Neste artigo de 2009, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Rodrigo Castellazzi Sella, Marcos Rogério de Mendonça, Osmar Aparecido Cuoghi; do departamento de Odontologia Infantil e Social, Disciplina de Ortodontia Preventiva, da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – Unesp - São Paulo. Compara os valores médios normais das angulações mesiodistais dentárias, propostos por Ursi, em 1989, com as angulações mesiodistais de caninos, pré-molares e molares inferiores em indivíduos com e sem a presença dos terceiros molares inferiores e idades entre 18 e 25 anos.
Ao longo da história da Ortodontia, foram demonstradas diferentes formas de se obter a angulação correta dos dentes ao término do tratamento ortodôntico. Primeiro por meio de dobras artísticas nos fios, seguidas por braquetes soldados angulados nas bandas, de acordo com Holdaway, e culminando na mais recente evolução para obtenção desse objetivo da Ortodontia: os braquetes totalmente ajustados desenvolvidos por Andrews, que incorporam aos braquetes padrão os requisitos necessários para obtenção das “seis chaves para a oclusão normal”, dispensando, em grande parte dos casos, a maioria das dobras nos arcos.
A busca contínua pela angulação dentária adequada, no sentido mesiodistal, ocorreu em virtude do posicionamento dentário constituir um fator extremamente importante para que a estabilidade do sistema estomatognático possa ser mantida por meio da neutralização das forças oclusais em função normal.
Nesse sentido, a componente anterior de forças está intimamente relacionada com pontos de contatos dentários bem definidos, dependentes de uma inclinação axial correta e do relacionamento da oclusão de um dente contra dois dentes. Assim, a inclinação axial adequada deve estar incluída nos objetivos do tratamento ortodôntico, pois está diretamente relacionada com o alinhamento dentário, além de tratar-se de um fator determinante para a manutenção em longo prazo dos resultados atingidos com o tratamento.
A ortopantomografia, frequentemente denominada radiografia panorâmica, constitui um método auxiliar de diagnóstico que permite a visualização de uma série de estruturas anatômicas e fatores relevantes à Odontologia, de forma que o próprio nome sugere a visualização de um panorama geral do sistema estomatognático. A simplicidade de operação dos aparelhos e o grande número de informações obtidas, em conjunto com o conforto para o paciente e pequena quantidade de exposição à radiação, fazem da ortopantomografia um instrumento muito utilizado na Odontologia e em especial na Ortodontia, que desenvolveu métodos para utilizá-la na avaliação das angulações dentárias mesiodistais.
Existem duas linhas de raciocínio que concernem o desenvolvimento dos terceiros molares. A primeira, mais antiga, afirma que esses dentes são capazes de causar interferências, gerando certas irregularidades no posicionamento dos dentes adjacentes. Contudo, a segunda linha apregoa que os terceiros molares não apresentariam essa capacidade de proporcionar tantos efeitos deletérios.
Em 1989, Richardson inferiu que a pressão exercida na região posterior e a presença do terceiro molar podem constituir as causas do apinhamento tardio no arco inferior, mas explicou que existem outros fatores etiológicos envolvidos. Cinco anos depois, a mesma autora explicou que o crescimento mandibular tardio, a maturação dos tecidos moles, as forças periodontais e as estruturas dentárias e esqueléticas, bem como os fatores oclusais e o padrão de crescimento, são a essência multifatorial para a alteração do posicionamento dos dentes inferiores.
Os objetivos do tratamento ortodôntico dependem de alguns fatores e, dentre eles, encontra-se a
angulação dentária mesiodistal correta, destacada por Andrews em seu artigo clássico publicado em 1972. Os longos eixos dentários, quando posicionados corretamente, fornecem condições adequadas para que o equilíbrio oclusal seja atingido e estabelece-se como um importante requisito para a obtenção da estabilidade dos resultados gerados pelo tratamento.
angulação dentária mesiodistal correta, destacada por Andrews em seu artigo clássico publicado em 1972. Os longos eixos dentários, quando posicionados corretamente, fornecem condições adequadas para que o equilíbrio oclusal seja atingido e estabelece-se como um importante requisito para a obtenção da estabilidade dos resultados gerados pelo tratamento.
Dessa forma, a busca pela angulação dentária mesiodistal semelhante à da oclusão normal deve-se ao fato dessa oclusão apresentar harmonia entre os componentes do sistema estomatognático.
Nesses casos, os longos eixos dentários apresentam-se, de acordo com sua localização no arco, angulados com as raízes para distal em níveis variados. O espaço para cada dente varia conforme
essas angulações, que geram contatos proximais justos, além de um relacionamento adequado no
sentido anteroposterior.
Nesses casos, os longos eixos dentários apresentam-se, de acordo com sua localização no arco, angulados com as raízes para distal em níveis variados. O espaço para cada dente varia conforme
essas angulações, que geram contatos proximais justos, além de um relacionamento adequado no
sentido anteroposterior.
Quando as angulações mesiodistais encontram-se inadequadas, a possibilidade de ocorrência de reabertura de espaços fechados por meio do tratamento ortodôntico aumenta, em decorrência do
paralelismo radicular incorreto. O aumento dessas angulações pode, ainda, compensar certas discrepâncias de tamanho dentário interarcos e otimizar a estabilidade do alinhamento dentário na região anteroinferior.
paralelismo radicular incorreto. O aumento dessas angulações pode, ainda, compensar certas discrepâncias de tamanho dentário interarcos e otimizar a estabilidade do alinhamento dentário na região anteroinferior.
Quanto à estabilidade do posicionamento dentário obtido por meio do tratamento ortodôntico e ocorrência de recidiva, Ferrario et al. explicaram que a alteração da angulação dentária relacionada com a idade pode ser o efeito de um deslocamento mesial progressivo.
A busca para obtenção clínica da angulação axial mesiodistal correta envolveu desde alterações no posicionamento dos braquetes até a sua incorporação nos acessórios. Pesquisas que compararam a efetividade de técnicas, investigações concernentes ao posicionamento mesiodistal
dos incisivos permanentes superiores na fase de dentadura mista e estudos que avaliaram a obtenção das angulações axiais corretas comparando-as ao início e ao término do tratamento reiteram a importância do assunto.
dos incisivos permanentes superiores na fase de dentadura mista e estudos que avaliaram a obtenção das angulações axiais corretas comparando-as ao início e ao término do tratamento reiteram a importância do assunto.
Para esse estudo prospectivo, a amostra constou de 40 radiografias ortopantomográficas de indivíduos adultos brasileiros de ambos os gêneros, entre 18 e 25 anos de idade, que não haviam recebido tratamento ortodôntico e apresentavam todos os dentes, com exceção dos terceiros molares, que estavam ausentes em metade da amostra devido à agenesia.
Dessa forma, as radiografias foram distribuídas em dois grupos, sendo o Grupo I constituído por 20 radiografias com ausência dos terceiros molares inferiores devido à agenesia, enquanto o Grupo II foi formado a partir de 20 radiografias com os terceiros molares inferiores presentes. As figuras 1 e 2 exibem radiografias panorâmicas de integrantes do Grupo I e do Grupo II, respectivamente, e permitem a visualização das duas condições analisadas.
Conclusão do estudo
Os Grupos I e II, com e sem a presença dos terceiros molares inferiores, compostos por indivíduos que nunca haviam recebido tratamento ortodôntico e apresentavam má oclusão, quando comparados com o Grupo Controle de oclusão normal, exibiram:
- Pré-molares e molares inferiores mais angulados mesiodistalmente.
- Caninos inferiores com angulações mesiodistais semelhantes.
Os dois grupos avaliados apresentaram valores das angulações mesiodistais de caninos, pré-molares e molares inferiores semelhantes, de modo que:
- A presença dos terceiros molares não exerceu influência sobre essas angulações dentárias.
- A maior angulação mesiodistal nos pré-molares e molares inferiores de ambos os grupos sugere
que essa é uma característica relacionada com os fatores inerentes à má oclusão e muito pouco envolvida com os terceiros molares.
Link do artigo na integra via Scielo:
http://www.scielo.br/pdf/dpress/v14n6/a12v14n6.pdf
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