ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Entrevista com o Professor Doutor Acácio Fuziy - Parte 3

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Entrevista com o Professor Doutor Acácio Fuziy - Parte 3




Blog Ortodontia Contemporânea  divide com você nosso leitor, a ultima parte da entrevista exclusiva com o Prof. Dr. Acácio Fuziy, Ortodontista Clinico em Marília - São Paulo, Professor do programa de Mestrado em Ortodontia na Universidade Cidade de São Paulo - UNICID, Coordenador do curso de especialização em Ortodontia da Associação Brasileira de Odontologia – ABO/MS - Campo Grande ; Autor de varios artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais. Iremos ter o imenso prazer de contar com sua presença  no curso Avançado em Ortodontia, da Academia da Ortodontia Contemporânea, em Salvador - Bahia. Que irá abordar o tema: Recursos Mecânicos pela Técnica do Arco Segmentado. Com hands on especialmente formatado para os alunos participantes.

Marlos Loiola – Achei bem interessante a modificação proposta tanto no aparelho de expansão rápida da maxila com recobrimento acrílico (Tipo McNamara) quanto no alicate para sacar o mesmo.  Dr. Acácio, Estas mudanças na prática diária surtiram efeitos? Onde achar este alicate modificado?  Pode indicar esta aparatologia no protocolo com máscara facial no tratamento precoce da Classe III?

Dr. Acácio Fuziy - A modificação do aparelho de expansão rápida da maxila do tipo McNamara envolve a incorporação de lâminas metálicas circulares que são adaptadas nas faces oclusais dos dentes posteriores durante a acrilização. Esta idéia surgiu da dificuldade no procedimento de remoção que exigia muitas vezes a separação da estrutura metálica em duas partes com o emprego de brocas, causando riscos de danos ao esmalte dentário.  Portanto, a modificação facilita na remoção do aparelho, reduzindo o desconforto ao paciente e diminuindo o tempo de consulta.

O alicate de remoção consiste de um alicate de remoção de bandas posteriores da marca Zatty ou similar previamente preparado. Com o disco de carborundum realiza-se o desgaste da ponta ativa que não contém o apoio plástico, tangenciando o apoio plástico e formando uma pequena ponta em ângulo reto, Posteriormente, inverte-se o apoio plástico, de tal forma que o pino fique exposto na outra ponta ativa.

Na técnica, para a remoção do aparelho realiza-se uma perfuração com uma broca esférica na região que corresponde a lâmina metálica e, na sequência, o pino do alicate é introduzido no orifício e a outra ponta ativa é posicionada lateralmente no expansor para promover a alavanca necessária para deslocar o aparelho.

O aparelho expansor modificado pode ser empregado no protocolo da protração da maxila juntamente com a máscara facial.

Artigo na integra publicado pela Revista Dental Press descrevendo este aparelho disjuntor modificado com recobrimento oclusal:


Marlos Loiola – Professor Acácio, quais são as vantagens e desvantagens da utilização do aparelho de Moreira no tratamento da má oclusão de Classe III?

Dr. Acácio Fuziy - Os aparelhos convencionalmente adotados no protocolo de protração da maxila apresentam os apoios extrabucais e, portanto, se defrontam com o fator cooperação do paciente com relação ao emprego destes dispositivos. 

Assim sendo, o aparelho Moreira é destinado a correção da má oclusão de Classe III suave, ou seja, sem grande envolvimento esquelético; caracteriza-se por ser um dispositivo intrabucal empregado na protração da maxila, favorecendo na aceitação por parte dos pacientes. Este aparelho promove a rotação mandibular no sentido horário, vestibularização e protrusão de incisivos superiores e inclinação lingual de incisivos inferiores. As desvantagens que podem ser atribuídas a este aparelho são: necessidade da cooperação do paciente com relação ao uso dos elásticos e nos casos de má oclusão de Classe III com envolvimento esquelético maior pode acarretar o aumento das compensações dentárias que já existem.

Artigo na integra publicado pela Revista Dental Press descrevendo o aparelho de Moreira :


Marlos Loiola – Você também publicou na Revista Dental Press em conjunto outros autores, um artigo que descreve bem o aparelho Herbst e suas variações.  Qual diferencial do Herbst do tipo CBJ? O que acha dos outros propulsores Mandibulares? E os mais atuais como o Forsus (3M) que permite lateralidade durante o seu uso.

Dr. Acácio Fuziy - Sobre o CBJ:

O aparelho Herbst do tipo CBJ (Cantilever Bite Jumping) foi introduzido por Mayes em 1994, sendo constituído de quatro coroas de aço para os primeiros molares superiores e inferiores, e um cantilever soldado nas coroas inferiores e que se estende em direção anterior, até a região do primeiro premolar ou canino. Não apresenta partes que sejam removíveis, e, portanto, não depende da cooperação dos pacientes para que resultados sejam alcançados na correção da má oclusão de Classe II.

Apresenta uma dinâmica de utilização simplificada, pois envolve basicamente duas fases, uma clínica em que as coroas dos primeiros molares superiores e inferiores são selecionadas e o profissional solicita na empresa Funak Ormco Ltda., o conjunto na numeração previamente determinada. As coroas com pivôs superiores são adaptadas nos primeiros molares e é efetuada a moldagem. As coroas inferiores são ajustadas nos primeiros molares inferiores e, na sequência realiza-se a moldagem. Posteriormente executa-se a mordida construtiva com o avanço programado para a mandíbula e as coroas são transferidas para os moldes dos arcos superior e inferior e são obtidos os modelos de trabalho.

Na fase laboratorial, realiza-se a construção da barra transpalatina com fio de aço inoxidável 1,2mm que fica afastado do palato aproximadamente 4,0mm e, posteriormente, confecciona-se o arco lingual com fio de aço inoxidável 1,0mm. Após a fase laboratorial efetua-se a fixação do sistema e delimitação do tubo telescópico e pistão, mantendo a mandíbula na posição anterior.

A correção da Classe II será alcançada por meio de alterações nas bases apicais, movimento distal dos molares superiores e expansão dos mesmos, movimento mesial dos molares e incisivos inferiores (Mayes, 2006 e Moro et al., 2009), crescimento da cabeça mandibular e remodelamento da fossa mandibular em pacientes em fase de crescimento (Mayes, 2006).

Artigo na integra publicado pela JBO descrevendo o CBJ:


Sobre os propulsores mandibulares:

Considero os propulsores mandibulares uma excelente ferramenta na correção das más oclusões de Classe II caracterizadas pela deficiência mandibular (em pacientes em fase de crescimento, e nos adultos jovens que permitam o tratamento compensatório), na Classe II em que a assimetria se localiza na mandíbula, como ancoragem no fechamento de espaços de extrações ou agenesias de segundos premolares e também para a distalização de molares superiores. Tenho a preferência pelo aparelho Herbst (variações) e o APM.

Sobre o Forsus:

O aparelho Forsus é um dos aparelhos que mais adeptos tem conquistado (Keim et al., 2008) e que no ano de 2009 recebeu o acréscimo de um parafuso no clip molar superior (Forsus Resistente a Fadiga – modelo EZ2). Considero um aparelho eficiente na correção da Classe II, porém quando se emprega esse aparelho alguns cuidados clínicos são exigidos para se controlar o aumento da inclinação vestibular dos incisivos inferiores, tais como: a utilização de uma arco de aço inoxidável .019” X .025”(no slot .022”) ou arco .017”X .025”(no slot .018”) com torque lingual resistente no segmento anteroinferior; o uso de braquetes com prescrição que apresentem maior torque lingual; arcos com ômegas amarrados e ou dobra distal no último molar presente.

Observa-se com o emprego do Forsus, o aumento no ângulo SNB e o movimento anterior do pogônio, redirecionamento do crescimento da maxila, movimento dos molares superiores para a distal e dos incisivos para a lingual, movimento mesial dos molares e incisivos inferiores e redução no trespasse horizontal.

Marlos Loiola – Sua experiência com o contensor Osamu,  o leva a perceber que o mesmo  é bem mais aceito pelos pacientes que o Hawley? Qual tempo de “vida” útil dele?

Dr. Acácio Fuziy - O contensor Osamu por ser confeccionado com placas de silicone e/ou policarbonato elástico duro apresenta a característica da transparência e, portanto, são indicados para os pacientes que ao término do tratamento exigem uma opção de contenção mais estética ou também para aqueles pacientes que não toleram a extensão da placa de resina acrílica dos aparelhos convencionais no palato.

Entretanto, assim como nos aparelhos convencionais que serão indicados por um tempo mais prolongado, a placa do contensor de Osamu poderá sofrer com o tempo a incorporação de resíduos alimentares, o que acarreta na alteração da cor, sendo exigido que seja trocado após um período de uso de 15 -18 meses. Porém, estas alterações dependem principalmente dos cuidados do paciente com a higiene e conservação do aparelho.

Artigo na integra publicado pela Revista Dental Press descrevendo o aparelho de contenção tipo Osamu :
  

Marlos Loiola – Professor, gostaria que fizesse suas considerações finais, passando uma mensagem para nossos leitores.

Dr. Acácio Fuziy - A Ortodontia tem se tornado uma especialidade altamente competitiva e os profissionais devem procurar atualizações constantes para garantir o seu espaço no mercado de trabalho. Assim sendo, é fundamental que o profissional busque sempre os novos conhecimentos em diagnóstico e de técnicas, materiais e dispositivos que continuamente têm sido apresentados nos congressos e periódicos científicos da área. É importante que o profissional utilize todo o seu conhecimento adquirido nos anos de vivência clínica para analisar e planejar com sensatez os casos e oferecer aos pacientes a melhor opção de tratamento que possa existir e o sucesso na especialidade com certeza será resultado final. 

Artigos publicados do Dr. Acácio Fuziy no American Journal of Orthodontics & Dentofacial Orthopedics (AJODO):



http://www.ajodo.org/article/S0889-5406(07)00744-5/abstract

http://www.ajodo.org/article/S0889-5406(12)00705-6/abstract

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe !