ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: TRATAMENTO CIRÚRGICO DE ASSIMETRIA MANDIBULAR RELATO DE CASO CLÍNICO

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

TRATAMENTO CIRÚRGICO DE ASSIMETRIA MANDIBULAR RELATO DE CASO CLÍNICO



Neste artigo de 2004, publicado pela Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial; pelos autores Emanuel DIAS de Oliveira e Silva; José Rodrigues LAUREANO FILHO; Nelson Studart ROCHA; Patrícia Maria Rabelo ANNES; Patrícia Oliveira TAVARES; da disciplina de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Faculdade de Odontologia de Pernambuco - FOP/UPE - Pernambuco. Relata um caso clínico de assimetria mandibular, expondo as possíveis causas para esta deformidade e o tipo de tratamento cirúrgico proposto com finalidade corretiva.

Pode-se definir beleza como um estado de harmonia e equilíbrio das proporções faciais, estabelecidas pelas estruturas esqueléticas, pelos dentes e pelos tecidos moles.

A simetria está diretamente relacionada a beleza. Observa-se um equilíbrio em tamanho, forma e organização das características anatômicas entre lados opostos em relação a um plano de referência mediano (PROCACI et al.,2002).

Graus suaves de assimetria facial são encontrados normalmente na população em geral e usualmente não são perceptíveis esteticamente ou funcionalmente. Desta forma, as assimetrias tornam-se importantes quando afetam a função e/ou estética do paciente.

As assimetrias faciais decorrentes de distúrbios de crescimento dos maxilares quase sempre requerem correção cirúrgica ortognática, seguida, em alguns casos, necessitar de correções teciduais leves.(KAHNBERG et al., 1997). Dentro das assimetrias faciais, a assimetria mandibular é geralmente caracterizada clinicamente, devido à presença dos seguintes fatores: desvio do mento para um lado, discrepância dento-esqueletal da linha média, mordida cruzada e discrepância no sentido vertical da mandíbula, sendo considerada como principal causa a variação do potencial de crescimento da mandíbula (SKOLNICK et al., 1994).

A correção destas alterações faciais envolve principalmente, o tratamento ortodôntico-cirúrgico podendo associar, em algumas situações, uma cirurgia combinada de mandíbula e maxila.

Vários fatores, isolados ou em conjunto, podem indicar a necessidade para a realização da cirurgia ortognática. Pode–se citar como fatores a mastigação debilitada, disfunção da articulação têmporomandibular e susceptibilidade à cárie e à doença periodontal, devido à higiene oral debilitada pela protrusão e irregularidades dentárias (ARNETT, 2002). Considera-se que uma das indicações mais importantes para a cirurgia ortognática baseia-se no efeito psicossocial causado pela deformidade dentofacial e pela assimetria facial.

Deformidades dento-faciais afetam aproximadamente 20% da população, podendo os pacientes com estas discrepâncias apresentar em vários graus de comprometimento funcional e estético. Assim, malformações podem surgir isoladamente em um maxilar ou podem se estender para diversas estruturas crânio-faciais. Elas podem ocorrer uni ou bilateralmente e podem ser expressas em graus variados nos planos faciais vertical, horizontal e transversal (FONSECA et al., 2000).

Os fatores causais das assimetrias são classificados como funcional, esquelético, dentário ou a junção de todos (PROCACI, 2002). O conjunto de fatores que podem, habitualmente, correlacionar-se com as alterações faciais podem ser classificados também em nutricionais, funcionais, hormonais, lesões nervosas, lesões vasculares e fatores ambientais. Todos estes fatores, durante a fase de crescimento do indivíduo, podem causar discrepâncias de tamanho, posição e forma das estruturas envolvidas, resultando em alterações anátomo-funcionais importantes (OLMOS ARANDA et al., 1999).

Diversas opções de tratamento são descritas na literatura. A indicação de uma técnica em detrimento à outra se faz pelo correto diagnóstico de cada caso (GAZIT-RAPPAPORT, 2003). apresenta uma abordagem conservadora ortodôntica-protética no qual uma oclusão estável e o ajuste da linha média dentária foram obtidos através de movimentação dentária e instalação de componente protético constituindo um terceiro pré-molar.

WOLFORD (2002), descreve um tratamento combinado da articulação temporomandibular associado ao orto-cirúrgico em pacientes com diagnóstico de assimetria facial, causado por hiperplasia condilar. O autor prega a cirurgia ortognática precoce e a abordagem da ATM para realizar uma condilectomia, na tentativa de diminuir o crescimento mandibular e aplicatura meniscal, a fim de possibilitar melhor função.

A utilização da cirurgia ortognática na correção de assimetrias faciais é uma das técnicas mais utilizada e estudada dentro da cirurgia bucomaxilo-facial (ARAUJO, 1999). Em pacientes cujo defeito tem como agente etiológico o componente esquelético não associado a qualquer patologia, a abordagem cirúrgica é o tratamento de escolha.

Podemos concluir que o uso da cirurgia ortognática no tratamento da assimetria facial é uma técnica bem estudada na literatura, de resultados previsíveis e estabilidade a longo prazo. O correto diagnóstico e planejamento do caso é fundamental para indicação do procedimento cirúrgico mais adequado. A análise do crescimento ósseo e patologia mandibular associada são parâmetros relevantes à escolha de uma abordagem mais conservadora ou mais invasiva.


Link do artigo na integra via revista cirurgia bucomaxilofacial:

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