ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: BIOMECÂNICA DA MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA - RESPOSTA INICIAL DOS TECIDOS PERIODONTAIS

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

BIOMECÂNICA DA MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA - RESPOSTA INICIAL DOS TECIDOS PERIODONTAIS


Neste artigo de 1990, publicado pela Revista de Odontologia da UNESP, pelos autores Lizete Toledo de Oliveira RAMALHO e Lourenço BOZZO; do Departamento de Morfologia - Faculdade de Odontologia - UNESP - Araraquara e do Departamento de Diagn6stico Oral- Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP - Piracicaba - São Paulo; Avalia, por meios histológicos, a sucessão de alterações do sistema periodontal após aplicação de força ortodôntica nos molares de ratos jovens e interpretar biologicamente os padrões de mobilidade horizontal e suas conseqüências sobre as estruturas periodontais.

Atualmente os estudos sobre os contatos dentários alheios à situação normal da mastigação têm sido relativamente negligenciados. Sabe-se que ocorre resposta biológica dos tecidos que suportam os dentes às forças fisiológicas externas geradas pela musculatura oral (lábios, bochechas e língua). Estas forças são denominadas horizontais ou laterais quando incidem de maneira perpendicular ao eixo dentário longitudinal provocando deslocamento dos dentes principalmente durante a fala, deglutição e mastigaçã0. Acredita-se também que a musculatura lingual exerça a carga máxima sobre os tecidos durante a sua função nonnal.

Outra força horizontal mais ou menos comum é aquela exercida durante o tratamento clínico com propósitos ortodônticos. Estas forças diferem essencialmente daquelas pruduzidas fisiologicamente porque são contínuas. Muitos experimentos a respeito de mobilidade dentária foram realizados usando-se forças horizontais empregando-se métodos de medição dessas forças. Estabeleceram também que a movimentação dentária é tempo-dependente.

MUHLEMANN verificou também que o padrão de mobilidade é perdido nos dentes humanos anquilosados e que este padrão está na dependência do ligamento periodontal. Observações posteriores evidenciaram que o grau de mobilidade dentária estava relacionado com o grau de organização dos tecidos do sistema periodontal. Um ligamento bem organizado expressa um equilíbrio estrutural resultante das interações das forças a que o dente está submetido e a capacidade de adaptação dos elementos que constituem o periodonto. A movimentação ortodôntica (M/O) deve utilizar adequadamente esta excepcional capacidade de renovação e adaptação das estruturas periodontais.

As observações das estruturas periodontais. alravés da microscopia óptica, permitiram avaliar a cronologia dos fenômenos ocorridos durante a aplicação de uma força ortodôntica por perfodo que se estendeu desde 30 minutos até sete dias (168 horas), tendo-se em vista que esta movimentação ortodónlica foi relativamente uniforme para todos os animais.

Procurou-se aplicar um fio metálico adequado no ponto de contacto entre O primeiro e o segundo molares de rato, gerando forças de intensidade ideal. compatível com os objetivos do estudo, tendo-se em mente que a "força ótima" é aquela que, ao manter um nfvel de tensão sobre o ligamento periodontal, fundamentalmente mantém a sua vitalidade e inicia de forma simultânea uma resposta celular máxima.

As alterações do lado da pressão são mais lentas, apresentam degenerações localizadas e necrose, enquanto no lado da tensão as estruturas periodontais respondem dentro dos limites fisiológicos com intensificação dos fenômenos formativos.

Nos perfodos iniciais após a aplicação da força, aos 30 e 60 minutos, houve um rompimento das fibras colágenas do ligamento periodontal. A elasticidade das fibras mais superficiais não foi suficiente para suportar a força aplicada, que ultrapassou os limites fisiológicos de adaptação periodontal. Esta força desencadeou toda uma seqüência de tranformações estruturais para readaptar o periodonto a esta nova situação. O rompimento dos feixes colágenos, as alterações hemodinãmicas e a invasão de neutrófilos demostram a primeira resposta do organismo, juntamente com os capilares tendenqo a acumular massas de eritrócitos irregularmente conformados. Tais alteraçõcs foram desaparecendo de forma gradual durante o experimento.

Os autores desta forma, acreditam, assim, que o movimento dentário teve início pois a remodelação óssea ocorre às custas da ação simultânea de osteoblastos e osteoclastos e, como estas células não removem os feixes de fibras livres de células nos tecidos hialinizados, ocorre aumento gradual das células inflamat6rias e demais células do tecido conjuntivo jovem ao redor das áreas lesadas.

Nos períodos compreendidos entre 6 e 12 horas, constataram maior atividade dos osteoclastos promovendo a reabsorção do osso alveolar, simultânea à desintegração das fibras colágenas. Através da microscopia de polarização puderam notar que as fibras colágenas não mais apresentavam a birrefringência clássica observada em condições normais, denotando nestes períodos uma forma de degradação.

Com 24 até 48 horas ap6s, ocorreram processos de remodelação com formação de novos capilares e células do tecido conjuntivo, principalmente rodeando as áreas hialinizadas. O osso fasciculado da superfície interna do alvéolo também se mostrou de fácil remodelação quando comparado ao osso lamelar dos maxilares.

Nos três últimos períodos, ou seja, após 72, 96 e 168 horas, puderam observar que, nos espaços medulares do tecido ósseo, ocorreu uma substituição tecidual que denota processo de reparação onde houve a conversão da medula óssea para um tecido conjuntivo fibroso. Simultaneamente ocorreram mudanças no lado da tração, com neoformação óssea, aparecendo maior número de fibroblastos e osteoblastos por divisão mitótica e deposição de matriz osteóide no lado de tensão.


Link do artigo na integra via Rou Hostcentral:

2 comentários:

  1. oi marlos!
    sempre visito teu blog, vc tá d parabéns!!!!
    dividir conhecimento é um dom!
    abs,
    boa semana,
    paula

    www.debocaberta.wordpress.com

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  2. Obrigado Paula. Espero sempre que participe!!!!!!!!!

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