ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: A trajetória da Ortodontia no Brasil e os 50 anos da SPO Parte 03

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A trajetória da Ortodontia no Brasil e os 50 anos da SPO Parte 03








Neste artigo de 2009, Publicado pela Revista Ortodontia SPO; pelo autor Adilson Fuzo; Mostra que o boom experimentado pela Ortodontia nos anos 60 continuou ecoando na década seguinte, com mais instituições de ensino criando cursos de pós-graduação, novas instituições sendo criadas e os ortodontistas paulistas consolidando sua posição no cenário nacional. A década de 70 foi muito importante também para a SPO que adquiriu sua sede na Rua do Livramento e lançou seu curso de especialização.



A década de 1960 proporcionou um vigoroso salto qualitativo para a Ortodontia brasileira. Uma contribuição significativa para esse desenvolvimento veio do Estado de São Paulo, onde existiam dois fortes núcleos de ensino da especialidade em cursos de pós-graduação, sendo um deles na capital, na Universidade São Paulo (USP), coordenado por Sebastião Interlandi a partir de 1966; e outro no interior do Estado, na Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), sob o comando de Manuel Carlos Müller de Araújo, a partir de 1962.


Paralelamente, o núcleo de ortodontistas do Rio de Janeiro seguia com seu trabalho na formação de profissionais na área, num trabalho encabeçado – no campo científico – por José Édimo Soares Martins, na coordenação do curso de pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e – no campo associativo – pela Sociedade Brasileira de Ortodontia (SBO).


Ao final desta década, no entanto, a mobilização que se mais destacava era em torno das atividades da Sociedade Paulista de Ortodontia (SPO). A dedicação e o empenho de alguns membros contribuíram decisivamente para o aperfeiçoamento de vários profissionais nesse período (tanto de São Paulo como de outros estados) ao promover a vinda de grandes nomes da Ortodontia internacional para o Brasil, como os norteamericanos Earl W. Renfroe, Ernest H. Hixon, Allan G. Brodie e Quentin M. Ringenberg, os argentinos Roman Santini e Hector A. Tarasido, o uruguaio Carlos Garcia Novaes, entre outros.


A presença desses expoentes no país acontecia não só por meio de cursos avulsos, mas também nos primeiros eventos de grande porte realizados pela SPO, como o I Congresso Paulista de Ortodontia, realizado em 1968. A edição inaugural do evento, que acontece até hoje foi um verdadeiro marco para a especialidade, contando com a participação de mais de 800 cirurgiões-dentistas de todos os cantos do país. Neste mesmo ano, a SPO lançou a primeira publicação científica da área no Brasil, a revista Ortodontia.

A área de Educação permaneceu em franca expansão durante esse período, com cada vez mais instituições se dedicando ao ensino da Ortodontia – fenômeno esse que se multiplicaria brutalmente, sobretudo a partir da década de 1990. Em 1973, um novo importante centro de ensino da especialidade se formou no interior paulista, na Faculdade de Odontologia de Bauru, com a coordenação de Décio Rodrigues Martins. Instituições particulares levaram a Ortodontia também para outros pontos da capital, como fez em 1976 a Organização Santamarense de Educação e Cultura (Osec) –, hoje Universidade Santo Amaro.


Para coordenar o curso, os donos da Osec convidaram Flávio Vellini Ferreira que, diferentemente da maioria dos ortodontistas, havia conduzido sua carreira acadêmica com foco maior nos aspectos biológicos ligados à Ortodontia.



Também no ano de 1976, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) criou seu curso de especialização, o que significou mais um importante passo para o desenvolvimento da Ortodontia, sendo a primeira instituição a romper os limites do eixo Rio-São Paulo no ensino da especialidade. Vale lembrar que, ao longo dessa década, as demais instituições pioneiras no ensino da Ortodontia conseguiram elevar seus cursos para o nível de strictu-sensu.


A alta frequência de alunos de outros estados em cursos no Rio de Janeiro e em São Paulo eram um claro indício de que a Ortodontia estava se esparramando pelo território nacional rapidamente. Mais do que isso, a criação da Sociedade Paranaense de Ortodontia, em 1972, e da Sociedade Gaúcha de Ortodontia, em 1975, demonstrava que esses ortodontistas estavam se organizando fortemente em seus estados de origem e consolidando a prática ortodôntica nessas regiões. O intercâmbio entre a SPO e os colegas de cidades distantes era mais intenso durante os eventos como o III Congresso Paulista de Ortodontia em 1975, já durante o início da gestão de Osny Corrêa.



A Ortodontia havia definitivamente deixado de ser uma atividade marginal na Odontologia, como acontecia nos anos 1950. Um reflexo desse novo momento foi o lançamento em 1977 da segunda obra da especialidade em língua portuguesa, "Ortodontia: bases para a iniciação", de autoria de Sebastião Interlandi. Até a chegada deste título, a única opção de literatura nacional que o ortodontista brasileiro dispunha era o "Ortodontia", de Carlos Alves da Costa, lançado em 1939.


Junto com a especialidade, cresceu também o mercado brasileiro de materiais ortodônticos. Nas primeiras décadas, quase tudo que era usado pelos ortodontistas vinha do exterior. A maior responsável pela importação dessa quantidade imensa de itens era uma argentina que vivia no Brasil chamada Pilar Ostivar. Além de se notabilizar como a criadora da Brasil Orthodontic, a única empresa autorizada a representar a marca Unitek no Brasil, Pilar também deu uma importantíssima contribuição para a Odontologia nacional ao ajudar na implantação da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APCD.


Para completar o cenário, Júlio Wilson Vigorito assumiu a presidência da SPO em 1979. Quais seriam os novos desafios que ele encontrará na próxima década? Como o curso de especialização da entidade vai reagir aos novos tempos? O que acontecerá com a indústria nacional diante de uma economia cada vez mais instável?





Link do artigo na integra via OrtodontiaSPO:
http://www.ortociencia.com.br/revista_ortodontiaspo/PDF_V42_03/ortoinformacao/v42_n3_ortoinformacao01.pdf



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe !