Com o advento de exames imaginológicos com especificidade, sensibilidade e maior precisão na reprodução das estruturas anatômicas articulares — tais como ressonância magnética nuclear (RMN), tomografia computadorizada e tomografia volumétrica Cone Beam, bem como métodos de reconstrução em 3D —, essa inter-relação pode ser avaliada com maior exatidão. Somado a esse fato, teve-se a realização de estudos clínicos com desenhos e critérios metodológicos mais rigorosos, gerando maiores índices de evidências.
Foi realizada uma busca computadorizada nas bases de dados MEDLINE, Cochrane, EMBASE, Pubmed, Lilacs e BBO no período compreen- dido de 1966 a fevereiro de 2009. Os descritores de pesquisa utilizados foram “orthodontics”, “orthodontic treatment”, “temporomandibular disorder”, “temporomandibular joint”, “craniomandibular disorder”, “tmd”, “tmj”, “magnetic resonance imaging” e “tomography”, os quais foram cruzados nos mecanismos de busca.
Após a aplicação dos critérios de inclusão, obtiveram-se 14 estudos, sendo o índice Kappa de concordância entre os revisores igual a 1,00. Desses estudos, 2 eram estudos clínicos randomizados e 12 eram estudos longitudinais sem critérios de randomização.
Entre os estudos selecionados, 11 eram baseados em imagens de ressonância magnética e 3 em imagens de tomografia computadorizada. Nenhum estudo selecionado utilizou a tomografia volumétrica Cone Beam para avaliação da ATM.
Torna-se cada vez mais importante analisar a literatura corrente de uma maneira crítica e rigorosa, de modo a verificar-se qual o nível de evidência científica que a informação gera. A aplicação de critérios metodológicos de pesquisa — como cálculo amostral, randomização, calibragem, cegamento e controle de fatores envolvidos — é extremamente importante para qualificar o nível de evidência gerada. E essas informações devem estar disponíveis para a apreciação e discussão do leitor.
Atualmente, o acesso a informações científicas encontra-se disponível por meio das mais diferentes formas. Devido a essa facilidade, o conhecimento acerca da hierarquia dos níveis de evidência científica é essencial para avaliar a qualidade do estudo em questão. Assim, metaanálises, revisões sistemáticas e estudos clínicos randomizados ganham papel de destaque. Estar atento a esse fato é importante, visto que a grande maioria dos artigos publicados em periódicos brasileiros corresponde a estudos de baixo potencial de aplicação clínica direta.
CONCLUSÕES
» Pela revisão sistemática da literatura, verifica- se que o correto relacionamento oclusal, em decorrência do tratamento ortodôntico, não é obtido às custas de um posicionamento não fisiológico tanto do côndilo quanto do disco articular. Assim, a Ortodontia, quando utilizada de forma correta, não acarreta efeitos adversos à ATM.
» A aplicação de forças durante determinadas mecânicas ortodônticas, especialmente situações ortopédicas, pode acarretar alterações no crescimento condilar e em estruturas ósseas da ATM. Assim, a aplicação da mecânica deve ser realizada de forma adequada e deve-se ter conhecimento acerca dessas repercussões.
» Em alguns estudos, através da análise de exames de imagens, observou-se que houve melhoras em situações de DTM preexistentes no início da terapia ortodôntica. Porém, esses dados são apenas sugestivos, necessitando-se de mais estudos clínicos randomizados para se obter conclusões mais precisas.
» É necessária a realização de novos estudos clínicos randomizados, de natureza longitudinal e intervencionista, para que se determinem associações causais mais precisas, dentro de um contexto de uma Odontologia Baseada em Evidências Científicas.
Como citar este artigo: Machado E, Grehs RA, Cunali PA. Imaginologia da articulação temporomandibular durante o tratamento ortodôntico: uma revisão sistemática. Dental Press J Orthod. 2011 May-June;16(3):54.e1-7.
Link do artigo na Integra via Scielo:
http://www.scielo.br/pdf/dpjo/v16n3/a05v16n3.pdf
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