalmente os que não apresentam disfunção temporomandibular.


O ajuste oclusal, quando bem indicado, poderá levar a essa harmonia, evitando ou minimizando sobrecargas para determinado elemento desse sistema. O ajuste oclusal pode ser utilizado pelos ortodontistas como um complemento do tratamento ortodôntico, visando uma distribuição das forças oclusais o mais natural possível, eliminando interferências e traumas oclusais, que levariam a um desequilíbrio oclusal propiciando as recidivas e possíveis problemas de disfunção temporomandibular. Dentre as indicações, pode-se citar as razões de Moyers:


• estabilizar a oclusão corrigida
• alterar a deglutição anormal favorável e outros reflexos
• promover um meio funcional favorável para as mudanças de desenvolvimento
• fornecer um desgaste artificial para aquelas faces oclusais na maloclusão estabelecida que eram
usadas de maneira anormal
• minimizar os deslizes oclusais provenientes de interferências causa principal de apinhamento
incisal inferior durante a retenção.


Conforme citado por Angle (1899) o princípio básico da oclusão normal é o fundamento que rege a Ortodontia contemporânea. Esse conceito somente considerava a relação normal dos planos inclinados oclusais dos dentes com os arcos em oclusão como pré-requisito para a obtenção da chamada oclusão normal. O autor foi o pioneiro neste campo, pois, por meio de observações em uma coleção de crânios, reuniu as informações que considerou necessárias para formular seu conceito de oclusão normal. Enquanto sua forte influência prevaleceu, outras idéias eram rejeitadas. Somente após a sua morte, novos estudos tiveram seu valor reconhecido.


Roth(1981), e Roth e Rolfs(1981) afirmaram que um objetivo do tratamento ortodôntico seria o de produzir um resultado no qual a relação cêntrica e a máxima intercuspidação habitual coincidissem e em que, em relação cêntrica, todos os dentes opostos contactassem seus antagonistas simultaneamente, com a ausência de qualquer deslize mandibular, e, nas excursões excêntricas, os dentes anteriores, especialmente os caninos, desarticulassem os posteriores após um leve movimento. Além disto, acredita-se que o quanto mais próximo desta relação, mais estável será o resultado do tratamento ortodôntico e menor o risco de trauma oclusal.


Okeson (1992) definiu o ajuste oclusal como um equilíbrio da oclusão por meio de desgastes seletivos e afirmou que o uso deste procedimento é limitado pelo fato de serem permanentes e irreversíveis. Desgastes seletivos estão indicados para eliminar uma desordem temporomandibular e como tratamento complementar, associados com mudanças oclusais ao tratamento ortodôntico, por exemplo. Afirmou também que ajustes oclusais por desgastes são a eliminação do deslize das posições de relação cêntrica para máxima intercuspidação. O deslize da mandíbula é causado pela instabilidade dos contatos entre vertentes de dentes opostos. Quando a ponta de cúspide contata uma superfície plana em relação cêntrica e uma força é aplicada pelos músculos elevadores da mandíbula, não ocorre deslize. Assim, para se conseguirem contatos aceitáveis em relação cêntrica, deve-se alterar ou recontornar todas as vertentes em ponta de cúspide ou superfície plana. O desgaste de interferências durante os movimentos excêntricos tem como objetivo, complementar o aspecto funcional dos contatos dentários, que irão servir para guiar a mandíbula por meio destes movimentos. Em função, os dentes posteriores não são apropriados para receber forças geradas nos movimentos excêntricos e desgastes são realizados para que somente os dentes anteriores façam a desoclusão bilateral dos dentes posteriores.


Roth (2003) afirmou que o tratamento ortodôntico é uma forma de reabilitação bucal completa, obtida clinicamente em esmalte e, como tal, deve seguir as regras de oclusão exigidas para obter-se saúde bucal em longo prazo, em odontologia restauradora e protética, se os ortodontistas pretendem prover um serviço de saúde verdadeiro. O autor afirma também a importância da relação entre a oclusão e a articulação temporomandibular, e, além disso, a oclusão, se alterada, deve ser modificada para estar em harmonia com a posição articular ótima no fechamento e nos movimentos bordejantes. A estabilidade não será obtida na ausência de uma articulação estável, em posição articular também estável, além de contatos interoclusais cêntricos apropriados, com desoclusão dos dentes posteriores quando em movimento.

