ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Entrevista com Prof. Dr. Marcio Rodrigues Almeida - Parte 3

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Entrevista com Prof. Dr. Marcio Rodrigues Almeida - Parte 3




Dando continuidade, o Blog Ortodontia Contemporânea  disponibiliza a terceira parte da entrevista com o Prof. Dr. Marcio Rodrigues Almeida, Ortodontista Clinico, Professor de Ortodontia, Autor de vários artigos de relevância na Ortodontia, Autor do Livro Ortodontia Clinica e Biomecânica, publicado pela Editora Dental Press. Que conta com 16 capítulos que abordam mecânicas ortodônticas contemporâneas, ilustrados com mais de 3.000 fotografias e grande casuística clinica.  Leitura necessária para o  especialista clinico e alunos em processo de formação na área. Também teremos o imenso prazer de contar com sua presença  no curso Avançado em Ortodontia, da Academia da Ortodontia Contemporânea, em Salvador - Bahia.

Marlos Loiola - O capitulo que demonstra a “Versatilidade Biomecânica dos Arcos de Intrusão”,  aborda todas as indicações e aplicações, níveis de força e inclusive a confecção passo a passo deste poderoso recurso auxiliar da biomecânica ortodontica. Seria este arco um “coringa” nas difíceis situações da mecânica do arco continuo?

Dr. Marcio Almeida - Perfeita a sua colocação aqui. O arco de intrusão é um arco coringa. Obrigado pela sugestão do nome, Marlos. Na verdade eu já estava precisando de um nome para este arco. Este é um arco que eu utilizo em aproximadamente 70% de todos os meus pacientes, em várias fases durante o tratamento. No início utilizava-o para intruir os incisivos superiores, mais tarde passei a usa-lo parai intruir os inferiores, por questões da estética do sorriso.


Atualmente, utilizo o arco de intrusão que na verdade não se aplica somente para isso, para executar o controle da ancoragem molar superior, desinclinar plano incisal, fechar mordida aberta, desinclinar molares, evitar a formação de Classe II durante o alinhamento do arco superior, distalizar molares superiores, nivelar curva de Spee e finalmente intruir incisivos. A intrusão de incisivos é um movimento tecnicamente elaborado e deve ser muito bem planejado, assim, algumas opções de tratamento para estes casos se faz necessária. De fato, a intrusão dos incisivos deve obedecer a um protocolo padronizado e muito bem elaborado pelo ortodontista. É interessante salientar que o profissional que optar pela intrusão dos dentes anteriores deve previamente analisar a linha do sorriso e a sua relação com os incisivos superiores.

Por exemplo, um paciente jovem com sobremordida que na fotografia de sorriso expor pouco os incisivos superiores deve-se preferir a intrusão dos dentes inferiores. Por outro lado, para um jovem com sobremordida que apresenta uma linha do sorriso alta (sorriso gengival) com exposição avantajada dos incisivos superiores deve-se preferir a intrusão dos dentes anterossuperiores. para a intrusão dos dentes anteriores recomenda-se o uso de um dinamômetro capaz de registrar forças de baixa magnitude com faixa de leitura entre 25 e 250 gramas Na mecânica de intrusão dos dentes anteriores é de primordial importância utilizar forças de baixa magnitude e de longa duração. A força de baixa magnitude permite intruir os incisivos de modo que não ocorra reabsorção radicular extensa. Os ortodontistas, em geral, denotam receio quando se fala em movimento de intrusão, pois certamente, se mal controlado, é um movimento que se direciona contrariamente ao alvéolo, podendo causar reabsorção no ápice.





A utilização do arco de intrusão vem crescendo para a correção da Classe II dentoalveolar, tão comum por problemas de perdas de dentes decíduos e conseqüentes mesializações dos dentes permanentes. Nestes casos objetiva-se a distalização dos primeiros molares superiores, principalmente nos casos em que os segundos molares superiores não estão irrompidos.

