ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Avaliação ortopantomográfica das angulações mesiodistais de caninos, pré-molares e molares inferiores com e sem a presença dos terceiros molares

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Avaliação ortopantomográfica das angulações mesiodistais de caninos, pré-molares e molares inferiores com e sem a presença dos terceiros molares




Neste artigo de 2009, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Rodrigo Castellazzi Sella, Marcos Rogério de Mendonça, Osmar Aparecido Cuoghi; do departamento de Odontologia Infantil e Social, Disciplina de Ortodontia Preventiva, da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – Unesp - São Paulo. Compara os valores médios normais das angulações mesiodistais dentárias, propostos por Ursi, em 1989, com as angulações mesiodistais de caninos, pré-molares e molares inferiores em indivíduos com e sem a presença dos terceiros molares inferiores e idades entre 18 e 25 anos.

Ao longo da história da Ortodontia, foram demonstradas diferentes formas de se obter a angulação correta dos dentes ao término do tratamento ortodôntico. Primeiro por meio de dobras artísticas nos fios, seguidas por braquetes soldados angulados nas bandas, de acordo com Holdaway, e culminando na mais recente evolução para obtenção desse objetivo da Ortodontia: os braquetes totalmente ajustados desenvolvidos por Andrews, que incorporam aos braquetes padrão os requisitos necessários para obtenção das “seis chaves para a oclusão normal”, dispensando, em grande parte dos casos, a maioria das dobras nos arcos.

A busca contínua pela angulação dentária adequada, no sentido mesiodistal, ocorreu em virtude do posicionamento dentário constituir um fator extremamente importante para que a estabilidade do sistema estomatognático possa ser mantida por meio da neutralização das forças oclusais em função normal.

Nesse sentido, a componente anterior de forças está intimamente relacionada com pontos de contatos dentários bem definidos, dependentes de uma inclinação axial correta e do relacionamento da oclusão de um dente contra dois dentes. Assim, a inclinação axial adequada deve estar incluída nos objetivos do tratamento ortodôntico, pois está diretamente relacionada com o alinhamento dentário, além de tratar-se de um fator determinante para a manutenção em longo prazo dos resultados atingidos com o tratamento.

A ortopantomografia, frequentemente denominada radiografia panorâmica, constitui um método auxiliar de diagnóstico que permite a visualização de uma série de estruturas anatômicas e fatores relevantes à Odontologia, de forma que o próprio nome sugere a visualização de um panorama geral do sistema estomatognático. A simplicidade de operação dos aparelhos e o grande número de informações obtidas, em conjunto com o conforto para o paciente e pequena quantidade de exposição à radiação, fazem da ortopantomografia um instrumento muito utilizado na Odontologia e em especial na Ortodontia, que desenvolveu métodos para utilizá-la na avaliação das angulações dentárias mesiodistais.

Existem duas linhas de raciocínio que concernem o desenvolvimento dos terceiros molares. A primeira, mais antiga, afirma que esses dentes são capazes de causar interferências, gerando certas irregularidades no posicionamento dos dentes adjacentes. Contudo, a segunda linha apregoa que os terceiros molares não apresentariam essa capacidade de proporcionar tantos efeitos deletérios.

Em 1989, Richardson inferiu que a pressão exercida na região posterior e a presença do terceiro molar podem constituir as causas do apinhamento tardio no arco inferior, mas explicou que existem outros fatores etiológicos envolvidos. Cinco anos depois, a mesma autora explicou que o crescimento mandibular tardio, a maturação dos tecidos moles, as forças periodontais e as estruturas dentárias e esqueléticas, bem como os fatores oclusais e o padrão de crescimento, são a essência multifatorial para a alteração do posicionamento dos dentes inferiores.

Os objetivos do tratamento ortodôntico dependem de alguns fatores e, dentre eles, encontra-se a
angulação dentária mesiodistal correta, destacada por Andrews em seu artigo clássico publicado em 1972. Os longos eixos dentários, quando posicionados corretamente, fornecem condições adequadas para que o equilíbrio oclusal seja atingido e estabelece-se como um importante requisito para a obtenção da estabilidade dos resultados gerados pelo tratamento.

Dessa forma, a busca pela angulação dentária mesiodistal semelhante à da oclusão normal deve-se ao fato dessa oclusão apresentar harmonia entre os componentes do sistema estomatognático.
Nesses casos, os longos eixos dentários apresentam-se, de acordo com sua localização no arco, angulados com as raízes para distal em níveis variados. O espaço para cada dente varia conforme
essas angulações, que geram contatos proximais justos, além de um relacionamento adequado no
sentido anteroposterior.

Quando as angulações mesiodistais encontram-se inadequadas, a possibilidade de ocorrência de reabertura de espaços fechados por meio do tratamento ortodôntico aumenta, em decorrência do
paralelismo radicular incorreto. O aumento dessas angulações pode, ainda, compensar certas discrepâncias de tamanho dentário interarcos e otimizar a estabilidade do alinhamento dentário na região anteroinferior.

Quanto à estabilidade do posicionamento dentário obtido por meio do tratamento ortodôntico e ocorrência de recidiva, Ferrario et al. explicaram que a alteração da angulação dentária relacionada com a idade pode ser o efeito de um deslocamento mesial progressivo.

A busca para obtenção clínica da angulação axial mesiodistal correta envolveu desde alterações no posicionamento dos braquetes até a sua incorporação nos acessórios. Pesquisas que compararam a efetividade de técnicas, investigações concernentes ao posicionamento mesiodistal
dos incisivos permanentes superiores na fase de dentadura mista e estudos que avaliaram a obtenção das angulações axiais corretas comparando-as ao início e ao término do tratamento reiteram a importância do assunto.

Para esse estudo prospectivo, a amostra constou de 40 radiografias ortopantomográficas de indivíduos adultos brasileiros de ambos os gêneros, entre 18 e 25 anos de idade, que não haviam recebido tratamento ortodôntico e apresentavam todos os dentes, com exceção dos terceiros molares, que estavam ausentes em metade da amostra devido à agenesia.

Dessa forma, as radiografias foram distribuídas em dois grupos, sendo o Grupo I constituído por 20 radiografias com ausência dos terceiros molares inferiores devido à agenesia, enquanto o Grupo II foi formado a partir de 20 radiografias com os terceiros molares inferiores presentes. As figuras 1 e 2 exibem radiografias panorâmicas de integrantes do Grupo I e do Grupo II, respectivamente, e permitem a visualização das duas condições analisadas.


Conclusão do estudo

Os Grupos I e II, com e sem a presença dos terceiros molares inferiores, compostos por indivíduos que nunca haviam recebido tratamento ortodôntico e apresentavam má oclusão, quando comparados com o Grupo Controle de oclusão normal, exibiram:

- Pré-molares e molares inferiores mais angulados mesiodistalmente.

- Caninos inferiores com angulações mesiodistais semelhantes.

Os dois grupos avaliados apresentaram valores das angulações mesiodistais de caninos, pré-molares e molares inferiores semelhantes, de modo que:

- A presença dos terceiros molares não exerceu influência sobre essas angulações dentárias.

- A maior angulação mesiodistal nos pré-molares e molares inferiores de ambos os grupos sugere
que essa é uma característica relacionada com os fatores inerentes à má oclusão e muito pouco envolvida com os terceiros molares.


Link do artigo na integra via Scielo:

http://www.scielo.br/pdf/dpress/v14n6/a12v14n6.pdf


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