ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: AVALIAÇÃO MECÂNICA DE LIGAS USADAS EM FIOS PARA RETRAÇÃO ORTODÔNTICA

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

AVALIAÇÃO MECÂNICA DE LIGAS USADAS EM FIOS PARA RETRAÇÃO ORTODÔNTICA







Neste artigo de 2006, publicado no 17º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais, pelos autores Eliane Cecilio, Jorge Abrão, Marilene Morelli Serna, Jesualdo Luiz Rossi; da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, IPEN – CNEN/ São Paulo. Buscou determinar as forças liberadas por arcos com alças de retração ortodônticos, produzidos industrialmente e ainda compará-los agrupando-os de forma a isolar uma única variável (geometria, liga metálica e fabricante).


Um dos recursos para o fechamento de espaços após exodontias é a utilização de arcos de retração com alças. Atualmente existe, no mercado, uma grande disponibilidade de arcos pré-fabricados, fornecidos por diversos fabricantes, que apresentam variações na forma e número de alças, espessura dos fios e ligas metálicas diferentes. O conhecimento das propriedades mecânicas e do sistema de força liberado por estes arcos é de extrema importância para que se obtenha uma resposta biológica adequada durante a movimentação dentária.


Antigamente, na prática clínica, as forças eram aplicadas conforme a destreza e o discernimento do ortodontista, porém, para o uso correto dos aparelhos ortodônticos é necessário ter total conhecimento dos materiais com que são fabricados e das propriedades físicas e mecânicas desses materiais, pois estas sofrem alterações sob variadas condições. As propriedades mecânicas dos fios ortodônticos são geralmente determinadas por testes de tração, flexão e torção e por serem tipos de solicitações diferentes devem ser consideradas independentemente. As características dos fios determinadas pelos testes fornecem a base para a comparação entre eles. Usualmente a escolha é feita em função do renome dos fabricantes e o maior grau de resiliência, sem o conhecimento de resultados de testes prévios para a comprovação de seu desempenho. Vários fatores interferem na força liberada pelos arcos ortodônticos. A sua rigidez é determinada por dois fatores: o próprio fio (composição química, processo de conformação e tratamento térmico, sendo módulo de elasticidade é uma propriedade inerente ao material) e o formato (geometria e seção transversal). Pequenas mudanças na espessura podem produzir grandes alterações na relação carga-deflexão e a incorporação de alças aos arcos diminui a taxa carga-deflexão.


Diante da difícil tarefa que é o domínio da biomecânica, considerando-se os infindáveis fatores e variáveis que interferem tanto do ponto de vista físico quanto biológico e, com o avanço dos materiais e variedades de alças disponíveis no mercado, buscou-se com esta pesquisa trazer ao ortodontista dados objetivos e mensuráveis para norteá-lo na escolha do arco mais adequado para a fase de fechamento dos espaços. Intentou-se, desta forma, quantificar a força que é liberada por diferentes tipos de alças impondo-lhes diferentes ativações e, a seguir, comparálas quanto às variações de espessura, material, forma, fabricante e número de alças.


Sendo os arcos disponíveis no mercado configurados para a retração em massa de todo o segmento anterior (incisivos centrais, laterais e caninos), as considerações que se seguem foram baseadas nas forças necessárias para a movimentação destes dentes segundo Jarabak e Fizzell (460 a 690 gf para os dentes superiores e 370 a 540 gf para os inferiores) e Shimizu (600 gf para os dentes superiores e 480 gf para os inferiores).


É interessante observar que muitos arcos liberam forças adequadas com 0,5 mm de ativação e que para estes mesmos arcos 1 mm de ativação promoveriam forças indesejáveis. Por outro lado, como já referido, ligas de beta-titânio podem requerer até 2,0 mm de ativação para alcançar forças compatíveis. Em virtude da necessidade de precisão para o procedimento clínico, sugere-se a utilização de calibradores de espessura, pois um pequeno erro na ativação poderia alterar o comportamento da alça.


Os arcos de espessura .019”x.025” dupla chave de Elgiloy da A Company e uma chave de aço da Ortho Organizers, nas condições do presente trabalho, estão contra indicados devido a liberação excessiva de força, acima dos padrões fisiológicos.


A comparação entre os diversos tipos de arcos de retração, produzidos industrialmente, demonstraram diferenças significantes quanto à geração de força. A magnitude das forças liberadas pelas alças sofre a influência, em maior ou menor grau, de variáveis tais como geometria (espessura, número e forma das alças), material e fabricante. Daí a importância de fornecer ao ortodontista um guia de orientação clínica para a escolha do arco durante a fase de fechamento dos espaços.




Link do artigo na integra via ipen:


2 comentários:

  1. Gostaria de comentar somente que sobre o Elgiloy avaliado. As forças são indesejáveis desde que tanto a espessura fio utilizado, assim como a falta de segmentação dos arcos para movimentação seja eleita. O Elgiloy que é o arco utilizado na terapia bioprogressiva preconiza uso do fio 0,016 x 0,016" em um arco segmentado(alça de "Las Vegas" ou semi arcos modificados) para primeiro promover a retração dos caninos para depois poder ser utilizado em um arco utilidade modificado para retração dos incisivos. O modelo das alças também devem ser bem indicados pois assim irá diminuir a quantidade de força, podendo exercer somente a necessária por área de raiz para uma movimentação com forças fisiológicas.

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  2. Obrigado pela participação Luciano, Bem pertinente suas considerações !!!

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