ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: março 2010

quarta-feira, 31 de março de 2010

Movimento dentario rápido no tratamento ortodontico usando distração dento alveolar (DAD)













Neste artigo de 2010, publicado pela Angle Orthodontist, pelos autores Gokmen Kurt; Haluk Iseri; Reha Kisnisci; do Department Chair, Department of Orthodontics, School of Dentistry, Erciyes University, Kayseri e do Department of Orthodontics, School of Dentistry, Ankara University, Besevler, Ankara, Turquia. Mostra uma técnica nova de distração do osso alveolar, facilitando sobremaneira a mecanoterapia ortodontica.

O objetivo deste Artigo é descrever a técnica de distração dentoalveolar (DAD) e apresentar os seus efeitos sobre as estruturas adjacentes, apresentando um caso de Classe II.

Uma paciente com 15 anos de idade com reação de Classe II esquelética e dentária do sexo feminino com um overjet de 9 mm foi tratada pela osteogênese DAD. Um dos aparelhos, rígido, com dispositivo intra-oral preso ao dente para distração foi utilizado para a retração rápida dos caninos.

Osteotomias em torno dos caninos foram feitos para conseguir movimento rápido dos caninos dentro do segmento dentoalveolar, em conformidade com os princípios da distração osteogênica. A quantidade de retração de caninos foi de 7,5 mm em 12 dias a uma taxa de 0,625 mm por dia, sem perda de ancoragem posterior.

Os caninos mostraram extrusão de 1,6 mm e 11 graus de inclinação mudança (para distal), durante o mesmo período. O tratamento ortodôntico continuou por 6 meses sem evidência clínica e radiográfica de complicações como fratura de raiz, reabsorção radicular, anquilose, e deiscência dos tecidos moles.

A técnica DAD é um método inovador, porque reduz o tempo total de tratamento ortodôntico em cerca de 50%, sem efeitos desfavoráveis sobre os tecidos periodontais e estruturas adjacentes e sem necessidade de utilizar qualquer aparelho intra-orai ou extraoral para ancoragem.


Link do artigo na integra via Angle Orthodontist:

terça-feira, 30 de março de 2010

EFEITO DOS APARELHOS ORTODÔNTICOS REMOVÍVEIS SOBRE A FONOARTICULAÇÃO


Neste artigo de 2008, publicado pela Revista do Hospital Central do Exército, pela autora Ana Lúcia dos Santos Loureiro; Fonoaudióloga da Clínica de Otorrinolaringologia do HCE; Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana – Campo Fonoaudiológico pela Universidade Federal de São Paulo; Doutora em Fonoaudiologia pela Universidad Del Museo Social Argentino - Argentina. Investiga o efeito dos aparelhos ortodônticos removíveis (técnica de Bimler) sobre a fonoarticulação.

Na fonação, os diferentes sons produzidos inicialmente na laringe através dos movimentos das pregas vocais são posteriormente articulados nas cavidades nasal e bucal por meio de sistema de válvulas formadas pelos dentes, lábios, língua, palato duro e mole. As cavidades nasal e bucal e os seios maxilares complementam esse sistema fonatório, atuando como cavidades de ressonância para o som. É necessário normalidade dessas estruturas para que a fonoarticulação se processe normalmente, podendo ser afetada diretamente por dificuldades em efetuar os movimentos fonoarticulatórios e indiretamente por deformidades dento-faciais.
Além disso, aparelhos dentais ortodônticos ou protéticos podem também causar alterações na fonoarticulação, porque a colocação destes aparelhos na cavidade bucal modifica as estruturas que produzem os sons, alterando a profundidade e a largura do palato e conseqüentemente diminuindo o espaço oral para a acomodação da língua. Isso deveria ser levado em consideração pelos ortodontistas durante suas intervenções profissionais para que o recurso utilizado para a correção das anomalias das estruturas orofaciais não originasse problemas fonoarticulatórios.
Assim, com a finalidade de contribuir para um melhor conhecimento das alterações e possíveis conseqüências devido ao uso que os aparelhos ortodônticos removíveis podem produzir na fonoarticulação, realizamos este estudo, que teve por objetivo verificar o efeito dos aparelhos ortodônticos removíveis sobre a produção fonoarticulatória.

Feldman (1957) selecionou 32 pacientes, com idades variando entre nove e dezoito anos, com o objetivo de examinar os efeitos produzidos na fala pela colocação de aparelhos ortodônticos. Organizou dois grupos: o primeiro com pacientes que usavam plano de mordida ou aparelho de contenção de Hamley, e o segundo composto pelos que usavam técnica labiolingual associada ao aparelho de Johnson; não foi considerado o tipo de maloclusão para a seleção dos pacientes, por ser irrelevante para este estudo.

Todos os pacientes foram submetidos a três avaliações fonoarticulatórias: a primeira antes da colocação dos aparelhos, a segunda até uma hora após a colocação dos mesmos, e a terceira no período de uma a três semanas de uso dos aparelhos.

Como resultados obtidos, foi observado que pacientes portadores dos planos de mordida e aparelhos de contenção apresentavam mais distorções fonêmicas após uma hora de colocação dos aparelhos do que os que usavam aparelhos labiolinguais e labiolingual em conjunto com aparelhos de Johnson. E, independentemente do aparelho que estava sendo usado, as dificuldades articulatórias desapareciam num curto espaço de tempo. Concluiu que os aparelhos ortodônticos em algumas situações podiam afetar a articulação dos sons da fala temporariamente, mas ao final de três semanas os pacientes apresentavam acomodação ao desconforto às alterações produzidas pelos aparelhos, e a fácil adaptação sugere não ser necessário associar o tratamento fonoterápico.

Haydar et al. (1996), com o objetivo de estudarem os efeitos das contenções maxilares e mandibulares na articulação dos sons da fala, avaliaram 5 pacientes no fim do tratamento ortodôntico ativo, portanto, no início do uso do aparelho de contenção. Os pacientes eram adolescentes ou adultos jovens, sendo 2 mulheres e 3 homens.

Os aparelhos usados foram placa de Hawley clássica com grampos de Adams e arco vestibular com alças verticais. A parte de acrílico do aparelho apresentava a forma de uma ferradura estendendo-se até os primeiros pré-molares e a espessura era de 2 a 3 mm. O paciente era instruído a remover o aparelho no momento das refeições. As avaliações foram feitas com os aparelhos de contenção maxilar e mandibular em posição e sem os aparelhos na boca em três ocasiões diferentes: na primeira hora, após vinte quatro horas e após uma semana de uso dos aparelhos.

Ao analisar os resultados, os autores concluíram: os pacientes apresentam alterações que diminuem com o passar do tempo, e após uma semana desaparecem ou diminuem. E, pela espessura uniforme de 2 a 3 mm é menor ainda na região alveolar anterior superior, permite uma adaptação da língua num curto período.

Avaliaram 60 indivíduos, sendo 30 do sexo masculino e 30 do sexo feminino, com idades variando entre 8 anos e 3 anos e 11 meses. Todos estavam em fase de dentição mista ou permanente incompleta (sem mutilações). Não apresentavam qualquer outro tipo de alteração orgânica evidente, e todos eram pacientes de clínicas odontológicas particulares do estado do Rio de Janeiro. Apresentavam mal-oclusão, mas neste estudo não levamos em consideração o tipo de maloclusão. Todos os indivíduos foram tratados pela técnica de Bimler de aparelho ortodôntico removível, e submetidos a uma avaliação fonoaudiológica.

Frente aos resultados encontrados neste estudo, os autores acreditaram ser lícito concluir que:
1) Os aparelhos ortodônticos removíveis alteram a produção de fonemas em diferentes freqüências de ocorrências;

2) Os fonemas que mais freqüentemente se alteram com a colocação dos aparelhos ortodônticos removíveis são os sibilantes/ alveolares (/s/, /z/), com alterações presentes em 45 (75,0%) dos indivíduos avaliados;

3) Os fonemas que seguem freqüentemente mais afetados são os palatais (/ch/, /j/), alterados em 41 (68,3%) dos indivíduos da amostra;

4) Os fonemas línguo-alveolares (/t/,/d/,/n/) também se apresentam alterandos em 36 (60,0%) dos indivíduos com a colocação do aparelho ortodôntico removível;

5) O fonema uvular (/R/) não sofre nenhuma modificação com a presença do aparelho ortodôntico removível.


