ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Mesialização de molares com ancoragem em mini-implantes

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Mesialização de molares com ancoragem em mini-implantes








Neste artigo de 2008, da revista Dental Press, os autores Marcos Janson, Daniela Alcântara Fernandes Silva, professores da Especialização em Ortodontia da ABCD-Bahia. Abordam mais uma das aplicações dos mini-implantes ortodonticos, a mesialização de molares, os autores mostram de forma explicativa e ilustrativa situações na qual o profissional se depara no dia a dia na clinica.


A mesialização de molares com ancoragem esquelética consiste no movimento mesial destes dentes sem que haja reações nos segmentos mais anteriores do arco. O fechamento dos espaços de primeiros molares perdidos precocemente deve ser realizado com movimento de corpo dos segundos molares e, às vezes, também dos terceiros, o que significa deslocamento anterior que varia de 12 a 15mm.


Freqüentemente, este tipo de movimento visa o fechamento de espaços anteriores aos molares, ocorridos devido a fatores diversos e que, para não comprometer o perfil ou devido ao posicionamento geométrico dos demais dentes, não podem ser fechados da maneira convencional, ou seja, com a retração dos dentes anteriores.


A presença do osso alveolar é justificada enquanto o dente está presente, para servir de sustentação. Uma vez que o dente é perdido, o osso alveolar, não apresentando mais função, seatrofia, tanto no sentido vestíbulo-lingual quanto em altura. Portanto, o ortodontista, ao planejar o fechamento de espaços edêntulos, deve estar ciente de como o osso atrófico se comporta em relação à movimentação ortodôntica. Alguns autores já demonstraram, em jovens e adultos, a possibilidade de fechamento de espaços de primeiros molares perdidos há muito tempo, que apresentavam rebordo atrófico. Concluiu-se que, durante o fechamento de espaços de até 10mm, o rebordo ósseo acompanha o dente, mais precisamente o movimento mesial do segundo molar. Salienta-se, entretanto, que, em indivíduos adultos, parece haver uma maior tendência de reabsorção da crista alveolar, aproximadamente 2mm, sem que, com isso, ocorra prejuízo ao periodonto.


A recessão secundária na superfície vestibular da raiz mesiovestibular do segundo molar inferior pode, algumas vezes, ocorrer. Os fatores que, provavelmente, estão relacionados são: a) a presença de uma deiscência subjacente no osso sobre a raiz mesiovestibular do molar. Se uma deiscência estiver presente, é provável que ocorra uma recessão durante o fechamento de espaço; b) o tipo e quantidade de tecido gengival que está presente em cada paciente. Se um paciente apresentou um biotipo de tecido espesso, então isto poderia oferecer proteção ao dente, prevenindo a recessão. Porém, se o paciente tem uma zona estreita de gengiva e tem um biotipo de tecido fino, a recessão pode ser mais provável durante o fechamento do espaço.


Os mini-implantes, preferencialmente, devem ser instalados o mais próximo possível do plano oclusal, pois assim diminui-se o vetor intrusivo na mesial do molar e, conseqüentemente, sua inclinação. A colocação de mini-implantes por vestibular e palatino também é mais adequada, pois elimina a rotação dos dentes observada quando se utiliza somente um ponto de apoio.


Os autores poderam concluir que por meio dos casos descritos, a mesialização de molares é um recurso extremamente útil na clínica ortodôntica e beneficia primariamente o paciente, pois diminui a necessidade de substituição de dentes perdidos ou ausentes por próteses. No entanto, o movimento demanda maior tempo de tratamento, a mecânica induz alguns efeitos colaterais que devem ser contrapostos durante o movimento (como a inclinação e extrusão dos molares) e fatores envolvidos na qualidade do rebordo atrófico devem ser ponderados, para se evitar efeitos indesejados. Quando for planejado este tipo de movimento, todas as opções disponíveis devem ser expostas ao paciente, para que ele possa, junto com o profissional, fazer sua melhor escolha, ponderando os custos financeiros, tempo de tratamento e previsibilidade dos resultados.



Link do Artigo na Integra na Scielo:


2 comentários:

  1. Em quais casos não é possível de maneira nenhuma mover o segundo molar para mesial?
    Neste artigo vi que, mesmo em adultos que perderam seus primeiros molares a muito tempo,há a possibilidade, com a ancoragem em mini-implantes.

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  2. A movimentação não será possível quando não houver osso suficiente (a menos que realizar enxerto ósseo e tração imediata...mas deve-se avaliar custo-benefício) ou quando paciente for braquifacial haverá necessidade de levante para mesializar segundo e terceiro molares sem atrito. No mais a mesialização é uma opção para nosso paciente em detrimento da reabilitação protética desde que bem exposto para paciente tempo prolongado de tratamento.

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