ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Tratamento ortodôntico em dentes decíduos!?

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Tratamento ortodôntico em dentes decíduos!?


Neste artigo de 2004, publicado pela Revista Dental Press, pelo Prof. Dr. Alberto Consolaro; Professor Titular em Patologia Bucal pela Faculdade de Odontologia de Bauru - FOB-USP - São Paulo. Mostra a relação entre a ortodontia e a dentição Decídua.


As células que protegem a raiz dentária da reabsorção durante a remodelação óssea diária são os cementoblastos, pois não possuem receptores para os mediadores deste processo. Quando algum fator como força intensa, traumatismos, cirurgias, substâncias químicas, produtos bacterianos e lesões eliminam os cementoblastos ocorre a reabsorção radicular.

Nos dentes decíduos, assim que completam a sua formação, observam-se esparsos e eventuais cementoblastos, odontoblastos, fibroblastos e restos de Malassez em apoptose, um processo de morte celular natural e geneticamente programada. A rizólise decídua se inicia quando o dente se
completa; é um processo lento e gradual, pois os mediadores da reabsorção estão em nível muito baixo nas áreas sem estresse celular e inflamação.

Os dentes permanentes têm sua coroa protegida pelo folículo pericoronário ao qual adere-se o epitélio reduzido do esmalte e apresenta ainda um rico componente epitelial em formas de ilhotas derivadas da lâmina dentária e do cordão gubernacular. Em outras palavras, o folículo pericoronário é rico em EGF ou fator de crescimento epidérmico, um potente mediador da reabsorção. Outros fatores também estimulam a reabsorção, mas são gerados e presentes em áreas de estresse por compressão mecânica e de inflamação.

A proximidade do permanente em relação ao decíduo acelera a rizólise lenta, especialmente nas regiões voltadas para o folículo pericoronário.

Quando se movimenta o dente, a compressão do ligamento e a deflexão promovem estresse celular e inflamação, acumulando mediadores na região periodontal. Nos dentes permanentes os cementoblastos não têm receptores e não captam a mensagem de reabsorção como acontece com as células ósseas.

Mas, nos decíduos há vários pontos da superfície sem cementoblastos, e a rizólise é lenta e focal. A movimentação induzirá um acúmulo tal de mediadores da reabsorção que acelerará e muito a rizólise. No final do tratamento poderemos ter apenas as coroas dos dentes decíduos, suportados por um arco metálico nos braquetes e apoiado nos incisivos e primeiros molares permanentes.

Aplicada desta forma, utilizando-se braquetes, a força sobre os dentes decíduos não atuará de forma ortopédica expandindo o arco para dar mais espaços aos permanentes, nem mesmo prevenirá mordidas cruzadas e outros futuros problemas oclusais. Os dentes decíduos podem até ser utilizados como ancoragem, como no caso dos aparelhos expansores, quando não for importante a permanência destes dentes nos 2 a 3 meses seguintes, ou se eles estiverem em anquilose alveolodentária, com ou sem reabsorção por substituição.

Em suma: movimentar ortodonticamente dentes decíduos, salvo em situações muito especiais, não previne futuros problemas oclusais nos dentes permanentes, apenas acelera a rizólise dos decíduos. A criança e os pais podem querer os braquetes instalados na boca o mais cedo possível pelo modismo, mas as conseqüências advindas são totalmente desconhecidas e, portanto imprevisíveis.

Link o artigo na inegra via Dental Press:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Participe !