ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: PREVALÊNCIA DE CANINOS E MOLARES INCLUSOS E SUA RELAÇÃO COM A REABSORÇÃO RADICULAR

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

PREVALÊNCIA DE CANINOS E MOLARES INCLUSOS E SUA RELAÇÃO COM A REABSORÇÃO RADICULAR



Neste artigo de 2003, publicado pela Revista de biociência, pelas autoras Silvana Crozariol e Sandra Márcia Habitante; do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté - São Paulo. Teve como objetivo o estudo para avaliar a prevalência de dentes inclusos e a presença ou não de reabsorções externas.

O estudo dos caninos inclusos tem grande importância na odontologia, uma vez que o sucesso do tratamento depende do diagnóstico precoce para a instituição da correta conduta terapêutica, porém, apesar da importância deste assunto, poucos trabalhos foram encontrados na literatura.

Howard (1972) na tentativa de localizar com precisão o canino deslocado em três dimensões e estabelecer a presença ou não da reabsorção radicular solicitou radiografias periapicais, oclusal, telerradiografia de perfil e póstero-anterior do crânio. A amostra consistiu de 52 pacientes com canino deslocado, destes, 45 casos não apresentaram reabsorção radicular. Os pacientes que apresentaram reabsorção radicular tinham idade entre 11 e 16 anos, sendo dois meninos e cinco meninas. Foi considerada reabsorção radicular quando havia perda do contorno apical, ou seja, a raiz tinha uma forma côncava ou plana, e quando havia perda da extensão radicular. O autor concluiu, que o potencial de reabsorção presente nos dentes anteriores poderia aumentar com a idade e poderia ser acelerada pela irritação apical a partir de vários casos. Foi provado então, que a presença de um dente inerrupto na proximidade do vértice da raiz de um incisivo pode constituir uma irritação.

Silva Filho et al. (1994) comentaram que a etiologia de retenção dos caninos é multifatorial, como fatores gerais as principais causas são fatores hereditários, distúrbios endócrinos e síndromes com malformação craniofaciais e, como causas locais, citaram o fato de possuírem um trajeto de irrupção longo e tortuoso, e serem
um dos últimos dentes, por mesial dos primeiros molares, a irromper na cavidade bucal; a falta de espaço no arco dentário; os distúrbios na seqüência de irrupção dos dentes permanentes; o trauma dos dentes decíduos; a agenesia dos incisivos laterais permanentes; a má posição do germe dentário; a dilaceração radicular e a anquilose dos caninos permanentes; a retenção prolongada ou a perda prematura do Canino decíduo predecessor; a presença de cistos; tumores ou supranumerários na região, servindo como obstáculo e a fissura alveolar.

Garib et al. (1999) comentou que a prevalência de retenção variou de 0,9 a 2,5% com menor freqüência unilateralmente; em 75 a 95% dos casos no sexo feminino, duas a rês vezes mais que no sexo masculino; e por palatino, em 60 a 80% dos casos. Quanto ao prognóstico, comentaram que o reposicionamento era mais favorável nos casos de rizogênese incompleta. Porém esse tratamento envolve alguns riscos como, por exemplo,
a anquilose, a descoloração, a necrose pulpar, a reabsorção radicular, a recessão gengival e a deficiência da mucosa queratinizada no dente retido e nos dentes adjacentes.

As causas da reabsorção constituem-se um assunto controverso e pouco discutido,desse modo existem várias opiniões como a de Howard (1972) que comentou que a reabsorção dos dentes inclusos ou dos adjacentes ocorria devido à presença de inflamação ou ao aumento da idade. Assertiva essa que foi comprovada por Azaz e Shteyer (1978) e Sasakura (1984) que analisaram 252 dentes inclusos e destes 31 apresentavam a reabsorção em decorrência de bolsa periodontal, dentes adjacentes não vitais, irritação da dentição e causas idiopáticas.

No presente trabalho verificou-se a reabsorção em 30% dos casos que estavam relacionados com causas idiopáticas, uma vez que os pacientes apresentaram boas condições de saúde e não tinham histórico de trauma alveolar. Porém, Silva Filho (1994) comentou que as causas das reabsorções são multifatoriais. Considerando a idade, neste trabalho, o índice maior de dentes caninos e molares inclusos ocorreu em
pacientes de 12 a 33 anos de idade com 82,35% do total, dos 34 aos 44 anos de idade em 11,76% e dos 45 aos 55 anos de idade em apenas 5,88%, portanto, decrescendo com o avançar da idade. Sasakura et al. (1984); Howard (1972) e Ericsson e Kurol (1987) também encontraram resultados semelhantes.

A maior incidência de dentes inclusos em pacientes de 10 a 33 anos de idade, provavelmente ocorreu porque o paciente deve extrair esses dentes ou movimentá-los ortodonticamente, sendo assim em idades avançadas somente são detectados quando não são tratados.

Quanto ao sexo, neste trabalho encontramos maior incidência no sexo feminino. Dado esse que também foi encontrado por Howard (1972), Ericsson e Kurol (1987), Garib et al. (1999), discordando apenas de Nitzan, Keren e Marmare (1981) em que o índice de dentes inclusos foi maior no sexo masculino.

Já quanto ao dente, foram encontrados 1,08% de caninos e 0,76% de terceiros molares, resultado esse que concordou com os dados obtidos por Turner e Bedi (1996).

Diante dos resultados obtidos e através da metodologia empregada, foi lícito concluir que:

􀀀 A freqüência maior de dentes inclusos ocorreu nos caninos (1,08%);
􀀀 O sexo feminino apresentou maior freqüência de dentes inclusos (70%);
􀀀 A idade que apresentou maior índice de dentes inclusos foi dos 12 aos 33 anos (82,35%);
􀀀 A reabsorção no próprio dente ocorreu em 10% dos casos examinados, enquanto que no dente adjacente foi de 20%.


Link do artigo na integra via Periodicos UNITAU:

http://periodicos.unitau.br/ojs-2.2/index.php/biociencias/article/view/95

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