ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Correção de caninos impactados com a técnica do arco segmentado

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Correção de caninos impactados com a técnica do arco segmentado
















Neste artigo de 2009, publicado pela Resvista de Ortodontia SPO; pelos autores Luiz Gonzaga Gandini Jr, Roberta Maria de Paula Amaral, Marcos Antônio Mocelini, Rafael Gonçalves Azeredo, Márcia Regina Elisa Aparecida Schiavon Gandini; do Departamento de Clinica Infantil – Unesp/Araraquara; do Departamento de Ortodontia do "Baylor College of Dentistry" e da "Saint Louis University" - EUA e da Pós-graduação em Ciências Odontológicas - Mestrado - Área de Concentração: Ortodontia - Faculdade de Odontologia de Araraquara - Unesp - São Paulo. Mostra um trabalho que tem como finalidade revisar os aspectos relacionados aos caninos superiores impactados, incluindo a etiologia, diagnóstico e condutas clínicas, ressaltando o uso de dispositivos da mecânica do arco segmentado para correção desta condição clínica.

A presença do canino superior permanente no arco dentário é de fundamental importância, pois além de contribuir para a estética e harmonia faciais, este dente é considerado o elemento-chave para o estabelecimento de uma oclusão dinâmica balanceada, participando dos fenômenos de desoclusão em movimentos de lateralidade e compondo a guia anterior. Portanto, diante de um caso de impacção de caninos, o ortodontista deve preocupar-se em realizar o máximo esforço com intuito de posicioná-los em correto alinhamento e nivelamento no arco dentário.

Uma impacção é caracterizada quando o dente, passada a época normal de irrupção, não se encontra presente no arco dentário e, no entanto, não apresenta mais potencial de irrupção, pois sua raiz está completamente formada; ou quando o dente homólogo está irrompido há pelo menos seis meses, com formação radicular completa.


Esta condição clínica é frequentemente encontrada na rotina do consultório ortodôntico; seu diagnóstico e tratamento geralmente exigem a avaliação criteriosa do ortodontista, bem como a cooperação de profissionais de diferentes áreas, como o cirurgião, o periodontista e o radiologista.
A etiologia da impacção dos caninos superiores não é totalmente esclarecida. As prováveis causas descritas na literatura incluem: a falta de espaço na arcada, hereditariedade, traumatismo, dilaceração, anquilose, fissura alveolar e agenesia de incisivos laterais.

O diagnóstico desta condição clínica é realizado pela interação entre aspectos clínicos e radiográficos. No paciente na fase de dentadura permanente completa, a ausência de um ou ambos caninos permanentes, com persistência ou não dos caninos decíduos, provavelmente indica a impacção dos caninos, visto que a prevalência de agenesias destes dentes é muito baixa.


Quanto ao diagnóstico por imagens temos várias técnicas, incluindo radiografias oclusais, panorâmicas e telerradiografias, que também podem auxiliar no posicionamento dos caninos. A radiografia periapical consiste no meio mais simples, proporcionando precisão e confiabilidade clínicas para o diagnóstico inicial de dentes não irrompidos. Apresenta como desvantagem a impossibilidade de correlacionar o local da impacção com as demais estruturas. A tomografia Cone-beam pode ocasionalmente ser utilizada como auxiliar na determinação da correta posição destes dentes.


A correta localização do dente impactado, realizada por meio de exames clínicos e radiográficos, permite o planejamento das forças e da mecânica ortodôntica que serão utilizados no tratamento ortodôntico, a viabilidade do tratamento e, ainda, garante ao cirurgião o acesso apropriado.

Como o canino constitui-se no dente de maior dimensão no arco dentário, na região anterior, com maior comprimento de raiz, sustentado por tecido ósseo especialmente estruturado, com a finalidade de distribuir forças aos elementos craniofaciais11, é grande a possibilidade de ocorrer comprometimento das unidades de ancoragem durante o tracionamento e outras movimentações com aparelhos fixos.


Quando um fio superelástico é inserido diretamente no slot do braquete do canino impactado para tracioná-lo, significantes reações indesejáveis nos dentes adjacentes podem ser produzidas, incluindo a inclinação mesial dos pré-molares e a intrusão e inclinação distal dos incisivos laterais12. Para compensar essas reações, alguns dispositivos da técnica do arco segmentado podem ser utilizados no tracionamento, possibilitando trabalhar com um sistema de força definido e com maior controle dos movimentos do canino e das unidades de ancoragem.

Um dos sistemas que oferecem um excelente controle no movimento dos caninos corresponde ao emprego dos cantiléveres10. Cantiléver pode ser definido como um segmento de fio ortodôntico, geralmente 0,017" x 0,025" de liga de titânio-molibidênio (TMA), no qual uma extremidade é inserida no braquete ou tubo, enquanto que a outra extremidade é amarrada numa outra unidade por apenas um ponto de contato. De acordo com os princípios mecânicos, quando a linha de ação da força encontra-se afastada do centro de resistência do dente, alguma rotação é produzida. Essa tendência rotacional é denominada momento e é proporcional à força aplicada e à distância da linha de ação da força ao centro de resistência (M= FxD).


O cantiléver caracteriza um sistema de forças estaticamente determinado, em que as forças e os momentos são conhecidos, e com esse dispositivo há liberação de forças leves e constantes, sem modificação do sentido das forças e momentos durante a desativação ou a movimentação do dente.


Outro dispositivo da mecânica segmentada de grande utilização para o alinhamento de caninos impactados é a alça retangular, que propicia correções de primeira, segunda (com maior efetividade) e teceira ordens, enquanto continua com o movimento de extrusão do tracionamento12. A alça retangular caracteriza um sistema estaticamente indeterminado, em que suas duas extremidades são inseridas nos braquete e/ou nos tubos. Como característica deste sistema tem-se que durante a desativação do aparelho podem ocorrer mudanças tanto na intensidade quanto no sentido das forças e momentos. Assim como o cantiléver, esse dispositivo é construído com fio 0,017" x 0,025" de liga de titânio-molibidênio (TMA), devendo ser posicionada centralmente em relação ao dente a ser corrigido e deve ter dimensões que variam de 6 mm a 7 mm no sentido cervico-oclusal, e de 8 mm a 10 mm no sentido mesiodistal. Geralmente é apoiada no segmento posterior que serve de ancoragem. A ativação da alça depende da posição desejada do canino tanto no plano sagital quanto no horizontal.


Conclusão:


1. Em virtude da importância funcional e estética dos caninos permanentes superiores, diante de uma impacção, esforços mecânicos deverão ser empregados para o posicionamento correto destes dentes no arco.
2. O tracionamento constitui a terapêutica mais usualmente utilizada no tratamento de caninos inclusos.


3. A mecânica a ser utilizada deve ser bem planejada, a fim de previnir o comprometimento das unidades de ancoragem durante o tracionamento do canino.

4.A técnica do arco segmentado apresenta vantagens quando são necessárias grandes movimentações dentárias ou movimentações de dentes com grande volume.


5. O uso de dispositivos da mecânica do arco segmentado, como cantiléveres e alças retangulares, possibilitam trabalhar com um sistema de força definido e com maior controle dos movimentos do canino e das unidades de ancoragem.



Link do artigo na integra via OrtodontiaSPO:


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe !