

Neste artigo de 2006, publicado na revista Dental Press, pelos Autores Omar Gabriel da Silva Filho, Terumi Okada Ozawa, Celeste Hiromi Okada, Helena Yuko Okada, Luciana Dahmen; do HRAC - Profis - Bauru - São Paulo. Mostram uma forma interessante de se realizar a tração reversa da maxila.
Desde a divulgação da máscara facial por Delaire, o emprego da tração reversa da maxila como forma de tratamento da má oclusão de Classe III é quase convenção, tamanha a freqüência com que é usada e publicada na literatura. A pretensão primeira de tal abordagem é ortopédica e consiste em estimular o crescimento sutural da face média para corrigir a discrepância sagital com o avanço da maxila. A comprovação de sua possibilidade vem dos estudos com animais. Os efeitos provocados pela máscara facial em macacos demonstram avanço da maxila com abertura e remodelação das suturas circumaxilares. Isto implica em estiramento das fibras do tecido conjuntivo, remodelação das suturas e neoformação óssea. Os modelos fotoelásticos e biomecânicos tornam compreensíveis os efeitos mecânicos imediatos induzidos pela tração reversa da maxila.
A circunstância da tração reversa da maxila ser ancorada no arco dentário superior, portanto, longe do centro de resistência da maxila, compromete os propósitos da Ortopedia de avanço maxilar e justifica o grau variável, mas importante, de compensação dentária. Para potencializar a ancoragem, a expansão rápida da maxila usando o aparelho expansor fixo com parafuso tem sido usada associada à tração reversa da maxila, com o intuito de: 1) romper a sutura palatina mediana durante o acionamento do parafuso expansor, imediatamente antes da tração reversa; 2) unir dentes e base óssea numa unidade, sobretudo quando o aparelho é dento-muco-suportado e 3) estabelecer pontos de inserção intrabucais para a ação ortopédica sagital; tudo isso visa potencializar o efeito ortopédico durante a tração reversa da maxila. O efeito ortopédico induzido pela tração reversa da maxila é mais significativo quando a expansão rápida da maxila antecede o uso da máscara facial, com conseqüente redução da compensação dentária.
A anquilose intencional de caninos decíduos tem sido usada com o propósito de potencializar os efeitos ortopédicos e reduzir os efeitos ortodônticos da tração reversa da maxila.
O tratamento ortopédico precoce da Classe III associada ao Padrão III é, sem dúvida, bastante complexo, pensando-se em termos de estabilidade, pelo fato do resultado em longo prazo não refletir necessariamente o resultado imediato. O prognóstico difere da Classe II com Padrão II, onde os efeitos ortodônticos e ortopédicos conseguidos com a ancoragem extrabucal mostram uma certa estabilidade. Não se pode ignorar que o mais fundamental para o comportamento da oclusão e da face após o tratamento de uma má oclusão Classe III é o potencial de crescimento facial. A mudança esquelética e principalmente a compensação dentária conseguidas com a Ortopedia Mecânica têm chance de serem preservadas ao longo dos anos somente se o crescimento facial permitir, o que significa dizer se o crescimento facial manifestar-se como Padrão I. Se o crescimento facial comportar-se como Padrão III, o tratamento precoce estará comprometido. Isso implica necessariamente em um tempo prolongado de contenção e acompanhamento, com a possibilidade de ser necessário desfazer as compensações adquiridas, com vistas à cirurgia ortognática na maturidade esquelética. Independentemente da influência que o crescimento facial exerce na estabilidade pós-tratamento, o que se pretende de imediato, em um tratamento ortopédico para o Padrão III, é o máximo de mudanças esqueléticas com o mínimo de compensação dentária.
Uma das pretensas intenções da anquilose intencional dos caninos decíduos é eliminar a compensação dentária superior. Não que a compensação dentária terapêutica seja intolerável, mesmo porque é inevitável em um tratamento ortopédico. No entanto ela deve estar dentro do limite de aceitação periodontal. Como não se consegue eliminar por completo a compensação dentária, uma ancoragem reforçada poderia reduzir a participação dentoalveolar na tração reversa da maxila.
Link do Artigo na Integra via Scielo:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe !