ORTODONTIA CONTEMPORÂNEA: Historia da Ortodontia - Dr. Robert Murray Ricketts

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Historia da Ortodontia - Dr. Robert Murray Ricketts



Dr. Robert Murray Ricketts, nasceu e cresceu numa fazenda em Kokomo, Indiana em 1920, graduado em Odontologia em 1945 pela Universidade de Indiana, ele serviu como tenente no corpo de dentistas da marinha norte americana. Sob a direção do Dr. Alan G. Brodie, fez seu curso de pós-graduação ao nível de mestrado em Ortodontia na Universidade de Ilinois, onde teve também como mestre o professor Downs.

Ricketts não se conformava com as limitações e com os resultados da Ortodontia das décadas de 40 e 50. Dedicou-se intensamente ao estudo do crescimento facial, aos distúrbios da ATM e ao trabalho com portadores de fissuras palatinas. Ele acreditava que, para melhorar os resultados da Ortodontia na sua época, era necessária a busca incansável da individualização das causas e das soluções do problema ortodôntico e, também, que seria essencial que se criassem métodos de avaliação cefalométrica que possibilitassem resultados mais previsíveis.

Ricketts, após anos de estudo e pesquisa, deu origem a uma inovadora filosofia de tratamento ortodôntico denominada Terapia Bioprogressiva. O princípio da Bioprogressiva envolve um conceito de tratamento integral e não apenas uma seqüência de passos técnicos ou mecânicos. Ela usa processos biológicos (crescimento e funcionamento das estruturas faciais), direcionando-os com o objetivo de levar o paciente à normalidade.

Todas as decisões do clínico a respeito do planejamento do tratamento devem sempre ser realizadas respeitando-se o tipo facial do indivíduo, sua tendência de crescimento, o seu padrão muscular, e as suas necessidades individuais.

Ricketts pretendia realizar o tratamento ortodôntico através de um sistema mecânico que fosse simples, com forças leves e, acima de tudo, biologicamente confiável. Inspirado no seccionamento dos arcos sugerido por Burstone, idealizou uma mecânica segmentada, com o arco base e suas variações. A Bioprogressiva faz uso de sistemas biomecânicos que proporcionam a visualização direta dos resultados, ações determinadas e previstas em setores escolhidos no arco dentário, que permitem o uso de forças diferenciais e total controle da ancoragem, tudo com alto requinte de individualização do problema ortodôntico do paciente.

Ele estabeleceu 10 princípios que são os alicerces da sua técnica e os publicou em 1961:

. O emprego de um acesso sistemático para diagnóstico e tratamento pela aplicação do VTO (visualização dos objetivos do tratamento) no planejamento do tratamento, avaliação da ancoragem e informação de resultados.

. Controle de torque do começo ao fim do tratamento.

. Ancoragem muscular e no osso cortical.

. Movimento de qualquer dente em qualquer direção, com a aplicação de forças adequadas.

. Alteração ortopédica.

. Tratar o trespasse vertical antes da correção do trespasse horizontal.

. Tratamento com arco seccionado.

. Conceito de sobretratamento.

. A correção da má oclusão em uma seqüência progressiva de tratamento, a fim de estabelecer ou restaurar a função normal.

. Eficiência no tratamento com resultados de qualidade, utilizando um conceito de dispositivos pré-fabricados.

A denominação “Bioprogressiva” foi relacionada com a técnica em 1966 por um grupo de estudantes durante um dos seminários ministrados por Ricketts. O prefixo “Bio” se utilizou devido à forte ligação que a filosofia mantém com a biologia e a terminação “progressiva” vem do pensamento de operar em seqüência para se obter o movimento dos dentes.

Na prescrição de braquetes da Bioprogressiva original, segundo palavras do próprio Ricketts uma evolução da técnica Edgewise e da técnica light-wire de Jarabak, foram incorporados torques e angulações em alguns braquetes e tubos para posicionar os elementos dentários sem a necessidade de efetuar dobras nos arcos.

Ricketts incorporou angulações apenas nos laterais superiores (8º), caninos superiores (5º), caninos inferiores (5º) e molares inferiores (5º) e deixou os outros dentes com 0º de angulação, para que o ortodontista fizesse as mudanças necessárias individualmente, dependendo das exigências de cada caso (mudanças estas aplicadas no posicionamento das bandas e não ultrapassando uma variação média de 1 a 4º). Incorporou aos dentes anteriores torques prescritos anteriormente por Jarabak e Holdaway. Dessa forma, os braquetes dos incisivos superiores apresentavam-se com um torque de 22º, os laterais com torque de 14º e os caninos com 7º.

Após algum tempo de uso clínico, observando que estava tendo dificuldades de encaixe no segmento posterior, decidiu modificar o torque do tubo do molar inferior, que antes tinha 0º e foi mudado para -22º.

Ricketts percebeu também que precisava melhorar a ancoragem no segmento posterior, então resolveu incorporar nos tubos dos segundos molares inferiores um torque de 32º, uma angulação de 5º (a mesial mais baixa) e uma rotação de 6º.

Com as pesquisas que se sucederam a partir da Bioprogressiva padrão, o aparelho evoluiu em sua fase seguinte para o “torque total” e posteriormente para o que Ricketts chamou de “triplo controle”.

Na década de 80 desenvolveu-se a quarta geração da Bioprogressiva, com prescrições para casos com exodontia e para casos sem exodontia. Várias modificações foram introduzidas no aparelho com o intuito de facilitar o trabalho do ortodontista, permitindo que, no estágio de conclusão, o arco pudesse ser contínuo. Entre as modificações realizadas foi aumentada a distância da base até a superfície do encaixe do braquete do canino, que anteriormente era de 0,7mm e passou a ser de 0,9mm. Da mesma maneira, no primeiro pré-molar esta distância foi diminuída de 0,7mm para 0,55mm e para o segundo pré-molar houve um aumento de 0,7mm para 1,2mm. Para os casos de exodontia, o braquete do segundo pré-molar inferior foi modificado para incorporar um torque de -7º. O tubo do segundo molar inferior apresenta um desvio de 6º e um torque de -32º.

As variações seguintes referem-se ao sistema “Trimorphic de Ricketts”, com modificações feitas na sua prescrição clássica para a individualização do caso de acordo com o padrão facial do paciente, seja ele dólico, meso ou braquifacial. Foi acrescentado torque progressivo nos posteriores superiores e a principal diferença entre as prescrições de cada padrão se concentra na inclinação dos anteriores superiores. A prescrição para os perfis braquifaciais possui torques nos anteriores similares aos da bioprogressiva padrão, tornando o nivelamento mais protrusivo. A prescrição para dolicofaciais apresenta inclinações vestibulares bem reduzidas nestes dentes, sendo a dos mesofaciais algo intermediário entre as duas anteriores.

Autor de mais de 300 artigos, livros, capitulos em livros de outros autores e Palestrante internacional. Infelizmente este importante pesquisador da Ortodontia mundial veio a falecer em 2003 aos 83 anos de idade.


Fonte: Site Odontologia Brasileira, Angle Orthodontics


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