Muitos
colegas ficaram apreensivos com a notícia que correu pelas redes sociais de que
um colega ortodontista de Goiás teria sido condenado a pagar R$ 100.000,00 a
uma criança, como indenização por um acidente com um Arco Extra-Bucal (AEB).
Segundo a notícia propagada (sem a fonte), o desenbargador lista como erros
profissionais:
1. Captar
clientes sob o argumento de tratamento gratuito;
2.
Fornecer à criança aparelho dentário sem
mecanismo de segurança, inclusive, não condizente com a faixa etária e
discernimento do paciente.
Momentos
depois desta notícia tornar-se popular nas comunidades e grupos de ortodontia
na internet, muitos colegas debatiam sobre o que seriam esses mecanismos de
segurança. Apesar de não serem novidades, sentimo-nos motivados a esclarecer
alguns aspectos sobre o tema. Espero que esse post seja útil para vocês.
Desde
1947, quando Silas Kloehn soldou um arco interno a outro externo criando o Arco
Extra-Bucal (AEB) tem-se utilizado em diversas técnicas e com propósitos
diferentes. Apesar de estarem sendo cada dia menos utilizados na ortodontia, na
ortopedia facial parece ser ainda um importante mecanismo de tratamento da
Classe II maxilar.
No
entanto, infelizmente, segundo Dr. Russell Samuels¹ tem havido alguns relatos
de casos de lesões dos tecidos moles causadas pelo uso de AEB na literatura
médica e odontológica nos últimos 25 anos.
Para determinar a etiologia das lesões dois estudos foram realizadas na Europa. No primeiro estudo, um questionário foi enviado para as sociedades de Ortodontia e escolas de ortodontia em 23 países europeus solicitando qualquer informação sobre as lesões pelo uso de AEB que eram conhecidas como tendo ocorrido. Detalhes de 9 lesões foram devolvidos. No segundo estudo, um questionário foi enviado a 1.117 ortodontistas ativos no Reino Unido e na Irlanda solicitando qualquer informação sobre as lesõespor AEB. De 859 profissionais que utilizam esse dispositivo detalhes de 33 feridos foram relatados com a maioria ocorrendo à noite. Estas lesões variou de lacerações menores à perda de um olho.
Para determinar a etiologia das lesões dois estudos foram realizadas na Europa. No primeiro estudo, um questionário foi enviado para as sociedades de Ortodontia e escolas de ortodontia em 23 países europeus solicitando qualquer informação sobre as lesões pelo uso de AEB que eram conhecidas como tendo ocorrido. Detalhes de 9 lesões foram devolvidos. No segundo estudo, um questionário foi enviado a 1.117 ortodontistas ativos no Reino Unido e na Irlanda solicitando qualquer informação sobre as lesõespor AEB. De 859 profissionais que utilizam esse dispositivo detalhes de 33 feridos foram relatados com a maioria ocorrendo à noite. Estas lesões variou de lacerações menores à perda de um olho.
As
informações obtidas a partir destes dois estudos e relatos de casos revelaram
que os ferimentos foram causados pelo efeito catapulta da tração extra-oral
com elástico (elásticos ou material elástico) ou o AEB desencaixando dos tubos
bucais durante a noite, quando o paciente vai dormir. As causas podem ser ainda
subdivididas em quatro categorias mostradas abaixo:
Etiologia
das Lesões:
1.
Desencaixe acidental do AEB enquando a criança brinca usando um AEB e tração
com elástico convencional. O AEB é desencaixado dos tubos e recua para trás
ferindo o paciente.
2.
Manuseio incorreto por parte da criança durante a instalação ou remoção do AEB e
tração com elástico convencional.
3.
Desencaixe deliberado (puxando) um AEB e tração com elástico convencional, por
outra criança. Outra criança puxa o AEB para frente até o arco intraoral saia
da boca e solta, fazendo com que o arco retorne pela força elástica da tração.
A relevância dos microrganismos orais às lesões dos tecidos moles:
Este fator é muitas vezes mais discutido ao avaliar questões de
segurança.
A presença de microrganismos orais nas extremidades do arco facial
interior tem um enorme significado nessas lesões, porque isso invariavelmente
significa que as lesões dos tecidos moles estão infectadas. Isto altera
significativamente o prognóstico de qualquer lesão de tecido mole provocada
pelas extremidades do arco interno. Os pacientes que sofreram uma lesão no olho
durante a noite têm relatado que geralmente há o mínimo de desconforto e que
não mobilizam as crianças para procurar atendimento imediatamente. Este atraso
no tratamento permite que a infecção se espalhe rapidamente com resultados
desastrosos. O olho é um excelente meio de cultura e pode ser difícil de tratar
com sucesso mesmo com antibióticos apropriados.
Quando
apenas um olho é ferido o outro olho ainda pode estar em risco de endoftalmite
contralateral.
Dispositivos de segurança
O risco de lesão a um
paciente pode ser pequeno, mas todos os pacientes devem ser protegidos contra
um risco conhecido, ainda que pequeno.
Vários dispositivos estão disponíveis
atualmente com o objetivo de melhorar a segurança da tração extra oral. Sabemos
que para serem eficientes devem evitar o
efeito catapulta e o desencaixe acidental durante a noite.
Em pesquisa nos catálogos
das empresas atuantes no mercado brasileiro, apenas a nacional, Morelli
disponibiliza um dispositivo de segurança para AEB. Trata-se de uma presilha com
mola e que desarma quando puxada com força superior à desejada (leve, média ou
pesada).
Não foi encontrado, no mercado
nacional, dispositivo de segurança que visa evitar o desencaixe acidental
durante o sono. No entanto, um artigo que disponibilizo o link abaixo, propõe uma forma de travar o arco interno com um acessório
soldado (NITOM). Pode-se confeccionar no próprio consultório ou solicitar ao
laboratório que o faça.
Dicas Clínicas
1.
Tração extra-oral só deve ser prescrita para
os pacientes que são suscetíveis de cumprir as instruções do ortodontistas. Os
pacientes devem ser advertidos para não usá-lo enquanto estiver jogando ou mexer
nele enquanto estiver distrído.
2.
A utilização do AEB deve ser claramente
demonstrado para o paciente e / ou pais,
consentimento obtido, e registrar
no espaço de evolução do caso do prontuário. Para alguns dos mais jovens, menos
pacientes hábeis, seus pais podem também
ser cuidadosamente instruído sobre como ajustar o aparelho, para que eles
possam supervisionar a instalação e remoção do aparelho em casa.
3.
Instruções escritas devem ser emitidas para
todos os pacientes e para os pais. Registra-se o termo de entrega.
4.
Uma advertência deve ser dada de que o não
cumprimento das instruções pode resultar em lesões.
5.
O AEB deve ser cuidadosamente verificado em
cada revisão e uma registro feito no espaço de evolução do caso do prontuário.
O paciente deve ser perguntado se eles tiveram algum problema com o aparelho desde
a última consulta.
6.
Se o paciente remove a tração extra-oral durante
o sono deixando o AEB em cima da cama, e não consegue se lembrar de reposicioná-lo em mais de duas ocasiões, uma análise cuidadosa deve ser considerada e a interrupção da tração extra-oral deve ser
pensada.
7.
Antes de montar o arco facial no paciente
demonstrar e descrever sua função em um modelo de um arco superior com bandas nos
molares. Em seguida, encorajar o paciente a colocar e retirar o AEB no modelo.
Isso ajuda o paciente a ver como o AEB se encaixa dentro dos tubos.
8.
Se o AEB for usado com dispositivos
removíveis, construí-los como uma parte integrante do aparelho.
1. http://orthocare.co.uk/images/Nitom2/Website%20for%20Nitom%202%20Clinician%20Info.pdf
Link para a Morelli:
http://www.morelli.com.br/br/produtos/sobre-os-produtos/buscar/s/7040/Tracionador-c-Dispositivo-de-Seguranca-10-un
Link para o artigo:
http://jorthod.maneyjournals.org/content/29/2/101.full.pdf
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