Conclusões

1. Após avaliar a opinião de diversos pesquisadores, conclui-se que o ajuste oclusal é um recurso muito importante e útil para o cirurgião-dentista e em especial para o ortodontista, na finalização de seus casos. Por meio dele pode-se obter uma estabilidade mandibular adequada, livre de prematuridades e interferências oclusais, visto que as interferências oclusais são fatores que levam à recidiva, apinhamentos e disfunções da articulação temporomandibular e devem ser eliminados. O ajuste oclusal por desgaste seletivo é um recurso terapêutico pela qual consegue-se uma estabilidade da oclusão, porém deve-se sempre levar em consideração que é um procedimento irreversível e para realizá-lo, o profissional deve ter um conhecimento profundo de oclusão e da função do sistema estomatognático. Os conceitos de relação cêntrica, oclusão cêntrica, máxima intercuspidação, movimentos excursivos mandibulares devem estar muito claros para o profissional, assim como a necessidade de se fazer uma avaliação prévia do caso com montagem dos modelos em articulador semi-ajustável e uma análise criteriosa de todas as funções mastigatórias.


2. Concluí-se também que o ideal seria iniciar o tratamento ortodôntico com o diagnóstico feito em relação cêntrica e a finalização também, mesmo que para se chegar a essa relação seja indicado o ajuste oclusal por desgaste seletivo, proporcionando contatos bilaterais e simultâneos em relação cêntrica, eliminação de prematuridades e interferências oclusais, promovendo uma guia anterior harmônica, distribuição axial das forças oclusais, contatos posteriores mais fortes do que os contatos anteriores em máxima intercuspidação. Todas essas referências vão proporcionar uma oclusão equilibrada, diminuindo a ocorrência de recidivas após o tratamento ortodôntico, e prevenindo futuros problemas na articulação temporomandibular.




Link do artigo na intgra via Lidbi Bireme:


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Quantidade de tecido ósseo relacionado à inclinação dos incisivos superiores

 O conhecimento das características do periodonto, antes de se iniciar o tratamento, é de extrema importância na determinação do risco do paciente em desenvolver problemas periodontais futuros quando da movimentação dentária induzida.

Este estudo realizado no Brasil, pelos autores, Ana Carla Raphaelli Nahás-Scocate, Aluana de Siqueira Brandão, Mayara Paim Patel, Michel Eli Lipiec-Ximenez, Israel Chilvarquer e Karyna Martins do Valle-Corotti, avaliou a quantidade de tecido ósseo de suporte vestibular e lingual de 60 incisivos centrais superiores e a relação com suas respectivas inclinações dentárias (1.PP).



Trinta pacientes adultos, sem tratamento ortodôntico prévio, foram avaliados por meio da tomografia computadorizada de feixe cônico. Quantificou-se o tecido ósseo nos terços cervical, médio e apical em cortes sagitais.

Concluiu-se que a quantidade de tecido ósseo na região apical era maior que as regiões média e cervical, e a região média maior que a região cervical e que quanto maior era o 1.PP maior era a quantidade de osso na região apical vestibular, porém com valores do coeficiente baixos.

Gostaria de parabenizar os autores pela publicação em tão renomada revista e pela seriedade com que conduzem suas pesquisas, em especial a Prof.Dra. Ana Carla Raphaelli Nahás-Scocate.


Clique aqui para ver PDF completo do artigo via Angle Ortodontist.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

OrtoPodCast Episódio 32 - Ortodontia na web. Você usa a web a seu favor?




Não sabe o que é um podcast? Temos um post que responde sua dúvida: O que é PODCAST.

Uma conversa informal com dois dos maiores nomes relacionados à ortodontia na web. Prof. Dr. Adriano Araújo (Orthoi) e Dr. George Bueno (Bueno Ortodontia). Pela primeira vez, os 3 canais de podcast do Brasil, juntos. Dicas para que ainda não tem conteúdo próprio na internet e para quem está começando.

1. Ortodontia na web
1.1 Blogs, casts, sites.
1.2 Redes sociais (Facebook, Twitter, Google Plus, etc.)
1.3 Videos

Para os próximos episódios temos:


2. Tendências de ensino
2.1 Webnars
2.2 Congressos (modernidades)
2.3 EAD (funcionam para Ortodontia?)
2.4 Tele-ortodontia

3. Tendências clínicas e científicas
3.1 Customização de aparelhos (harmony, incognito)
3.2 Setup virtual
3.3 Modelos tridimensionais (scaneados e gerados de TCFC)
3.4 Ortodontia Acelerada (Corticotomia, Laser, etc)
3.5 DSD (Digital smile design) e estética

Nao percam!

Faça a sua avaliação do podcast agora mesmo:

Não é usuário dos iTrecos? Acesse a página e faça os dowloads de todos os episodios:







domingo, 4 de agosto de 2013

Pensamento da Semana



"O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis."

José de Alencar