ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Canino não irrompido e reabsorção dos incisivos: previsibilidade e prevenção

sábado, 15 de maio de 2010

Canino não irrompido e reabsorção dos incisivos: previsibilidade e prevenção



Neste artigo de 2005, publicado pela Revista Denal Press, pelo autor Dr. Alberto Consolaro; Professor Titular em Patologia Bucal pela Faculdade de Odontologia de Bauru - FOB-USP - São Paulo; Mostra esta controvesa, estreita e perigosa relação entre caninos impactados e incisivos.

O canino não irrompido ectopicamente localizado tem uma elevada prevalência na população em geral. Entre os norteamericanos está presente em 1,7% da população e, a cada ano, diagnosticam-se 50.000 novos casos. Os distúrbios da erupção do canino não são um problema novo; crânios de escavações arqueológicas e com caninos não irrompidos e ectópicos foram datados como pertencentes ao período entre 2.700 a 2.724 antes de Cristo.

Um dos problemas clínicos do canino não irrompido e ectópico está relacionado com a reabsorção radicular dos incisivos. Em radiografias convencionais periapicais e panorâmicas, demonstrou-se que 12,5% dos casos causaram reabsorções nos incisivos. Mas, quando utiliza-se a tomografia odontológica, esta prevalência dobra o número de casos. Isto demonstra que a necessidade de tomografias para o diagnóstico preciso de reabsorção dentária está cada vez mais comprovada e se faz premente a necessidade de uma rotina diagnóstica com esta metodologia de análise.

Os estudos pertinentes revelam que os principais problemas induzidos pelos caninos não irrompidos, incluindo-se as reabsorções radiculares dos incisivos, não se estabelecem antes dos 10 anos de idade. Seria esta a idade ideal para avaliarmos nos pacientes a situação do canino superior e sua relação com os incisivos?

A avaliação do momento oportuno para extrair o canino decíduo deve ou pode ter alguma relação com a palpação da mucosa palatina para sentirmos uma presumível posição do canino superior? Qual é o momento oportuno de intervirmos, se o índice de autocorreção ou correção espontânea é elevado, nos casos de caninos não irrompidos?

A simples extração do canino decíduo pode levar à solução do problema. Outras condutas também podem ajudar a resolver o problema, se houver um seguimento adequado dos caninos superiores nos pacientes com idade aproximada de 10 anos. Algumas evidências sugerem que, em radiografias panorâmicas ou periapicais, quando a ponta do canino superior está localizada mais medialmente em relação à linha média palatina do que o incisivo lateral superior, o risco de reabsorção radicular é bem maior!
Apesar da aparente ausência de problemas induzidos pelos caninos superiores, incluindo-se as reabsorções radiculares dos incisivos, em crianças com idade inferior a 10 anos, recentes estudos tomográficos revelam que reabsorções até severas já estão presentes aos 9 anos de idade, embora nas radiografias convencionais ainda não seja possível diagnosticá-las.

Em síntese: em crianças com idade ao redor de 9 a 10 anos, o acompanhamento clínico e a palpação palatina para sentir a proximidade do canino superior podem indicar a necessidade de uma análise imaginológica detalhada do caso, para então recomendar a remoção do canino decíduo ou outras condutas terapêuticas e preventivas. Desta forma estamos dando a oportunidade da correção espontânea e ao mesmo tempo prevenindo danos e perdas dentárias por reabsorção radicular.

Mas, cá entre nós, quantas vezes esta preocupação preventiva foi traduzida em condutas e posturas práticas na clínica do dia-a-dia?


Link do artigo a integra via Dental Press:

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