ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: ALTERAÇÕES DA MUCOSA BUCAL ASSOCIADAS AO TRATAMENTO ORTODÔNTICO

quarta-feira, 25 de maio de 2011

ALTERAÇÕES DA MUCOSA BUCAL ASSOCIADAS AO TRATAMENTO ORTODÔNTICO



Neste artigo de 2005, publicado pela Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, pelos autores Antonio Adilson Soares de Lima, Ana Maria Trindade grégio, Orlando Tanaka, Maria Ângela Naval Machado, Beatriz Helena Sottile França; do departamentos de Estomatologia da PUCPR; Farmacologia da PUCPR; Ortodontia da PUCPR; Periodontia da PUCPR; Odontologia Legal e Deontologia da PUCPR, UTP e UFPR - Paraná. Procura orientar o ortodontista para o manejo mais adequado destas lesões visando o seu diagnóstico correto, o alívio dos sintomas que estas cos- tumam provocar e o tratamento mais adequado para cada tipo de caso.

As primeiras alterações teciduais que ocorrem num tecido agredido mecanicamente podem ser observadas no epitélio. O que clinicamente se observa como áreas de coloração esbranquiçada podem ser traduzidas microscopicamente por áreas de hiperceratose reacional e sua presença é sinal de que algum agente traumático está atuando com baixa intensidade e já há algum tempo.
A primeira medida que o profissional deverá executar ao se deparar com uma lesão de coloração branca é tentar verificar se esta desgarra facilmente após raspagem suave. Para isto, a lesão deverá ser raspada com auxílio de uma compressa de gaze, espátula metálica ou de madeira. Caso seja removida, provavelmente aquela lesão branca tratava-se de candidose na sua forma clínica pseudomembranosa, que é comum em crianças e idosos. Sendo assim, a saúde geral do paciente deverá ser investigada, pois a candidose bucal geralmente é assintomática e pode ser um indicador de um quadro de imunossupressão subjacente.

Em se tratando de uma lesão branca resistente à raspagem, a primeira conduta é tentar correlacionar a área da lesão com alguma possível fonte de traumatismo mecânico. Não havendo nenhuma correlação com agentes traumáticos, a lesão branca necessitará ser removida e submetida a exame histopatológico.

As lesões de aspecto clínico ulcerado seriam classificadas como abrasões ou feridas abrasivas que se caracterizam pela perda de células epiteliais pela ação de fricção ou esmagamento por um instrumento ou aparelho mecânico. Estas lesões encontram-se cobertas por um exsudato amarelo esbranquiçado e circundadas por um halo avermelhado. Associadas às lesões agudas, existem a dor e também sensibilidade de grau variável. Características:

1. Acometem principalmente a mucosa jugal, borda da língua, lábios, gengivas e os palatos duro e mole;

2. O tempo de duração variando de poucos dias a várias semanas, com a língua apresentando o maior tempo de evolução;

3. O tamanho e a forma são variáveis e são geralmente lesões únicas; 4. As margens da lesão são elevadas e avermelhadas;

5. A base da úlcera é coberta por um material necrótico amarelo-brilhante que pode ser removido com uma compressa de gaze. Indivíduos que apresentam lesões ulceradas recorrentes na boca deverão ser submetidos à criteriosa avaliação estomatológica para descartar outras doenças de natureza sistêmica.

TRATAMENTO COM CORTICOSTERÓIDES
Os corticosteroides promovem alivio dos sintomas inflamatórios, bem como redução da evolução clinica, por supressão da resposta inflamatória as preparações de corticosteróides utilizadas para aplicação oral devem estar na forma de Orabase, ou seja, uma formulação de carboximetilcelulose, polietileno e óleo mineral, que conferem maior adesão à mucosa e resistência à dissolução e deslocamento.

Principais medicamentos:
Omcilon-A (Bristol): 1mg – 2 a 3 vezes ao dia por 7 dias;
Triancinolona: 1mg – 2 a 3 vezes ao dia, 7 dias.

PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS ALTERNATIVAS
Preparações farmacêuticas com extrato da própolis auxiliariam na cicatrização das lesões ulceradas causadas por trauma ortodôntico.

Preparações farmacêuticas contendo extrato de malva também possuem grande relevância na terapêutica odontológica e podem ser usados pelo ortodontista por um período de 7 dias, com 2 a 3 aplicações diárias.

O uso de locutórios e enxaguatórios bucais além de auxiliar na higienização, também podem facilitar no reparo das lesões, uma vez que tais preparações contenham princípios ativos adequados.

A formulação abaixo corrobora para o tratamento destas lesões.
• Prednisolona - 0,1%
• Lidocaina - 2,0%
• Agua mentolada q.s.p - 60ml

TERRAMICINA®
A Terramicina® (Pfizer) é o nome comercial de um antibiótico derivado das tetraciclinas. As tetraciclinas constituem um grupo de antibióticos bacteriostáticos de amplo espectro, que foram extensamente empregados no tratamento das infecções.

TRATAMENTO DA CANDIDOSE
A candidose é o tipo de infecção fúngica bucal mais comumente encontrada, principalmente em indivíduos usuários de prótese mal higienizadas ou portadores de algum quadro de imunossupressão. No ato da anamnese, cabe ao profissional certificar se o paciente não é portador de doença hepática ou renal. Vários medicamentos são descartados no caso de comprometimento hepático ou renal, tal como o clotrimazol. A nistatina é o fármaco de escolha, na forma de pastilhas ou aplicação tópica.

Em situações extremas onde há resistência fúngica, a alternativa terapêutica é a administração de itraconazol (dose de 200mg/dia), ou ainda, a anfotericina B (fármaco com considerada hepatotoxicidade) pela via intravenosa.

A clorexidina é um agente antisséptico eficaz e por vezes útil no tratamento da candidose, utilizada na forma de enxagüatório bucal na concentração de 0,02 a 0,12%, 2 a 3 vezes ao dia. A clorexidina, por vezes, pode ser útil antes de procedimentos odontológicos, ou seja, como medida profilática, e os ortodontistas também deveriam adotar o uso desta, antes de seus procedimentos.

Caso não ocorra regressão da lesão em torno de 15 dias e ainda haja dúvidas quanto ao diagnóstico definitivo, então, recomenda-se a realização de uma biópsia da região envolvida. Se confirmado a presença de hifas no exame histopatológico devesse recorrer a medicamentos mais eficazes, porém com custo mais elevado, indicando-se nesses casos os derivados azólicos (cetoconazol, fluconazol e itraconazol).

Cabe ao ortodontista a eliminação do fator agressor causador da lesão e a aplicação de fármacos adequados, vislumbrando a reparação tecidual rápida e o alivio dos sintomas flogísticos.


LINK:

http://www.scielo.br/pdf/dpress/v10n5/a05v10n5.pdf

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