Neste artigo traduzido de 2001, publicado pela Revista Dental Press, pelos autores Arild Stenvik e Björn U. Zachrisson; do Departamento de Ortodontia, Faculdade de Odontologia, Universidade de Oslo, Oslo, Noruega. Mostra um plano de tratamento, no qual realizou-se o autotransplante de dois pré-molares superiores em desenvolvimento, para a região posterior da mandíbula.
Há uma concordância quanto à dificuldade de se obter um resultado ortodôntico satisfatório em pacientes com ausência congênita de um incisivo inferior. Isto é particularmente real nos casos de pacientes que também apresentam um trespasse vertical acentuado antes do tratamento. A experiência clínica demonstrou que uma sobremordida profunda, associada à presença de apenas três incisivos inferiores, pode se agravar com o tratamento ortodôntico. De fato, se um incisivo inferior for extraído como parte do plano de tratamento, o colapso vertical e lingual esperado na região ântero-inferior pode ser utilizado como uma vantagem ortodôntica para melhorar a oclusão nesta região, nos casos de Classe III combinada e nos casos com uma tendência de mordida aberta anterior.
Se um caso específico apresentar agenesia de ambos os segundos pré-molares inferiores, simultaneamente à ausência de um incisivo inferior e trespasse vertical acentuado, a situação, do ponto de vista ortodôntico, torna-se complicada. O objetivo desse artigo é descrever o resultado do tratamento ortodôntico para tal caso, que foi tratado por um residente em Ortodontia (Dr. L. Fernandes) sob a supervisão do autor, no Departamento de Ortodontia, da Universidade de Oslo. Será demonstrado que o autotransplante de dois pré-molares superiores em desenvolvimento para a região póstero-inferior constituiu-se de uma parte importante no plano de tratamento.
Após diversas consultas, onde o plano de tratamento foi discutido, decidiu-se, aproximadamente um ano antes do início do tratamento, que os dois segundos pré-molares superiores seriam transplantados para o arco inferior, na época adequada para a intervenção cirúrgica. O segundo pré-molar superior esquerdo foi transplantado para a região do segundo pré-molar inferior, após a extração do segundo molar decíduo, em maio de 1995. O segundo pré-molar superior direito foi transplantado em outubro do mesmo ano. Em ambos os casos, os dentes apresentavam aproximadamente dois terços de desenvolvimento radicular na época da cirurgia. Os transplantes foram realizados por um cirurgião-dentista experiente (Dr. A. Heyden), no Departamento de Cirurgia Oral e Medicina Oral, da Universidade de Oslo, Noruega.
Sem sombra de dúvida, os detalhes mais interessantes desse caso não estão relacionados à correção da oclusão ou do trespasse vertical, apesar da ausência de um incisivo inferior. O mais fascinante foi o desenvolvimento radicular continuado e o resultado final dos pré-molares superiores autotransplantados em seus novos locais na mandíbula. Ambos os pré-molares continuaram seu desenvolvimento radicular após a operação e desenvolveram quase que o comprimento radicular total. Isso está em conformidade com as observações prévias.
Diversas condições favoráveis contribuíram para o sucesso nesse caso de difícil solução. O autotransplante de dois pré-molares em desenvolvimento, fundamental para se alcançar essa solução de tratamento biológico, trata-se de uma técnica fascinante.
Link do artigo na integra via Dental Press:
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