ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: abril 2010

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Estudo da Interface da estrutura localizada entre os mini-implantes de titânio e tecidos periodontais





Neste artigo de 2010, publicado pela Angle Orthodontist, pelos autores Jaqueline Carvalho Rinaldi; Victor E. Arana-Chavez; da Divisão de Biologia Oral, Faculdade de odontologia, Universidade de Sao Paulo, São Paulo, Brasil. Mostra um estudo com microscopia e cortes histológicos de tecidos periodontais de ratos proximos aos mini implantes ortodonticos.

O objetivo deste estudo foi descrever uma ultra-estrutura da interface entre tecidos periodontais e os mini-implantes de titânio em mandíbula de ratos.

Mini-implantes de titânio foram colocados entre as raízes vestibulares de primeiros molares inferiores de 24 ratos adultos. Após 21, 30, 45, 60, 90 e 120 dias de implantação, a porção mandibular foi removida e fixada em tampão cacodilato de glutaraldeído a 2% + 2,5% de formaldeído. O material foi descalcificado e processado para se realizar varredura e microscopia eletrônica de transmissão.

A análise ultraestrutural revelou uma fina camada de cemento, como às vezes mais após a implantação nas áreas em que o ligamento periodontal entrou em contato com o implante.

O osso alveolar e o ligamento periodontal se reorganizaram, bem como os seus componentes ao redor do implante, e uma fina camada de cemento-like foi formada em tempos mais longos após a implantação nas áreas em que o ligamento periodontal entrou em contato com o implante.


Link do artigo na integra via Angle Orthodontist:

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Influência da Disfunção Temporomandibular Muscular nas Alterações da Qualidade Vocal


Neste artigo de 2010, publicado pela Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial, pelos autores Adriano Rockland; Ana Valéria Alves Teixeira; Janieny Vieira da Silva; Saulo André de Andrade Lima; Amilcar Viana de Oliveira; da Pós-graduação em Motricidade Oro-facial do Instituto Superior de Saúde do Alto Ave - Isave; do Departamento de Fonoaudiologia do UNiCEUMA – Centro Universitário do Maranhão; do curso de Especialização em Ortodontia do Uniceuma. Aborda-se a disfunção temporomandibular muscular que gera alterações no mecanismo craniocervicomandibular, alterando a fonoarticulação e influenciando a qualidade vocal. As alterações na amplitude mandibular e articulatória diminuem a harmonia das estruturas responsáveis pela fonoarticulação levando ao desenvolvimento de disfonia.

A comunicação é uma capacidade de expressão desenvolvida pelos seres vivos e aperfeiçoada no processo evolutivo das espécies. Em geral, a fonação é atribuída como característica exclusiva do ser humano, no entanto, todos os animais podem emitir vozes, às vezes, com propósito específico, e não como sons emitidos por acaso, embora a linguagem possa ser encontrada em todas as espécies animais, a fala é uma das funções mais estudadas no ser humano que tem desenvolvido
essa forma de comunicação.

Para a execução da fonação e articulação é necessário desenvolver uma sequência correcta nos movimentos mandibulares associados a uma precisão articulatória, desenvolvida pelos órgãos fonoarticulatórios (OFAs) na produção dos sons(1). Fisiologicamente, os sons produzidos nos OFAs são controlados, amoldados e articulados pela interferência da laringe, faringe, cavidade oral e nasal(2). Felício(3) define a disfunção temporomandibular (DTM) como ausência ou alteração das funções do sistema estomatognático, entre as quais se encontram a respiração, a sucção, a mastigação, a deglutição, a fonoarticulação e a postura mandibular. A disfunção pode manifestar-se nos músculos da mastigação, na ATM, no ouvido, na boca, nos dentes e na cabeça (ou crânio).

Em virtude do sistema estomatognático ter dependência do equilíbrio craniocervicomandibular e a DTM ter ligação com a postura cervical, esta pesquisa teve como objetivo demonstrar a influência da disfunção temporomandibular muscular nas alterações da qualidade vocal. Para tal,
observou-se a interface dos movimentos mandibulares e as funções estomatognáticas de mastigação e fonoarticulação; relacionou-se as alterações da DTM muscular com as alterações da qualidade vocal e salientou-se a importância da intervenção do terapeuta da fala no paciente com DTM muscular.

A disfunção temporomandibular (DTM) pode ser conceituada como um conjunto de manifestações clínicas objectivas e subjectivas associadas a comprometimentos nos tecidos articulares e/ou musculares. Tem como características, alterações que envolvem a musculatura esquelética mastigatória, as articulações temporomandibulares (ATM) e as estruturas anatómicas a ela associadas.

As alterações temporomandibulares abrangem uma série de problemas clínicos e quando ocorrem envolvem a musculatura mastigatória e estruturas associadas. Assim, sinais e sintomas característicos de alterações da ATM são “a dor localizada na musculatura mastigatória, dor irradiada, ruídos articulares como estalidos e/ou crepitação, limitação ou assimetria dos movimentos mandibulares, dor de ouvido ou facial, sensação de ouvido tapado, etc.”.

Molina afirma que as restrições dos movimentos mandibulares são uma das alterações mais comuns em pacientes com distúrbios funcionais da ATM e do aparelho mastigatório. A redução dos movimentos mandibulares altera o equilíbrio das funções estomatognáticas. Para Garcia e Sousa esse evento promove prejuízos na homeostase do sistema estomatognático e acarreta importantes dificuldades funcionais associadas à presença de sintomatologia dolorosa, como sinais articulares, limitações dos movimentos mandibulares e/ ou desvios no seu percurso.

A etiologia ainda é bastante discutida. No entanto, há um consenso de que não existe uma etiologia única e sim um problema de etiologia multifactorial. Os problemas da ATM podem ser divididos em distúrbios musculares e distúrbios articulares. Os distúrbios musculares afectam os músculos da mastigação e incluem dor miofacial, miosite e trismo. Enquanto que os distúrbios articulares ou intra-articulares englobam os problemas que ocorrem dentro da cápsula, tais como: alterações da forma das superfícies articulares por problemas de remodelação das estruturas ou condições adquiridas e deslocamento do disco articular.

