ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: O tratamento da Classe III – revisão sistemática – Parte I. Magnitude, direção e duração das forças na protração maxilar

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O tratamento da Classe III – revisão sistemática – Parte I. Magnitude, direção e duração das forças na protração maxilar




Neste artigo de 2009, pulicado pela Revista Dental Press, pelos autores Anna Paula Rocha Perrone, José Nelson Mucha; Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela PUC-RJ e  Doutor em Ortodontia e professor titular de Ortodontia na UFF, Niterói - Rio de Janeiro. Sintetizam as informações relativas à magnitude, direção e tempo diário da aplicação das forças, por meio de uma revisão de literatura sistemática.

A etiologia multifatorial e a dificuldade de prever o padrão de crescimento do complexo craniofacial contribuem para que o tratamento da Classe III seja desafiador. Essa pode ser caracterizada pelo retrognatismo maxilar, prognatismo mandibular ou a combinação de ambos. Entretanto, a retrusão da maxila foi considerada a situação mais comum. Uma pesquisa realizada em latinos mostrou sua incidência em 5% da população estudada, a qual variou de 3,3% a 4,4% na população brasileira. Em estudos na população asiática, observou-se uma incidência maior, variando de 9% a 19%, sendo sua prevalência em torno de 16,7% em pacientes coreanos.

Várias são as possibilidades de tratamento para a Classe III. Todavia, a maioria dos autores são unânimes em considerar a protração maxilar associada ou não à expansão palatina rápida como a melhor terapia para os pacientes em fase de crescimento.

Diferentes tipos de dispositivos utilizados como ancoragem extrabucal para protração maxilar já foram descritos na literatura, como: máscara facial tipo Delaire, máscara facial tipo Petit, máscara facial de Turley e Sky Hook, entre outros.

Desde 1960, trabalhos têm sido realizados para verificar a possibilidade da movimentação da maxila. Em 1977, um estudo em macacos mostrou ser possível movimentar a maxila no sentido anterior por meio da aplicação de força extrabucal.

A magnitude, a direção do vetor da força aplicada e a quantidade de horas de uso durante o dia são extremamente importantes para o sucesso da terapia com protração maxilar. Uma inclinação inferior a 20º em relação ao plano oclusal promoveria uma rotação da maxila no sentido anti-horário. Para alguns autores, a direção da força deveria ser horizontal ou levemente inferior, de acordo com o grau de sobremordida do paciente. Estudos em crânio seco indicaram que uma força aplicada acima do plano de Frankfurt produz uma rotação posterior da maxila. A força aplicada e a quantidade de horas de uso são um tema também controverso na literatura, pois existe um número grande de combinações entre a magnitude da força e o tempo de utilização do dispositivo.

O tratamento da Classe III com protração maxilar tem sido bastante relatado na literatura porém a maioria dos trabalhos não identifica claramente a magnitude, a direção da força e o tempo de utilização do aparelho para obter-se a correção adequada desse problema. Nessa revisão sistemática, uma cuidadosa pesquisa da literatura foi realizada para encontrar estudos primários nos quais esses fatores fossem abordados.

Nos estudos selecionados, a magnitude mínima da força recomendada foi de 215g e a máxima foi de 800g. A magnitude média determinada no presente trabalho foi de 447,8g, estando condizente com a maioria das recomendações dos demais estudos.

Em todos os estudos selecionados, os autores demonstraram preocupação em evitar rotações indesejáveis da maxila durante o processo de protração maxilar. A direção do vetor de força para frente e para baixo apresentou inclinação mínima de 20 graus e máxima de 45 graus em relação ao Plano Oclusal. A inclinação média determinada neste trabalho foi de 27,5º em relação ao Plano Oclusal, semelhante com a recomendação da maioria dos estudos.

A quantidade de horas diárias de uso do aparelho de protração maxilar recomendada nos estudos foi de 10 horas/dia a 22 horas/dia. A média de horas/dia calculada no presente trabalho foi de 15,2 para o uso do aparelho, exatamente como recomendado por Pangrazio-Kulbersh, Berger, Kersten e Pangrazio-Kulbersh et al.

A protração maxilar, associada ou não à disjunção da sutura palatina mediana, é a terapia mais recomendada pelos autores para o tratamento da Classe III em fase de crescimento.


Link do artigo na integra via Scielo:

http://www.scielo.br/pdf/dpress/v14n5/a15v14n5.pdf

Um comentário:

  1. Fantástico esse artigo!!!
    Comecei na semana passada um tratamento num paciente de 9 anos.
    É animador a resposta que o paciente jovem tem ao tratamento, essa semana devo entrar com a mascara, tenho todo o caso registrado em ppt, vou até dar uma aula sobre o casa.
    Se quiser, Marlos, tem mando o caso concluido pra vc publicas...
    Abc, parabens pelo post!!!

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