ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Análise do movimento inicial de molares superiores submetidos a forças extrabucais: estudo 3D

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Análise do movimento inicial de molares superiores submetidos a forças extrabucais: estudo 3D


Neste Artigo de 2010, Publicado pelo Dental Press Journal of Orthodontics, pelos autores Giovana Rembowski Casaccia, Janaína Cristina Gomes, Luciana Rougemont Squeff, Norman Duque Penedo, Carlos Nelson Elias, Jayme Pereira Gouvêa, Eduardo Franzotti Sant’Anna, Mônica Tirre de Souza Araújo, Antonio Carlos de Oliveira Ruellas; do Doutorado em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); do departamento em Ortodontia da Universidade Salgado de Oliveira - Niterói/RJ; do Doutorado em Engenharia Metalúrgica/Bioengenharia pela Universidade Federal Fluminense; Doutorado em Ciências dos Materiais/Implantes pelo Instituto Militar de Engenharia (IME); do Doutorado em Engenharia Mecânica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; Analisa pelo método dos elementos finitos o deslocamento dos molares superiores frente a três diferentes inclinações do arco externo do aparelho extrabucal na tração do tipo cervical.

A má oclusão de Classe II de Angle é caracterizada pela discrepância dentária no sentido anteroposterior, a qual interfere nas relações maxilomandibulares do indivíduo. Sua prevalência varia de 35 a 50% no Brasil, o que demonstra importância significativa para os cuidados com o seu tratamento. Apesar de atualmente existirem diversos meios de corrigi-la, como aparelhos intrabucais (Jones Jig, distal Jet, pêndulo, entre outros), dispositivos de ancoragem esquelética e aparelhos extrabucais, a escolha dependerá da indicação de cada caso, da cooperação do paciente e da habilidade do profissional em aplicar determinado recurso. Apesar do aspecto estético e da necessidade de colaboração, o aparelho extrabucal (AEB) é um dispositivo convencional e ainda bastante utilizado, além de permitir diferentes aplicações de linhas de força. O AEB pode auxiliar nas correções dos problemas esqueléticos e realizar movimento distal dos molares permanentes superiores. Sua utilização requer conhecimentos básicos de biomecânica — como conceitos de centro de resistência e de rotação dos dentes e linhas de ação de força — para o monitoramento da movimentação dentária durante o tratamento. Ao se modificar simetricamente o comprimento e/ou a inclinação do arco externo do aparelho, ou ao aplicar vetores de força diferentes, as consequências nas estruturas dentária e esquelética podem ser alteradas. Muitas vezes os efeitos são indesejáveis, e cabe ao ortodontista reduzi-los, prevendo as possíveis inclinações da linha de ação de força e sua relação com o centro de resistência do dente a ser movimentado.

A visualização desses efeitos colaterais foi exaustivamente relatada na literatura, utilizando, normalmente, as superposições radiográficas de perfil. Alguns estudos mostraram que uma das grandes limitações desse método é a dificuldade de isolar o movimento do molar sem que o crescimento das bases ósseas interfira na análise. Com o avanço da tecnologia, foram realizados estudos, através de simulações computadorizadas, alguns com intuito de analisar o movimento dentário em modelos de gesso e outros para avaliar as forças mastigatórias sobre o elemento dentário e sua estabilidade. Os efeitos dos vetores de força aplicados sobre os mini-implantes também foram estudados, bem como a resposta do padrão facial frente às forças extrabucais. No entanto, nenhum abordou a influência dessas forças no movimento do primeiro molar permanente pelo método de elementos finitos. Os autores do presente trabalho têm como objetivo analisar, através desse método, o deslocamento dos molares superiores frente a três diferentes inclinações do arco externo do aparelho extrabucal na tração do tipo cervical.

No método de elementos finitos, através da formulação variacional, as propriedades mecânicas dos tecidos orgânicos e dos materiais ortodônticos foram obtidas através da literatura correspondente, o que possibilitou a caracterização dos elementos e da geometria do corpo analisado pelo módulo numérico.

Melsen e Dalstra demonstraram, em superposições radiográficas de pacientes, que o tipo de movimento dentário, durante o uso de aparelhos extrabucais com arco externo angulado para baixo e com o angulado para cima, foi dependente da linha de ação da força nos dois grupos tratados. Os pacientes que apresentaram arco angulado para baixo revelaram extrusão e inclinação distal da coroa, enquanto os com arco angulado para cima mostraram um movimento de translação.

O centro de resistência do elemento dentário ou de uma unidade esquelética a ser movimentada é o ponto de consideração básica para a organização de um sistema de forças. Os efeitos causados pela variação do arco externo também podem ser aplicados para os movimentos ortopédicos, pois o raciocínio da distribuição de forças através dos vetores é similar, alterando apenas a localização do centro de resistência.

Vários autores afirmaram que é possível prevenir deslocamentos indesejáveis — como inclinações mesiais ou distais da coroa — com modificações no arco externo do extrabucal, elevando-o ou abaixando-o, mas isso depende mais do operador que do paciente. A inclinação da linha de tração pode ser alterada apenas pelas variações de angulação e comprimento do arco externo. No entanto, é possível, com tais alterações, provocar movimentos extrusivos que comprometam o controle vertical da mecânica, principalmente quando se eleva o arco externo para corrigir uma inclinação do molar para distal (tip back). Nessa situação, é recomendável alterar o tipo de tração para combinada.

CONCLUSÕES

Comprovou-se que, pelo uso do aparelho extrabucal de tração cervical, há movimento extrusivo e distal. A orientação da linha de força é importante para o controle do tipo de movimento do molar superior, podendo esse ser de translação, tip back ou tip forward quando há movimentação distal pelo uso do aparelho extrabucal. A definição dessa orientação dependerá da situação clínica em que o profissional se encontrar, bem como do planejamento do tratamento ortodôntico.


Link do artigo na integra via Scielo:

http://www.scielo.br/pdf/dpjo/v15n5/06.pdf

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe !