ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: O uso do sobrearco na correção da sobremordida profunda

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

O uso do sobrearco na correção da sobremordida profunda









Neste artigo de 2006, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Marcio Rodrigues de Almeida; Renato Rodrigues de Almeida; Renata Rodrigues de Almeida-Pedrin; da do Curso de Especialização da Faculdade de Odontologia de Lins - UNIMEP; do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da Faculdade de Odontologia de Bauru-USP; da Universidade Cidade de São Paulo UNICID- São Paulo. Mostra casos clínicos, demonstrando a manipulação de um arco de intrusão de incisivos (sobrearco), bem como os efeitos desta abordagem terapêutica.


A mordida profunda se caracteriza por apresentar um trespasse vertical acentuado entre os dentes anteriores.


Esta situação que acomete jovens e adultos pode resultar da irrupção excessiva dos incisivos superiores ou inferiores, da falta de desenvolvimento vertical dentoalveolar posterior e da deficiência esquelética anterior vertical. A sobremordida que apresenta um erro esquelético tipicamente é conhecida como Síndrome da Face curta (hipodivergente) predominando um maior crescimento da altura facial posterior sobre a anterior. O estudo por meio de implantes proposto por Björk clarificou o crescimento maxilomandibular vertical em pacientes hipodivergentes, onde os acompanhou longitudinalmente por 6 anos. Evidenciou que o crescimento condilar se expressa para cima e para anterior e a direção de irrupção dos dentes inferiores assume um padrão mesial, denotando um giro da mandíbula no sentido anti-horário.

Por outro lado quando o maior componente envolvido for dentoalveolar, os dentes ântero-inferiores podem estar envolvidos, assim como os molares inferiores. Um ponto importante e muito polêmico diz respeito à forma de correção das sobremordidas. Como salientado por Burstone, frente a esta má oclusão deve-se inicialmente reconhecer a sua natureza para posteriormente aplicar uma terapêutica correta. Segundo Bennett e McLaughlin, clinicamente pode-se corrigir a mordida profunda por meio da A) extrusão posterior, B) verticalização dos molares, C) vestibularização dos incisivos e da intrusão dos incisivos.

A intrusão dos incisivos permite a correção da sobremordida com melhor controle dos efeitos secundários observados na região posterior. O mecanismo de intrusão pode ser realizado utilizando o Arco Base de Ricketts, o arco de Intrusão de Burstone, o arco de três peças, alavancas (cantilevers) e sobrearcos, como ilustrado nas figuras.


Na mecânica de intrusão dos dentes anteriores é de primordial importância utilizar forças de baixa magnitude e de longa duração. A força de baixa magnitude permite intruir os incisivos de modo que não ocorra reabsorção radicular extensa. Os ortodontistas, em geral, denotam um certo receio quando se fala em movimento de intrusão, pois certamente se mal controlado é um movimento que se direciona contrariamente ao alvéolo, podendo causar reabsorção no ápice.


Para explicar melhor a afirmação anterior, Costopoulos e Nanda compararam dois grupos tratados, sendo um com mecânica fixa que serviu de controle e outro com intrusão de incisivos em jovens que apresentavam sobremordida. Após 4 meses de estudo, observaram que o grupo que sofreu intrusão com um arco de TMA e força de 15 gramas por dente apresentou radiograficamente 0,6mm de reabsorção enquanto que o grupo controle (aparelho fixo) demonstrou 0,2mm. Concluíram que a mecânica de intrusão propiciou uma reabsorção discreta quando comparada àquela observada no tratamento fixo convencional. Não houve correlação com a quantidade de intrusão e a de reabsorção. Para intrusão de incisivos recomenda-se uma força de 25 a 30 gramas. Além do controle da magnitude de força e da sua constância, Burstone cita como fatores importantes que devem ser levados em consideração os seguintes itens:1) Uso de pontos de contato para aplicação da força; 2) Seleção do ponto de aplicação da força; 3) Intrusão seletiva (caninos x caninos + incisivos); 4) Controle dos efeitos colaterais da mecânica.


O sistema de intrusão dos incisivos gera um momento nos molares de ancoragem promovendo a inclinação distal da coroa e uma pequena extrusão. Para minimizar estes efeitos pode-se utilizar a barra transpalatina como reforço da ancoragem no arco superior e o arco lingual de Nance no inferior. A associação de um aparelho extrabucal também contribui para melhorar a inclinação radicular dos molares.



Link do artigo na integra via Dental Press:


3 comentários:

  1. Esse artigo é ótimo, adorei, porém tem um outro desse mesmo autor que explica muito didaticamente os fatores etiológicos, características clínicas e diversas formas de tratamento.

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