Neste artigo de 2008, publicado pela Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo, pelos autores Francisco Garcia Telles de Brandão, Flávio Luis Loureiro, Henrique Bueno de Oliveira Junior, Paulo Eduardo Guedes Carvalho, Flávio Augusto Cotrim-Ferreira; do programa de pós-graduação em Ortodontia da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID; Este trabalho teve o objetivo de conhecer o volume de vendas dos diferentes tipos de mini-implantes, quanto ao seu diâmetro e comprimento, através do volume de vendas de alguns dos principais fabricantes nacionais.
A busca de uma ancoragem adequada para os tratamentos ortodônticos sempre foi objetivo de constantes pesquisas e objeto de interesse por parte dos ortodontistas (Coura e Andrade 2007); afinal depende da ancoragem o sucesso ou insucesso de muitos tratamentos. O grande desafio a ser vencido por parte dos profissionais é que os dispositivos para ancoragem eram desconfortáveis, como a barra transpalatina, por exemplo, ou dependiam excessivamente da colaboração do paciente, como é o caso do aparelho extrabucal (AEB), levando muitas vezes a insucessos clínicos (Bae et al. 2002, Bae et al. 2002, Creekmore e Eklund8 1983, Park et al. 2001).
Atualmente vem-se assistindo a uma importante mudança nos conceitos de ancoragem, sendo o responsável por isso o mini-implante. Graças a ele, hoje pode-se fazer uso do termo “ancoragem absoluta” (Bezerra et al. 2002, Celenza e Hochman 2002), algo que nunca antes havia sido utilizado. Devido ao fato de não depender da colaboração do paciente, ser esteticamente muito favorável e possuir baixo custo (Paggio et al. 2006, Teixeira e Escossia 2004) , o uso do mini-implante vem se difundindo cada vez mais entre os profissionais da Ortodontia (Lima et al. 2007) . Outro fator que colaborou para o sucesso entre os ortodontistas foi a simplificação da técnica: os primeiros dispositivos de ancoragem que chegaram ao mercado utilizavam a perfuração óssea (fresagem) antes da colocação do parafuso. Hoje as empresas já produzem mini-implantes auto-perfurantes, o que simplificou sobremaneira o seu processo de colocação.
A seleção dos mini-implantes se inicia na avaliação do local a ser colocado, de acordo com a proximidade das raízes (Poggio et al. 2006) , a densidade do tecido ósseo a ser perfurado para colocação dos parafusos e a quantidade de gengiva na região da colocação (Carano et al. 2004). Em seguida, a seleção se dá na compra dos parafusos, com uma ampla gama de opções. Atualmente, os mini-implantes variam de acordo com sua espessura, seu comprimento e tamanho de seu perfil transmucoso, podendo apresentar os diâmetros entre 1,0 e 2,0mm, comprimento de 4 a 15mm e perfil transmucoso entre as medidas de 1 a 3mm (Coura e Andrade 2007).
Por se tratar de uma técnica nova, deve-se levar em consideração, inclusive, a pouca familiaridade com o protocolo de instalação. Áreas reduzidas entre raízes fazem, muitas vezes, se optar por parafusos menores e mais finos, pois se busca reduzir o risco de perfuração radicular ou de estruturas anatômicas durante a colocação (Carano et al. 2004). Outro fator que pode influenciar na seleção dos parafusos é o fato de, crescentemente, os próprios ortodontistas realizarem a cirurgia de instalação (Kanomi 1997, Padovan et al. 2006) , sendo muitos destes profissionais pessoas que não realizam cirurgia rotineiramente.
Outro fator a ser considerado durante a seleção do mini-implante é a sua resistência à tração, para que resista às forças ortodônticas para as quais ele foi selecionado. A resistência do mini-implante à tração, considerando-se um diâmetro de 1,6mm, é de aproximadamente 600g, variando de acordo com a espessura (Labossiere et al. 2005). Este valor é superior ao aplicado durante a colocação manual dos mini-implantes e as forças ortodônticas dificilmente se aproximam dessa intensidade, ficando geralmente bem abaixo desse nível. Sob o ponto de vista da colocação, torna-se mais fácil achar uma área para parafusos mais finos, porém, sob o ponto de vista da resistência, o ideal seria sempre optar pelos parafusos mais espessos, pois a resistência mecânica no momento da colocação é maior (Soares e Tortamano 2005) .
Apesar de pouco frequentes, as principais causas de insucesso na utilização dos mini-implantes estão relacionadas a sua fratura, perda de estabilidade e lesão de tecido mole (Araújo 2006, Bezerra et al. 2002). O conhecimento e domínio da mecânica ortodôntica a ser aplicada também são fundamentais para seleção dos parafusos (Araújo 2006). Intensifica-se essa importância, cada vez mais frequente na colocação dos mini-implantes entre as raízes dentais, o que aumenta a apreensão durante o processo de instalação.
RESULTADOS
Os dados apresentados se referem à percentagem da venda por espessura e por comprimento para os três diferentes fabricantes que participaram da amostra.
Com relação à espessura, se pode observar em dois dos fabricantes (Dentoflex e Serson) que a mais vendida foi a fina e para um deles (Sin) a mais vendida foi a média.
Avaliando a venda média das três empresas, 56,9% dos mini-implantes foram finos, 20,1% médios e 22,9% grossos. Com relação ao comprimento, em duas empresas o mini-implante mais vendido foi o de comprimento curto (Dentoflex e Serson). Já para a empresa Sin, o mais vendido foi o mini-implante de comprimento médio. Convém relembrar que a empresa Serson não comercializa mini-implantes de comprimento médio. Avaliando a média entre as três empresas, 44,9% da venda foi de mini-implantes curtos, 31,8% médios e 23,3% longos.
CONCLUSÕES
Com base na metodologia utilizada, pôde-se primeiramente verificar que não existe qualquer protocolo de padronização na fabricação dos mini-implantes, fato que dificulta a comparação experimental entre marcas. Apesar dessa limitação, concluiu-se que os mini-implantes mais comercializados foram os de comprimento curto e espessura fina.
Link do artigo na integra via cidadesp:
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