ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: OrtoPodCast - Episídio 14 - Opinião

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

OrtoPodCast - Episídio 14 - Opinião






Olá amigos leitores e ouvintes!




Hoje não tenho um artigo científico para compartilhar, mas tenho algumas idéias. Parafraseando Confúcio, pensador chinês, dois homens, com um artigo cada um, encontram-se e trocam seus artigos. Voltam para casa com um artigo cada. Mas dois homens, quando trocam idéias, voltam para casa com duas idéias, cada.


Retornando de Belo Horizonte, onde aconteceu o congresso brasileiro da ABOR, fiz algumas reflexões sobre eventos deste nível no Brasil e que gostaria de compartilhar com todos vocês. Esse será um texto apartidário, o mais isento possível.





Indo ao outro lado do planeta, no Japão antigo, quando ainda não se fazia idéia de o quanto este era pequeno, existiam inúmeros microimpérios com seus todo-poderosos microimperadores: Os Daimyos.


Dentro destes microimpérios, os Daimyos espelhavam certa divindade. Entre o povo, não se sabia bem o porquê, mas deviam-lhe sempre respeito. Obediência, todos sabiam o porquê: Os Daimyos formavam seus próprios exércitos de guerreiros, os samurais. Quem não os obedecessem, experimentariam de uma morte lenta e sem honra.

 

Dentro desse exército, fiel ao seu microimperador, existia um código de conduta que não poderia ser quebrado jamais, o Bushidô. A pena para isso seria o suicídio com uma katana transfixada no seu abdómen e forçada de um lado ao outro até atingir o fígado. O Harakiri.

 

Concluindo a estratificação social da época, além da corte dos Daimyos e os Samurais, ainda existiam os componentes do clero xintoísta e o povo (Chônin).


O clero não tinha um poder declarado, mas frequentavam a corte e posavam de intérpretes dos Deuses.


Já o povo, sem poder algum, trabalhava para sustentar, como única camada produtiva, toda a organização do xogunato. Aliás, um período marcado pelo fechamento dos portos e isolamento do Japão com o intuito de preservar sua estrutura e “riqueza”, e que culminou num acentuado atraso no desenvolvimento tecnológico.


Dando um salto gigantesco na história, percebe-se a insustentabilidade deste modelo. Os Daimyos tiveram um fim com o desenvolvimento das classes mais baixas, os chônin. Os Samurais passaram a ser guerreiros sem mestre a obedecer, sem guerras para lutar, sem sentido para viver. Até o clero teve que se modernizar e buscam nas classes mais baixas o seu sustento. Fenômeno este, espelhado quase que no mundo inteiro. A corte acabou.


Com o desenvolvimento das classes mais baixas, os chônin, a estrutura hierarquizada intransponível não se sustentou e os pensamentos democráticos e de igualidade explodiram por todos os lados. O povo gerou o poder econômico daquele país e tomou o poder político.



Mas.... Por que remontar essa história dentro de um avião da Trip atrasado, saindo de Confins?


Em Belo Horizonte, apertado no corredor estreito do Minas Centro, onde ficavam os expositores e todos os colegas que gostaríam de confraternizar, consegui conversar com alguns amigos e fazer algumas novas amizades.
Vi alguns componentes de algumas microcortes, ladeados por seus fiéis samurais. À estes últimos não lhe faltam nem mesmo o bushidô.


Para este baile, nem todos os Daimyos foram convidados. Afinal, guerra é guerra, e forças diagonalmente opostas não podem compartilhar do mesmo banquete.


Haviam alguns componentes do clero ortodôntico, os que flertam com várias cortes. Que não se preocupam com a política, se podem arrebanhar mais alguns fiéis.


Mas, apinhados nas salas e no sufocante corredor em forma de “U”, estava o Povo. À parte de tudo o que acontecia, procurando seu desenvolvimento científico e profissional. Quem soube escolher com critério o que assistir, tenho certeza que saiu de BH com, ao menos, 1 cm mais alto.



Do que resta dizer, e motivo para a escrita deste texto, conclamo você, leitor, que chegou até aqui, para refletir sobre a forma que está sendo segmentada a ortodontia. Sobre formas de garantir uma formação adequada e nivelada, penalizando os Daimyos no seu descumprimento, e não o Povo. Sobre a forma, qualidade e veículo que o conhecimento está sendo passado em congressos como os que temos hoje, ou há 5 séculos.


Convido você para se despir dos pensamentos doutrinários repetidos de boca-em-boca, sem questionamentos, apenas porque o Daimyo falou, quando o clero tocava o sino.


Venha fazer parte do POVO!


Um Povo pensante e próspero. Agente ativo no processo da democratização do conhecimento.


É verdade: Trabalhamos muito. Mas no final, apenas o POVO remanesce. E dele emana o poder.






Esta postagem também está em áudio no episódio 14 do OrtoPodCast. Baixe gratuitamente clicando aqui. Ou assine o OrtoPodCast na iTunes Store e ouça no seu iPhone, iPad ou iPod.



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