ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: ESTABILIDADE DA CIRURGIA COMBINADA DE MAXILA E MANDÍBULA PARA TRATAMENTO DA MÁ OCLUSÃO DO TIPO CLASSE III

quinta-feira, 27 de junho de 2013

ESTABILIDADE DA CIRURGIA COMBINADA DE MAXILA E MANDÍBULA PARA TRATAMENTO DA MÁ OCLUSÃO DO TIPO CLASSE III


Nesta monografia de 2010, publicada no site da Academia Tiradentes do Odontologia, pelos autores Sérgio Henrique de Oliveira BRANDT FILHO; Cláudio Maldonado PASTORI; Clóvis MARZOLA; João Lopes TOLEDO-FILHO; Daniel Luiz Gaertner ZORZETTO; Marcos Maurício CAPELARI; Gustavo Lopes TOLEDO; Lucas CAVALIERI-PEREIRA; do Curso de Residência e Especialização em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial do Colégio Brasileiro de Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial, Hospital de Base da Associação Hospitalar de Bauru e da APCD Regional de Bauru - São Paulo. Mostra uma revisão da literatura e apresenta um caso clinico, no qual mostra o protocolo de tratamento orto-cirurgico de uma deformidade de classe III.


A má oclusão de Classe III é definida pela presença de uma mandíbula larga, maxila pequena, maxila retroposicionada ou a combinação destes três fatores. Os estudos demonstraram que 42% a 60% das más oclusões de Classe III apresentam maxila deficiente ou retruída, em combinação com uma mandíbula normal ou levemente prognata (LEE; RYU; PARK et al., 1997).

A Cirurgia Ortognática é o ramo da Cirurgia Buco-Maxilo-Facial que tem por objetivo a reestruturação do esqueleto facial, corrigindo-lhe as deformidades e, posicionando-o harmoniosamente em relação à base do crânio, de tal modo que os dentes possam relacionar-se em perfeita oclusão. A conduta de tratamento visa atender a 5 princípios, a harmonia facial, a harmonia dentária, a oclusão funcional, a saúde das estruturas orofaciais e, a estabilidade do procedimento. Sendo assim, situações clínicas nas quais a discrepância maxilomandibular é grande (>12mm), não alcançarão êxito somente com movimentações ortodônticas e/ou cirurgias ortognáticas isoladas de maxila e mandíbula. Com isso, a cirurgia ortognática combinada é o procedimento que melhor irá preencher tais requisitos, uma vez que os movimentos de correção não são feitos em apenas um segmento e sim, divididos entre maxila/mandíbula, obtendo-se resultados mais estáveis e satisfatórios (ARAÚJO; SCARIOT; REBELLATO et al., 2007).

O tratamento ortodôntico-cirúrgico envolve a interação de vários profissionais. Um paciente com má-oclusão esquelética desenvolve compensações dentárias, impossibilitando ou restringindo a correção cirúrgica (GONÇALVES; MAGNANI; NOUER et al., 2000). Por esta razão, o tratamento ortodôntico pré- cirúrgico deve posicionar os dentes corretamente em suas bases ósseas, eliminando as compensações dentárias, permitindo a obtenção de uma face mais harmoniosa, além de uma melhoria funcional, conduzindo a resultados mais previsíveis e estáveis, com o decorrer do tempo.

A má oclusão de Classe III representa uma das mais frequentes discrepâncias esqueléticas, podendo resultar de um crescimento mandibular excessivo e, uma provável interação com mudanças estruturais da base do crânio. Entretanto sua etiologia não é completamente clara, sendo a hipótese mais concreta para sua origem, fatores genéticos modelados por fatores endócrinos e/ou ambientais (CAPELOZZA FILHO; MARTINS; MAZZOTINI et al., 1996).

O avanço da maxila encontra-se na segunda categoria, com possibilidade de 20% ou menos de recidiva de 2 a 4mm. Para se obter uma estabilidade aceitável em procedimentos combinados de maxila e mandíbula, a fixação interna rígida torna-se indispensável. Três procedimentos são classificados como problemáticos com possibilidade de 40 a 50% de recidiva de 2 a 4mm, o recuo mandibular, o reposicionamento inferior da maxila e a expansão maxilar. A direção do movimento cirúrgico, o tipo de fixação e a técnica cirúrgica empregada podem afetar a estabilidade da cirurgia ortognática (PROFFIT; TURVEY; PHILLIPS, 1996).

A estabilidade melhorou com a utilização da fixação interna estável, uma vez que acelera a reparação óssea, permite a imediata restauração da função, diminuem complicações decorrentes do bloqueio maxilomandibular, favorecendo a aceitação ao tratamento, além de facilitar a higiene bucal e a alimentação do paciente (LAW; ROTSKOFF; SMITH, 1989).

Para classificar a estabilidade da cirurgia ortognática, foram utilizados quatro grupos de acordo com a porcentagem de alterações, sendo: (a) grande estabilidade, possibilidade de 90% de recidiva inferior a 2mm, como a cirurgia para reposicionamento superior da maxila, (b) estável, possibilidade de 80% de recidiva inferior a 2mm, 20% de recidiva de 2 a 4mm, como a cirurgia para avanço maxilar, (c) estáveis com modificações específicas, como a utilização da FIR em cirurgia combinada de maxila e mandíbula; (d) problemático, 40 a 50% de probabilidade de recidiva de 2 a 4mm e, chance significativa de recidiva maior que 4mm , como o reposicionamento inferior da maxila, recuo mandibular e expansão maxilar. Os autores relataram o remodelamento condilar que ocorre após a cirurgia (BAILEY; CEVIDANES; PROFFIT, 2004).

As recidivas esqueléticas decorrentes das cirurgias ortognáticas ocorrem nos primeiros meses após a cirurgia (CARLOTTI; SCHENDEL, 1987 e MORABAK; KROGSTAD; ESPELAND, 2000). A maior parte das alterações dos tecidos moles ocorre um ano após a cirurgia, mas podendo ocorrer alterações até 5 anos após a cirurgia (HACK; MOL VAN OTTERLOO; NANDA, 1983). No caso apresentado não se observou recidiva esquelética. Com relação à acomodação dos tecidos moles notou-se um resultado bem semelhante se comparados os pós- operatórios de 2 e 12 meses. Contudo, a acomodação final dos tecidos moles pode ocorrer até num período de12 meses.

CONCLUSÕES DOS AUTORES

Baseado na literatura consultada pode-se concluir que, para a obtenção de uma estabilidade satisfatória, alguns requisitos devem ser observados, tais como:

1. Embora no ato cirúrgico ocorram as alterações esqueléticas mais evidentes, a correção cirúrgica e a manutenção destes resultados, depende de um protocolo de tratamento muito bem definido, com a interação de várias equipes de profissionais.

2. A ortodontia pré e pós-cirúrgica, bem como a finalização ortodôntica são fundamentais para a realização e manutenção dos resultados obtidos na cirurgia ortognática.

3. A fixação interna rígida tem melhor aceitação dos pacientes para o Tratamento

4. A fixação interna rígida dá mais estabilidade no pós-operatório do que a não rígida.

5. A cirurgia combinada da maxila e da mandíbula usando fixação interna rígida apresenta-se com boa estabilidade em pacientes classe III, diferentemente dos movimentos isolados da mandíbula que possuem um prognóstico ruim para o recuo mandibular, juntamente com o abaixamento da maxila.

Link da monografia na integra via ACTiradentes:

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