Quanto aos tipos de DTM muscular, enfatiza Zarb, a queixa mais comum da mialgia é “a dor imprecisamente localizada, piorada pela função e associada à sensibilidade, à palpação em um ou mais locais do músculo”. A palpação durante o exame da ATM geralmente inclui a análise dos músculos e das articulações envolvidos na dor ou sensibilidade relatada.

Zarb et al. relata que em relação a dor miofascial o exame revela um histórico e alterações similares aos da mialgia, com adição de sensibilidade em trigger points (pontos que desencadeiam a dor) localizados em faixas firmes do músculo e a disseminação ou migração da dor à palpação.

A fonoarticulação é realizada por um sistema denominado de efetor da fala, o qual é composto de mecanismos respiratório, fonatório, ressoador e articulatório. A articulação é criada pela variação no tamanho e na forma do trato vocal, o que ocorre por meio do movimento de muitas estruturas relacionadas, associadas à cavidade oral, tais como lábios, face, mandíbula, palato, língua, dentes e a musculatura envolvida.

Para Tamaki, a fonação é “uma das funções importantes da fisiologia oral, através do conjunto de órgãos que executam a fonação, a boca desempenha um papel destacado na articulação dos sons”. Esta depende da posição da língua e da sua capacidade de se movimentar, da presença e posição dos dentes, da movimentação dos lábios e das bochechas.

Douglas descreve a voz como a produção de um som primário ou fundamental pela laringe e suas modificações através da ressonância do ar nos vários espaços localizados entre a laringe e os lábios.

O posicionamento da língua na cavidade oral influencia a ressonância. O corpo da língua numa posição anterior e elevada produz uma voz infantilizada, já a língua numa posição hiperfuncional, isto é, excessivamente posteriorizada, produz uma ressonância posterior.

Boone e Mc Farlane observam o hiperfuncionamento vocal nos pacientes que falam com restrição mandibular severa, o que leva a produção das vogais com a mandíbula cerrada, os molares firmemente ocluídos e apenas com o movimento da língua. Esta situação leva aos sintomas de fadiga vocal, dor ou aperto na região hióidea, após fala ou canto prolongado.

O sistema de ressonância é conceituado como um conjunto de elementos do aparelho fonador que guarda íntima relação entre si visando a moldagem e a projecção do som no espaço; consiste no reforço da intensidade de sons de determinadas frequências do espectro sonoro e no amortecimento de outros.

A elevação do palato mole ou véu palatino é de vital importância na produção de uma boa fonoarticulação e para a deglutição. Evitar o escape nasal de ar é essencial na articulação das consoantes. Um leve escape de ar pelo nariz não significa necessariamente nasalidade vocal, mas a habilidade de comprimir o ar na cavidade oral é necessária para articulação de sons oclusivos e fricativos.

Os músculos que participam da mastigação também executam outras funções como a deglutição e a fonoarticulação. Assim sendo, é importante lembrar que não só a mastigação, mas também outras funções estomatognáticas podem estar comprometidas devido ao problema na ATM, visto que, a mandíbula está envolvida por uma cadeia de músculos que conduzem a estabilidade do mecanismo das funções estomatognáticas, como também a função da própria ATM, e o desequilíbrio muscular traz dor e desconforto para os músculos da face que acomodam essas funções.

Tem fundamental importância a relação de equilíbrio postural entre crânio, mandíbula e a coluna cervical para a manutenção da função do sistema formado por estas três estruturas e ainda pelo complexo grupo de músculos, ligamentos, articulações e receptores. Esta relação é denominada por Mascarenhas e Dutra como sistema craniocervicomandibular.

A musculatura mastigatória auxilia no processo de estabilização da ATM. Logo, dentro de toda a musculatura craniomandibular, os músculos temporal, masseter, pterigóideo lateral, pterigóideo medial e digástrico interferem directamente sobre a dinâmica do sistema, destacando as ações dos músculos supra e infra-hióideos, que são a de flexão da cabeça e do pescoço sobre o tórax, pois atuam sinergicamente nos movimentos mandibulares.

A mandíbula deve ter a possibilidade de movimentos livres no eixo horizontal e vertical, além dos movimentos laterais de rotação, que são básicos na mastigação dos alimentos. O grau de abertura deve variar entre 3 e 5 cm. Medidas abaixo ou acima destes limites configuram quadros de abertura reduzida ou excessiva, com interferência direta na articulação dos sons e na projecção da voz no espaço. Quanto menor o grau de abertura da mandíbula à fonação, maior a resistência à passagem do ar e maior o esforço. O padrão de abertura horizontal leva a um estado de hipercontracção da musculatura supra-hióidea.

Bianchini, na sua pesquisa sobre a articulação temporomandibular, destaca as implicações e possibilidades terapêuticas em relação à fonoarticulação, pois encontrou muitas distorções e disfonia nos pacientes com DTM, principalmente quando existe sintomatologia mais intensa. Ainda neste sentido, percebe-se que as alterações da fonoarticulação têm significativa relação nos casos de redução de amplitude articulatória acompanhada por movimentos mandibulares compensatórios como protrusivo ou em lateralidade.

Os pacientes com disfunção temporomandibular (DTM) muscular possuem modificações posturais, respiratórias, mastigatórias que geram comprometimentos na execução de funções como a fonoarticulação. Desta forma conclui-se que as alterações da DTM como desvios mandibulares, entre outras, favorecem o surgimento de alterações na qualidade vocal, a partir da interferência da atividade mandibular que irá desenvolver comprometimento na ação dos órgãos fonoarticulatórios e posicionamento crâniocervicomandibular.

As alterações dos movimentos mandibulares e das funções estomatognáticas são frequentes a partir das condições desfavoráveis, uma vez que, a articulação tem necessidade de suportar e acomodar as adequações cervicais, musculares e oclusais. Nesse processo quando ocorrer excesso de adaptações funcionais poderá desencadear alterações na voz. Logo, a influência da DTM muscular ocorrerá quando houver o impedimento dos movimentos mandibulares influenciando no movimento laríngeo.


Link artigo na integra via Spemd:

terça-feira, 20 de abril de 2010

Ertty Bracket


Bracket Articulado - Liberdade ampla de movimento permite mudanças sumultâneas ou isoladas de angulação e altura. (Fase final de desenvolvimento)

Teorias Ertty Bracket

Permitir movimentos dentários de inclinações individuais (paralelismo radicular);
Possibilitar movimentos de intrusão e extrusão (sem dobra de fios);
Reduzir a necessidade de recolagem de “brackets” (menos desgaste no esmalte);
Minimizar as forças por elemento dental (permitir movimentos individualizados e progressivos a cada elemento);
Estas forças serão diluídas devido à pequenas movimentações de cada “bracket” por sessão;
Diminuir o desconforto (dor) para o paciente;
Diminuir o risco de reabsorção radicular e óssea;
Admitir iniciar o tratamento com fios de maior calibre (redução quantitativa de fios);
Diminuir o uso de elásticos verticais;
Poderá ser utilizado em qualquer prescrição (slot / torque);
Diminuir o tempo de atendimento;
Diminuir o tempo total de tratamento.


Abaixo o link para um filme com os detalhes do sistema.



Para solicitar maiores informações acesse o link:



segunda-feira, 19 de abril de 2010

Atendimento multidisciplinar do paciente ortodôntico com epidermólise bolhosa




Neste artigo de 2007, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Patrícia Valéria Milanezi Alves, Daniele Karina Milanezi Alves, José Vinicius Bolognese Maciel, Ana Maria Bolognese; da Pós-Graduação em Ortodontia - Universidade Federal do Rio de Janeiro/RJ e da Pediatria do Hospital São Luís - São Paulo - SP. Relata problemas sistêmicos e bucais associados à epidermólise bolhosa, norteando atitudes clínicas multidisciplinares quando o paciente necessita de tratamento ortodôntico.

A epidermólise bolhosa congênita (EB) representa um grupo heterogêneo de patologias de caráter genético, caracterizadas pela formação de bolhas na região cutâneo-mucosa de todo o corpo. Fisiopatologicamente é causada pela adesão inadequada entre os componentes do epitélio e as mucosas, o que pode ocorrer em diferentes níveis, dependendo do subtipo em questão. Devido à pequena coesão e fragilidade mecânica, há formação de bolhas após trauma mecânico mínimo.

Mais de 20 subtipos são descritos e classificados como forma simples, juncional ou distrófica, de acordo com o tipo de padrão genético, distribuição regional, aparência individual das lesões, achados ultra-estruturais e imunohistoquímicos. De prevalência relativamente comum, exceto a forma juncional progressiva, inicialmente descrita por Gedde-Dahl, com apenas 18 casos na literatura.

O paciente pode apresentar bolhas nas superfícies externas e internas do corpo, atrofia da pele no dorso das mãos, com perda parcial de impressões digitais e hiperqueratose nas mãos e nos pés. A criança evolui com aparecimento de vários ciclos de formação de bolhas, geralmente com infecção secundária.

Apesar das manifestações clínicas sugerirem o diagnóstico, ele só é confirmado pelo estudo histopatológico, onde o plano de clivagem indica o subtipo envolvido. A microscopia de luz revela bolhas dermoepidérmicas com conteúdo seroso ou hemorrágico, vasodilatação, infiltrado inflamatório e perda das papilas dérmicas. A microscopia eletrônica de transmissão mostra, na epidermólise bolhosa juncional, ruptura na região de lâmina lúcida da membrana basal e, na forma distrófica, ruptura na lâmina densa. Os hemidesmossomos podem estar em número diminuído ou ausentes.

É necessário que estas crianças sejam acompanhadas por uma equipe multidisciplinar, conduzindo seu desenvolvimento, apesar das dificuldades impostas pela doença. Com este objetivo, serão abordadas as principais características da doença, enfatizando o envolvimento da cavidade bucal e a necessidade de acompanhamento, para diminuir as interferências do desenvolvimento normal da oclusão.

A formação de bolhas existe, geralmente, já ao nascimento ou estas se formam após alguns dias. As manifestações clínicas que iniciam logo após o parto podem, a princípio, ser tratadas como sífilis, sendo diferenciadas, tardiamente, após o período de cicatrização. Em algumas formas de epidermólise bolhosa simples, a doença se apresenta somente na adolescência. Na idade adulta oferece, freqüentemente, menos problemas, embora a tendência para formação de bolhas permaneça por toda a vida. Nos estágios iniciais, pode-se confundir a doença com infecção da pele e somente quando a formação de bolhas é detida, após demorada cura e formação de cicatrizes, fica claro o diagnóstico. As infecções se apresentam como grande problema, devido à grande superfície de pele exposta.

Na cavidade bucal podem ocorrer lesões bolhosas polimórficas nas regiões jugal e vestibular, além de vermelhidão nos lábios. Nas formas juncional e distrófica há suscetibilidade de injúrias, como erosões e eventual desnudamento da língua, além de anquiloglossia e microstomia.

O acometimento do esmalte dentário, por más formações, é característica da forma juncional. A higienização com uso de escovas dentais pode provocar formação de bolhas e inflamação das gengivas, aumentando o risco à doença cárie. A extração dentária deve ser evitada nos pacientes com formas graves, pois reabilitações protéticas podem injuriar os tecidos bucais. Da mesma forma, dispositivos ortodônticos favorecem o atrito com tecidos bucais, a formação de bolhas e infecções.

O acompanhamento odontológico é imperativo. A análise funcional deve ser realizada diagnosticando padrões de deglutição, fonação e ausência de hábitos deletérios. Hipotonia muscular e respiração bucal são achados freqüentes nestes pacientes. O plano de tratamento deve prever cuidados para preservar a integridade do esmalte dentário, por meio de medidas preventivas e controles odontopediátricos periódicos. A criança deve, tão cedo quanto possível, ser habituada a uma rigorosa higiene bucal, que pode ser realizada com uso de cotonete, gaze ou escova dental macia. Creme dental pode ser utilizado a partir do 3° ano de vida, lembrando que este não deve produzir ardor nas lesões da mucosa, assim como as soluções antimicrobianas utilizadas para reduzir o risco de infecções. A terapia com flúor é imprescindível.


Link do artigo na integra via Scielo:

domingo, 18 de abril de 2010

Pensamento da Semana


"Faça o que puder, com o que tiver, onde estiver. "



Theodore Roosevelt
1858 - 1919


Link sobre o autor:

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Complicações no tratamento cirúrgico da deficiência transversa do osso maxilar



Neste artigo de 2008, publicado pela Revista Stomatos, pelos autores Betina Hummes, Amanda Moesch, Luis Eduardo Schneider, Kalinka Crivellaro Crusius, Paulo Valério Presser Lima, Sandro Grasselli, Ricardo Guilherme da Silva Krause; do Curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil (Canoas/Rio Grande do Sul); Revisa a literatura de forma a esclarecer as complicações decorrentes do tratamento cirúrgico da defi ciência transversa de osso maxilar.


O termo deformidade facial refere-se às alterações esqueléticas ocorridas na face do paciente, causando a perda da harmonia entre as estruturas bucofaciais. O desequilíbrio entre as estruturas esqueléticas e dentárias pode acarretar distúrbios funcionais e insatisfação estética, que, por sua vez, podem culminar na marginalização do indivíduo e na exclusão social.


A deformidade facial pode surgir isoladamente em um maxilar ou pode se estender para diversas estruturas craniofaciais. Elas podem ocorrer uni ou bilateralmente e podem ser expressas em graus variados nos diferentes planos faciais: transversal, vertical e horizontal (Dimitroulis, 1998).
Dentre as deformidades faciais existentes, as deformidades transversas do osso maxilar são as mais recorrentes. A defi ciência transversa de maxila só apresentará características estéticas quando associada a deformidades ântero-posterior. A má oclusão pode ser do tipo classe I, II ou III e está sempre caracterizada pela mordida cruzada lingual superior.


A correção cirúrgica das deformidades faciais percorreu, através da cirurgia ortognática, um longo caminho desde sua introdução no século XIX. Os avanços técnicos cirúrgicos, como na fixação interna rígida e nos meios diagnósticos, tornaram possível a correção de tais deformidades de forma precisa e segura. Contudo, apesar de várias pesquisas elucidarem aspectos importantes em relação às cirurgias ortognáticas (permitindo melhora no desenho das osteotomias, melhora da qualidade de fixação óssea e melhores condições de previsão de resultados), uma situação é clara e inquestionável: como em todo procedimento cirúrgico, as complicações podem e certamente vão ocorrer em algum momento da vida profi ssional do cirurgião (Ayoub et al., 2001; Müller, 2003).



As complicações na cirurgia de expansão de maxila não são de responsabilidade exclusiva do cirurgião bucomaxilofacial. Muitas das complicações são também de responsabilidade do ortodontista que está trabalhando no caso (Sarver, Sample, 1999). Portanto, cabe a estes dois profi ssionais ter conhecimentos de bases biológicas, das limitações das técnicas e do potencial de complicação de cada decisão, para serem capazes de antecipar e reverter, quando possível, resultados potencialmente desfavoráveis (Müller, 2003).



COMPLICAÇÕES PRÉ-OPERATÓRIAS


Na fase préoperatória, serão tomadas decisões que infl uenciarão todo o plano de tratamento, portanto, complicações oriundas desta fase podem trazer conseqüências desastrosas para o objetivo fi nal. Dessa forma, indicamos, a seguir, algumas situações que podem interferir no resultado do tratamento.


. Comunicação deficitária
. Diagnóstico incorreto ou exames incorretos
. Avaliação sistêmica e psicológica do paciente


COMPLICAÇÕES TRANSOPERATÓRIAS

Na fase trans-operatória, o procedimento cirúrgico será realizado e todas as complicações e ou difi culdades advindas desta fase deverão ser diagnosticadas e solucionadas nesse mesmo momento. Falhas no planejamento na fase pré-operatória, o desconhecimento de anatomia, da técnica cirúrgica e a falta de habilidade por parte do cirurgião-dentista podem ter conseqüências problemáticas:


. Desenho da incisão e/ou osteotomia inadequados
. Desvio do septo nasal
. Lesão dentária ou injúria nervosa
. Hemorragia transoperatória
. Perfusão deficiente


COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS

Na fase pós-operatória, os cuidados pertinentes a recuperação do procedimento cirúrgico devem ser realizados. Todas as complicações e ou difi culdades advindas desta fase deverão ser diagnosticadas, solucionadas e monitoradas:


. Recidiva
. Fístula arteriovenosa
. Infecção
. Hematoma
. Fístulas buco-nasais
. Pseudo-artrose
. Disfunção da trompa de Eustáquio
. Hemorragia tardia
. Sinusopatias
. Problemas periodontais
. Injúria nervosa
. Aparelho expansor palatino solto


As complicações devido ao tratamento cirúrgico da defi ciência transversa da maxila são indesejáveis tanto por parte do profi ssional, quanto para o paciente. Para a prevenção de tais complicações, é necessário seguir o protocolo e a técnica corretamente, nas fases do pré, trans e pós-operatórias.

Na fase pré-operatória, é necessário que um correto diagnóstico seja realizado. A comunicação entre o ortodontista e cirurgião bucomaxilofacial é outro aspecto de relevância, pois esse é um tratamento realizado multidisciplinarmente.

Na fase do trans-operatória, para que tudo ocorra com sucesso, é fundamental que a equipe conheça seu paciente e a deformidade que pretende tratar, realizando um planejamento sobre o caso. O profi ssional deve estar capacitado para realizar uma cirurgia de tamanha responsabilidade.

Na fase do pós-operatório, é indispensável fazer o acompanhamento do paciente e, caso ocorra algum imprevisto, é necessário que o profi ssional esteja disponível para tratar qualquer complicação.


Link do artigo na integra via Ulbra:

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Jat Bracket








Pesquisando na internet achei este periferico destinado a ortodontia. Um equipamento para limpeza de braquetes. O jato de oxido de aluminio é muito uilizado na ortodontia para remover a resina que vem aderida ao braquete que solta da unidade dentaria. O grande problema do microjato é a proteção para utilização do mesmo, na maioria das vezes em caixas grandes, difiuldade de segurar o jato com uma mão e a pinça com o braquete com a outra. Emfim, uma trabalheira . Além de se ocupar muito espaço no nosso consultório.


A VH equipamentos lançou um periferico, o Jat Bracket, com boas dimensões, pareçe funcional e ergonômico. um produto criado especificamente para o jateamento de Braquetes.

Preço Médio R$ 500,00 (Pesquisa em sites de vendas pela Internet)


O que o fabricante diz do produto:

Recondicionador e limpador de brackets metálicos e cerâmicos

Único no Brasil !

Confeccionado em PSAI , design moderno prático e ergonômico.

Parte interna em alumínio anodizado, material anti –ferrugem e ponta em wídea, para maior durabilidade


Caracteristcas:

. Recondiciona e limpa brackets metálicos e cerâmicos
. Mantém o brilho original dos brackets
. Aumenta a área de contato com a malha
. Não utiliza cabine protetora para o trabalho
. Não é necessário segurar o bracket com as mãos para o jateamento
. O processo de remoção da resina é feita por Óxido de Alumínio (90-125 microns)
. A face jateada do bracket deverá ser somente a malha de contato, por isso o brilho das outras
faces não são afetadas.
. É jateado 1 bracket por vez, fixado na haste fixadora, com auxilio de cera 7
. Instalação do equipamento por conta do cliente (o produto vem acompanhado de um "T" para
ligar na mangueira de ar comprimido do compressor)

Especificações:
. Pressão de uso: 50 -80 lbs
. Tipo de óxido: 90 a 125 microns
. P. Liquido : 937 grs
. Dimensões: 23 x 17,5 x 25,5 cm

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Simulação computadorizada do perfil facial em cirurgia ortognática: precisão cefalométrica e avaliação por ortodontistas


Neste artigo de 2007, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Alexandre Trindade Simões da Motta, Ione Helena Portela Brunharo, José Augusto Mendes Miguel, Jonas Capelli Jr., Paulo José D’Albuquerque Medeiros, Marco Antonio de Oliveira Almeida; da Faculdade de Odontologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. Verifica a precisão de um programa de simulação computadorizada na predição de alterações no perfil facial em diferentes tipos de cirurgia ortognática.

O tratamento ortodôntico associado à cirurgia ortognática constitui-se em um dos procedimentos
com maiores chances de melhoria estética na Odontologia. Apesar da importância da correção de problemas funcionais, é marcante a preocupação de ortodontistas, cirurgiões e pacientes em relação às modificações faciais pós-cirúrgicas. Isto fez com que se buscassem métodos capazes de prever e visualizar a forma e o posicionamento das estruturas moles da face, principalmente nariz, lábios e mento, após procedimentos cirúrgicos.

Basicamente, a predição do resultado estético em cirurgia ortognática vem sendo realizada de três formas. A primeira, mais antiga e ainda utilizada, baseia-se na realização do traçado cefalométrico predictivo de forma manual em papel acetato. A segunda alternativa permite que
os movimentos cirúrgicos sejam realizados em computador, proporcionando traçados cefalométricos com diferentes opções de tratamento.

Na terceira opção, simulações computadorizadas são obtidas unindo-se o traçado cefalométrico à imagem fotográfica de perfil, que sofre alterações de acordo com as mudanças nos tecidos duros.
Este último método, conhecido também como video imaging, apresenta algumas vantagens descritas na literatura, como melhorias na visualização e no entendimento dos objetivos do tratamento pelo paciente. O apelo visual da simulação computadorizada pode suprir as deficiências do profissional na apresentação do caso ao paciente, que antes era realizada com o auxílio de traçados cefalométricos, modelos de estudo e fotografias de outros pacientes tratados, de difícil entendimento para um leigo. Além disso, a possibilidade de se realizar planejamentos ortocirúrgicos com maior facilidade e precisão tornou este método mais utilizado e estudado nos últimos dez anos.

Apesar de algumas diferenças descritas na literatura acerca dos diversos programas já testados, semelhanças básicas podem ser notadas. Deficiências na predição do lábio inferior, variabilidade no posicionamento de alguns pontos do perfil mole predictivo e produção de imagens com algumas falhas visuais foram relatadas em praticamente todos os experimentos com o Dentofacial Planner (DFP), Dolphin Imaging (DI), Orthognathic Treatment Planner (OTP), Prescription Planner Portrait (PPP), Quick Ceph Image (QCI) e Vistadent. Cinco programas (DFP, DI, Orthoplan, QCI e Vistadent) foram comparados na predição de 10 casos considerados difíceis, utilizando seus recursos de retoque das imagens, com o DFP mostrando um melhor desempenho, seguido pelo DI e QCI. Contudo, fatores como facilidade de uso, custo, compatibilidade com sistemas operacionais e suporte técnico devem ser considerados na escolha de um software.

Neste estudo observou-se variabilidade no posicionamento de vários pontos cefalométricos na comparação entre os traçados predictivos e finais, tanto para a amostra total quanto por grupos, onde mais de 60% dos erros foram menores que 2mm, e em 17% as diferenças excederam o limite de 3mm. Maior precisão foi encontrada em outros trabalhos, como uma diferença menor que 1mm para 50% e menor que 2mm para 78% das medidas e uma discrepância maior que 2mm em apenas 20% dos casos.


CONCLUSÕES

1) Os pontos predictivos do perfil mole apresentaram variabilidade em relação ao perfil final, sendo que mais de 60% dos erros foram menores que 2mm e 17% excederam 3mm. As diferenças estatisticamente significantes entre os pontos foram mais freqüentes no sentido vertical. Os ângulos nasolabial e mentolabial predictivos apresentaram-se mais agudos que nos traçados finais.

2) A avaliação da semelhança entre as imagens predictivas computadorizadas e finais pelos ortodontistas exibiu notas médias superiores à literatura, variando de 56,00 para o lábio inferior
a 75,42 para o nariz. A qualidade das imagens predictivas não apresentou diferenças significantes
em relação às alterações verticais.

3) A baixa correlação entre as análises cefalométrica e subjetiva indicou que uma não influenciou
diretamente a outra, sugerindo que outros fatores, como falhas inerentes aos procedimentos digitais do programa, características individuais dos pacientes e problemas de padronização fotográfica estiveram envolvidos no processo de predição computadorizada.

4) Em comparação com a performance de outros sistemas de simulação computadorizada, o programa testado pode ser considerado útil na prática clínica ortodôntica e cirúrgica. Entretanto, baseando-se em algumas limitações observadas, recomenda-se cautela no planejamento e apresentação do caso, sendo que algumas predições podem exigir melhorias com as ferramentas de ajuste disponíveis no programa.


Link do artigo na integra via Scielo:

http://www.scielo.br/pdf/dpress/v12n5/a10v12n5.pdf

domingo, 11 de abril de 2010

Pensamento da Semana


" Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça, a qualidade."


Confúcio

551 A.C. - 479 A.C.


Link sobre o autor:

sábado, 10 de abril de 2010

CONTROLE DA DOR DURANTE O TRATAMENTO ORTODÔNTICO


Nesta monografia de 2008, apresetada no Curso de Especialização Acadêmica em Ortodontia do Centro de Educação Continuada da Academia Cearense de Odontologia, outorgado pela Universidade Estadual do Ceará , pela autora JADE BARBOSA MARTINS BANDERIER, coordenada pela Profª. Patrícia Leal Dantas Lobo; Fortaleza - Ceará. Mostra meios e formas para controlar dores durante a terapia ortodontica.

O controle da dor durante o tratamento ortodôntico é um desafio a ser vencido pelos ortodontistas. Sabe-se que a dor referida após instalação e ajustes dos aparelhos ortodônticos é muito alta, muitas vezes sendo motivo de abandono do tratamento por parte dos pacientes, principalmente em adultos.

Existem vários métodos para minimizar a dor dos pacientes, métodos não farmacológicos, como a hipnose, a aplicação de laser de baixa potência, a acupuntura, o uso de estimulador elétrico nervoso transcutâneo (TENS) entre outros, e o método farmacológico, que é o mais difundido entre os profissionais. No entanto, o uso de antiinflamatórios durante o tratamento ortodôntico pode interferir na movimentação dentária, visto seu mecanismo de ação ser a inibição da síntese das prostaglandinas, que são as responsáveis pelo processo de reabsorção óssea e movimentação dos dentes conseqüentemente.

Nesta revisão de literatura foi possível concluir que o acetaminofeno não age principalmente inibindo a síntese de prostaglandinas, logo seria o fármaco de escolha por não interferir na movimentação dentária ortodôntica. Há, ainda, a necessidade de maiores pesquisas científicas a
respeito dos métodos de controle de dor durante o tratamento ortodôntico para a formação de protocolos seguros.

Link do artigo na integra via site mustapha:

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Influencias nas caracteristicas psicológicas durante o tratamento ortodontico pré-cirurgico


Neste artigo de 2001, publicado pelo European Journal of Orthodontics, pelos autores Susan J. Cunningham, Mark S. Gilthorpe and Nigel P. Hunt; do Departments of Orthodontics and Biostatistics, Eastman Dental Institute, University College, Londres, Reino Unido. Mostra um estudo que realiza uma avaliação psicologica previa a cirurgia ortognática em pacientes dos dois sexos.

Uma série de estudos aviliam alterações psicológicas que ocorrem em associado ao tratamento com a cirurgia ortognática. No entanto, a maioria desses estudos tem utilizado um questionário pré-cirurgico, como a medição inicial. Há poucos dados relacionados com a situação verdadeira, isto é, antes de qualquer tratamento ativo.

Até neste aspecto é investigado, não é possível supor que a cirurgia é uma pré -base aceitável para um estudo. Este questionário de estudo teve como objetivo avaliar as mudanças em seis medidas de desfecho psicológico entre T1 (antes de qualquer tratamento ativo) e T2 (após a ortodontia pré-cirúrgica / antes da cirurgia).

As variáveis estudadas foram: estado de ansiedade, traço de ansiedade, depressão, auto-estima, imagem corporal, imagem corporal e facial. Sessenta e dois pacientes (39 mulheres e 23 homens) completaram dois questionários.

Os resultados mostraram que a intervenção, sob a forma de tratamento ortodôntico, teve um efeito mínimo sobre o resultado escolhido variáveis psicométricas. Houve uma redução significativa na satisfação com a imagem corporal entre os pacientes que inicialmente relatado ligeira a moderada alteração dentaria / problemas faciais, enquanto um aumento moderado na satisfação do ocorrido naqueles pacientes com condições severas inicialmente. Também digno de nota um aumento significativo de estado de ansiedade entre os pacientes mais velhos apresentaram traço de ansiedade, enquanto os aumentos maiores nas mulheres do que nos homens.


Link do artigo ba integra via ejo oxfordjournals:

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Tensão nas áreas de compressão do ligamento periodontal durante o movimento ortodôntico. E os binômios?







Neste artigo de 2007, publicado pela Revista Dental Press, pelo Dr. Alberto Consolaro, Professor Titular em Patologia Bucal na Faculdade de Odontologia de Bauru (Graduação e Pós-Graduação) e na Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo. Mostra de forma detalhada esta complexa reação tecidual provocada pela movimentação ortodontica.

Quando um dente é movimentado ortodonticamente em uma determinada direção, o ligamento periodontal fica submetido a uma compressãoa, visto que tem a configuração espacial de uma fina membrana conjuntiva que circunda toda a superfície radicular. As fibras se dobram, em sua maioria, e algumas poucas podem se estirar, ao mesmo tempo em que muitas células se deformam e quebram a tensigridadeb, promovendo o estresse celular mecânico. Os vasos sofrem mudanças do seu diâmetro e uma hipóxia induz as células ao estresse celular bioquímico. Desta forma, os mediadores celulares, liberados na região em função do estresse celular, induzem a reabsorção da face periodontal do osso alveolar pelas unidades osteorremodeladoras. Esta forma de remodelação óssea alveolar durante o movimento ortodôntico pode ser observada experimentalmente e, há muito tempo, não mais constitui uma teoriac, mas sim um conjunto de eventos biológicos bem estabelecidos, a partir de Schwartz e Reitan; confirmados, acrescentados e detalhados por inúmeros outros autores, incluindo Baumrind, Heller e Nanda.

Revestindo o alvéolo como uma fina camada, e em continuidade com o osso maduro do processo alveolar, temos o osso fasciculado. Juntos constituem a cortical óssea alveolar ou lâmina dura e se continuam indistintamente com o trabeculado alveolar. A variabilidade na espessura da lâmina dura e na densidade do osso alveolar propicia uma grande variação na “absorção”f ou distribuição das forças aplicadas sobre o dente. Em algumas áreas, as forças de compressão não afetam a forma do osso alveolar na distribuição das forças, enquanto em outras, podem deformar ou quebrar a tensigridade do osso alveolar. Esta deformação também é conhecida como deflexãog óssea. Esta deformação “absorve” ou diminui a intensidade da força sobre os tecidos periodontais, ou melhor, ela distribui melhor a força que não ficará restrita ou concentrada sobre os tecidos periodontais.

Por exemplo, quando uma força mesiodistal é aplicada sobre a crista óssea interdentária, a deflexão existe em um determinado nível de intensidade, mas quando a força for linguovestibulal esta deflexão será muito maior. O deslocamento, a deformação ou a inclinação da face óssea livre
alveolar tenderá, pela sua elasticidade, a gerar tensão, ou estiramento, ou a esticar algumas estruturas fibrosas, vasculares e celulares de permeio a uma predominante ação de forças compressivas. Em modelos matemáticos, como o método do elemento finito utilizado por Cattaneo, Dastra e Melsen, em 2005, foi possível detectar estas forças de tensão nas áreas de compressão periodontal, mesmo que pequenas, interrompidas ou em pequenos espaços ou arcos.
O movimento simulado foi no sentido linguovestibular ao nível cervical das raízes.

Na biologia óssea, reconhecidamente, sabe-se que os mediadores indutores da reabsorção óssea, se em nível elevados, promovem-na. Porém, em níveis discretamente elevados, induzem fenômenos de neoformação óssea. O nível de mediadores determina se a resposta será neoformadora ou de reabsorção óssea. Nas reações ósseas frente a agentes de baixa intensidade e longa duração, a inflamação e o estresse celular são discretos e moderados e acumulam pequena quantidade de mediadores difusamente localizados; em decorrência, a região fica com esclerose óssea e cortical mais espessa. Em áreas com inflamação mais intensa e focalizada, os mediadores se acumulam em grandes níveis e predominam fenômenos reabsortivos. Nas lesões periapicais crônicas, como o granuloma periapical, pode-se notar estes dois fenômenos: no centro ele se apresenta radiolúcido, mas na periferia o osso está denso ou esclerosado.

No lado de tensão, as fibras ficam estiradas, esticadas ou alongadas. Os vasos se comprimem, porém nem tanto quanto em uma compressão radicular. As células se deformam, porém nem tanto. Desta forma, o estresse celular mecânico e bioquímico promove um discreto aumento na concentração de mediadores, induzindo fenômenos de aposição óssea, predominantemente. Mas, se também houver rompimento de fibras colágenas, destacamento das mesmas da superfície óssea ou cementária, isto indica que a força de tensão foi excessiva, que houve morte celular; compressão excessiva de vasos e áreas hialinas com morte celular pode ter ocorrido. Nesta situação, mesmo com forças de tensão, haverá, nos primeiros dias da movimentação, fenômenos predominantemente reabsortivos nas superfícies ósseas e até dentárias, pois os cementoblastos poderão ser também afetados.

Para uma maior efetividade da movimentação dentária, o ideal consiste em desorganizar o ligamento, comprimindo as estruturas periodontais e promover discreta hipóxia, a ponto de induzir acúmulos de mediadores em nível suficiente para induzir fenômenos reabsortivos na região, onde se faz a compressão do ligamento entre o dente e o osso alveolar.

Se induzirmos morte celular, áreas de hialinização extensas e desorganização excessiva podem atrasar o processo de reabsorção óssea na face periodontal da lâmina dura. Para as unidades osteorremodeladoras trabalharem requer-se migração celular, mas as áreas hialinas e de necrose atrapalham. Requer-se, ainda, um mínimo de organização tecidual, para que ocorram as interações celulares necessárias, e uma boa vascularização para se obter os nutrientes necessários e energia para o processo.

Ao concluir, pode-se afirmar que é simplista pensar em binômios diretos como pressão-reabsorção e tensão-aposição óssea, embora sejam didáticos. Com maior precisão, pode-se afirmar que em áreas onde o ligamento periodontal é comprimido durante a movimentação dentária, predominam as forças de pressão e os fenômenos reabsortivos decorrentes dos mediadores e eventos celulares. E, nas áreas em que atuam predominantemente as forças de tensão, a aposição óssea será exuberante, em função dos mediadores de fenômenos celulares induzidos.