Na Biomecânica moderna opta-se por utilizar o arco de intrusão durante a retração dos caninos até encostá-los em pré-molares, minimizando a perda de ancoragem dos molares e a extrusão dos incisivos superiores. Nestas condições o arco de intrusão deve ser amarrado sobre um arco contínuo que geralmente é o fio retangular .016’’ x .022’’ e o método de retração utilizado pode ser a corrente elástica ou a mola. Com a mecânica de deslize do canino por meio de molas NiTi ou corrente elástica, mesmo com a expressão de sua angulação devido ao seu movimento para distal, não ocorre extrusão dos dentes anteriores com conseqüente aprofundamento da mordida, devido à utilização em conjunto do arco de intrusão que promove uma força no sentido oposto sobre os incisivos, neutralizando o efeito extrusivo nos dentes anteriores, além de evitar a perda de ancoragem por meio do momento nos molares superiores

A literatura é escassa quando da busca pela mecânica de ancoragem decorrente do uso de arcos de intrusão. Publicamos um trabalho, em 2010, onde estudamos a capacidade do arco de intrusão em manter a ancoragem, em jovens portadores da má-oclusão de Classe II, 1ª divisão, tratados com exodontia de primeiros pré-molares superiores, e retração de caninos realizada com molas de nitinol, em conjunto com Arco de Intrusão. Telerradiografias laterais foram tomadas assim que a retração dos caninos estivesse completa. A amostra foi composta por 38 telerradiografias em norma lateral de 19 jovens, sendo 13 do gênero feminino e 7 do gênero masculino com idade média inicial de 12 e 37 anos e idade. 

Os resultados demonstraram que os molares não se movimentaram significativamente para mesial (perda de ancoragem), durante a retração dos caninos. A perda de ancoragem durante a retração dos caninos variou de 0,5 a 1,5mm. Assim, pode-se verificar que o protocolo de retração dos caninos concomitantemente ao uso do arco de intrusão propiciou um bom controle da ancoragem.

Amanhã a ultima parte desta imperdível entrevista, importante para o Ortodontista Contemporâneo !!!





Curso avançado presencial com o Dr. Marcio Almeida:



Venda do livro do Dr. Marcio Almeida:


Link da Clinica do Dr. Marcio Almeida:

3 comentários:

  1. Havia usado poucas vezes este protocolo de colocar um sobre fio(arco de intrusão) durante a retracão, depois que comecei a utiliza-lo tive btt êxito em minhas retracões com uma diminuição significante da perda de ancoragem.
    Comecei a faze-lo depois do congresso da SPO (onde adquiri o livro do Prof. Marcio)

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  2. Olá,sou um curioso da internet e não tenho dúvida, este é o blog mais pertinente de ortodontia,tras uma variedade de trabalhos e é bem eclético e responsável por dar sempre a origem.Gostei da entrevista do Dr Marcio.
    E o arco "curinga"? acho que pela leveza de espaço e tempo não foi possível dar mais luzes a este arco citado na entrevista.
    Ficou parecendo que este arco foi uma idéia mirabolante que foi desenvovida recetemente e nem nome ele tinha e que só ele (o arco) é que faz o trabalho de intrusão de incisivos.Talvez oportunamente possa este blog iluminar mais este assunto.Ainda lembro em 1995(no Brasil mais precisamente na ABO de Alfenas-MG) quando o professor Ricketts mostrava uma cronologia do desenvolvimento das mecanicas ortodonticas ele então cita o Dr Burstone, que aos poucos abandonava o arco continuo e que estava em pleno desenvolvimento de mecanica inteligente e segmentada.
    Caros colegas ortodontista blogueiros sejam perseverantes com este canal e ferramenta precioso rápida e interativa e estimo sucesso no curso que vcs estão promovendo recebo sempre o convite .Parabéns!
    Camilo de souza Cruz -Bebedouro -SP

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  3. Olá Camilo,

    Fico feliz com seus elogios !!! E principalmente com a sua participação aqui no BLOG !!! Em relação ao arco, na realidade, sabemos que nada mais é que o clássico Arco Base já utilizado e preconizado pelo Dr. Ricketts, com todo um protocolo próprio de utilização.

    Mas na realidade o termo "curinga" foi em relação a biomecânica com braquetes auto-ligados, que tem um bom desenvolvimento no plano horizontal, mas com pouco controle vertical. Este arco seria uma boa ferramenta para casos em que este tipo de controle seja necessário.

    Abraços !!!

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