Neste artigo de 2010, publicado no Dental Press Journal Orthodontics, pelos autores Carlos Estrela, José Valladares Neto, Mike Reis Bueno, Orlando Aguirre Guedes, Olavo Cesar Lyra Porto, Jesus Djalma Pécora; da Universidade Federal de Goiás; Universidade de Cuiabá e da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto - São Paulo. Determina as medidas lineares dos estágios de desenvolvimento da dentição permanente humana, usando tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC).
O conhecimento dos estágios de desenvolvimento da dentição permanente é essencial para um excelente manejo clínico em diversas especialidades odontológicas, uma vez que influencia no diagnóstico, planejamento e resultado do tratamento.
Vários estudos avaliaram a mineralização e o desenvolvimento de dentes permanentes a partir de diferentes metodologias. Imagens radiográficas, apesar de corresponderem a um aspecto bidimensional de uma estrutura tridimensional, constituem o recurso mais utilizado para se determinar a mineralização e o estágio de desenvolvimento da dentição humana. Um estudo clássico de Nolla avaliou, empregando radiografias bucais, os estágios de desenvolvimento dos dentes permanentes humanos. De acordo com o desenvolvimento, os diferentes estágios foram graduados numa escala de 0 a 10.
Os avanços tecnológicos oferecem modalidades de imagem que têm contribuído expressivamente com a radiologia odontológica, a partir de ferramentas auxiliares de diagnóstico, como: radiografia digital, métodos densitométricos, tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC), ressonância magnética, ultrassonografia e técnicas nucleares. Essas imagens detalhadas apresentam alta resolução das estruturas bucais e permitem a detecção precoce de alterações nas estruturas maxilofaciais.
Desde a introdução da tomografia computadorizada, tem sido observado que a sua aplicação clínica permitiu significativa revolução na área da saúde. Recentemente, várias áreas de pesquisa e clínica da Odontologia têm se beneficiado com o uso da TCFC, que possibilitou a visualização de imagens tridimensionais, além do possível manejo adicional por estratégias de navegação. Seu potencial para aplicação clínica e a sua acurácia, comparados com os da radiografia periapical, contribuem no planejamento do tratamento, diagnóstico, terapêutica e prognóstico de diferentes doenças.
Este estudo foi desenvolvido, entre maio de 2007 e maio de 2010, a partir de bancos de dados de clínicas radiológicas odontológicas privadas (CIRO, Goiânia/GO, Brasil; RIO, Brasília/ DF, Brasil; CROIF, Cuiabá/MT, Brasil), envolvendo 18 pacientes (n = 238 dentes), sendo 13 do sexo masculino e 5 do sexo feminino, com idades entre 3 e 20 anos. Os pacientes foram encaminhados para o serviço de radiologia por diferentes razões de diagnóstico. A amostra envolvida não apresentava dentes com história de cárie dentária, tratamento ortodôntico ou distúrbio de desenvolvimento dentário.
O método para estudar o desenvolvimento de dentes permanentes com TCFC baseou-se na delimitação e mensuração das distâncias entre pontos anatômicos correspondentes ao desenvolvimento das coroas e raízes dentárias. Todas as medidas nas imagens foram realizadas por dois especialistas em radiologia odontológica, utilizando a ferramenta de medição do próprio programa do tomógrafo. Foi utilizada uma função específica do programa do i-CAT, que oferece valores em milímetros para delimitar as medidas das imagens dos dentes. As mensurações foram efetuadas nos planos sagital e coronal (o referencial utilizado foi a maior extensão de medida, valendo-se da estratégia de navegação do sistema).
A possibilidade de se obter informações das estruturas anatômicas in vivo, com o manejo de navegação na imagem, sinalizou o grande potencial e a conquista do diagnóstico em todos os campos da Odontologia. Liu et al. determinaram a precisão da análise volumétrica dos dentes in vivo utilizando a TCFC. O volume de 24 dentes pré-molares extraídos foi determinado. As medições dos volumes desviaram ligeiramente entre -4% e 7%. Operações de suavização reduzem as medições de volume. Atualmente, nenhuma exigência quanto à precisão das determinações do volume de dente foi estabelecida. Baumgaertel et al. investigaram a confiabilidade e a precisão das mensurações realizadas em reconstruções dentárias com TCFC. Trinta crânios humanos foram escaneados e reconstruções tridimensionais das dentições foram obtidas. Dez mensurações (overbite, overjet, largura intermolares e intercaninos superiores e inferiores, comprimento dos arcos disponíveis, e comprimento do arco requerido) foram realizadas diretamente sobre os crânios por um paquímetro com precisão digital e sobre as reconstruções digitais. As medições dentárias dos volumes por meio da TCFC podem ser utilizadas para análise quantitativa. Um pequeno erro sistemático foi encontrado, o qual tornou-se estatisticamente significativo apenas quando se combinou várias medições. Um ajuste para esse erro permitiu melhorar a precisão.
CONCLUSÕES
Dentro das limitações desse estudo preliminar, conclui-se que as imagens de TCFC dos diferentes estágios de desenvolvimento podem contribuir com diagnóstico, planejamento e resultados dos tratamentos. As dimensões das coroas e raízes dentárias podem ter uma importante aplicabilidade clínica e de pesquisa. Entretanto, novos estudos são recomendados a fim de minimizar as variáveis metodológicas.
Link do artigo na integra via Scielo:
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