ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Aplicações da Tomografia Computadorizada na Odontologia

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Aplicações da Tomografia Computadorizada na Odontologia


Neste artigo publicado em 2007, pela Revista Pesq. Bras. Odontoped. Clin. Integr., pelos autores Andréia Fialho RODRIGUES, Robert Willer Farinazzo VITRAL; da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora/MG, Brasil. Descreve as principais técnicas tomográficas existentes e suas aplicações na Odontologia. Realizou uma revisão da literatura sobre os avanços das principais técnicas tomográficas que resultaram em maior acurácia no diagnóstico, menor tempo de exame e menor quantidade de radiação.

O processo da tomografia computadorizada foi baseado num princípio matemático, primeiramente apresentado em 1917, por Randon, um matemático australiano. A primeira técnica tomográfica foi anunciada cinqüenta e cinco anos depois.

A tomografia computadorizada é um método não invasivo, rápido, fidedigno e de alta precisão diagnóstica. Este extraordinário sistema, que permite visualização imediata das lesões cranianas, sem qualquer risco para o paciente e sem a necessidade de internação, foi idealizado por Godfrey N. Hounsfield, engenheiro eletrônico inglês, cujo grande mérito foi a utilização do computador como elemento centralizador dos complexos mecanismos relacionados à tomografia computadorizada.

A tomografia computadorizada é considerada o método de escolha para a imagem das estruturas ósseas. Ela é um método radiológico que permite obter a reprodução de uma secção do corpo humano com finalidade diagnóstica.

Durante as últimas duas décadas as modalidades de imagem por tomografia computadorizada (TC) se desenvolveram de maneira tão rápida que as descrições do equipamento atualmente mais moderno permanecem válidas por apenas alguns meses.

A tomografia computadorizada (TC) é, algumas vezes, comparada à tomografia convencional porque o tubo de raios x e os detectores de dados se movem em relação ao paciente durante a obtenção de imagens. Este movimento resulta na obtenção de uma secção anatômica. Uma diferença fundamental, no entanto, é que a tomografia convencional usa uma técnica de borramento, enquanto a TC usa técnicas de reconstrução matemática computadorizada.

A tomografia é considerada uma técnica radiográfica que fornece a imagem de uma secção ou corte da estrutura de interesse, enquanto que as estruturas que estão acima ou abaixo da região de corte aparecem borradas. As imagens das estruturas são produzidas como se nelas tivessem sido realizado vários cortes, em vários planos de espessura, relativamente pequenos. É uma técnica bastante útil quando é necessário obter imagem de alguma estrutura que sofra sobreposição de estruturas anatômicas como no caso de componentes do ouvido médio e interno que são encobertos pelo osso temporal.

A tomografia computadorizada tem três vantagens gerais importantes sobre a radiografia convencional: a primeira é que as informações tridimensionais são apresentadas na forma de uma série de cortes finos da estrutura interna da parte estudada. Como o feixe de raios está rigorosamente colimado para aquele corte em particular, a informação resultante não é superposta por anatomia sobrejacente e também não é degradada por radiação secundária e difusa de tecidos fora do corte que está sendo estudado. A segunda é que o sistema é mais sensível na diferenciação de tipos de tecido quando comparado com a radiografia convencional, de modo que diferenças entre tipos de tecidos podem ser mais claramente delineadas e estudadas. A radiografia convencional pode mostrar tecidos que tenham uma diferença de pelo menos 10% em densidade; já a tomografia computadorizada pode detectar diferenças de densidade entre tecidos de 1% ou menos. Uma terceira vantagem é a habilidade para manipular e ajustar a imagem após ter sido completada a varredura, como ocorre de fato com toda a tecnologia digital. Esta função inclui características tais como ajustes de brilho, realce de bordos e aumento de áreas específicas. Ela também permite ajuste do contraste ou da escala de cinza, para melhor visualização da anatomia de interesse.

Com o advento da tomografia computadorizada helicoidal, foi alcançada grande melhora nas reconstruções tridimensionais e diminuição na dose de exposição do paciente à radiação.

Durante os primeiros anos da década de 1990, um novo tipo de scanner foi desenvolvido, chamado de scanner de TC por volume (helicoidal). Com este sistema, o paciente é movido de forma contínua e lenta através da abertura durante o movimento circular de 360º do tubo de raios X e dos detectores, criando um tipo de obtenção de dados helicoidal. Desta forma, um volume de tecido é examinado, e dados são coletados, em vez de cortes individuais como em outros sistemas. O tempo total de varredura é a metade ou menos daqueles de outros scanners de terceira ou quarta geração.
Imagens reconstruídas bidimensionais e tridimensionais podem ser obtidas a partir de dados originais da tomografia computadorizada, os quais possibilitam reconstruções indiretas em qualquer plano desejado. É um exame no plano axial, mas que permite a reprodução de imagens em qualquer plano. Tomógrafos mais novos permitem que sejam realizados cortes sem intervalos, o que possibilita a criação de imagens tridimensionais.

A tomografia computadorizada helicoidal provém vantagens sobre a não helicoidal como menor tempo de avaliação e realização de reconstrução multiplanar. A tomografia computadorizada axial, em conjunto com as reconstruções coronal e sagital, tem maior eficácia no diagnóstico que tomografias convencionais. Ela propicia imagens com alta resolução espacial e a mesma dose de radiação da tomografia computadorizada convencional.

No final de 1998, quatro fabricantes de TC anunciaram novos scanners multicorte, todos capazes de obter imagens de quatro cortes simultaneamente. Estes são scanners de terceira geração com capacidades helicoidais e com quatro bancos paralelos de detectores, capazes de obter quatro cortes de TC em uma rotação do tubo de raios X.

Os avanços na TC proporcionam algumas vantagens como tempo de aquisição de imagens mais curtos e redução de 40% na dose de radiação que o paciente recebe nas exposições. A capacidade de adquirir um grande número de cortes finos rapidamente também é considerada uma vantagem.

Uma vez que a varredura multislice produz cortes superpostos e colimação de corte mais fina (abaixo de 1mm), as resoluções espaciais planas e reconstruídas são agora potencialmente similares, mesmo para imagens por TC com pequenos campos de visão.

Uma desvantagem dos scanners de multicorte são os custos significativamente maiores. Há também algumas limitações neste momento quanto à tecnologia de ligação de dados, incapaz de processar o grande volume de dados que pode ser obtido por este sistema.

A tomografia computadorizada tem muitas aplicações na Odontologia. Ela pode ser usada para identificar e delinear processos patológicos, visualizar dentes retidos, avaliar os seios paranasais, diagnosticar trauma, mostrar os componentes ósseos da articulação temporomandibular e os leitos para implantes dentários.

A tomografia computadorizada é muito útil na avaliação de patologias na região de cabeça e pescoço. Ela avalia a presença ou extensão do tumor envolvendo a maxila ou mandíbula, infecção ou outra patologia. Um programa denominado DentaScan ou reformatação multiplanar obtém imagens axial e panorâmica da mandíbula e maxila. Este programa é útil na localização, avaliação, monitoramento e tratamento de várias patologias da mandíbula e maxila. Ele define o contorno, a altura e a espessura do osso alveolar, mostra a posição do nervo alveolar inferior e do assoalho do seio maxilar, sendo muito útil na realização de implantes dentários.

Quando o exame é realizado com cortes de espessura menor que 1,5mm, é possível visualizar a forma e a posição do dente retido, tão bem quanto lesões em dentes permanentes vizinhos. Se o espaço do ligamento periodontal do dente estiver visível será possível a intervenção ortodôntica.

Avaliação dos Seios Paranasais A tomografia computadorizada mostra imagem dos seios maxilar, frontal, etmoidal e esfenoidal. Ela é efetiva na avaliação do tecido ósseo ou mudanças neoplásicas nos tecidos moles dos seios paranasais. Portanto, a habilidade da tomografia computadorizada para identificar alterações com baixo contraste pode ser usada para diferenciar tecidos moles e secreções líquidas nas sinusites.

A avaliação de fraturas complexas dos ossos faciais é de difícil visualização na radiografia convencional. Com o exame de tomografia computadorizada, as estruturas anatômicas podem ser vistas no plano axial, sagital e coronal. Imagens tridimensionais também podem ser obtidas para auxiliar o cirurgião no plano de tratamento.

É consenso entre os autores que a tomografia computadorizada é considerada o método de escolha para a imagem das estruturas ósseas da articulação temporomandibular. A tomografia computadorizada é indicada em condições patológicas como: anomalia congênita, trauma maxilofacial, doenças do desenvolvimento, infecções e neoplasias envolvendo o tecido ósseo. É recomendada também na avaliação da cortical óssea podendo-se observar erosões ósseas, cistos subarticulares, esclerose e osteófitos. Quando neoplasias estão presentes, ocorre um alargamento irregular do côndilo, destruição do côndilo ou cavidade articular, e calcificações do tecido mole. A imagem por ressonância magnética pode ser requerida se houver necessidade de informação sobre a invasão neoplásica nos tecidos moles.

Muitos fatores têm um importante papel no sucesso do tratamento de pacientes com implante osteointegrado. Defeitos ósseos podem ocorrer após a extração de dentes com lesão periapical, com doença periodontal avançada ou como resultado de trauma. Quando um dente é perdido devido a trauma ou a uma causa endodôntica, a parte esponjosa do osso reabsorve rapidamente causando uma concavidade no córtex labial podendo necessitar de procedimentos de reconstrução para que seja possível a colocação de implantes.

CONCLUSÕES

1) A Tomografia Computadorizada é o exame de eleição no diagnóstico de muitas condições que envolvem o complexo maxilo-mandibular;

2) Alguns princípios devem ser respeitados antes de escolher o exame a ser solicitado: saber o que se está procurando, ter conhecimento da técnica que melhor visualizará o tecido a ser observado, ser pouco invasivo, expor o paciente à mínima radiação possível, evitar gastos desnecessários e iniciar o estudo sempre pela técnica mais simples;

3) O valor clínico das técnicas de tomografia computadorizada depende da condição que se está sendo diagnosticada através das imagens, do modelo e da idade do equipamento usado, do protocolo do exame, da experiência e capacidade dos operadores do equipamento e do radiologista.


Link do artigo na integra via EDUEP.UEPB:

2 comentários:

  1. Prezados, qual o preço médio de um tomógrafo?
    Abraços,
    Paulo Almeida
    UFBA
    pfatk@yahoo.com.br

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  2. Olá Paulo, Não sei ao certo o valor do tomografo. Achei no site da Kavo(I Cat) uma pagina que fala um pouco da venda parcelas, taxa de juros, ... e Telefone para mais informações.

    http://www.kavo.com.br/marketing/informativo/dentista/2009/icatgendex/e-mkt.html

    Abraços,
    Marlos Loiola

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