ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Dentes com Tratamento Endodôntico: Movimentar ou Não?

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Dentes com Tratamento Endodôntico: Movimentar ou Não?


Neste artigo de 2002, Publicado pela Revista Dental Press, pelo Prof. Dr. Alberto Consolaro Professor Titular em Patologia Bucal pela Faculdade de Odontologia de Bauru - FOB - USP - São Paulo. Mostra como conviver com este dogma, movimentar ou não dentes tratados endodonticamente.

Por algumas décadas acreditou se dogmaticamente que dentes tratados endodonticamente, se movimentados, poderiam apresentar maior índice de reabsorção radicular. Isto nunca foi demonstrado com um mínimo de critério metodológico, pois na Ortodontia não se tratava de adultos com freqüência. Dogmas são inexplicáveis: acredita-se ou não, como na política e na religião, mas não na ciência.

Os trabalhos que estudaram metodologicamente o assunto revelaram que dente com tratamento endodôntico considerado pelo especialista como sucesso clínico pode ser movimentado. O sucesso clínico no tratamento endodôntico inclui o dente que eventualmente apresenta extravasamento periapical de material obturador e esta situação não contra-indica a movimentação ortodôntica.

Quando o dente apresenta tratamento endodôntico inadequado, sem ou com lesão periapical crônica, deve-se promover o retratamento do canal para obter-se o sucesso clínico, e então, em um segundo momento, promover o tratamento ortodôntico, geralmente depois de 30 dias.

O movimento dentário induzido depende dos tecidos periodontais e ósseos. Os osteoblastos, clastos e macrófagos participam da reabsorção óssea. Na superfície da raiz, na mesma área de movimentação, os cementoblastos permanecem impassíveis, indiferentes e ignoram as mensagens bioquímicas dos mediadores concentrados na área para induzirem a osteoclasia. Se não houver necrose por anoxia, os cementoblastos protegem a raiz dentária da reabsorção durante a movimentação ortodôntica, pois não apresentam receptores de superfície para estes mediadores.

A reabsorção da superfície radicular independe das células da polpa, se presentes ou ausentes. O tratamento endodôntico não muda a estrutura e a fisiologia dos tecidos periodontais, incluindo o cemento e os cementoblastos.

Quando os túbulos dentinários têm bactérias ou seus produtos e a polpa está necrosada, a reabsorção dentária no movimento ortodôntico pode deixar sair estes elementos para o ligamento periodontal. Isto promoverá uma inflamação na área e esta, ao persistir mesmo depois de cessada a força aplicada, manterá a reabsorção dentária até que o agente indutor de origem bacteriana seja eliminado por um tratamento endodôntico adequado. A inflamação promove acúmulo local de muitos mediadores, em especial da reabsorção. Uma vez realizado o tratamento endodôntico adequado, espera-se 30 dias para iniciar ou reiniciar o movimento dentário, tempo necessário para o exsudato ser reabsorvido e a reparação se instalar.

Uma dica: para avaliar se o dente tratado endodonticamente pode ser considerado um sucesso clínico ou não, divida esta responsabilidade com o endodontista; a decisão será mais segura e faça o paciente participar, mesmo que indiretamente da decisão, informando-o sobre o que está sendo discutido!


Link do artigo na integra via Dental Press:

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