O Blog Ortodontia Contemporânea divide com você nosso
leitor, a ultima parte da entrevista exclusiva com o Prof. Dr. Acácio
Fuziy, Ortodontista Clinico em Marília - São Paulo, Professor do programa
de Mestrado em Ortodontia na Universidade Cidade de São Paulo - UNICID,
Coordenador do curso de especialização em Ortodontia da Associação Brasileira
de Odontologia – ABO/MS - Campo Grande ; Autor de varios artigos publicados em
periódicos nacionais e internacionais. Iremos ter o imenso prazer de contar com
sua presença no curso Avançado em Ortodontia, da Academia da
Ortodontia Contemporânea, em Salvador - Bahia. Que irá abordar o
tema: Recursos Mecânicos pela Técnica
do Arco Segmentado. Com hands on especialmente formatado para
os alunos participantes.
Marlos Loiola – Achei bem interessante a modificação proposta tanto
no aparelho de expansão rápida da maxila com recobrimento acrílico (Tipo
McNamara) quanto no alicate para sacar o mesmo. Dr. Acácio, Estas
mudanças na prática diária surtiram efeitos? Onde achar este alicate
modificado? Pode indicar esta aparatologia no protocolo com máscara
facial no tratamento precoce da Classe III?
Dr. Acácio Fuziy - A modificação do aparelho de expansão rápida
da maxila do tipo McNamara envolve a incorporação de lâminas metálicas
circulares que são adaptadas nas faces oclusais dos dentes posteriores durante
a acrilização. Esta idéia surgiu da dificuldade no procedimento de remoção que
exigia muitas vezes a separação da estrutura metálica em duas partes com o
emprego de brocas, causando riscos de danos ao esmalte dentário.
Portanto, a modificação facilita na remoção do aparelho, reduzindo o
desconforto ao paciente e diminuindo o tempo de consulta.
O alicate de remoção consiste de um alicate de
remoção de bandas posteriores da marca Zatty ou similar previamente preparado.
Com o disco de carborundum realiza-se o desgaste da ponta ativa que não contém
o apoio plástico, tangenciando o apoio plástico e formando uma pequena ponta em
ângulo reto, Posteriormente, inverte-se o apoio plástico, de tal forma que o
pino fique exposto na outra ponta ativa.
Na técnica, para a remoção do aparelho realiza-se
uma perfuração com uma broca esférica na região que corresponde a lâmina
metálica e, na sequência, o pino do alicate é introduzido no orifício e a outra
ponta ativa é posicionada lateralmente no expansor para promover a alavanca
necessária para deslocar o aparelho.
O aparelho expansor modificado pode ser empregado
no protocolo da protração da maxila juntamente com a máscara facial.
Artigo na integra publicado pela Revista
Dental Press descrevendo este aparelho disjuntor modificado com
recobrimento oclusal:
Marlos Loiola – Professor Acácio, quais são as vantagens e
desvantagens da utilização do aparelho de Moreira no tratamento da má oclusão
de Classe III?
Dr. Acácio Fuziy - Os aparelhos convencionalmente adotados no
protocolo de protração da maxila apresentam os apoios extrabucais e, portanto,
se defrontam com o fator cooperação do paciente com relação ao emprego destes
dispositivos.
Assim sendo, o aparelho Moreira é destinado a
correção da má oclusão de Classe III suave, ou seja, sem grande envolvimento
esquelético; caracteriza-se por ser um dispositivo intrabucal empregado na
protração da maxila, favorecendo na aceitação por parte dos pacientes. Este
aparelho promove a rotação mandibular no sentido horário, vestibularização e
protrusão de incisivos superiores e inclinação lingual de incisivos inferiores.
As desvantagens que podem ser atribuídas a este aparelho são: necessidade da
cooperação do paciente com relação ao uso dos elásticos e nos casos de má
oclusão de Classe III com envolvimento esquelético maior pode acarretar o
aumento das compensações dentárias que já existem.
Artigo na integra publicado pela Revista
Dental Press descrevendo o aparelho de Moreira :
Marlos Loiola – Você também publicou na Revista Dental Press em
conjunto outros autores, um artigo que descreve bem o aparelho Herbst e suas
variações. Qual diferencial do Herbst do tipo CBJ? O que acha dos outros
propulsores Mandibulares? E os mais atuais como o Forsus (3M) que permite
lateralidade durante o seu uso.
Dr. Acácio Fuziy - Sobre o CBJ:
O aparelho Herbst do tipo CBJ (Cantilever Bite Jumping) foi introduzido
por Mayes em 1994, sendo constituído de quatro coroas de aço para os primeiros molares
superiores e inferiores, e um cantilever soldado nas coroas inferiores e que se
estende em direção anterior, até a região do primeiro premolar ou canino. Não
apresenta partes que sejam removíveis, e, portanto, não depende da cooperação
dos pacientes para que resultados sejam alcançados na correção da má oclusão de
Classe II.
Apresenta uma dinâmica de utilização
simplificada, pois envolve basicamente duas fases, uma clínica em que as coroas
dos primeiros molares superiores e inferiores são selecionadas e o profissional
solicita na empresa Funak Ormco Ltda., o conjunto na numeração previamente
determinada. As coroas com pivôs superiores são adaptadas nos primeiros molares
e é efetuada a moldagem. As coroas inferiores são ajustadas nos primeiros molares
inferiores e, na sequência realiza-se a moldagem. Posteriormente executa-se a
mordida construtiva com o avanço programado para a mandíbula e as coroas são
transferidas para os moldes dos arcos superior e inferior e são obtidos os
modelos de trabalho.
Na fase laboratorial, realiza-se a construção da
barra transpalatina com fio de aço inoxidável 1,2mm que fica afastado do palato
aproximadamente 4,0mm e, posteriormente, confecciona-se o arco lingual com fio
de aço inoxidável 1,0mm. Após a fase laboratorial efetua-se a fixação do
sistema e delimitação do tubo telescópico e pistão, mantendo a mandíbula na
posição anterior.
A correção da Classe II será alcançada por meio de alterações nas bases
apicais, movimento distal dos molares superiores e expansão dos mesmos,
movimento mesial dos molares e incisivos inferiores (Mayes, 2006 e Moro et al.,
2009), crescimento da cabeça mandibular e remodelamento da fossa mandibular em
pacientes em fase de crescimento (Mayes, 2006).
Artigo na integra publicado
pela JBO descrevendo o CBJ:
Sobre os
propulsores mandibulares:
Considero os propulsores mandibulares uma excelente ferramenta na
correção das más oclusões de Classe II caracterizadas pela deficiência
mandibular (em pacientes em fase de crescimento, e nos adultos jovens que
permitam o tratamento compensatório), na Classe II em que a assimetria se
localiza na mandíbula, como ancoragem no fechamento de espaços de extrações ou
agenesias de segundos premolares e também para a distalização de molares
superiores. Tenho a preferência pelo aparelho Herbst (variações) e o APM.
Sobre o Forsus:
O aparelho Forsus é um dos aparelhos que mais adeptos tem conquistado
(Keim et al., 2008) e que no ano de 2009 recebeu o acréscimo de um parafuso no clip
molar superior (Forsus Resistente a Fadiga – modelo EZ2). Considero um
aparelho eficiente na correção da Classe II, porém quando se emprega esse
aparelho alguns cuidados clínicos são exigidos para se controlar o aumento da
inclinação vestibular dos incisivos inferiores, tais como: a utilização de uma
arco de aço inoxidável .019” X .025”(no slot .022”) ou arco .017”X .025”(no
slot .018”) com torque lingual resistente no segmento anteroinferior; o uso de
braquetes com prescrição que apresentem maior torque lingual; arcos com ômegas
amarrados e ou dobra distal no último molar presente.
Observa-se com o emprego do Forsus, o aumento no ângulo SNB e o
movimento anterior do pogônio, redirecionamento do crescimento da maxila,
movimento dos molares superiores para a distal e dos incisivos para a lingual,
movimento mesial dos molares e incisivos inferiores e redução no trespasse
horizontal.
Marlos
Loiola – Sua experiência
com o contensor Osamu, o leva a perceber que o mesmo é bem mais
aceito pelos pacientes que o Hawley? Qual tempo de “vida” útil dele?
Dr. Acácio Fuziy - O contensor Osamu
por ser confeccionado com placas de silicone e/ou policarbonato elástico duro
apresenta a característica da transparência e, portanto, são indicados para os
pacientes que ao término do tratamento exigem uma opção de contenção mais estética
ou também para aqueles pacientes que não toleram a extensão da placa de resina
acrílica dos aparelhos convencionais no palato.
Entretanto, assim como nos aparelhos convencionais que serão indicados
por um tempo mais prolongado, a placa do contensor de Osamu poderá sofrer com o
tempo a incorporação de resíduos alimentares, o que acarreta na alteração da
cor, sendo exigido que seja trocado após um período de uso de 15 -18 meses.
Porém, estas alterações dependem principalmente dos cuidados do paciente com a
higiene e conservação do aparelho.
Artigo na
integra publicado pela Revista Dental Press descrevendo o
aparelho de contenção tipo Osamu :
Marlos
Loiola – Professor,
gostaria que fizesse suas considerações finais, passando uma mensagem para
nossos leitores.
Dr. Acácio Fuziy - A Ortodontia tem se tornado uma especialidade
altamente competitiva e os profissionais devem procurar atualizações constantes
para garantir o seu espaço no mercado de trabalho. Assim sendo, é fundamental
que o profissional busque sempre os novos conhecimentos em diagnóstico e de
técnicas, materiais e dispositivos que continuamente têm sido apresentados nos
congressos e periódicos científicos da área. É importante que o profissional
utilize todo o seu conhecimento adquirido nos anos de vivência clínica para
analisar e planejar com sensatez os casos e oferecer aos pacientes a melhor
opção de tratamento que possa existir e o sucesso na especialidade com certeza
será resultado final.
Artigos publicados do Dr. Acácio Fuziy no American
Journal of Orthodontics & Dentofacial Orthopedics (AJODO):
http://www.ajodo.org/article/S0889-5406(12)00705-6/abstract
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe !