ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Efeitos do aparelho Jasper Jumper no tratamento da má oclusão de Classe II

quarta-feira, 20 de março de 2013

Efeitos do aparelho Jasper Jumper no tratamento da má oclusão de Classe II


Neste artigo de 2009, pela Revista Dental Press, pelos autores Rafael Pinelli Henriques, Guilherme Janson, José Fernando Castanha Henriques, Marcos Roberto de Freitas, Karina Maria Salvatore de Freitas; do departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva da FOB-USP e do do mestrado em Ortodontia da Uningá . Avalia os efeitos esqueléticos e dentoalveolares do tratamento de pacientes com má oclusão de Classe II com o aparelho Jasper Jumper associado ao aparelho ortodôntico fixo, comparados a um grupo controle não-tratado.

Ao analisar a prevalência das más oclusões, a de Classe I está presente em 55% da população brasileira enquanto a de Classe II em 42%. Essa última se caracteriza por uma desarmonia anteroposterior das bases ósseas, que influencia negativamente a estética e a autoestima dos pacientes, o que justifica o maior percentual desses em busca por tratamento ortodôntico. Freitas et al.9 verificaram que 54% dos pacientes do gênero masculino e 58% do gênero feminino que procuraram soluções para os seus problemas dentoesqueléticos possuíam a má oclusão de Classe II. Ela pode se manifestar precocemente, prejudicando não só a estética mas também algumas funções essenciais, como a mastigação, a deglutição e a fonação.

As pesquisas ortodônticas atuais têm se preocupado principalmente com os efeitos do tratamento ortodôntico, e não com a severidade das más oclusões e a eficiência dos métodos de tratamento. Isso se aplica principalmente ao tratamento da má oclusão de Classe II. Para que um método de tratamento seja eficiente, não é apenas desejável que ele corrija uma má oclusão, mas sim que essa correção seja realizada em um período de tempo razoável, com um menor desgaste do paciente e do profissional e com respeito à integridade biológica. Além disso, o resultado obtido deverá ser excelente. Segundo Baccetti et al., essa má oclusão pode ser iagnosticada precocemente, na fase da dentadura decídua, pela presença de degrau distal nos segundos molares decíduos, relação de Classe II nos caninos e trespasse horizontal acentuado, sendo que os seus sinais clínicos persistem até a dentadura mista, ou seja, não existe uma autocorreção. Henriques et al. verificaram a manutenção da discrepância esquelética de Classe II da fase da dentadura mista para a permanente. Durante esse período, não houve uma correção espontânea da má oclusão, e sim um agravamento no trespasse horizontal, devido a uma retrusão dos incisivos inferiores.

Os principais resultados esperados com o uso do Jasper Jumper nos casos de más oclusões de Classe II são: restrição do deslocamento anterior da maxila e protrusão mandibular significativa, embora outros estudos não tenham evidenciado nenhuma alteração significativa no crescimento mandibular; intrusão e distalização dos molares superiores; distalização dos incisivos superiores e extrusão dos mesmos5; uma ligeira tendência de rotação horária da mandíbula; movimento anterior dos dentes inferiores ao longo do osso alveolar (molares e incisivos); intrusão dos incisivos inferiores extrusão dos molares inferiores; e expansão dos molares superiores (se não utilizar (ancoragem). Há, também, uma melhora significativa do relacionamento maxilomandibular. As alterações dentárias resultam em uma rotação horária do plano oclusal, sem que haja uma rotação do plano mandibular. Normalmente, não ocorrem alterações verticais significativas. Dessa maneira, a correção da má oclusão de Classe II ocorre principalmente devido às alterações dentoalveolares, em vez das alterações esqueléticas, apesar da utilização de métodos para minimizar esses efeitos e potencializar os efeitos esqueléticos.

De modo geral, pode-se observar que o aparelho Jasper Jumper, utilizado conjuntamente ao aparelho fixo, promoveu a correção da má oclusão de Classe II, divisão 1, presente nos pacientes ao início do tratamento. Verificou-se que essa correção se deu por meio de algumas alterações esqueléticas e, principalmente, dentoalveolares. Em virtude desses efeitos predominantemente dentoalveolares, esse aparelho pode ser utilizado tanto em pacientes em crescimento como em pacientes adultos, que não apresentam mais potencial de crescimento.

Assim, o mais importante do tratamento ortodôntico é o planejamento detalhado e a determinação correta do protocolo de tratamento a ser utilizado, sendo que as inúmeras pesquisas que analisam as alterações de diversos aparelhos visam fornecer dados ao ortodontista para que esses possam utilizar o aparelho tendo o conhecimento pleno dos efeitos que o mesmo promove.

Link do artigo na integra via Scielo:

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