O dente deslocado não “encosta” ou não contacta diretamente com o osso alveolar. A estrutura que promove a movimentação e o deslocamento dentário é o ligamento periodontal, que deve permanecer entre a raiz e a superfície óssea. Se este ligamento estiver saudável, ainda que “agredido” ou estimulado pela compressão, sem comprometer sua integridade física e metabólica, a reabsorção óssea se estabelecerá rapidamente, para voltar à sua espessura normal.
O mesmo raciocínio pode se aplicar ao lado de tensão: o ligamento promoverá a aposição óssea para reduzir a espessura periodontal, pois as suas fibras e células estarão estiradas.

A determinação de forças de tensão presentes no lado de compressão por modelos matemáticos contribui para a compreensão da biologia da movimentação dentária induzida, pois detalham que nesta área, sob estas condições, não existem apenas as determinantes e necessárias forças de pressão. Mas os fundamentos biológicos da movimentação dentária induzida continuam os mesmos e os binômios pressão-reabsorção e tensão-aposição óssea, ainda que simplistas, continuam!


Link do artigo a integra via Dental Press:

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O aparelho quadrihélice (Quad-helix) e suas variações





Neste artigo de 2006, publicado pela Revista Dental Press, pelo autor Dr. Mario Sergio Duarte, Especialista e Mestre em Ortodontia. Professor Pesquisador do Programa de Mestrado e Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia do CPO São Leopoldo Mandic, Campinas, SP. Doutorando em Ortodontia pelo CPO São Leopoldo Mandic - São Paulo. Mostra a eficiência dos vários desenhos do aparelho quadrihélice, de Ricketts, na correção das desarmonias dentoalveolares.

Juntamente com o arco utilidade e as mecânicas seccionais, o aparelho quadrihélice tornou-se parte integrante da técnica bioprogressiva, pois confere rapidamente uma forma harmoniosa ao arco superior, a qual repercute no arco inferior. O aparelho quadrihélice foi introduzido por Ricketts em 19752 , e é uma modificação do aparelho “W”, de Porter. Foi usado, inicialmente, com grande sucesso, pelo autor, no tratamento precoce dospacientes fissurados com deficiências unilaterais ou bilaterais.

A expansão ocorre desde que a força aplicada no complexo dentoalveolar seja superior aos limites do movimento transversal ortodôntico, ou seja, a partir de 3 newtons para uma criança. O aparelho comprime os ligamentos periodontais, desloca os processos alveolares, inclina os dentes de ancoragem e abre gradualmente a sutura mesopalatina. A grande modificação criada por Ricketts no aparelho de Porter foi a confecção de quatro loops helicoidais, os quais acrescentaram
um adicional de fio que varia de 40 a 50mm. Tal modificação teve o propósito de suavizar a magnitude de força e promover, desse modo, uma ação mais contínua (devido ao maior alcance de ativação pelo fato de o fio ser mais longo), bem como uma série de outras modificações, que serão descritas neste artigo. Ele é fabricado com fio elgiloy azul .040”, da Rocky Mountain Orthodontics (EUA) e, para maior conforto do profissional ou técnico de laboratório, dever ser confeccionado com o alicate 065 da marca Orthopli (EUA).

O quadrihélice deve ser soldado nas bandas dos primeiros molares superiores (embora alguns clínicos o utilizem encaixado nos tubos palatinos das bandas dos molares superiores), devendo os seus braços, que se localizam na região do palato, atingirem os caninos decíduos ou permanentes. Os dois loops helicoidais posteriores devem ser bem adaptados ao palato para não agredirem a língua e tão pouco o músculo palato-faríngeo; além disso, o seu segmento anterior deve ser contornado – não confeccioná-lo reto – assentando sobre a primeira rugosidade do palato; assim como as ativações devem ser feitas no segmento lateral e não no segmento anterior do aparelho, para não interferir no posicionamento da língua. Após o descruzamento da mordida cruzada, dependendo da severidade do caso (fatores etiológicos e idade cronológica do paciente), recomenda-se deixar o braço lateral do quadrihélice em contato com a superfície palatina dos dentes látero-posteriores durante a fase de nivelamento e alinhamento do arco dentário.

O sucesso no tratamento das mordidas cruzadas posteriores, bem como das discrepâncias transversais dos arcos dentários, depende da competência do profissional em diagnosticar corretamente essas manifestações, como também em indicar os aparelhos adequados. Dentre os inúmeros aparelhos utilizados, o quadrihélice pode ser uma alternativa eficiente no tratamento das discrepâncias transversais (unilateral ou bilateral), atuando tanto no reposicionamento dentário quanto no redirecionamento do crescimento mandibular, desde que seja empregada, juntamente com esse protocolo de tratamento, a ancoragem cortical nos molares inferiores.

O quadrihélice mostra ser um instrumento valioso no restabelecimento da forma do arco superior, contribuindo, desse modo, para a melhora dafunção (devido às várias formas de construção), bem como da fisiologia respiratória. Além disso, ele auxilia na mecânica imposta ao arco inferior, no que diz respeito ao tratamento transversal dos dentes mandibulares, e abrevia significantemente o tempo de nivelamento e alinhamento dentário.

Ele também é muito eficiente na rotação e distalização dos molares superiores, promovendo o bloqueio dos molares superiores, o que é desejado no tratamento das más oclusões da Classe II de Angle. Assim, ele restabelece a profundidade de arco adequada, viabilizando espaços para todos os dentes do arco superior.


Link do artigo a integra via Scielo:

http://www.scielo.br/pdf/dpress/v11n2/a16v11n2.pdf

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Pensamento da Semana


"Para você na Páscoa. Que a alegria da ressureição de Cristo esteja em seu coração hoje e sempre."

Autor Desconheçido.


Felicidades a todos e muita Paz !!! Até a proxima segunda-feira e um bom feriado !!!

Marlos Loiola