ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Avaliação do atrito em braquetes autoligáveis submetidos à mecânica de deslizamento: um estudo in vitro

terça-feira, 18 de março de 2014

Avaliação do atrito em braquetes autoligáveis submetidos à mecânica de deslizamento: um estudo in vitro




Neste artigo de 2011, publicado pelo Dental Press Journal Orthodontics, pelos autores Mariana Ribeiro Pacheco, Dauro Douglas Oliveira, Perrin Smith Neto, Wellington Correa Jansen; do Mestrado em Ortodontia, PUC Minas, Belo Horizonte/MG. Comparou a força de atrito gerada por quatro tipos de braquetes autoligáveis (Time®, Damon 2®, In-Ovation R® e Smart Clip®) com um grupo de braquetes ortodônticos convencionais (Dynalock®) associados a ligaduras elásticas tradicionais (Dispens-A-Stix®), que serviu como grupo controle. A força de atrito estático foi mensurada através da máquina universal de ensaios EMIC® DL 500 com dois fios de aço inoxidável com secção transversal 0,018” e 0,017” x 0,025”.


O atrito existente na mecânica ortodôntica de deslizamento consiste em uma dificuldade clínica para o ortodontista, uma vez que altos níveis de atrito diminuem a efetividade da mecânica, reduzindo a velocidade de movimentação dentária e dificultando o controle da ancoragem. Nessas condições, o tratamento ortodôntico se tornaria mais complexo.


Na busca por condições ideais para a condução da terapia ortodôntica, tem-se como um dos objetivos a redução da força de atrito criada na interface braquete/fio/ligadura. Isso implicaria na utilização de forças mais leves, porém ainda suficientes para a promoção da movimentação dentária. Dessa forma, haveria maior compatibilidade biológica e menor desconforto do paciente.

Dentre as inúmeras tentativas para redução do atrito, quanto ao desenho do braquete, a ideia dos chamados braquetes autoligáveis, ou seja, que não necessitam de ligaduras para amarração do fio ortodôntico, surgiu em 1935 com o aparelho de Russel Lock. Desde então, outros acessórios com tal conceito vêm sendo desenvolvidos.

Esses acessórios consistem em braquetes que não necessitam de ligaduras para prender o fio à canaleta, pois eles apresentam um dispositivo mecânico, construído em sua face vestibular, que é capaz de fechar a canaleta do braquete, impedindo que o fio se solte. Alguns sistemas de braquetes autoligáveis não pressionam o fio ortodôntico contra a parede interna de sua canaleta, sendo considerados braquetes autoligáveis passivos. Nesses acessórios, a tampa funciona apenas como uma barreira que mantém o arco dentro da canaleta. Com a introdução dos sistemas de braquetes autoligáveis ativos, a tampa da canaleta poderia ou não aplicar pressão sobre o fio dependendo do diâmetro do fio utilizado.

Foram avaliados quatro tipos de braquetes autoligáveis, sendo dois ativos — Time 2® (American Orthodontics, Sheboygan, WI, EUA) e In-Ovation R® (GAC Internacional, Bohemia, NY, EUA) — e dois passivos — Damon 2® (Ormco Corporation, Glendora, CA, EUA) e Smart Clip® (3M Unitek, Monrovia, CA, EUA).

No grupo controle foram utilizados braquetes ortodônticos convencionais de aço inoxidável (Dynalock®, 3M/Unitek, Monrovia, CA, EUA), associados a ligaduras elásticas convencionais Dispens-A-Stix® (TP Orthodontics, La Porte, IN, EUA), de cor cinza.

Para a avaliação da força de atrito nos sistemas estudados, utilizou-se uma máquina universal de ensaios EMIC DL 500 (EMIC Equipamentos e Sistemas de Ensaio Ltda, São José dos Pinhais, PR, Brasil), pertencente ao Laboratório de Análise Estrutural do Departamento de Engenharia Mecânica da PUC Minas. Utilizou-se célula de carga de 5N, com velocidade de 1mm/min. Os resultados obtidos, correspondentes à força de atrito estático, foram transmitidos para o computador ligado à máquina de ensaio.

Na Ortodontia, quando um dente é submetido à mecânica de deslizamento ao longo do arco, ocorrem movimentos cíclicos de inclinação e verticalização, e o deslocamento se desenvolve em pequenos incrementos. Como o atrito cinético ocorre entre dois objetos sob um movimento uniforme com velocidade constante, foi considerado que a movimentação ortodôntica depende mais do atrito estático que do cinético, sendo o segundo aspecto de pouca relevância na prática clínica. Portanto, este trabalho optou por registrar apenas a força de atrito estático.

O clínico deve ser cauteloso ao interpretar os resultados de estudos laboratoriais sobre atrito. Estudos in vitro da resistência ao deslizamento utilizando-se tração estática em linha reta aplicada na interface braquete/fio não representam com total exatidão a complexidade da movimentação dentária. Todavia, ainda é um método de avaliação muito usado, podendo ser aplicado para validar questionamentos dos ortodontistas em relação à redução do atrito. Jost-Brinkmann e Miethke, após compararem testes in vivo e in vitro, concluíram que forças de atrito em braquetes imóveis em dispositivos laboratoriais foram similares às forças exercidas no dispositivo clínico. Essa conclusão confirma que os resultados laboratoriais contribuem para uma melhor compreensão do comportamento dos novos materiais ortodônticos, principalmente quando as- sociados a estudos clínicos posteriores.

CONCLUSÃO

1. Todos os braquetes autoligáveis testados apresentaram significativa redução no atrito com o fio 0,018”, podendo ser considerados uma alternativa clínica para minimizar os efeitos indesejáveis do atrito observados com os braquetes convencionais, quando a mecânica de deslizamento é empregada.

2. Quando testados com fios retangulares, os braquetes autoligáveis ativos apresentaram atrito significativamente maior do que aqueles considerados passivos, com resultados estatisticamente semelhantes aos dos braquetes convencionais com fios de mesmo calibre.

Link do Artigo na Integra via Scielo:

http://www.scielo.br/pdf/dpjo/v16n1/16.pdf

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