Neste artigo de 2010, publicado pela Dental Press Journal Orthodontics, pelos autores Alexandre Trindade Simões da Motta, Felipe de Assis Ribeiro Carvalho, Lúcia Helena Soares Cevidanes, Marco Antonio de Oliveira Almeida; do departamento de Ortodontia da Universidade Federal Fluminense (UFF/Niterói); do Departamento de Ortodontia UNC/Chapel Hill e do Departamento de Ortodontia na UERJ - Rio de Janeiro. Avalia mudanças nas posições de côndilos, ramos e mento após a cirurgia de avanço mandibular.
A aplicação de imagens tridimensionais (3D) do complexo craniofacial em estudos prospectivos controlados pode ser considerada um dos maiores avanços na busca de um mais completo diagnóstico, planejamento e avaliação dos resultados do tratamento. Investigações utilizando a tomografia computadorizada de feixe cônico (CBCT) em Ortodontia e Cirurgia Oral e Maxilofacial
têm mostrado que esse novo instrumento pode melhorar as possibilidades clínicas de identificação dos diferentes padrões de posicionamento e remodelação dos ramos e côndilos após a cirurgia ortognática.
têm mostrado que esse novo instrumento pode melhorar as possibilidades clínicas de identificação dos diferentes padrões de posicionamento e remodelação dos ramos e côndilos após a cirurgia ortognática.
Na hierarquia de estabilidade para os diferentes procedimentos ortocirúrgicos, o avanço da mandíbula mostra um alto grau de estabilidade em avanços de até 10mm em pacientes com face normal ou curta. Existem mais de 90% de chance desse procedimento apresentar alterações menores do que 2mm nos pontos de referência no primeiro ano pós-cirúrgico, além de quase nenhuma chance de mostrar mudanças acima de 4mm. A mentoplastia, o procedimento auxiliar mais comum, também é considerada altamente estável e previsível.
Problemas na identificação de pontos anatômicos durante as análises cefalométricas tradicionais têm sido considerados uma fonte significativa de erros na determinação de importantes medições craniofaciais. Estudos baseados em comparações com normas populacionais padronizadas e representações cefalométricas bidimensionais (2D) de fenômenos 3D não podem responder muitas questões relacionadas aos mecanismos de resposta ao tratamento e localização da remodelação esquelética. Os complexos movimentos durante as cirurgias para correção de deformidades dentofaciais precisam ser avaliados em três dimensões, com o objetivo de melhorar os resultados, a estabilidade, aumentar a previsibilidade e reduzir os riscos de sintomas de desordens temporomandibulares após a cirurgia.
Novas aplicações ortodônticas de técnicas avançadas de imagens 3D incluem superposições de modelos computadorizados para verificação de crescimento, mudanças com o tratamento e estabilidade, além de análises dos tecidos moles e simulação computadorizada de procedimentos cirúrgicos. Alguns trabalhos aplicaram as superposições de modelos 3D em pacientes Classe III, mas nenhum trabalho avaliou as alterações cirúrgicas em pacientes Classe II com esse tipo de método.
Esse trabalho apresenta, através do método de superposição automatizada tridimensional, as alterações cirúrgicas em casos de avanço mandibular imediatamente após a cirurgia e em um curto prazo pós-cirúrgico de seis semanas, no dia da remoção do splint cirúrgico. Os dados prévios disponíveis para comparação na literatura foram baseados em análises, utilizando projeções cefalométricas laterais e pontos de referência determinados pelo operador. Os dados até agora disponíveis referentes aos resultados e estabilidade cirúrgicos através da superposição de modelos 3D são concentrados em pacientes Classe III, principalmente comparando a cirurgia combinada de avanço de maxila e recuo de mandíbula com a cirurgia isolada de maxila.
Foram notadas, nesse trabalho, menores alterações pós-cirúrgicas no mento quando o movimento cirúrgico foi eminentemente horizontal. Entretanto, o tamanho da amostra não permitiu divisão em subgrupos com ou sem alteração vertical. Excelente estabilidade foi relatada em pacientes com deficiência mandibular tratados com avanço de mandíbula isolado ou associado à impacção de maxila, com alterações menores do que 2mm durante o primeiro ano pós-cirúrgico, enquanto maiores alterações por remodelação esquelética (>2mm) foram observadas no período de um a cinco anos após a cirurgia. Interessantes achados mostraram ainda que, em um grupo dos pacientes com mordida aberta anterior pré-tratamento, raramente ocorre uma recidiva da mesma em longo prazo, ainda que se observem alterações esqueléticas pelo padrão de crescimento vertical, já que mudanças compensatórias nas posições incisais tendem a manter a sobremordida ou até aumentá-la. Uma futura comparação com um grupo de pacientes Classe II verticais submetidos à impacção maxilar e avanço mandibular pode ajudar a esclarecer de forma tridimensional as diferenças de resultados e estabilidade, assim como a reabsorção e a remodelação condilares, de acordo com giros mandibulares no sentido horário ou anti-horário. É importante destacar ainda que a mentoplastia é um procedimento auxiliar considerado altamente estável, portanto sua execução nos casos que necessitam de complementação estética anteroposterior e/ou vertical pode contribuir positivamente para a qualidade do tratamento.
CONCLUSÃO
O método tridimensional utilizado permitiu uma clara visualização e avaliação quantitativa dos resultados do tratamento ortocirúrgico. Importantes deslocamentos foram observados nos ramos e côndilos com a cirurgia, mas mudanças após a remoção do splint cirúrgico sugerem uma resposta adaptativa tendendo às posições pré-cirúrgicas, com destaque para o movimento lateromedial dos ramos mandibulares. As mudanças no mento após seis semanas sugeriram adaptações aceitáveis na maioria dos casos, mas com considerável variabilidade individual.
Link do artigo na integra via Scielo:
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