ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Avaliação tomográfica no tratamento com Herbst em adulto jovem

terça-feira, 12 de julho de 2011

Avaliação tomográfica no tratamento com Herbst em adulto jovem





Neste artigo de 2010, publicado pelo Dental Press Journal of Orthodontics, pelos autores: Savana Maia, Dirceu Barnabé Raveli, Ary dos Santos-Pinto, Taísa Boamorte Raveli, Sandra Palno Gomez; da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP - Sao Paulo; Analisa, durante 8 meses, o tratamento de um indivíduo com aparelho Herbst por meio de imagens da tomografia Cone-Beam, após o surto de crescimento pubertário (16 anos e 3 meses), portador de má oclusão de Classe II, divisão 1, associada a retrognatismo mandibular.

Apesar da extensa diversidade de tratamentos da má oclusão de Classe II, dúvidas ainda permanecem com relação ao mecanismo de ação dos aparelhos ortopédicos. A efetividade do tratamento da má oclusão de Classe II com o aparelho de Herbst vem sendo estudada por décadas. No entanto, apesar da evidente eficácia dessa conduta terapêutica, a possibilidade de manipular o potencial de crescimento mandibular além da quantidade determinada geneticamente ainda alimenta o debate entre os defensores e opositores da ortopedia dentofacial. Uma parte dos pesquisadores, apoiados na teoria da Matriz Funcional, acredita que os fatores ambientais locais sejam os principais responsáveis pelo tamanho final do esqueleto craniofacial e, por conseguinte, passível de certa regulação pela alteração de seu padrão funcional. A outra corrente advoga que o controle preponderante é genético e que as alterações observadas restringem-se ao componente dentoalveolar, não afetando o crescimento das bases ósseas. Há sugestão de que a utilização de aparelhos funcionais para estímulo do crescimento mandibular teria um impacto apenas temporário sobre o padrão dentofacial, prevalecendo no longo prazo a imposição do padrão morfogenético.


A questão primordial dessa controvérsia ainda permanece: os aparelhos ortopédicos funcionais provocam alguma alteração significativa no crescimento mandibular? Embora a utilização desses aparelhos ultrapasse cem anos, ainda hoje pouco se sabe sobre como eles funcionam, quais sistemas tissulares são influenciados, qual a magnitude e a estabilidade desses efeitos.


Todavia, estudos recentes utilizando tomografia computadorizada (TC) — que permite a reconstrução de áreas anatômicas e sua visualização em três dimensões, revelando informações sobre tamanho, forma e textura — comprovam resposta tecidual em indivíduos tratados após o surto de crescimento pubertário, além de remodelação da fossa glenoide e do côndilo e adaptação da ATM.


A tomografia computadorizada é o exame de escolha para a análise de componentes ósseos e estruturas dentárias. O desenvolvimento dessa nova tecnologia está provendo à Odontologia a reprodução de imagens tridimensionais dos tecidos mineralizados maxilofaciais, com mínima distorção e dose de radiação significativamente reduzida.


A definição de um diagnóstico preciso está associada com a exatidão das medições usadas em métodos distintos, sendo de grande importância para o ortodontista, visto que o diagnóstico, prognóstico e planejamento do tratamento ortodôntico, juntamente com outros fatores, dependem delas.


Um paciente brasileiro, do gênero masculino, com 16,3 anos de idade, procurou por tratamento ortodôntico na Faculdade de Odontologia de Araraquara/Unesp, queixando-se do queixo estar posicionado para trás. Na análise facial frontal, apresentava um padrão mesofacial e ausência de selamento labial; na análise lateral, demonstrava um perfil convexo associado à retrusão mandibular, segundo análise clínica, e linha mento-pescoço curta.


O indivíduo foi tratado ortopedicamente com o aparelho Herbst bandado por um período de oito meses. Para avaliação das mudanças dentárias e esqueléticas, o paciente foi submetido a duas telerradiografias e tomografias computadorizadas de feixe cônico (CBCT, do inglês Cone-BeamComputed Tomography) em norma lateral, em máxima intercuspidação habitual, denominadas: T1, ao início do tratamento; e T2, oito meses após o tratamento. As tomografias CBCT foram realizadas ao início do tratamento e após a remoção do aparelho Herbst, e analisadas em software específico (Dolphin 10.5, Dolphin Imaging & Management Solutions, EUA).


Na avaliação tomográfica, observou-se um aumento no diâmetro do côndilo de 0,8mm do lado direito e 0,7mm do lado esquerdo. A análise subjetiva da região sugere remodelação na área da fossa glenoide e côndilo. Entretanto, a análise de um único caso não permite uma avaliação significativa.


Na avaliação da via aérea do indivíduo, observa-se valor volumétrico inicial de 4324,5mm3 e, após o tratamento com o Herbst, valor de 5108,5mm3, sugerindo um aumento da região nasofaríngea após o tratamento.


Os resultados mostram, após o tratamento de oito meses com Herbst, correção da má oclusão de Classe II para Classe I e, ainda, uma melhora da estética facial com ausência de alterações musculares e articulares.


CONCLUSÃO DOS AUTORES


Os exames de TC proporcionam um melhor diagnóstico e planejamento do tratamento ortodôntico, pois permitem a visualização do problema em três dimensões no espaço. Além disso, a CBCT permite a análise de estruturas como côndilo e fossa glenoide, possibilitando, assim, avaliar a remodelação nessa região após o tratamento com aparelhos ortopédicos. O tratamento com aparelho de Herbst produz resultados satisfatórios e proporciona ao paciente a correção da má oclusão e melhora da estética do perfil. A avaliação tomográfica sugere remodelação da região da ATM e côndilo, e aumento da via aérea após o tratamento com esse aparelho.


Link do artigo na integra via Scielo:


http://www.scielo.br/pdf/dpjo/v15n5/15.pdf

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