Neste artigo publicado em 2009, pela Revista Dental Press, pelos autores Sandra Maria Nobre David, Julio Cezar de Melo Castilho, Cristina Lucia Feijó Ortolani, Antonio Francisco David, Luiz Roberto Coutinho Manhães Junior, Roberto Hiroshi Matsui; da área Radiologia Odontológica, Unesp / São José dos Campos; da disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da UNIP – Unidades Campinas e São Paulo.; do curso de especialização em Ortodontia de UNIP – Unidade Campinas e do mestrado da UNIP – Unidade São Paulo. Teve como objetivo avaliar e mensurar a sutura palatina mediana por meio de radiografias oclusais totais de maxila digitalizadas, antes e depois da sua disjunção.
A sutura palatina mediana pode ser aberta a uma extensão suficiente para causar um alargamento significativo da maxila no sentido transversal, fazendo parte de um procedimento ortopédico/ortodôntico.
Existem inúmeros trabalhos publicados a respeito da abertura da sutura palatina mediana, bem como de todas as suturas circum-maxilares, após o procedimento mecânico funcional de aparelhos que propiciam esse resultado.
Na primeira referência ao procedimento de abertura da sutura palatina mediana que Haas executou, em um indivíduo do gênero feminino de 14 anos de idade, ele adaptou um dispositivo com um parafuso transversalmente à abóbada palatina, cujas extremidades forçavam o primeiro e o segundo pré-molares de um lado e apenas o segundo pré-molar do outro lado. A paciente foi orientada a girar o parafuso duas vezes ao dia e, ao final de duas semanas, a maxila foi alargada, deixando um diastema entre os incisivos centrais superiores.
Haas, em uma amostragem de três pacientes e observações clínicas em mais de 80 casos submetidos à expansão da sutura palatina mediana, notou que essa se separa, surgindo um diastema entre os incisivos centrais superiores.
Iseri et al. avaliaram o efeito biomecânico da expansão rápida da maxila sobre o complexo craniofacial, utilizando um modelo tridimensional de elementos finitos (MEF) do esqueleto craniofacial. A definição do MEF tridimensional foi baseada em uma leitura de tomografia computadorizada (TC) do crânio de um indivíduo do gênero masculino com 12 anos de idade. As fotos da TC foram digitalizadas e convertidas no modelo de elementos finitos por meio de um procedimento desenvolvido para esse estudo. A estrutura final compreendeu 2.270 elementos densos, em forma de concha, com 2.120 nódulos. A resposta mecânica, considerando-se o deslocamento e a resistência de Von Mises, foi avaliada expandindo-se a maxila mais de 5mm em ambos os lados. Pela vista oclusal, as duas metades da maxila estavam separadas, quase de forma paralela, durante as expansões de 1,3 e 5mm. Observou-se uma expansão maior na área dentoalveolar e um decréscimo gradual nas estruturas superiores A largura do assoalho da cavidade nasal aumentou notadamente. Entretanto, a parte posterossuperior da cavidade nasal movimentou-se levemente para medial. Não foi observado deslocamento nos ossos parietal, frontal e occipital. Foram observados altos níveis de resistência nas regiões dos caninos e dos molares superiores, na parede lateral da cavidade nasal inferior, e nos ossos nasais e zigomáticos, com uma concentração de resistência mais elevada nas lâminas pterigoides do osso esfenoide na região próxima à base craniana.
Jafari, Shetty e Kunar, com o objetivo de analisar os padrões de distribuição de tensão dentro do complexo craniofacial durante a ERM, geraram um modelo de elementos finitos de um crânio humano jovem, usando dados copiados de tomografias computadorizadas de um crânio seco. O modelo foi, então, submetido a uma expansão da maxila, simulando a situação clínica. O padrão tridimensional de deslocamento e distribuição de tensão foi então analisado. O deslocamento lateral máximo foi de 5,313mm na região dos incisivos centrais superiores. As porções inferiores das lâminas pterigoides também foram deslocadas lateralmente. As lâminas pterigoides próximas à base do crânio sofreram um deslocamento mínimo. O deslocamento máximo para a frente foi de 1,077mm, observado na região da borda anteroinferior do septo nasal.
A sutura palatina mediana pode ser aberta, por meio de disjuntores, no sentido transversal, fazendo parte de um procedimento ortopédico/ortodôntico. Essa abertura já foi descrita por diversos autores e os resultados do presente estudo também a confirmam, nas regiões avaliadas.
A abertura do diastema entre os incisivos centrais superiores foi bem evidenciada em nossos resultados, com uma média inicial de 0,47 ± 0,55mm e após a disjunção de 1,36 ± 0,81mm, verificando-se uma diferença estatisticamente significativa entre elas (p-valor = 0,001) para o intervalo de confiança de 95%, concordando com os trabalhos de Haas, Jafari, Shetty e Kunar.
Essa abertura do diastema entre os incisivos centrais superiores foi, para a análise do valor relativo (%) de abertura do diastema, uma abertura favorável de 69,38%, não alcançando a totalidade devido à presença de alguns pacientes adultos fazendo parte da amostra, nos quais houve certa dificuldade na obtenção da abertura da sutura palatina mediana. Isso vem de encontro à opinião de Biederman, que relatou que o fator idade deve ser considerado no tratamento com expansão rápida maxilar. Depois da fusão dos ossos esqueléticos (sinostoses), o prognóstico torna-se precário e é provável que todas as suturas faciais sejam envolvidas, em maior ou menor grau, sendo que as mais importantes são a palatina mediana, a frontonasal, a zigomatomaxilar e a zigomatotemporal, nessa ordem, enquanto as respostas teciduais variam com a idade do paciente.
Link do artigo na integra via Scielo:
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