Neste artigo de 2007, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Daniela Gamba Garib, Ricardo de Lima Navarro, Carlos Eduardo Francischone, Paula Vanessa Pedron Oltramari; da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo; da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID – São Paulo; do Curso de Ortodontia Preventiva e Interceptora da PROFIS – Bauru e do curso de especialização em Ortodontia da Prevodonto - Centro de Estudos - Rio de Janeiro. Apresenta um método para expansão ortopédica da maxila, na dentadura permanente, utilizando implantes como ancoragem.
Ao se executar o procedimento de expansão rápida da maxila (ERM), com finalidade de corrigir a atresia do arco dentário superior, o principal efeito almejado pelo ortodontista consiste na abertura da sutura intermaxilar e conseqüente incremento transversal da base óssea superior. Porém, concomitantemente a este desejável efeito ortopédico, a ERM inevitavelmente redunda em um efeito ortodôntico de movimentação dentária vestibular, uma vez que os expansores ancoram-se diretamente sobre os dentes superiores. Portanto, parte da abertura do parafuso expansor, visando o aumento em largura da maxila, dissipa-se com a movimentação dos dentes de ancoragem para vestibular. Estima-se que o efeito ortodôntico corresponda, em média, a 50% da quantidade de abertura do parafuso expansor, durante as fases de dentadura decídua e mista, e cerca de 2/3 da quantidade de expansão, durante a dentadura permanente. Isto corresponde a dizer que, com o aumento da idade e com o aumento da resistência óssea e sutural, espera-se um maior efeito dentário, em detrimento da separação intermaxilar.
Após a descoberta da osseointegração e introdução dos implantes de titânio como solução protética na Odontologia, por Branenmark, vários autores passaram a utilizar os implantes osseointegráveis como dispositivos de ancoragem para a movimentação ortodôntica. Os bons resultados, constatados em estudos experimentais aplicando-se forças ortodônticas e suaves sobre os implantes, encorajaram a sua utilização também para propósitos ortopédicos. Assim, os implantes foram utilizados com a finalidade de ancoragem para Ortopedia Facial (protração maxilofacial), recebendo forças intensas, e demonstraram boa estabilidade em animais. No final da década de 90, Parr et al. estudaram a expansão sutural utilizando implantes osseointegrados em coelhos. Estes autores reportaram uma expansão da sutura nasal mediana de 5,2 a 6,8mm, aplicando-se forças de 100 a 300g em implantes colocados bilateralmente a esta sutura, externamente à face média. Recentemente, em 2004, Harzer et al. indicaram a expansão rápida da maxila assistida cirurgicamente com ancoragem sobre implantes no palato, com o intento de evitar a inclinação dos dentes pósterosuperiores para vestibular, assim como evitar reabsorção óssea e radicular nestas regiões.
Ao ancorar o aparelho expansor sobre implantes intra-ósseos inseridos no palato, o efeito esperado durante a ERM consiste na prevenção do efeito dentário representado pela movimentação vestibular dos dentes posteriores. Estudos prévios demonstraram que os dentes que ancoram o aparelho são movimentados para vestibular, com componentes de inclinação e translação associados, durante a ERM convencional. Transferir a ancoragem de elementos passíveis de movimentação, como os dentes, para elementos absolutamente rígidos e imutáveis posicionalmente, como os implantes, redundaria em vantagens incontestáveis.
Além das diversas vantagens biológicas da expansão com ancoragem absoluta, também se deve destacar uma interessante vantagem operacional. Com o desenho do aparelho incluindo bandas apenas nos primeiros molares superiores, após o período convencional de contenção e neoformação óssea na região da sutura palatina mediana, o nivelamento superior pode ser iniciado sem a necessidade de remoção do expansor. O próprio aparelho expansor poderia ser mantido como ancoragem prolongada, concomitantemente à mecanoterapia com aparelhos fixos, dispensando o uso das placas removíveis de contenção.
CONCLUSÕES
Após idealização deste novo sistema de ancoragem, como próximo deverão ser realizados estudos experimentais com a finalidade de atestar sua aplicabilidade clínica. Questões como velocidade da ativação do parafuso, estabilidade dos implantes diante de forças ortopédicas expansoras e o protocolo para adequada inserção dos parafusos devem ainda ser melhor elucidadas.
Link do artigo na integra via Scielo:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe !