ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Tratamento cirúrgico da macroglossia: relato de 2 casos

quarta-feira, 12 de março de 2014

Tratamento cirúrgico da macroglossia: relato de 2 casos





Neste artigo de 2009, publicado pela Revista de Cirurgia Traumatologia Buco-Maxilo-facial, pelos autores Karina Magalhães Lopes, Marcelo Rodrigues dos Santos, Fernando Simões Morando, Basílio de Almeida MilaniI, Gabriel H.Franchim, Waldyr Antônio Jorge; do serviço de CTBMF do Hospital Municipal do Campo Limpo-São Paulo. Descreve dois casos de deformidade dentofacial e má oclusão classe III de Angle associada à macroglossia relativa, submetidos à cirurgia ortognática e glossectomia parcial.

A língua é um órgão de grande importância na deglutição e na fonação, encontrando-se diretamente relacionada à oclusão, ao desenvolvimento do esqueleto facial e ao crescimento ântero-posterior do processo alveolar. Macroglossia é uma doença de etiologia múltipla, classificada como verdadeira, quando há o alargamento ou crescimento excessivo da língua, e como relativa, quando há um desequilíbrio entre o tamanho da língua e da cavidade oral, resultando em espaço insuficiente para a estrutura em questão. A macroglossia pode ser congênita ou adquirida.

A inexistência de um método eficaz e prático para dimensionar a língua dificulta o diagnóstico da macroglossia e sua interferência na oclusão. Por essa razão, a observação de sinais e sintomas é fundamental para o correto diagnóstico para a indicação da redução cirúrgica da língua, para o planejamento do tratamento ortodôntico-cirúrgico e para o prognóstico da estabilidade pós-operatória nos casos de correção cirúrgica das deformidades dentofacias. Diversos autores descreveram diferentes incisões para a correção cirúrgica da macroglossia por meio da glossectomia parcial. Tais técnicas cirúrgicas podem ser divididas em dois grupos: glossectomia ao longo da linha mediana e glossectomia na região periférica da língua.

A indicação da glossectomia parcial é motivo de controvérsias devido à dificuldade para diagnosticar a macroglossia relativa. Vários são os critérios utilizados para este diagnóstico: observação clínica da discrepância entre o tamanho da língua e da cavidade oral; mensuração lingual de forma direta ou indireta; interposição crônica da língua entre as arcadas dentais; presença de aspectos clínicos e cefalométricos, como: mordida aberta, prognatismo mandibular, má oclusão classe III, aumento transversal do arco dental e instabilidade do tratamento ortodôntico eortodôntico-cirúrgico.

A indicação do tratamento cirúrgico baseia-se na presença de 3 consequências da macroglossia: dificuldade
de deglutição, fonação e respiração; alterações dentoesqueléticas pela ação excessiva da língua nas estruturas adjacentes e problemas psicológicos associados à estética. Alguns autores recomendam o tratamento ortodôntico e ortodôntico-cirúrgico inicialmente e indicam a glossectomia parcial, se houver recidiva causada pela ação da língua. O tratamento ortodôntico-cirúrgico altera as estruturas esqueléticas e os tecidos moles orofaciais, por isso observamos que a cirurgia ortognática com recuo de mandíbula provoca, em sua maioria, diminuição do tamanho da cavidade oral, o que pode gerar falta de espaço para a língua, mesmo esta tendo dimensões normais. Quando antecipamos no pré-operatório ou observamos no transoperatório incompatibilidade de tamanho entre a cavidade oral e a língua, podemos prever uma adaptação fisiológica deficiente desta, necessitando da glossectomia parcial.

A glossectomia parcial é uma técnica cirúrgica pouco frequente e com indicação restrita nos casos de macroglossia relativa. Quando bem indicada, apresenta ótimos resultados no que se refere à estabilidade do tratamento ortodôntico e ortodôntico-cirúrgico, ao restabelecimento das funções de fonação, deglutição e respiração e à obtenção da harmonia facial, além de causar pouca ou nenhuma alteração na gustação, mobilidade e sensibilidade lingual.


Link do artigo na integra via Revista de Cirurgia BMF:

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