Link do artigo na integra via HCE:

segunda-feira, 29 de março de 2010

Ortodontia Baseada em Evidência Científica: Incorporando ciência na prática clínica


Um artigo primoroso da conhecida revista Dental Press, escrito por Maria Tereza Scardua MarianoI; Eduardo JanuzziII; Eduardo GrossmannIII

IMestre em Disfunção Temporomandibular - Unifesp. Especialista em Ortodontia - USP/Bauru. Especialista em Saúde Baseada em Evidência Científica - Hospital Sírio Libanês. Diplomada pelo Board Brasileiro de Ortodontia
IIMestre em Disfunção Temporomandibular - Unifesp. Especialista em Prótese e Periodontia USP/Bauru
IIIProfessor doutor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Diretor do Centro de Dor e Deformidade Orofacial (CENDDOR), Porto Alegre/RS

RESUMO

O objetivo deste artigo é despertar o ortodontista e conscientizá-lo sobre a importância da tomada de decisão baseada em evidência científica no cuidado aos pacientes. Serão descritos os passos essenciais para a prática da Odontologia baseada em evidência (OBE), assim como os princípios da ciência e da pesquisa. Existem caminhos adequados para a busca da informação de qualidade, sendo esses a única garantia de encontrar artigos válidos. Na seleção de artigos científicos, o primeiro passo é definir o seu desenho, pois para cada dúvida clínica há um delineamento adequado capaz de respondê-la. Dessa maneira, questões sobre tratamento, etiologia, diagnóstico, prognóstico ou prevenção só podem ser respondidas por um artigo que tenha sido delineado para tal. O conhecimento da alocação randomizada, do mascaramento e do grupo-controle é fundamental para que possamos realizar uma leitura crítica dos artigos científicos, reconhecendo os que merecem credibilidade. Em meio a tantas publicações, precisamos definir, com segurança, o que deve ser incorporado ao nosso conhecimento e o que deve ser incorporado à prática clínica, mudando a nossa conduta. Desse modo, poderemos oferecer aos nossos pacientes opções terapêuticas mais consistentes e previsíveis.


CONCLUSÕES

Informações baseadas em provas científicas são as mais confiáveis para uma tomada de decisão conscienciosa em relação à abordagem clínica oferecida aos pacientes. Diante das inúmeras publicações e da crescente inovação tecnológica, torna-se necessário que o ortodontista se familiarize com a utilização das ferramentas para a prática da Odontologia Baseada em Evidência. Pacientes ortodônticos merecem um alto nível de cuidado, que somente é alcançado por meio do uso judicioso das melhores informações disponíveis. Assim, o profissional deve estar apto a realizar uma leitura crítica dos artigos científicos, decidindo, com segurança, qual conhecimento será incorporado à sua prática clínica.


Para acessar o artigo na íntegra:


quinta-feira, 25 de março de 2010

Confiabilidade do uso de modelos digitais tridimensionais como exame auxiliar ao diagnóstico ortodôntico: um estudo piloto








Neste artigo de 2007, pulicado pela Revista Denta Press, pelos autores Dauro Douglas Oliveira, Antônio Carlos de Oliveira Ruellas, Maria Eugênia de Lima Drummond, Mariele Cristina Garcia Pantuzo, Ângela Maria Quintão Lanna; do curso de Ortodontia da UFRJ, da disciplina de Bioestatística da Escola de Medicina Veterinária da UFMG e do Mestrado em Ortodontia da PUCMinas – Belo Horizonte-MG. Teve objetivo desse estudo foi testar a confiabilidade do uso de modelos dentários digitais como exame complementar ao diagnóstico ortodôntico.



A utilização de modelos dentários é passo indispensável para a obtenção do correto diagnóstico e para a determinação do plano de tratamento ortodôntico mais adequado a cada paciente. A análise de modelos permite avaliar as condições oclusais de cada indivíduo, sem interferência dos tecidos moles da boca, facilitando o estudo do caso. Dessa forma, dados de extrema valia para que o ortodontista melhor compreenda os problemas a serem corrigidos, as dificuldades específicas de cada tratamento e, ainda, as possíveis mecânicas ortodônticas a serem empregadas durante a correção da má oclusão podem ser cuidadosamente estudados.



Durante as duas últimas décadas, tem-se verificado, em todos os níveis da sociedade, um desenvolvimento significativo da tecnologia de computação. Na Ortodontia, esses avanços vêm se
manifestando, principalmente, em instrumentos de diagnóstico. O emprego de fotografias e radiografias digitais, programas de avaliação cefalométrica e de previsão dos resultados de cirurgias ortognáticas são cada vez mais comuns no cotidiano da clínica ortodôntica atual. Recentemente, a utilização de modelos dentários digitais foi anunciada pela indústria ortodôntica como o novo componente da documentação totalmente digitalizada.



Os modelos dentários digitais foram apresentados como um método que eliminaria as limitações verificadas com os modelos de gesso. Como todo novo exame de diagnóstico, o implemento da tecnologia digital para avaliação de modelos dentários tem gerado controvérsias no meio ortodôntico. A precisão e rapidez para obtenção dos dados de diagnóstico, a facilidade de armazenamento das informações e a possibilidade de se dividir as informações via internet com outros profissionais, em qualquer lugare a qualquer hora, são apontadas como as principais vantagens dessa nova abordagem de diagnóstico.


Outras vantagens da utilização de modelos digitais que puderam ser observadas com o desenvolver desse estudo dizem respeito, primeiramente, à facilidade de sua manipulação após breve familiarização com o programa. Em segundo, o fácil armazenamento das informações, eliminando a necessidade de se ter espaços físicos grandiosos para estocagem dos modelos de gesso, o que a cada dia mais se torna um problema na rotina dos consultórios ortodônticos, principalmente nas grandes regiões metropolitanas. Por último, a comunicação entre os profissionais da área é facilitada, visto que os modelos podem ser enviados pela internet, evitando possíveis quebras durante o transporte e manuseio dos modelos físicos, vantagem essa,
também citada por Marcel.



CONCLUSÕES DESTE ESTUDO


1) Os modelos ortodônticos digitais se mostraram tão confiáveis quanto os de gesso para aferição de medidas comumente utilizadas para o diagnóstico, uma vez que não houve diferenças estatisticamente significantes.


2) A única medida com diferenças estatisticamente significantes foi o comprimento mesiodistal do dente 45. Entretanto, tais valores se mostraram dentro de padrões clinicamente aceitáveis.


3) O armazenamento e a manipulação facilitados, com menor risco de perda de informações, a possibilidade de estudo dos modelos à distância e o menor tempo necessário para medições são outros pontos positivos no emprego dos modelos digitais na Ortodontia.


4) O potencial para utilização rotineira dessa nova tecnologia é inegável. Entretanto, seu alto custo para os padrões brasileiros pode retardar esse acontecimento, sendo interessante avaliar-se a possibilidade de investimentos para o desenvolvimento de tecnologia nacional na área.





Link do artigo na integra via Scielo:



terça-feira, 23 de março de 2010

Análise do Sorriso


Neste artigo de 2009, publicado pela Revista de Ortodontia da SPO, pelos autores Alexander Macedo, Alessandra Motta Streva, Andréa Trajano, Ives Lopes Cardoso; Mostra que a análise do sorriso é fundamental para mostrar todas as modificações que podem ser feitas no sorriso, visando a saúde e a estética.

Dentes alinhados, função mastigatória correta e maior harmonia facial são as principais metas de um tratamento ortodôntico. Hoje em dia, no entanto, a busca pela estética vem sendo cada vez mais valorizada no relacionamento entre as pessoas. E o sorriso tem parte primordial nesse convívio, uma vez que ele sempre serviu como forma de comunicação, possivelmente a maneira não-verbal mais rápida e eficaz de fazer contato. Com um sorriso eternizamos um momento e nos tornamos inesquecíveis em simpatia aos que nos rodeiam.

"Na análise do sorriso, o ortodontista verifica os fatores que contribuem para a atratividade do sorriso, tais como alinhamento das linhas médias dentária e facial, a inclinação do sorriso e a curvatura incisal, exposição dos dentes, o corredor bucal, contorno e exposição gengival", informa Alessandra Motta Streva, mestre em Ortodontia pela Universidade Cidade de São Paulo - Unicid e professora do Instituto Vellini. "Sendo assim, fazemos essa análise em todos os pacientes, já que os mesmos nos procuram, em sua maioria, para a obtenção de um sorriso mais harmonioso", acrescenta.

Dentre as possíveis classificações em que o sorriso está inserido, podemos destacar duas formas: cordial e espontâneo. A primeira, de acordo com Alessandra, denominada ainda de voluntária, estabelece-se com a elevação do lábio superior em direção ao sulco nasolabial. Já o sorriso espontâneo é verificado com uma maior elevação do lábio superior e com a contração dos músculos orbiculares dos olhos. "O sorriso espontâneo é o ideal para a avaliação do sorriso, embora seja difícil de registrá-lo numa fotografia. O olhar semicerrado do paciente é o sinal que mostra que ele está sorrindo verdadeiramente", garante.

Para avaliar o sorriso, o ortodontista deve levar em consideração algumas características que, segundo Cardoso, se enquadram em dois grupos: aquelas relacionadas à aparência do sorriso, quando ocorre o "descortinamento dos lábios", formando o desenho do sorriso. "Neste aspecto se inclui a avaliação do contorno dos lábios em repouso, em função e no sorriso, como determinante no grau de exposição de dentes e de gengiva, de exposição do corredor bucal e da forma da curvatura das bordas dos lábios, devendo haver um paralelismo entre as bordas incisais dos dentes ântero-superiores e o lábio inferior. Ainda, ao sorrir, podemos constatar também os tipos de sorriso (cordial e espontâneo), as linhas do sorriso (alta, média e baixa) e a linha média dentária que deve estar coincidente ou paralela ao plano facial mediano no centro do lábio superior. Se houver uma disposição oblíqua da linha média dentária devido a angulação dos incisivos centrais superiores em relação a linha média facial, qualquer desvio, por menor que seja, torna-se facilmente perceptível", explica.

De acordo com Cardoso, quando a dimensão transversa da arcada na região posterior for atrésica, teremos um sorriso estreito, com um amplo corredor bucal, dando a ilusão da presença de fundos escuros na boca. "Nesses casos, a expansão ortodôntica e/ou cirúrgica da arcada favorece um aumento dessa dimensão, melhorando significativamente a aparência do sorriso", orienta.

A idade e o sexo do paciente também devem ser levados em consideração na avaliação estética do sorriso. "Conforme o avanço da idade, o lábio superior perde a tonicidade e, consequentemente, o paciente apresenta menor exposição dos dentes superiores. O inverso ocorre com os dentes inferiores", relata Alessandra. "Com relação ao sexo, as mulheres tendem a ter o sorriso mais alto do que os homens. Deve-se atentar quanto às características que favorecem a estética, como o paralelismo das bordas incisais com a borda superior do lábio inferior para rejuvenescer o sorriso no tratamento", completa.

E para se chegar a um sorriso agradável, uma conjunção de elementos de simetria, equilíbrio, proporção e harmonia; princípios de estética, perfeitamente combinados entre si, promovendo a integração da estética do sorriso com a da face, são necessários. "Naturalmente, introjeta-se no observador, a perfeita harmonia entre dentes, lábios e gengiva em uma sutil combinação com os traços faciais do indivíduo. No entanto, não se pode negar o peso de influências subjetivas nas observações estéticas. A percepção estética que o paciente tem de si próprio é fundamental para a determinação do plano de tratamento e isso é um fato que também deve ser levado em consideração pelo profissional.", pondera Cardoso.

De todas as partes do rosto – e até do corpo –, a boca é, sem dúvida, um dos atrativos principais em uma pessoa, como disse certa vez o australiano Angus Trumble, curador do Centro de Arte Britânica de Yale e autor de "A Brief History of the Smile" (Uma breve história do sorriso), ainda inédito no Brasil: "os olhos podem até ser a janela da alma, mas prestamos atenção na boca mais que em qualquer outra parte do corpo". A Ortodontia, nesse aspecto, vem contribuindo cada vez mais para garantir um sorriso harmonioso e agradável às pessoas.


Link do artigo na integra via Ortodontia SPO:

segunda-feira, 22 de março de 2010

Ajuste oclusal na Ortodontia: por que, quando e como?







Neste artigo de 2008, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Roberto Carlos Bodart Brandão, Larissa Bustamante Capucho Brandão; do departamento de Ortodontia da UFES - Espirito Santo. Apresenta os princípios relacionados ao ajuste oclusal em Ortodontia.

O conceito da multidisciplinaridade no exercício da Odontologia é considerado fundamental para o alcance da excelência nos tratamentos. Neste contexto, cada uma das especialidades precisou rever seu campo de ação, encontrando facilidades e dificuldades durante este processo de evolução.

O conhecimento da oclusão dentária saiu da exclusividade da Prótese, com escolas mais ou menos ortodoxas, para invadir discussões sobre patologia, função e estabilidade em todas as áreas da Odontologia. Embora com alguns paradigmas em aberto, protocolos podem ser definidos para que possamos ter uma linguagem comum a todas as especialidades, e para que parâmetros similares de qualidade sejam alcançados.

Para o ortodontista, o domínio dos conceitos de oclusão normal e das seqüelas do trauma oclusal vai muito além da multidisciplinaridade. De fato, estaremos discutindo neste tópico especial a base da Ortodontia, aquilo que deveria ser considerado em cada paciente atendido, todos os dias no consultório e, principalmente, discutido nas salas de aula e clínicas de pós-graduação. Casos bem finalizados geram maior satisfação de pacientes e profissionais, e diminuem recidivas.

O Glossário de Termos Protéticos da Academia Americana de Prótese de 1999 define equilíbrio oclusal como “a modificação dos formatos oclusais dos dentes com a intenção de igualar as tensões oclusais, produzindo contatos oclusais simultâneos ou harmonizando as relações intercuspídicas”, uma visão que excluía a Ortodontia como recurso para o alcance da melhor oclusão.

É importante considerar que a estabilidade dentária é constituída por um tripé, onde além do equilíbrio oclusal, há necessidade de dois outros fatores estarem presentes. Deve haver uma base óssea hígida que possa contrapor pequenos gradientes de pressão muscular, considerados fisiológicos como, por exemplo, a pressão da língua que, em geral, está levemente mais elevada que a da musculatura orbicular e jugal. A terceira parte que sustenta a estabilização dentária é a musculatura, pois alterações de pressão por função muscular atípica geram forças em intensidade e duração que vão além daquelas geradas pela oclusão dentária excelente e pela higidez óssea. Podemos citar como exemplo: hipertonia do músculo mentalis, causando apinhamento dentário inferior; postura lingual constantemente projetada, promovendo abertura da mordida; e respiração bucal, levando ao estreitamento e projeção do arco superior, mesmo diante dos melhores contatos oclusais obtidos pelo ortodontista.

A melhor posição para o tratamento ortodôntico é aquela que pode ser reproduzida a cada consulta do paciente, e a única posição reproduzível é a RC. Mais do que isto, devemos nos preocupar com parâmetros desde o início do tratamento, para não termos o dissabor de iniciarmos um caso de simples apinhamento dentário em má oclusão Classe I de Angle e nos depararmos, após os primeiros arcos de nivelamento, com uma Classe II divisão 1 com indicação cirúrgica, que precisaria ser justificada ao paciente como erro de diagnóstico. Da mesma forma, podemos evitar o constrangimento de tratamentos intermináveis, pelo simples fato de a cada vinda do paciente uma nova posição mandibular ser encontrada, gerando ativações para movimentações dentárias em direções opostas às realizadas na consulta anterior.

Uma segunda verdade precisa ficar bem esclarecida: má oclusão não pressupõe patologia oclusal. Embora diante de uma desarmonia esquelética e/ou de um desalinhamento dentário, a maioria dos portadores de má oclusão não possui sinais de trauma oclusal, tais como: desgastes dentários, mobilidade, abfração, recessões periodontais nem desordens temporomandibulares. De fato, a movimentação ortodôntica é que gera trauma, e suas seqüelas são menores, quanto mais rápido e controlado for o tratamento. Sabemos que a parafunção, e não a má oclusão, é o principal fator causador de patologias oclusais, e normalmente estas parafunções estão ligadas a fatores psicogênicos múltiplos.

O diagnóstico prévio de parafunções, como apertamento dentário e bruxismo, é mais fácil em indivíduos que apresentem-as com freqüência, especialmente se avaliados na fase aguda. Encontram-se facetas desgastadas, cúspides aplainadas, migrações dentárias com diastemas, mobilidade dentária, limitação da abertura bucal, estalos ou crepitações articulares, dores e edemas musculares. Normalmente não todas, mas algumas destas características estão presentes, dependendo do limiar de tolerância de cada indivíduo, já que algumas partes do sistema estomatognático podem ser mais resistentes ou suscetíveis à hiperfunção da musculatura mastigatória.

Talvez o maior benefício que o conhecimento da oclusão e a conseqüente aplicação do desgaste seletivo trazem para a Ortodontia é tornar factível uma movimentação dentária. Três problemas podem ser evitados com o procedimento de desgaste seletivo durante a movimentação ortodôntica: (1) seqüelas do trauma oclusal - mobilidade excessiva, dor prolongada e reabsorção radicular; (2) atraso para o término do tratamento - movimentos de vai-e-vem do dente e descontrole da mecânica; e (3) intercuspidação inadequada - falta de estabilidade na posição mandibular e risco de movimento dentário indesejável.

Deve-se ter muito cuidado com os excessos. A intercuspidação de dentes posteriores não deve ser estabelecida à custa de desgastes oclusais amplos e indiscriminados. O ortodontista deve movimentar dentes até o limite da compatibilidade anatômica, evitando o ajuste por desgaste, que seria muito mais invasivo. Fechar mordida aberta ampla com ajuste oclusal é procedimento inaceitável, pois além do risco de se gerar sensibilidade dentária, demonstra limitação profissional, que deve ser corrigida com a busca por maior conhecimento e melhor treinamento.

O principal conceito a ser incorporado no treinamento do ortodontista é que não existe arco ideal e nem prescrição ideal, dentre as inúmeras técnicas disponíveis na Ortodontia. Todas as prescrições, inclusive o arco ideal da técnica Edgewise, são estabelecidas para médias e algumas variações de populações. A chance de um paciente se encaixar perfeitamente em todas as características médias é semelhante à de se acertar na loteria. Na finalização, o importante é a capacidade de enxergar o problema, conhecer a solução, dominar a técnica e o aparelho escolhido, intercuspidando os dentes de cada paciente.

É importante que o ortodontista tenha treinamento específico, antes de lançar mão do uso de desgastes seletivos como rotina. O aprendizado deve iniciar em modelos de gesso montados em articuladores semi-ajustáveis como simulador, pois parece ser o melhor caminho para se visualizar os efeitos dos desgastes. Conhecimento e treinamento associados preparam o profissional para reconhecer limites e verificar os objetivos alcançados. Mesmo para aqueles que preferem solicitar o ajuste por desgaste a outros especialistas, são co-responsáveis pelo procedimento, devendo considerá-lo complementar e não substituto daOrtodontia. Talvez a afirmação de Peter E. Dawson - “realizar um procedimento insatisfatório de desgaste seletivo é pior do que deixar uma má oclusão” - devesse ser estendida ao ajuste oclusal feito através da Ortodontia.

O ajuste oclusal não está indicado como substituto do movimento dentário, nem como solução para as limitações do ortodontista. Por outro lado, o procedimento é determinante para diminuir o tempo de tratamento, tornando factível um movimento dentário desejado, evitando muitas seqüelas de trauma oclusal estabelecidas durante o tratamento ortodôntico. Uma leitura da oclusão, através de papel de checagem oclusal, é imprescindível para se verificar que tipo de movimento deve ser realizado e se este é exeqüível, principalmente antes da instalação ou ativação de arcos retangulares.

Desgastes oclusais para correção de discrepâncias anatômicas durante a Ortodontia aceleram a movimentação dentária e melhoram a intercuspidação, por promoverem melhora da forma dos dentes antagonistas. Um refinamento dos contatos oclusais após o tratamento ortodôntico diminui o efeito deletério das parafunções, que podem aparecer a qualquer tempo. O ajuste por desgaste deve ser realizado seis meses após a Ortodontia para corrigir pequenos erros e promover melhor estabilidade oclusal e mandibular, estabelecendo contatos “A”, “B”, “C”, de “parada” e de “equilíbrio”, bem distribuídos. Ao final do procedimento deve haver máxima distribuição de contatos em MIH; carga axial ou quase axial; plano oclusal, dimensão vertical e espaço livre funcional, aceitáveis; e contatos que permitam livre fechamento e movimentos excursivos sem interferência.

O principal objetivo do ajuste é minimizar o uso de contenções, a partir do alcance do equilíbrio oclusal. Nunca é demais salientar que não pode existir a certeza do alcance da estabilidade dos resultados do tratamento só pelo equilíbrio oclusal. Para tanto, haveria também a necessidade da existência da normalidade muscular associada à saúde periodontal.


Link do artigo na integra via Scielo:

domingo, 21 de março de 2010

Pensamento da Semana



“Aqueles que se enamoram somente da prática, sem cuidar da teoria, ou melhor, dizendo, da ciência, são como o piloto que embarca sem timão nem bússola. A prática deve alicerçar-se sobre uma boa teoria, à qual serve de guia a perspectiva; e em não entrando por esta porta, nunca se poderá fazer coisa perfeita nem na pintura, nem em nenhuma outra profissão.”


Leonardo da Vince 1452-1519

quinta-feira, 18 de março de 2010

Técnicas tomográficas aplicadas à Ortodontia: a evolução do diagnóstico por imagens













Neste artigo de 2004, publicado pela revista Dental Press, pela autora Rejane Faria Ribeiro Rotta, Professora Adjunta do Departamento de Ciências Estomatológicas e Coordenadora do Centro Goiano de Doenças da Boca da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás (CGDB/FO/UFG), Goiânia-GO. Faz um tratado de 55 paginas na qual mostra toda aplicabilidade que esta tecnologia pode ofereçer ao Ortodontista pelo tamanho iremos dividir este artigo em 02 partes, esta 1ª - Tomografia Computadorizada e a 2ª Ressonância Magnética.

O diagnóstico é um processo que poderia ser representado pela pesagem de probabilidades em uma balança. Essas probabilidades estariam representadas pelas informações clínicas obtidas através do relato do paciente (anamnese) ou daquelas detectadas pelo profissional (exame físico). Quando um determinado número de informações soma em favor da doença/lesão ou condição clínica, a chance dela estar presente está próximo de 100%. Quando as informações são contrárias, a chance de ocorrência daquela doença/lesão ou condição clínica tende a zero. O desafio do profissional é coletar informações quepermitam avanços sucessivos nesta escala de probabilidades, até que o problema seja confirmado (diagnosticado) ou excluído, para o subseqüente estabelecimento do prognóstico e tratamento. Além disso, torna-se fundamental o entendimento de que, dentre as várias etapas do “processo diagnóstico”, as agressões responsáveis pelos sinais e sintomas, que levaram o paciente a procurar ajuda, possuem caráter bio-psico-socio-cultural. Assim, nem sempre existirá uma alteração anátomo-funcional visível em um exame complementar, associada ao problema. Durante o diagnóstico de uma doença, novas agressões podem requerer o reinício das etapas desse processo.

Os avanços rápidos e substanciais da tecnologia e dos métodos de diagnóstico por imagens, o que evolve desde aspectos de sua terminologia até inovações relevantes para a prática clínica, nem sempre são informados de forma conveniente e adequada para o cirurgião-dentista, sendo ele generalista ou especialista. Além disso, a evolução destes métodos possui, historicamente, impactos diferentes em termos de aplicabilidade quando se compara a radiologia médica ou geral
com a radiologia bucomaxilofacial (“radiologia odontológica”). Sendo assim, o objetivo desta revisão ilustrada por casos clínicos é fornecer ao profissional uma noção geral da importância e das principais aplicações das técnicas tomográficas no contexto da Ortodontia.

O diagnóstico por imagem, em um grande número de vezes, vem sendo usado muito mais como uma forma de “fazer alguma coisa” quando não se sabe por onde começar, do que como um teste diagnóstico complementar selecionado com base em uma anamnese e exame físico criteriosos, etapas as quais o profissional nem utiliza ou, quando o faz, as informações são arquivadas e não utilizadas. Este é um dos pontos em que reside o maior número de limitações na utilização/ indicação de qualquer exame por imagem. Como prejuízos podemos listar: perdas na relação custo/benefício, super ou sub-diagnósticos, bem como tratamentos desnecessários ou omissão de uma contribuição precoce no diagnóstico de doenças/alterações, mesmo que o tratamento das mesmas não seja da competência do cirurgião-dentista.

O diagnóstico por imagem é uma das ferramentas mais tradicionais utilizadas pelos ortodontistas
para medir e registrar tamanho e forma das estruturas craniofaciais (telerradiografia e panorâmica). Os princípios da modalidade ideal devem incluir a determinação de uma anatomia o mais próximo do real em termos de precisão da orientação espacial, tamanho, forma e relação com as estruturas anatômicas circunjacentes.

O interesse pela imagem digital tem crescido por uma série de razões que incluem: possibilidade de aquisição quase instantânea da imagem sem a etapa do processamento químico; possibilidade de tratamento/processamento das imagens no computador, empregando-se algoritmos (realce, restauração, análises, compressão e síntese de imagens) que podem influenciar no resultado diagnóstico das imagens; dose de exposição à radiação equivalente à dos filmes E-speed; redução
do espaço físico para armazenamento das imagens; além da transmissão eletrônica das mesmas (teleradiologia).

O futuro das técnicas de imagens da região bucomaxilofacial reside na obtenção de imagens eficientes, de baixo custo, com riqueza de detalhes tridimensionais para o diagnóstico e plano de tratamento. O desenvolvimento de tecnologias que reúnam estas qualidades inclui, dentre outras, as técnicas tomográficas, especialmente a TC e a RM.

A TC oferece um melhor delineamento das estruturas ósseas da base do crânio e esqueleto facial do que a radiografia convencional. A sua melhor resolução e ausência de sobreposições determinam significantes vantagens na avaliação de lesões neoplásicas e traumáticas, o que tem levado este método a suplantar a tomografia convencional da região de cabeça e pescoço. A TC é freqüentemente indicada, também, para evidenciar sítios de destruição óssea e linfoadenopatias (linfomas, metástases). Uma outra vantagem da TC é a caracterização de tecidos por meio da densitometria. Foi o primeiro exame que permitiu a obtenção de imagens diretas dos tecidos moles, ainda que deficientes.

Como desvantagens da TC, torna-se importante destacar os artefatos causados por estruturas ósseas compactas (especialmente na base do crânio) e estruturas metálicas (restaurações e dispositivos dentários), imagens dos tecidos moles com resolução deficiente e a exposição do paciente a altas doses de radiação. Jóias e bijuterias, bem como próteses removíveis devem ser retiradas antes de qualquer exame de cabeça e pescoço para prevenir e/ou minimizar artefatos, os quais poderão impedir a interpretação das imagens. Os aparelhos ortodônticos também são fontes de artefatos que podem ou não prejudicar ou até inviabilizar a interpretação das imagens.

Apesar da TC ser um exame de alto custo e proporcionar altas doses de radiação para ser utilizado na rotina clínica da Ortodontia, em certas situações os benefícios são superiores aos riscos, dentre eles destacam-se:

No tratamento de deformidades craniofaciais, em que as assimetrias apresentam registros inadequados quando técnicas radiográficas bidimensionais convencionais são utilizadas, a TC tem
um importante papel, especialmente as reconstruções 3-D.

O diagnóstico por imagens da ATM é um campo vasto e determina um capítulo separado da radiologia bucomaxilofacial. A Academia Americana de Radiologia Dentomaxilofacial (AAOMR) publicou um consenso em termos de critérios de seleção e indicação de exames por imagens disponíveis para o estudo da ATM, em que as vantagens e limitações dos vários métodos são discutidas. Torna-se importante ressaltar que, considerando o grande número de técnicas, os detalhes do que se investiga deverão determinar qual das técnicas é a mais apropriada para cada
caso individualmente, baseados em exame clínico minucioso. Nenhuma única modalidade pode oferecer imagens de todos os componentes da articulação. TC e RM são usadas, freqüentemente,
como exames complementares.

Estudos têm sugerido que muitas alterações fisiológicas e histológicas dos músculos da bucofaringe estão associadas a distúrbios do sono, especialmente a apnéia obstrutiva do sono. Esta alteração é caracterizada por vários sinais e sintomas, mais especificamente a ocorrência de episódios de colapso parcial ou total das vias aéreas superiores, impedindo a respiração e geralmente acompanhado de ronco acentuado, sonolência durante o dia e redução da saturação do oxigênio no sangue do paciente. Técnicas dinâmicas e estáticas de imagem têm proporcionado avanços no entendimento da patogênese da apnéia obstrutiva do sono e os mecanismos biomecânicos exercidos pelas intervenções terapêuticas. As técnicas de imagem, especialmente as tomográficas, têm evidenciado a importância da parede lateral da faringe, juntamente com a língua e o palato mole na modulação das alterações do calibre do espaço das vias aéreas superiores.

A ausência dentária, especialmente na região anterior, determina um importante impacto nos pacientes pelas conseqüências na aparência facial, no desenvolvimento da auto-estima e da identidade. O tratamento multidisciplinar tem aumentado as chances de reabilitação de pacientes com anodontia parcial ou perda dentária precoce decorrente de trauma. Os implantes unitários têm sido uma das principais indicações como alternativa de tratamento para esses casos, juntamente com as próteses fixas, a Ortodontia e a Odontologia Estética. É muito importante obter espaço suficiente no sítio do implante e a verticalização dos dentes adjacentes, reduzindo o risco de perda óssea marginal nos dentes contíguos ao implante e na superfície vestibular do mesmo.

Neste contexto, a TC tem se sobressaído tanto para avaliação óssea quantitativa quanto para a qualitativa (densitometria óssea), especialmente em casos de maior complexidade, oferecendo ao
cirurgião segurança para uma boa intervenção. É uma técnica capaz de fornecer essas informações sobre o osso cortical e trabecular de forma separada, diferentemente das técnicas convencionais, em que a cortical externa pode mascarar a qualidade óssea de partes internas do osso.

Os primeiros estudos utilizando a TC aplicada especificamente aos tecidos dentários datam de 1990, visto que até então as atenções para o uso desta técnica no campo da Odontologia eram voltadas apenas para a ATM e implantodontia. A maioria desses estudos está relacionada a dentes impactados: seu posicionamento (especialmente a inclinação vestíbulo-lingual) e diagnóstico de reabsorções dos dentes adjacentes.

Alguns autores evidenciam a superioridade da TC na detecção de reabsorções dentárias associadas a dentes impactados, quando essa técnica foi comparada à radiografia panorâmica e à tomografia convencional. A TC facilita o tratamento de caninos impactados, especialmente quando os dentes estão muito oblíquos no arco, reduzindo o tempo dedicado aos exames complementares, pois fornece informações precisas quanto à localização e posicionamento dos referidos dentes. E ainda, as reabsorções dos incisivos adjacentes, em particular aquelas localizadas nas superfícies vestibular e palatina, são mais bem visualizadas. Alguns autores sugerem que a TC aumenta em 50% a detecção de reabsorções radiculares em incisivos adjacentes a caninos superiores com erupção ectópica. A presença de artefatos adjacentes à reabsorção radicular nas imagens tomográficas tem sido discutida.

A TC, além de identificar e delimitar a lesão, permite ao radiologista a possibilidade de reconstruções de imagens que auxiliam o cirurgião no plano de tratamento. A capacidade desta técnica em detectar a imagem de estruturas de baixa densidade pode ajudar na determinação do conteúdo de lesões (ex. sangue X massa tecidual; cisto X tumor), antes da realização de qualquer procedimento invasivo, auxiliando inclusive no estabelecimento do melhor sítio para realização da biópsia. A TC pode registrar soluções de continuidade das corticais ósseas ou a invasividade de lesões nos tecidos adjacentes. E ainda, identificar o comprometimento de linfonodos regionais, importante no estadiamento de tumores malignos. O ajuste das janelas de contraste auxilia no delineamento da extensão da lesão.

quarta-feira, 17 de março de 2010

TRATAMENTO ORTODÔNTICO CIRÚRGICO DA ASSIMETRIA FACIAL CAUSADA POR HIPERPLASIA CONDILAR






Neste artigo de 2008, publicado pela Revista Conscientia e Saúde, pelos autores Savana de Alencar Maia; Dirceu Barnabé Ravelli; Maria Eliana Cruz Almeida; Gimol Benchimol Resende; José Renato Barbieri Gallo; da Faculdade de Odontologia de Araraquara – Unesp e da Universidade Nove de Julho - São Paulo, Brasil. Apresenta o relato de um caso clínico, mostrando a importância de um diagnóstico minucioso e de um tratamento correto para o sucesso dessa alteração craniomandibular.

A beleza pode ser definida como um estado de harmonia e de equilíbrio das proporções faciais, estabelecidas pelas estruturas esqueléticas, dentes e tecidos moles. A assimetria na região crânio-facial foi previamente revelada pela artista Hasse, em 1887, por meio de investigações sobre estátuas da Grécia antiga que possuíam assimetria de leve a moderada.

A assimetria craniomandibular pode ser hereditária, congênita ou ambienta e a sua causa, funcional, esquelética, dentária ou a combinação das três. Os fatores genéticos podem afetar o desenvolvimento da maxila, da mandíbula ou de outros ossos da face, proporcionando tamanho e formas diferentes para esses ossos. Os fatores congênitos podem ser causados por distúrbios embriológicos na proliferação e no desenvolvimento celular na crista neural, que causam alterações no desenvolvimento craniofacial. Fatores ambientais são aqueles que alteram o desenvolvimento e o crescimento crânio-facial, tais como fraturas e traumas na região condilar, anquilose na região temporomandibular ou patologias como tumor ou artrite nessa região.

