ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Relação entre os índices de maturação das vértebras cervicais e os estágios de calcificação dentária

quinta-feira, 3 de março de 2011

Relação entre os índices de maturação das vértebras cervicais e os estágios de calcificação dentária




Neste Artigo de 2009, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Clarissa Lopes Vieira, Ana Emília Figueiredo de Oliveira, Cecília Cláudia Costa Ribeiro, Andréa Arraes dos S. Jacintho Lima; da Universidade Federal do Maranhão – UFMA. Avaliou a relação entre os diferentes índices de maturação óssea das vértebras cervicais e os estágios de calcificação dentária, bem como verificou as diferenças existentes entre os gêneros, em uma amostra de indivíduos de 10 a 14 anos de idade.

O conhecimento do período de ocorrência do surto de crescimento puberal (SCP) é considerado vantajoso para os tratamentos ortodônticos que necessitem do uso de dispositivos influenciados pelo estágio de maturação do complexo craniofacial. Tal fase de crescimento também auxilia na elaboração do plano de tratamento, principalmente na indicação de procedimentos cirúrgicos. O momento em que ocorre o SCP varia muito, tendo seu início, em média, entre os 10 e 12 anos, com seu pico ocorrendo geralmente 2 anos após o seu início e seu término por volta dos 15 anos de idade para o gênero masculino e dos 17 anos para o feminino.

O estado de desenvolvimento de uma criança é melhor estimado considerando estágios específicos da maturidade fisiológica que, segundo a literatura, englobam 4 índices fisiológicos ou de desenvolvimento: maturidades somática, esquelética, dentária e sexual. Dentre esses índices, a maturidade esquelética seria o índice mais confiável e mais frequentemente usado na rotina clínica.

A região da mão e punho vem sendo amplamente estudada e empregada como área de determinação da maturação óssea, sendo sua eficácia já cientificamente comprovada. Nas últimas décadas, várias pesquisas vêm desenvolvendo e aperfeiçoando novos métodos para determinar a maturação óssea, sendo, atualmente, a análise das vértebras cervicais o método mais pesquisado.

Segundo García-Fernandez et al., o uso das vértebras cervicais para determinar a maturidade esquelética ocorre desde a década de 70, quando Lamparski analisou as mudanças morfológicas da segunda até a sexta vértebras cervicais e as classificou em seis estágios de maturação, comparando-os posteriormente com as modificações ósseas observadas na região da mão e punho. O autor concluiu que as vértebras cervicais, como vistas nas telerradiografias laterais de rotina, foram tão estatística e clinicamente confiáveis na avaliação da idade esquelética quanto a técnica da mão e punho. García-Fernandez et al., no seu estudo, confirmaram tal afirmação de Lamparski. Em 1995, Hassel e Farman aperfeiçoaram o método estudado por Lamparski, analisando as mudanças morfológicas ocorridas somente da segunda até a quarta vértebra cervical, classificando-as em seis estágios de maturação, e também chegaram à mesma conclusão de Lamparski, assim como outras pesquisas realizadas posteriormente.

A maturidade dentária também é um índice fisiológico que vem sendo intensamente estudado para a predição do crescimento. Tal maturidade é identificada através da determinação da idade dentária, que pode ser avaliada de acordo com o número de dentes presentes na cavidade bucal ou com os estágios de calcificação de múltiplos dentes ou de elementos dentários individuais. Silva afirmou que a utilização da idade dentária para a predição de crescimento seria ideal – por ser um dado prático e de fácil aplicação clínica –, pois a observação da irrupção dentária e dos estágios de desenvolvimento dos dentes é um dado de rápida assimilação e torna fácil a comunicação de ideias entre profissionais.

A existência de fortes relações entre os índices fisiológicos para a determinação do estado de desenvolvimento do indivíduo implicaria numa concordância dos seus mecanismos de controle, servindo aos profissionais no diagnóstico e plano de tratamento. Já é bem estabelecido na literatura que existem fortes inter-relações entre as maturidades somática, esquelética e sexual. Também é constatado que somente a idade cronológica não se constitui num índice confiável para a determinação do surto de crescimento puberal, pois essa sofre uma grande variação pela influência de fatores genéticos, raciais, ambientais, nutricionais, hormonais e sexuais. Tratando-se da maturação dentária, ainda existem muitas controvérsias na literatura quanto à determinação da sua relação com os outros índices fisiológicos, além de ainda não ter sido encontrado nenhum estudo que tenha analisado essa relação utilizando a maturação das vértebras cervicais como método para a determinação da maturação óssea.
Considerando as afirmativas de Franchi, Bacceti e McNamara Jr., os resultados encontrados neste estudo revelaram que o pico de crescimento puberal ocorreu, com maior frequência, a partir dos 10 anos e 7 meses no gênero feminino, e a partir dos 12 anos e 7 meses no gênero masculino. Assim, tais dados demonstram que, na amostra estudada, o SCP se iniciou e atingiu o seu pico, com maior frequência, dois anos antes para o gênero feminino em relação ao gênero masculino, estando de acordo com registros da literatura.

As diferenças nas idades cronológicas de ocorrência das várias fases de formação dentária encontradas entre os gêneros também foram confirmadas no estudo de Carvalho, Carvalho e Santos-Pinto, no qual os autores evidenciaram o fato já conhecido de que o gênero feminino tende a ser mais precoce na cronologia de mineralização dentária. Por outro lado, Kullman, Johanson e Akesson encontraram precocidade de calcificação dentária no gênero masculino, porém, esses autores utilizaram o terceiro molar inferior como elemento dentário de referência para a análise da cronologia de mineralização e, consequentemente, sua amostra se diferenciava também na faixa etária.

Com base na literatura consultada e nos resultados obtidos neste estudo, foi observada uma correlação estatisticamente significativa entre os índices de maturação das vértebras cervicais e os estágios de calcificação do segundo molar inferior, em ambos os gêneros. Além disso, houve uma precocidade, tanto na maturação das vértebras cervicais quanto na calcificação do segundo molar inferior, no gênero feminino em relação ao gênero masculino.


Link do Artigo na Integra via Scielo:

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