ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: AVALIAÇÃO CEFALOMÉTRICA DA OROFARINGE

quarta-feira, 25 de julho de 2012

AVALIAÇÃO CEFALOMÉTRICA DA OROFARINGE



Neste artigo de 2006, publicado pela Revista Odonto Ciência, pelos autores Nuernberg, Cecília Helena Garcia e Vilella, Oswaldo de Vasconcellos; Do departamento de ortodontia pela FO-UFF - Rio de Janeiro; Mostra uma pesquisa feita para obter índices cefalométricos de normalidade para a profundidade da orofaringe.


A faringe é uma estrutura tubular formada por músculos e membranas e está localizada atrás da laringe e das cavidades oral e nasal. Estende-se desde a base craniana até o nível da sexta vértebra cervical e da borda inferior da cartilagem cricóide. Seu comprimento varia de 10 a 14 centímetros e é dividida em três partes: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe. A nasofaringe corresponde à porção superior da faringe, onde se encontra a tonsila faríngea ou adenóide; a orofaringe é a porção média da faringe onde se encontram as tonsilas palatinas ou amígdalas; e a laringofaringe representa a porção inferior da faringe. Devido à sua importância nos processos de deglutição e respiração, a nasofaringe e a orofaringe são os segmentos da faringe mais relevantes para a odontologia. A orofaringe pode ser ainda denominada espaço bucofaríngeo, bucofaringe, porção média ou bucal da faringe ou mesofaringe. Ela é revestida por tecido linfóide e se comunica com a cavidade oral pelo istmo, estendendo-se desde a segunda até a quarta vértebra cervical.


Alterações morfodimensionais no espaço faríngeo das vias aéreas podem interferir no processo dinâmico do crescimento e desenvolvimento facial e dentário. A hipertrofia das tonsilas faríngeas e/ou amigdalianas é fator indutivo para que ocorra um posicionamento mais anterior da língua, com aumento do espaço orofaríngeo. Esta condição pode se transformar num fator agravante de alguns tipos de maloclusão, tais como a mordida aberta anterior, o prognatismo mandibular, a protrusão alveolar dos dentes, a mordida cruzada anterior e a ausência de selamento labial.


Por outro lado, a diminuição do espaço orofaríngeo pode estar relacionada com a síndrome da apnéia obstrutiva do sono. Pacientes portadores desta síndrome podem apresentar tendência à retrognatia, micrognatia, face longa, posicionamento mais baixo do osso hióide e plano mandibular mais inclinado.


O estabelecimento dos valores normais referentes ao espaço orofaríngeo é um assunto que deve ser do conhecimento do dentista, especialmente do ortodontista. Caso alterações significativas não sejam diagnosticadas e tratadas, podem acarretar em atraso e recidiva do tratamento ortodôntico em casos de interposição lingual, onde esse espaço pode estar aumentado, ou em sérios distúrbios respiratórios, no caso de um estreitamento do mesmo.


Através da análise das radiografias cefalométricas de perfil de 180 pacientes que apresentam posicionamento normal de língua e respiração nasal, tem-se como objetivo mensurar a profundidade da orofaringe, de acordo com a faixa etária, obtendo-se índices de normalidade.


A amostra desta pesquisa foi constituída pelas radiografias cefalométricas de perfil de 180 pacientes, sendo 90 do gênero masculino e 90 do gênero feminino, atendidos no Curso de Especialização em Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense – UFF. A amostra de conveniência foi selecionada aleatoriamente a partir dos dados colhidos de 521 fichas clínicas, de acordo com os seguintes critérios de inclusão: respiração nasal; ausência de deglutição atípica; ausência de fonação atípica; posicionamento normal de língua; tonsilas palatinas presentes e normais; adenóides presentes e normais. Posteriormente à seleção, foram feitos traçados cefalométricos sobre as radiografias de cada paciente. As 180 radiografias foram divididas, de acordo com a faixa etária, em três grupos de 60, a saber: 6-11 anos, 12-17 anos e 18-24 anos.


Para o dentista, e especialmente para o ortodontista, é de grande importância avaliar se o paciente apresenta um posicionamento normal da língua, pois as conseqüências danosas da interposição lingual e da fonação atípica, por um lado, e da apnéia obstrutiva do sono, por outro lado, já foram adequadamente relatadas na literatura. Entretanto, ainda existem poucos trabalhos sobre a profundidade da orofaringe. No presente estudo, este assunto foi pesquisado com o auxílio das radiografias cefalométricas de perfil. A amostra selecionada consistiu de indivíduos brasileiros que respiravam predominantemente pelo nariz, não apresentavam deglutição ou fonação atípicas e possuíam tonsilas palatinas e adenóides consideradas normais.




CONCLUSÃO


De acordo com os resultados da presente pesquisa, a profundidade da orofaringe varia de acordo com a idade do indivíduo, não se devendo, portanto, adotar um valor médio para representar todas as faixas etárias. Não parece haver influência do gênero sobre esse valor. Por outro lado, o tipo de maloclusão é capaz de determinar alterações no espaço aéreo orofaríngeo.


Os índices de normalidade para a profundidade da orofaringe, segundo a idade, são os seguintes: entre 8,76 mm e 14,86 mm para a faixa etária 6-11 anos; entre 9,07 mm e 15,07 mm para a faixa etária 12-17 anos; e entre 9,55 mm e 16,99 mm para a faixa etária 18-24 anos.




Link do artigo na integra via revistaseletronicas PUCRS:


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