ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Dentes mais resistentes à reabsorção dentária: a perspectiva dos bisfosfonatos

sábado, 30 de maio de 2009

Dentes mais resistentes à reabsorção dentária: a perspectiva dos bisfosfonatos


Neste artigo de 2005, pela Revista Dental Press, pelo Dr. Alberto Consolaro, Professor Titular em Patologia Bucal pela Faculdade de Odontologia de Bauru - FOB-USP - São Paulo. Uma boa opção para a prevenção das reabsorções radiculares, os Bifosfonatos.

Quando se quer dentes mais resistentes à cárie dentária, de uma forma ou de outra, providencia-se a incorporação de flúor nas estruturas dentárias desde o início da odontogênese, principalmente no esmalte. O flúor se incorpora à hidroxiapatita e faz parte da estrutura mineral do dente.

Todos sabemos que os tecidos dentários não sofrem remodelação constante como ocorre com o tecido ósseo. Mesmo na gravidez, os dentes maternos não perdem mineral ou ficam enfraquecidos. Uma vez um íon incorporado na estrutura dentária, dificilmente será removido. Assim ocorre com o flúor.

Os bisfosfonatos são drogas utilizadas para controlar processos patológicos que levam o esqueleto à osteoporose, prescrevendo-se atualmente, de forma mais freqüente, o alendronato. Inicialmente seus efeitos são lentamente perceptíveis, mas após alguns meses o controle da remodelação óssea patológica se estabelece de forma segura e continuada. As moléculas do grupo de medicamentos dos bisfosfonatos se unem ao cálcio e juntos se incorporam na matriz óssea e participam da composição óssea à medida que sua ingestão se faça por longos períodos.

Após alguns meses pode-se afirmar que parte do esqueleto tem bisfosfonatos incorporados em sua estrutura mineral. Ao longo dos anos, se a ingestão for regular, todo esqueleto terá bisfosfonatos em sua composição.

Em nosso corpo existem aproximadamente 1 a 3 milhões de unidades osteoremodeladoras com clastos em atividade. Quando no tecido ósseo existem bisfosfonatos incorporados ao cálcio, ao passarem pelo citoplasma dos clastos, estas moléculas induzem a apoptose destas células, embora atuem também por outros mecanismos. Este tipo de morte “fisiológica” denominado de apoptose é estimulado pelos bisfosfonatos nos clastos quando da reabsorção óssea e promove uma regulação da remodelação e ao mesmo tempo se contém a osteopenia e a osteoporose. Quando a remodelação óssea está no nível da normalidade, os bisfosfonatos não atuam significantemente, reduzindo a chance de efeitos colaterais em pessoas normais.

Em uma de nossas últimas pesquisas revelou-se que a ingestão de bisfosfonatos desde a gravidez e ou desde o nascimento em dentes de animais, e por extrapolação em crianças, incorporam suas moléculas no osso, mas também nos dentes. Nos dentes esta incorporação é definitiva, pois os dentes não sofrem remodelação ao longo da vida. Quando houver traumatismo dentário ou movimentação ortodôntica e criar-se uma situação em que habitualmente ocorreria reabsorção radicular, se houver moléculas incorporadas de bisfosfonatos na estrutura dentária, os clastos sofrerão apoptose e a perda de estrutura não ocorrerá.

A administração precoce e incorporação de bisfosfonatos na estrutura radicular aumentam a resistência do dente à reabsorção radicular de dentes permanentes, se administrada desde os 2 a 3 anos de idade, o período em que se inicia a formação radicular e cessando-se ainda na adolescência.

Ensaios experimentais clínicos ainda devem ser realizados sobre os efeitos colaterais dos bisfosfonatos em crianças normais durante a fase de crescimento, apesar de casuísticas e estudos já realizados em casos de portadores infantis de distúrbios metabólicos revelarem que estes efeitos são mínimos e não contra-indicadores. Mas, a premissa de aumentarmos a resistência biológica dos dentes à reabsorção radicular é promissora e encantadora!


Link do artigo na integra via Dental Press:

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