A hiperplasia condilar consiste em crescimento anormal do côndilo, produzindo assimetria facial e crescimento mais do lado afetado. Alguns autores6 relatam que a hipótese mais aceita sobre o crescimento condilar anormal pode estar associada à hiperatividade das células précartilaginosas na zona de crescimento condilar.

Como mencionado, clinicamente, observa-se deformidade vertical do esqueleto facial, mordida aberta posterior unilateral. Isso posto, neste trabalho, será apresentado relato de um caso clínico, com base teórica, mostrando que o diagnóstico e o tratamento corretos são fundamentais para o sucesso dessa alteração craniomandibular.

O objetivo da ortodontia pré-cirúrgica é alinhar e nivelar os dentes superiores e inferiores com o uso de aparelho fixo, superior e inferior, para corrigir as posições verticais e sagitais dos incisivos e a coordenação interarcos e estabelecer as inclinações axiais mesiodistais e vestibulolinguais desejadas, permitindo obtenção de relação de Classe I para caninos e molares, após a cirurgia. Se o tratamento pré-cirúrgico não for realizado corretamente, a qualidade do resultado será comprometida, e o tratamento ortodôntico pós-cirúrgico, mais demorado.

Após alinhamento e nivelamento dentário com uso de aparelho ortodôntico fixo, o paciente foi encaminhado à cirurgia ortognática, na qual foi realizado diagnóstico cirúrgico, pelo traçado predictivo, e feita a cirurgia de modelo. Conforme planejado, optou-se pelo avanço da maxila e da mandíbula, assim como a correção condilar do lado direito, o que propiciou bom encaixe oclusal.

Após a cirurgia ortognática, o paciente ficou cerca de três meses com aparelho ortodôntico, fazendo uso de elástico intermaxilar com a finalidade de obter uma oclusão de Classe I. No entanto, como o tratamento propiciou melhora estética facial significativa, o paciente solicitou, por escrito, a remoção do aparelho ortodôntico antes do tempo previsto.

As assimetrias, com grau de alterações esqueléticas moderadas ou apenas desvios de origem dentária, podem ser tratadas exclusivamente com ortodônticas mecânicas e extrações unilaterais. Quando as assimetrias esqueletais atingem graus mais severos, o tratamento ortodôntico cirúrgico torna-se necessário.

Os autores verificaram que, para o sucesso do tratamento ortodôntico cirúrgico, tanto o diagnóstico quanto o planejamento criterioso são fundamentais. Nesse contexto, a correção da assimetria facial e a devolução da estética são primordiais para a interação social do paciente e a plena recuperação da auto-estima, e, nesse aspecto, a cirurgia ortognatia é forte aliada para restabelecer, em conjunto com a ortodontia, a harmonia dentofacial.


Link do artigo na integra via uaemex:

http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/929/92970104.pdf

terça-feira, 16 de março de 2010

Relação entre mordida cruzada posterior e alterações posturais em crianças


Neste artigo de 2009, publicado pela Revista Gaucha de Odontologia, pelos autores Juliana Jaqueline de Matos LOPES, Adriana LUCATO, Eloísa Marcantonio BOECK Mayury KURAMAE, Mário VEDOVELLO FILHO; do Centro Universitário Hermínio Ometto de Araras, Faculdade de Odontologia. Araras, São Paulo, Brasil. Avalia a postura corporal de indivíduos com mordida cruzada posterior funcional, sendo esta uma das maloclusões que mais necessitam de tratamento ortodôntico.

A mordida cruzada posterior caracteriza-se por uma relação transversal inadequada dos dentes posteriores superiores em relação aos dentes inferiores, ou seja, quando as cúspides vestibulares dos dentes superiores ocluem nas fossas centrais dos antagonistas inferiores. Esta má oclusão, frequentemente, é observada quando há diminuição das dimensões transversais do arco dentário superior. Segundo Moyers é um termo utilizado para indicar a relação lábio lingual anormal dos dentes. Dentre as más oclusões de maior prevalência, destacam-se as mordidas cruzadas. A prevalência das mordidas cruzadas posteriores está situada entre 8 e 23,5%, segundo diferentes estudos, sendo mais frequentes as unilaterais funcionais que as bilaterais. Esta má oclusão figura na terceira posição da escala de prioridade e de problemas de saúde bucal do Brasil.

Na maioria das vezes, a mordida cruzada desenvolve-se precocemente, já na dentadura decídua, e apresenta baixo índice de autocorreção, independente do fator etiológico envolvido. Deste modo, diversos autores preocupam-se em esclarecer sua etiologia, procurando conduzir o diagnóstico e racionalizar da melhor forma o tratamento8. É desejável empregar um tratamento precoce, pois um movimento mandibular incorreto produziria modificações indesejáveis de crescimento, com compensação dentária, podendo acarretar, futuramente, uma assimetria esquelética e padrões funcionais potencialmente prejudiciais, como por exemplo, alteração da mastigação.

As causas mais encontradas na literatura são: a respiração bucal; a perda precoce de dentes decíduos; os hábitos bucais deletérios como sucção digital ou chupeta, deglutição atípica e a migração do germe do dente permanente; interferências oclusais; anomalias ósseas congênitas; falta de espaço nos arcos (discrepância entre o tamanho do dente e o tamanho do arco); fissuras palatinas e hábitos posturais incorretos, podendo estar associados à etiologia da mordida cruzada posterior.

O ser humano, mesmo que aparentemente esteja imóvel, ajusta constantemente sua postura para adequar seu corpo ao meio externo que o rodeia. As modificações no crescimento e desenvolvimento não ocorrem somente por fatores morfogenéticos, mas também as variações morfológicas são determinadas por influências pós-natais. Recentemente, dois fatores fisiológicos maiores, a postura e a respiração, têm sido descritos como possíveis modificadores no controle do crescimento e do estabelecimento da morfologia dentofacia. A alteração postural mais comum, relacionada à posição oclusal dentária, é a cabeça projetada para frente.

Para Barony & Santiago Junior, em um indivíduo normal, a postura apresenta o crânio articulado na porção mais alta da coluna cervical, sustendo e equilibrado pelos côndilos do occipital, na articulação atlanto occipital. Uma alteração na posição craniocervical é capaz de gerar trocas definidas na morfologia craniofacial. Os planos escapulares e glúteos deverão estar alinhados e deverá haver uma lordose cervical mais acentuada do que a lordose lombar, tanto no adulto como na criança. No plano frontal, sete linhas imaginárias são traçadas, paralelas ao solo, para observar a assimetria da face e do corpo; a linha bipupilar, a linha entre os trágus, a linha da comissura labial, a cintura escapular e a cintura pélvica. Assim, a boca deve ser entendida como uma unidade estabilizadora do mecanismo esquelético, tornando imprescindível extrapolar seus limites para compreender sua relação como um todo.

Durante a vida do indivíduo, a postura corporal vai se tornando cada vez mais ereta, sendo que os sistemas respiratório, sensorial, dentário, etc. promovem a adaptação anatômica do tronco em relação ao pescoço. Tendo os músculos do tronco e do pescoço um papel muito importante no equilíbrio da cabeça, se ocorrer alguma interferência neste equilíbrio, a postura da cabeça também sofre mudanças. Essas mudanças foram constatadas, nesse estudo, através das imagens do plano lateral, nas quais 63,64% apresentaram a anteriorização da cabeça, gerando um desequilíbrio postural.

Segundo Souchard os segmentos do corpo humano, assim como as funções hegemônicas, estão anatômica e funcionalmente relacionadas, de tal forma que se endereçando uma alteração a uma parte do indivíduo, toca-se o conjunto dele. Ele ainda afirma que a manutenção do equilíbrio é fundamental e a desorganização de um segmento do corpo implicará em uma nova organização de todos os outros, assumindo, então, uma postura compensatória, a qual também influenciará as funções motoras dependentes. Foi possível observar que os indivíduos analisados apresentam mordida cruzada posterior funcional, desenvolvendo a mastigação unilateral. Ocorre, assim, um desequilíbrio das funções mastigatórias e uma postura compensatória, podendo refletir nas alterações posturais e desenvolvendo assimetrias.

De acordo com Ferraz Júnior et al., trabalhos recentes constataram que a postura corporal global interfere na posição da cabeça que, por sua vez, é diretamente responsável pela postura da mandíbula, mas a relação inversa pode ocorrer com uma disfunção no sistema estomatognático, levando a alterações na postura corporal.

A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que as alterações posturais dos indivíduos com mordida cruzada posterior funcional, nos planos descritos foram:

a) plano frontal (parâmetros articulares biacromial, crista ilíaca e birotular) - mostrou que um grande percentual da amostra apresenta desvio de normalidade nesses parâmetros;

b) plano lateral - verificou-se a anteriorização de cabeça, apresentou distribuição homogênea de incidência entre ambos os gêneros, apesar da amostra de indivíduos do gênero masculino ter sido menor, apontando, portanto, para uma maior incidência no gênero feminino;

c) plano dorsal - as alterações posturais que mais apresentaram assimetria foram no plano dorsal (parâmetro articular biescapular - ombros), onde todos os indivíduos analisados apresentaram assimetria, estando fora dos padrões da normalidade.

Dessa forma, esse estudo concluiu que todos os indivíduos analisados com mordida cruzada posterior funcional e alterações posturais nos planos frontal, lateral e dorsal apresentaram desvios posturais.

Link do artigo na integra via Revista RGO:

http://www.revistargo.com.br/include/getdoc.php?id=4255&article=1892&mode=pdf

segunda-feira, 15 de março de 2010

Cirurgia ortognática: abordagem psicossocial em pacientes Classe III de Angle submetidos à correção cirúrgica da deformidade dentofacial



Neste artigo de 2007, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Denise Nicodemo, Max Domingues Pereira, Lydia Masako Ferreira da Pós-Graduação em Cirurgia Plástica Reparadora - Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP. Professora Responsável pela Disciplina de Psicologia Aplicada à Odontologia, Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP - São Paulo. Investiga aspectos psicossociais relacionados à mudança da aparência facial em 29 pacientes, de ambos os gêneros, com idades entre 17 e 46 anos, com indicação de tratamento cirúrgico, nos períodos pré-operatório (durante preparo ortodôntico) e pós-operatório (transcorridos 6 meses da intervenção cirúrgica).

A cirurgia ortognática trata da correção cirúrgica das deformidades dentofaciais e a sua importância encontra-se não só na correção da oclusão, mas também da estética facial. Isto significa que os aspectos psicossociais estão diretamente relacionados a este tipo de tratamento, pois a aparência facial influencia a formação da imagem corporal, da identidade e da auto-estima.


A deformidade facial, com potencial psicológico e social destrutivo, causa impacto negativo, podendo influenciar não somente a autoconfiança dos pacientes, como também os relacionamentos externos, resultando em desvantagens sociais e psicológicas. Os objetivos do paciente com deformidade dentofacial, relacionados à reparação, são também psicossociais e este pode expressar a expectativa de resolver suas dificuldades pessoais e sociais com a mudança física, ou seja, com a melhora de sua aparência pela correção cirúrgica.

Sendo assim, o processo de reparação da deformidade dentofacial, que envolve aspectos técnicos e psicossociais, necessita da cooperação do paciente e exige do profissional uma conduta integradora no trabalho em equipe multiprofissiona. A desconsideração de tais aspectos pode levar não só à insatisfação do paciente com os resultados do tratamento cirúrgico, mas até mesmo a problemas psicológicos pós-operatórios, como também à compreensão tardia, do cirurgião e equipe, que o insucesso (se ocorrido) pode ter sido resultado da falta de avaliação psicológica preliminar e falta de orientação apropriada. Em pesquisa realizada por Power et al., na avaliação da percepção da qualidade de vida em 15 diferentes culturas, a auto-estima foi o item mais pontuado do domínio psicológico, denotando a importância da investigação destes fatores.

Os autores Concluiram que:

1) os pacientes procuraram a correção cirúrgica motivados a melhorar o aspecto funcional e a estética;

2) fantasiavam melhorar as relações sociais e a aparência;

3) esperavam, de forma realista, que a correção cirúrgica reparasse a função e a estética - objetivos propostos pela cirurgia ortognática.


Link do artigo na integra via Scielo:

http://www.scielo.br/pdf/dpress/v12n5/a07v12n5.pdf

domingo, 14 de março de 2010

Pensamento da Semana


"Os grandes feitos são conseguidos não pela força, mas pela perseverança."


Samuel Johnson

1709 -- 1784


quinta-feira, 11 de março de 2010

Prevalência de agenesia dentária em pacientes ortodônticos da cidade de São Paulo


Neste artigo de 2007, publicado pela Revista da Pós-Graduação da FOUSP, pelos autores Francisco Antonio Delgado Grieco, Paulo Eduardo Guedes Carvalho, Eduardo Guedes-Pinto, Daniela Gamba Garib, Karyna Martins do Valle-Corrotti; da Disciplina de Ortodontia da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul) – São Paulo/SP, do curso de Pós-graduação em Ortodontia da Associação Brasileira de Odontologia-Regional de Araçatuba – Araçatuba/SP; do Curso de Mestrado em Ortodontia da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) – São Paulo/SP; Avalia a prevalência de agenesias dentárias nos pacientes de Ortodontia da Universidade Cidade de São Paulo (Unicid).

Agenesia tem por definição a diminuição numérica, no caso específico de determinados elementos dentários ou conforme a origem grega deste termo, a própria ausência de geração. A agenesia dentária também pode ser denominada de anodontia parcial, hipodontia ou oligodontia, caracterizando-se pela ausência de um ou mais dentes. O diagnóstico desta alteração é evidente por meio de suspeita clínica e sua respectiva confirmação radiográfica.

Sua etiologia pode estar relacionada a fatores nutricionais, traumáticos, infecciosos, hereditários ou filogenético. Também são citados outros fatores como as doenças virais, na qual destaca-se a rubéola ou certos distúrbios endócrinos. Entretanto, a hereditariedade tem sido considerada o fator etiológico principal da agenesia dentária e sua patogenia está relacionada com alterações no processo de formação e desenvolvimento da lâmina e dos subseqüentes germes dentários.

A freqüência das agenesias varia muito em porcentagem nas diversas populações estudadas. Sendo um fator que, além de causar preocupações estéticas aos pacientes e a seus pais, está diretamente relacionado ao desenvolvimento da maloclusão. A determinação de sua prevalência individualizada para as diversas populações mostra-se de grande importância para rotina do diagnóstico ortodôntico e plano de tratamento.

Quanto ao aspecto das possibilidades ortodônticas para solução dos casos de agenesias dentárias, Santos (2002) ressaltou a importância de um plano de tratamento adequado para os casos de agenesia de segundos pré-molares, citando dois métodos de tratamento em caso de agenesia destes elementos. O primeiro seria o fechamento dos espaços destes dentes e o segundo manter estes espaços. A opção pela qual deve se seguir depende de alguns fatores, como as condições do molar decíduo e a relação dento esquelética. Se o paciente apresentar mordida profunda, o fechamento dos espaços deve ser evitado para não agravá-la. Nos casos nos quais o fechamento dos espaços é contra-indicado, pode-se fazer opção por implantes; porém, um fator importante a considerar é a idade do paciente.

Yuksel e Uçem (1997) constataram, por meio de exames radiográficos, que, em casos de agenesia de incisivos superiores a maxila, pode apresentar retrognatia e uma tendência à Classe III em relação a casos normais, devendo ser sempre considerado no plano de tratamento. Quando da agenesia de incisivos laterais, uma alternativa de tratamento consiste no fechamento dos espaços das agenesias combinados com procedimentos restauradores para a melhoria da estética dentária e facial do paciente. Nesta mecânica de fechamento de espaços, o perfil de Classe III poderá piorar, aumentando o ângulo nasolabial. Para evitar estes problemas, sugere-se o uso criterioso de máscara facial para mesializar o dente posterior.

Com base nos resultados obtidos neste estudo, os auores concluiram que os grupos formados pelos segundos pré-molares inferiores e incisivos laterais superiores mostraram maior prevalência de agenesias em relação aos demais grupos, os quais apresentaram comportamento semelhante entre si.

Também se concluiu que a prevalência de agenesias foi semelhante entre os gêneros masculino e feminino, e entre os quadrantes dentários. Em relação à prevalência de agenesias nos diferentes grupos raciais, a amostra apresentou-se insuficiente, não denotando diferença entre leucodermas, melanodermas e xantodermas.


Link do artigo na integra via FO USP:

quarta-feira, 10 de março de 2010

Typodont eletrônico - a revolução tecnológica na simulação dos movimentos ortodônticos


Neste trabalho premiado em 2008, publicado pela Revista de Ortodontia SPO, pelo Autor Otto Grinen Baez Rojas, Ortodontista da Universidade Cooperativa de Colômbia. Mostra um novo modelo de Typodont com acionamento Eletrônico.


Fazendo-se uma profunda análise das grandes limitações e falhas que os typodont tradicionais apresentam, tais como a necessidade das peças serem aquecidas em água, podendo causar amolecimento ou queimadura nas mesmas, foi desenvolvido o typodont eletrônico, que começa a liberar calor desde o interior da raiz, de forma diferente para cada um dos dentes, alcançando a mais natural simulação dos movimentos. Uma das grandes vantagens desse novo aparelho é iluminar o acrílico e reproduzir, em três minutos, o tratamento que é feito em um mês, possibilitando, ainda, visualizar a movimentação dos dentes.


Link o artigo na Integra via ortodontiaspo:

terça-feira, 9 de março de 2010

TRANSPLANTES DENTÁRIOS EM ORTODONTIA


Nesta Dissterção publicada em 2005, no site da Academia Tiradentes de Odontologia, pelo autor LUCIANO HENRIQUE FIGUEIRA, Dissertação apresentada ao Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, para obtenção do grau de Mestre em Odontologia – Área de concentração: Ortodontia. Agenesias, perdas dentárias, e retenções dentárias difíceis de serem resolvidas somente com tracionamento ortodôntico, são problemas que freqüentemente ocorrem em pacientes, que procuram tratamento ortodôntico. Normalmente, os planejamentos para essas situações clínicas, envolvem fechamentos ortodônticos dos espaços, ou substituições com Próteses, ou Implantes. Pesquisas com autotransplantes dentários têm demonstrado altas taxas de sucesso, para substituição de dentes perdidos, ou para reposicionamento de dentes retidos, no arco dentário.

Transplante dentário é o termo utilizado, para descrever a transferência de um órgão dental, para outro local de um mesmo indivíduo, ou de indivíduo, vivo ou morto, para outro indivíduo. Quando ocorre no mesmo indivíduo, é chamado de autógeno, ou autotransplante. Quanto é realizado entre indivíduos diferentes, da mesma espécie, são denominados homógenos, ou alotransplantes.

Referências aos transplantes dentários remontam a antiguidade, contudo publicações em relação às normas do procedimento cirúrgico, são da década de 1950 (MARZOLA, 2003).

Vários trabalhos têm sido realizados, para verificar os resultados dos autotransplantes, sendo relatados um alto grau de sucesso, na execução, e na proservação dos casos clínicos (KUGELBERG; TEGSJÖ; MALMGREN, 1994; MARCUSSON; LILJA-KARLANDER, 1996, JOSEFSSON; BRATTSTRÖM; TEGSJÖ et al., 1999; CZOCHROWSKA; STENVIK; BJERCKE, 2002; MARZOLA, 2003).

Varias técnicas cirúrgicas para realização dos transplantes têm sido descritas, sendo que a preservação do ligamento periodontal tem sido fundamental para a sobrevivência dos autotransplantes. Dentes com rizogênese incompleta autotransplantados, são os que apresentam resultados mais satisfatórios (BERGLUND; KUROL; KVINT, 1997; NORTWAY; KONIGSBERG, 1980; LEE; JUNG; LEE et al., 2001; NETHANDER; SKOGLUND; KAHNBERG, 2003; GAULT; WAROCQUIER-CLEROUT, 2002; MARZOLA, 2003).

Trabalhos foram realizados, com o objetivo de verificar a possibilidade de estocagem de dentes humanos, em casos que o transplante não possa ser realizado em somente um tempo cirúrgico. Foram descritas técnicas, que permitem a conservação do elemento a ser transplantado por anos (SCHATZ; RANK, 1986).

Diferentes dentes podem ser transplantados para diferentes locais. Assim, pré-molares são transplantados para o local de incisivos, molares para o local de pré-molares, caninos retidos são transplantados para a posição que deveriam ocupar no rebordo alveolar, isso tudo entre outras diferentes combinações.

As indicações dos autotransplantes são várias, sendo que os autotransplantes podem ser realizados em casos de perda de elemento dentário, quer por processos infecciosos, como processos traumáticos, impacções complexas em que o tratamento ortodôntico não possa ser realizado, por motivos técnicos, ou socioeconômicos e, pacientes em crescimento, onde o uso de implantes é contra-indicado. A grande vantagem do transplante em relação a outras modalidades de tratamento, que visam substituir dentes perdidos, é que o mesmo permite desenvolvimento do processo alveolar.

Os autotransplantes dentários apresentam praticamente o mesmo grau de sucesso, que outras modalidades de tratamento dentário, para a substituição de dentes perdidos, fazendo-se uma análise a longo prazo (CZOCHROWSKA, STENVIK; ZACHRISSON, 2002).

CLAUS; LAUREYZ; CORNELISSEN et al., (2004) fizeram um experimento, autotransplantando dentes de cachorros sem rizogênese completa, após a remoção da polpa dentária, com o objetivo de ver como ocorreria a regeneração pulpar, nesses autotransplantes. Foram utilizados 16 dentes autotransplantados, que foram removidos, e posicionados no alvéolo contralateral. No primeiro dia foram autotransplantados 4 dentes. Passados 9, 16 e 23 dias o procedimento foi repetido. Os alvéolos para onde os autotransplantes foram posicionados, foram confeccionados antes do procedimento cirúrgico, para diminuir o tempo extra-oral dos autotransplantes. Os autotransplantes foram mobilizados com suturas, para manter movimento fisiológico dos mesmos. Aos 30 dias, os animais foram sacrificados e, os dentes foram analisados microscopicamente. As análises permitiram verificar que, em todos os dentes autotransplantados, houve regeneração do tecido pulpar, e que o crescimento desse tecido, era proporcional ao tempo da realização do transplante. Os estudos mostram claramente crescimento da polpa, em dentes com rizogênese incompleta, em dentes autotransplantados, depois da remoção da polpa.

FIGUEIRA; MARZOLA; ANDRADE et al., (2004) fizeram uma revisão a respeito de transplante autógeno de dentes com rizogênese incompleta e, descreveram um caso clínico de um paciente, que teve os caninos superiores autotransplantados, com mais de 25 anos de acompanhamento, sendo que os autotransplantes se apresentavam clinica e radiograficamente normais.

Em vista dos dados obtidos na revisão da literatura, pode-se concluir:

1. Dentes retidos, onde o tratamento ortodôntico teria um mau prognóstico para tracionamento podem ser autotransplantados e, reposicionados no arco dentário. Nos casos em que a cirurgia para a realização do autotransplante for difícil de ser realizada, sem que haja traumatismo no dente a ser autotransplantado, poderia ser feito tratamento ortodôntico prévio a realização do transplante, para melhorar o posicionamento do dente a ser autotransplantado, com o intuito de facilitar no momento da cirurgia.

2. Os dentes que apresentam melhor prognóstico para o autotransplante são aqueles que apresentam rizogênese incompleta, com a formação de ½ a ¾ do comprimento radicular normal.

3. Dentes autotransplantados podem ser movimentados ortodonticamente, pois na maioria dos casos ocorre regeneração do ligamento periodontal, nos autotransplantes. Podem-se utilizar quaisquer tipos de aparelhos, sejam eles fixos ou removíveis e, quaisquer tipos de técnicas, em dentes autotransplantados, que tenham tido sucesso na autotransplantação.

4. Dentes podem ser conservados e utilizados posteriormente, quando não há possibilidade de se executar um autotransplante em um só tempo cirúrgico.

5. Autotransplantes dentários são uma alternativa viável para a reposição de dentes perdidos e, têm a mesma longevidade que as atuais técnicas utilizadas para reposição de dentes como próteses ou implantes.

6. Dentes autotransplantados, que não anquilosam, permitem o desenvolvimento do processo alveolar, ao contrário do ocorre em próteses, ou implantes.

7. Transplantes dentários têm um menor custo para sua execução, se comparados com próteses fixas, ou implantes.

8. Dentes autotransplantados com rizogênese incompleta, na maioria das vezes, têm regeneração pulpar.

9. Dentes com rizogênese completa, freqüentemente precisam ser submetidos à terapia endodôntica.

10. Dentes autotransplantados devem ser fixados com contenções semi-rígidas, para facilitar a regeneração do ligamento periodontal, prevenindo a ocorrência da anquilose.

11. Dentes autotransplantados têm melhor prognóstico a longo prazo, que dentes homotransplantados, pois esses últimos anquilosam e a raiz sofre reabsorção por substituição óssea, com o passar do tempo.


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domingo, 7 de março de 2010

Pensamento da Semana


"O mal dos tempos de hoje é que os estúpidos vivem cheios de si e os inteligentes cheios de dúvidas."


Bertrand Russell

1872 -- 1970



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