ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Utilização do aparelho tipo Expander para correção das atresias maxilares

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Utilização do aparelho tipo Expander para correção das atresias maxilares











Neste artigo de 2007, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Pedro Andrade Júnior, José Eduardo Prado de Souza; Especialista em Ortodontia e em Cirurgia Buco-Maxilo-Facial pela Unicastelo e Mestre e Doutor em Ortodontia pela FOB-USP - São Paulo. Mostra uma opção para a expanção maxilar.


A correção das más oclusões da dentadura mista tem sido uma das grandes preocupações dos ortodontistas. A presença de uma má oclusão no primeiro período transitório e período intertransitório foi observada em 89% das oclusões, segundo Martins et al. A abordagem terapêutica dividida em duas fases (interceptativa/corretiva) proporciona ao profissional um melhor resultado de correção destas más oclusões, principalmente das atresias maxilares, onde os efeitos da correção são incorporados ao crescimento craniofacial na dentadura mista, tendo ainda um longo período até ser completado na dentadura permanente. A permanência destas atresias por um longo período promove uma adaptação dentária, esquelética e neuromuscular, provocando uma constrição dos arcos dentários e a mordida cruzada.


Os aparelhos, descritos na literatura, que apresentam as propriedades necessárias para promover uma mudança transversal na forma dos arcos alveolares podem ser divididos, basicamente, em dois grupos: aparelhos removíveis e aparelhos fixos.


Os aparelhos removíveis de expansão são confeccionados com base no aparelho de Hawley, com tornos de Schwarz dispostos no sentido transversal e fixados ao arco por meio de grampos de retenção. A ativação deste aparelho, segundo Storey, promoverá uma ação remodeladora sobre os tecidos alveolares, induzindo a proliferação de células osteoblásticas, osteoclásticas e fibroblásticas, favorecendo a expansão dentoalveolar. As forças produzidas por estas ativações deverão ser de baixa intensidade (200g de tensão) e os resultados podem ser observados em um
período médio de 8 a 10 meses de uso. Após o período ativo de expansão, o aparelho deverá ser mantido como contenção com uso noturno, por um período não inferior a 1 ano ou até o início do segundo período transitório. Entretanto, o sucesso da terapêutica estaria na dependência direta da colaboração do paciente.


Os dispositivos fixos de expansão dentoalveolar, como o arco em W, Quadri-helix e a barra transpalatina, demonstraram ser eficientes para promover a expansão lenta dos processos alveolares com um mínimo de trauma às estruturas de suporte. Bell e Compte têm atribuído ao Quadri-helix a função de romper a sutura palatina mediana, aumentando a magnitude de força do aparelho. Estes autores relataram evidências radiográficas sugestivas de fratura da sutura, principalmente quando utilizado em crianças. Estas evidências não justificam o seu uso como aparelho disjuntor, mas reforçam suas indicações como um dispositivo eficaz de expansão. Chaconas e Caputo, em estudo comparativo com aparelhos disjuntores, concluíram que os dispositivos que utilizam fios elásticos de aço inox ou molas helicoidais promovem pouca efetividade ortopédica e seus efeitos de separação das suturas são mínimos, mas aumentam sua ação primária de expansão dos dentes posteriores, principalmente nos dentes de ancoragem.


Por serem dispositivos fixos aos molares por meio de bandas, é notada uma resultante de força mais acentuada sobre estes molares, onde a direção de força não é aplicada sobre o centro de resistência (CR), gerando momentos de força ou movimentos pendulares sobre as coroas. Um destes efeitos no sentido transversal seria a vestibuloversão excessiva dos molares. Esta resultante poderia ser minimizada com uma inclinação compensatória, para palatino, da banda ou na secção do fio que encaixa no tubo lingual (aparelho pré-fabricado).


Corbett, em 1997, desenvolveu um aparelho expansor de níquel titânio termoativado, com temperatura de transição de 94ºF. Em temperaturas inferiores, o metal se torna ! exível, facilitando o manuseio e o ajuste do aparelho, porém, em temperaturas superiores, as forças entre os átomos se tornam mais firmes e o metal retorna à sua forma original, gerando forças de 350g em 3mm de incremento por área de tensão, isto significa, que após a expansão ultrapassar os 3mm, a sua força de pressão retorna à inicial, o aparelho, portanto, apresenta uma característica programada e auto limitante de expansão. Estas medidas são tomadas da face palatina entre os primeiros molares superiores. A quantidade que se pretende expandir os molares deve respeitar a capacidade elástica do aparelho, em razão da força ótima fisiológica sobre os tecidos de suporte. Para isto as larguras intermolares foram confeccionadas em tamanhos pré-definidos que variam de 26mm a 44mm, não devendo ultrapassar 4mm de expansão por aparelho. Quando uma expansão maior for pretendida, esta deverá ser realizada em duas fases; uma liga de Alloy (0,036” de diâmetro) compõe o restante do aparelho (alça dos molares e braço de apoio anterior), que permitiriam ajustes e individualização do caso, respeitando os posicionamentos dentários existentes.


A justificativa da utilização do Expander se caracteriza por promover: expansão dentoalveolar, com correção das mordidas cruzadas uni ou bilaterais, e correção da rotação dos primeiros molares superiores. O ajuste para correção da mesiorotação dos molares pode ser realizado afastando-se o braço de apoio anterior do contato dentário do lado da rotação, isto promove uma ação de força rotacional do dente de apoio, associada a uma resultante de expansão transversal. A quantidade do efeito rotacional poderá ser ampliada mantendo-se o braço de apoio distante dos dentes contíguos ao molar rotacionado. O efeito anti-rotacional promove, simultaneamente, a resultante de distalização dos molares girados, favorecendo o reposicionamento dos molares em chave de Classe I, ampliando o perímetro do arco. Este procedimento poderá ser realizado bilateralmente, quando necessário. A expansão de todo o arco é realizada pelo ajuste no braço de apoio, que deve contornar todos os dentes de cada lado do arco, devendo se estender até no máximo aos caninos, quando necessário. A expansão é conseguida entre 2 e 4 meses.


A sobrecorreção da mordida cruzada (1mm a 2mm) deve ser conseguida10 e a estabilização do resultado deve ser mantida, utilizando-se o aparelho de forma passiva ou placa de Hawley por um período não inferior a 8 meses.


Suas propriedades, embora se assemelhem aos demais aparelhos de expansão lenta, dispensam a fase laboratorial, porém requerem do profissional habilidade para os ajustes de individualização.


A dentadura mista parece ser o período mais indicado para sua utilização, em face do reposicionamento do molar e da remodelação do rebordo, promovidos pelo aparelho, entretanto, seu uso tem sido descrito em pacientes com dentadura permanente jovem e em adultos; nos quais as inclinações dentárias excessivas podem ser controladas por meio de aparelhos fixos, durante o uso do Expander ou durante o período de contenção.




Link do artigo na integra via Dental Press:

www.dentalpress.com.br/cms/wp-content/uploads/2009/05/v06n0507a03.pdf

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