Neste artigo de 2008, publicado pela Revista Dental Press, pelo Dr. Alberto Consolaro Prof. Titular de Patologia da FOB-USP e da Pós-Graduação na FOB e FORP-USP- São Paulo. Mostra a relação entre o tratamento ortodontico e dentes tratados ortodonticamente.
O termo lesão periapical crônica geralmente é utilizado para identificar lesões inflamatórias crônicas nos tecidos que circundam e se relacionam diretamente com o ápice dentário. Às vezes empregase o termo periapicopatia crônica como sinônimo de lesão periapical crônica.
Entre estas lesões periapicais crônicas estão o granuloma periapical, o cisto periodontal apical e o abscesso dentoalveolar crônico. O abscesso dentoalveolar crônico apresenta-se necessariamente com fístula intra ou extrabucal. O granuloma periapical apresenta-se como lesão radiolúcida delimitada, mas não completa e uniformemente circunscrita; raramente atinge dimensões maiores que 1cm de diâmetro. No cisto periodontal apical esta área radiolúcida tende a ser bem delimitada e circunscrita por uma linha radiopaca definida e normalmente contínua. No abscesso dentoalveolar crônico a área radiolúcida é mal definida e difusa em seus limites com o osso vizinho. Do granuloma periapical deriva o cisto periodontal apical a partir da proliferação dos restos epiteliais de Malassez normalmente encontrados no ligamento periodontal.
Quando o granuloma periapical se inicia no ligamento periodontal apical, acaba envolvendo e induzindo os restos epiteliais a proliferarem podendo levá-los à formação de cavidade cística. A maioria dos granulomas periapicais não evoluem para cisto periodontal apical, mas quando ocorre a lesão periapical crônica caracteriza-se por apresentar um crescimento muito lento e contínuo. Nas lesões periapicais crônicas com mais de 1cm de diâmetro a probabilidade de se tratar de um cisto periodontal apical é muito maior do que de um granuloma periapical. O crescimento do cisto periodontal apical é tão lento que raramente pressiona os tecidos periodontais dos dentes vizinhos a ponto de comprimir os vasos e matar os cementoblastos que revestem e protegem as raízes. Uma das características do cisto periodontal apical, a medida que
aumenta seu tamanho, implica no deslocamento ou afastamento das raízes dos dentes vizinhos envolvidos, sem induzir reabsorções radiculares radiograficamente detectáveis. Isto ajuda a diferenciá-lo de outras lesões como, por exemplo, o ameloblastoma.
aumenta seu tamanho, implica no deslocamento ou afastamento das raízes dos dentes vizinhos envolvidos, sem induzir reabsorções radiculares radiograficamente detectáveis. Isto ajuda a diferenciá-lo de outras lesões como, por exemplo, o ameloblastoma.
A superfície radicular apical envolvida pelo granuloma periapical pode estar recoberta por cementoblastos entre os quais se inserem fibras colágenas ou de Sharpey. Em algumas regiões os produtos bacterianos e o embate inflamatório e imunológico geram situações em que os cementoblastos morrem e expõem a superfície mineralizada. Nestes locais, a probabilidade de acontecer fixação de clastos e organização de unidades osteoremodeladoras (BMUs) é muito grande e freqüentemente observada com lacunas bem definidas caracterizando reabsorção cementária e dentinária. Muitas vezes os túbulos dentinários envolvidos estão preenchidos por bactérias e seus produtos. Pode-se afirmar que quase sempre os terços apicais envolvidos pelos granulomas periapicais apresentam um certo grau de reabsorção radicular, observável ou não nos exames radiográficos periapicais.
O princípio terapêutico de qualquer doença inflamatória geralmente caracteriza-se pela identificação e eliminação da causa. No caso dos granulomas periapicais com o tratamento endodôntico adequado caracterizado pelo preenchimento do canal radicular e, se possível, dos canais acessórios, haverá a eliminação do agente agressor representado pela microbiota do canal radicular infectado. As bactérias e seus produtos que porventura permaneçam em pequena quantidade, frente ao potencial agressivo inicial, tendem a ser neutralizados pelos produtos empregados na terapêutica endodôntica, fundamentada na ação antimicrobina de anti-sépticos, antibióticos e especialmente do hidróxido de cálcio.
Em 60 a 70% dos casos de tratamento endodôntico de dentes com necrose pulpar e lesão periapical crônica o sucesso caracteriza-se pela regressão da lesão ao longo de alguns meses do ponto de vista radiográfico. Porém, o processo de ossificação e reorganização tecidual periodontal
apical inicia-se assim que terminado o tratamento endodôntico adequado. O exsudato inflamatório em alguns dias será reabsorvido pelas células inflamatórias juntamente com restos teciduais, celulares e microbianos. As células inflamatórias darão lugar em alguns dias e semanas às células jovens e proliferantes advindas dos tecidos vizinhos como o ligamento periodontal e o endósteo. Espera-se que ao longo de 3 a 4 semanas o tecido esteja em franco processo de reorganização estrutural e o componente inflamatório reduzido a pequenos focos com a finalidade de limpeza destas regiões.
apical inicia-se assim que terminado o tratamento endodôntico adequado. O exsudato inflamatório em alguns dias será reabsorvido pelas células inflamatórias juntamente com restos teciduais, celulares e microbianos. As células inflamatórias darão lugar em alguns dias e semanas às células jovens e proliferantes advindas dos tecidos vizinhos como o ligamento periodontal e o endósteo. Espera-se que ao longo de 3 a 4 semanas o tecido esteja em franco processo de reorganização estrutural e o componente inflamatório reduzido a pequenos focos com a finalidade de limpeza destas regiões.
O tratamento endodôntico adequado de dentes com necrose pulpar e lesão periapical crônica apresenta uma taxa de insucesso que varia entre 30 a 40% nas casuísticas apresentadas na literatura. A ocorrência desta taxa de insucesso infelizmente ocorre em quase todas as casuísticas pois está associada a fatores locais como, por exemplo, a grande variabilidade da morfologia apical. A movimentação ortodôntica depois de 30 a 40 dias de terminada a endodontia adequada não constitui um fator que aumenta o risco de insucesso dos casos de dentes com necrose pulpar e lesão periapical crônica, pois além de induzir poucas alterações vasculares no local em reparação, não modifica os fatores microbianos envolvidos. Se a regressão da lesão periapical crônica não mostrar sinais de regressão aos 3, 6 e 12 meses depois do tratamento endodôntico isto não deve ser atribuído à movimentação ortodôntica realizada, mas sim aos vários fatores locais envolvidos na taxa de insucesso de tratamento de dentes com necrose pulpar e lesões periapicais crônicas. Nestes casos de persistência da lesão, o endodontista
optará por retratamento ou abordagem cirúrgica parendodôntica dependendo das características específicas de cada caso.
optará por retratamento ou abordagem cirúrgica parendodôntica dependendo das características específicas de cada caso.
Link do artigo na integra via Dental Press:
Com lesão não se brinca! Achados radiográficos antes, durante e pós-tratamento são mais comuns do que se imagina! Só aquela passada de olho na panorâmica as vezes não basta!
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