ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Forças intermitentes podem ser convenientes no tratamento ortodôntico

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Forças intermitentes podem ser convenientes no tratamento ortodôntico


Neste artigo de 2006, publicado pela Revista Dental Press, Pelo autor Prof. Dr. Alberto Consolaro; Professor Titular em Patologia Bucal pela Faculdade de Odontologia de Bauru - FOB-USP - São Paulo. Motra a importâcia da aplicação de forças no tratamento Ortodontico.
.
Interromper a ação de uma força ortodôntica contínua e dissipante para novamente aplicá-la nos mesmos dentes, depois de um período de tempo, pode ser necessário e/ou inevitável, mas também pode ser optativo.
.
Em casos de traumatismos, quebras de aparelhos fixos, descolagem e outros tipos de acidentes é inevitável que por, pelo menos, alguns minutos, horas ou até dias ocorra a interrupção da força contínua, constante ou dissipante. Em casos de problemas periodontais, alterações endodônticas, fraturas coronárias e outras situações, em que para o profissional atuar deve-se remover o aparelho ou desativar a força aplicada, a interrupção é necessária.
.
Nos aparelhos fixos, o uso de elásticos e de miniimplantes propicia a oportunidade de aplicar forças contínuas que podem sofrer períodos de interrupção, sem a remoção dos mesmos. Estas interrupções são freqüentemente denominadas períodos de inativação ou de repouso.
.
Há alguns anos, atrás o uso de aparelhos extrabucais era generalizado e os períodos de inativação das forças eram comuns, quando removidos para atividades escolares e lazer. A colaboração do paciente era fundamental, mas muitas vezes não era obtida.
.
Em syllabus de 1975, Andrews sugeriu um período mínimo de 10h para ativar a reabsorção óssea pelos clastos na superfície do alvéolo, durante a movimentação dentária induzida sob forças constantes. A eliminação do estresse mecânico pela suspensão da força, mesmo após um curto período de tempo, seria suficiente para interromper a atividade clástica. Uma nova aplicação de forças requeriria uma retomada do processo desde o seu início.
.
A “teoria das 10 horas” formulada por Andrews determinou clinicamente a necessidade do uso contínuo de aparelhos ortodônticos removíveis, se o objetivo fosse a movimentação dentária. Por outro lado, a teoria das 10h dá suporte à ancoragem temporária na intercuspidação, como o uso alternado de elásticos intermaxilares nos dentes antagonistas na finalização de casos clínicos, movimentando apenas os dentes de interesse, sem efeitos colaterais indesejáveis nos demais dentes que não se quer movimentar.
.
Apesar de amplamente difundida, a “teoria das 10 horas” só foi microscopicamente estudada em 1996, quando Cuoghi, em sua tese de doutorado em macacos, quantificou a movimentação dentária nas primeiras 24h e estudou microscopicamente os fenômenos teciduais induzidos, para esclarecer a conveniência do uso clínico de forças contínuas ou intermitentes. Sob força contínua dissipante analisou-se a movimentação depois de 5, 10, 15, 20 e 25h. Na situação de força contínua intermitente os períodos foram: 10h de força com 5h de repouso, 10hF/10hR, 10hF/5hR/5hF e 10hF/5hR/10hF.
.
Os resultados nas primeiras 25 horas revelaram que:
.
a) a movimentação dentária induzida atingiu seu pico máximo após 10h de força contínua dissipante;
.
b) nos períodos de 10, 15, 20 e 25h as movimentações dentárias não apresentaram diferenças significantes, pois permaneceram no mesmo patamar das 10h de movimentação;
.
c) as forças contínuas sem períodos de repouso proporcionaram maiores movimentações. Após 10h de força contínua dissipante e repouso de 5h, a quantidade de movimentação foi menor nas reativações em períodos de 5 e 10h de força.
.
As conclusões foram:
.
1. Para uma movimentação dentária efetiva, as forças devem ser contínuas. Os períodos de repouso devem ser mínimos e a interrupção da força não favorece a movimentação dentária;
.
2. Nas primeiras 20h, microscopicamente sem alterações ósseas, a movimentação ocorreu pela compressão do ligamento e pela deflexão óssea e não pela ação de células clásticas e conseqüente reabsorção óssea alveolar;
.
3. A deflexão óssea nos lados de pressão e tensão está intimamente relacionada com a pressão radicular e o estiramento das fibras periodontais.
.
No trabalho em macacos de Cuoghi pode-se ver que as superfícies radiculares em nenhum momento das primeiras 20 horas de movimentação apresentaram reabsorções dentárias, mesmo quando microscopicamente analisadas. Os cementoblastos que apresentavam-se eliminados pela pressão, após 5 e 10 horas de repouso, estavam substituídos e reposicionados com morfologia muito parecida a de um dente sob condições de normalidade, sem movimento dentário.
.
.
Link do artigo na integra via Dental Press:
.
http://www.dentalpress.com.br/cms/wp-content/uploads/2008/04/controversia_v5n5.pdf

Um comentário:

  1. Já tinha lido sobre a teoria das 10 horas de Andrews, mas não tinha lido sobre a de Cuoghi, muito boa estas informações! Parabéns

    ResponderExcluir

Participe !